Embora minha maior preocupação fosse em manter minha franja alinhada, havia algo latejando em minha cabeça. Que história era aquela de pessoa magnífica e iluminada? Segundo a história do líder e de Simão, eu era um tipo de mutante especial, que raramente nascia, e que possuía habilidades diversas, e de fato eu havia comprovado aquilo desenvolvendo três poderes diferentes, mas não parecia ter lógica, aquelas pessoas atrás de mim e o tal do... O menino com nome de comida, falar que havia sido destinado inteiramente a me servir e proteger. Quem era ele para achar que eu precisava da proteção de um incomum língua solta? Revoltando-me com meu derradeiro pensamento, dei uma última olhada em meu belo reflexo e deixei o banheiro quase correndo. Eu queria respostas e queria naquele exato momento.

Procurei o líder com olhos, mas minha baixa estatura impedia com que eu visse muito longe e todos estavam tão parecidos em seus ternos escuros que a única pessoa que reconheci a distância, era quem tinha pouca importância: Kyu. No momento ele realmente não era de grande valia, mas como ele ainda conversava com o meu hyung preferido, Sungmin, achei bom reunir-me com ele. Graciosamente deslizando entre as pessoas, cheguei a onde os dois estavam e soltei um sorriso torto para o Sungmin, sem me importar com o assunto do qual eles falavam.

– Tirou muitas fotos Pedro? - perguntou o mais velho me sorrindo de volta, ignorando momentaneamente ao Kyu.

– Estou assustado com esse flash – confessei em meio a uma careta, fazendo o hyung rir e Kyu me espreitar os olhos. Eu devia estar atrapalhando sua amizade estranha com o Sungmin, mas quem disse que eu estava ligando para o que o nerd pensava?

– Você pode regular a intensidade do flash, deixe-me te mostrar – pediu Sungmin hyung se aproximando de mim com as mãos estendidas.

Imediatamente levei as mãos à alça da máquina para lhe entregar, mas nesse momento, um homem alto, robusto, sério, com algumas rugas de expressão na face envelhecida e cabelos bem negros, parou ao lado de Sungmin, e com toda a sua arrogância, o chamou pelo nome inteiro.

– Lee Sungmin – falou o homem com sua voz gelada e grave – Venha comigo – completou ele passando os olhos com desdém por mim e por Kyuhyun. Nem mesmo Heechul hyung conseguia ser tão arrogante quanto aquele homem de meia-idade, se bem que as arrogâncias deles vinham sob formas diferentes, mas parei de pensar no assunto quando ouvi a resposta de Sungmin que sorriu constrangido na presença do homem.

– Estou conversando com meus amigos, pai – respondeu ele um pouco acuado e amedrontado. Pai? Ele estava mesmo falando sério? Como ele conseguia ter um pai tão exótico como aquele?

– Então me apresente – respondeu ele movendo sua cabeça na minha direção e de Kyu, lançando-nos um olhar severo e desafiante.

O nerd engoliu em seco tão amedrontado quanto ao hyung, mas eu dei um passo a frente, levando ambas as mãos ao tórax.

– Prazer em conhecê-lo senhor – disse em meio a uma pequena e reverência e completei assim que voltei a minha postura – Eu me chamo Donghae e sou afilhado do Heechul, já ouviu falar? - perguntei soando tão petulante quanto ele, me obrigando a arquear uma das sobrancelhas por causa da careta que o homem fez.

Provavelmente meu padrinho era melhor que ele.

– Heechul? Kim Heechul? - perguntou ele um tanto surpreso, fazendo-me assentir com a cabeça. Se era mesmo Kim Heechul eu não sabia, mas considerando o quão extravagante ele era, não era de se admirar que seu primeiro nome fosse Kim – Tolo é aquele que nunca ouviu falar sobre Kim Heechul – disse o pai de Sungmin voltando a sua arrogância tão peculiar.

– Mais tolo ainda é aquele que se julga melhor que os outros apenas por suas poses – retruquei no calor da conversa e soltei um sorriso cínico para o homem.

Ele rosnou para mim, mas deu de ombros voltando-se para Kyu, que parecia mais tranquilo, tranquilidade que se esvaiu ao notar que era novamente observado.

– Espero que não seja tão petulante quanto ele – disse o pai de Sungmin me espreitando com o canto dos olhos e se referindo a mim com desdém. Apenas dei de ombros.

– Não senhor – respondeu Kyu gaguejando e com a respiração descompassada.

– E qual é seu nome?

– Cho Kyuhyun, senhor – respondeu o nerd prontamente.

– É o rapaz de quem eu falei pai – disse Sungmin com um pouco mais de segurança e abrindo um leve sorriso para seu pai.

– Um rapaz que fica desocupado passeando pela praça... Você não estuda jovem? – nunca pensei em defender o Kyu, mas confesso que aquela pergunta retórica fez-me cerrar os punhos e espreitar os olhos para aquele senhor. Se o Kyu era um desocupado ou não, qual era o problema? Pensei alto me controlando para não jogar nada no pai do Sungmin, apenas em respeito ao hyung.

– Eu estou terminando o ensino médio, senhor, mas como estou de férias... – o homem abruptamente interrompeu ao nerd.

– Isso não é desculpa, ainda mais sendo um jovem sem futuro como você – falou o homem abalando até mesmo Sungmin, que se mantinha encolhido em seu canto – Venha Sungmin – completou ele com a voz firme e deu de ombros.

– Me desculpe por isso – pediu o meu hyung preferido em um sussurro para Kyu e saiu correndo para alcançar ao seu pai, que marchava para uma mesa.

– Por que... Por que... – balbuciava Kyu com os olhos baixos sem conseguir concluir a frase.

– Venha, me ajude a procurar o líder – disse me aproximando do nerd que ainda estava pasmado com toda aquela situação – E... Você tem futuro sim Kyu, você tem muito futuro – falei em tom mais baixo que o normal, com um sorriso torto a delinear meus lábios. Que ninguém ouvisse aquilo – Venha comigo – chamei uma última vez e sai andando a procura do Leeteuk.

Kyu ainda estava desanimado com o comentário do pai do Sungmin, mas acabou me seguindo. Ter alguém alto e magrelo como Kyu na minha frota de busca, facilitou e muito em minha procura. Em pouco tempo, ele cutucou o meu ombro direito e apontou para frente dizendo que o líder estava naquela direção. Agradeci educadamente e ganhei sua companhia até onde o líder e tio KangIn estavam. Como era de se esperar, tio KangIn segurava um copo grande com um líquido incolor, que pelo cheiro forte de álcool que exalava, conclui que fosse vodka pura. Como seu fígado aguentava tanto? Pensei com minhas abotoaduras douradas.

– Finalmente saiu do banheiro – provocou o líder sorrindo, assim que me viu chegar, mas em contraponto, semicerrei os olhos para ele e apontei o meu indicador direito para sua face.

– Você está me escondendo alguma coisa, então pode começar a falar líder. O que aquele grupo queria comigo no Brasil? Quem feriu o Simão há uns dias atrás? O que está escondido nesse mundo sujo dos heróis? – foi inevitável não soltar a palavra ‘heróis’ com desprezo.

– Ei, se acalme Pedro – pediu o líder um tom mais baixo que o normal – Sobre o que está falando? O que aconteceu?

– Se não se faça de tonto.

– Olha como fala comigo rapaz – ameaçou o mais velho me espreitando com os olhos.

– Aish Leeteuk! Eu só quero saber o que está acontecendo – disse afinando a voz como uma criança mimada e passando desconfortavelmente todo o peso do meu corpo para a perna direita – Por que há pessoas atrás de mim? Eu não sou como você e os outros? Então por que logo atrás de mim? Por que não pegam o Simão, o tio KangIn ou o Heechul hyung? - perguntei mantendo minha voz baixa, fina e manhosa.

– Eu não sei porque estão atrás de você Pedro, talvez queiram você em especial por estar pequeno e assim, ser mais facilmente manipulado, mas eu não sei, ainda estou investigando com os outros e enquanto isso, por Deus, tome cuidado – disse o líder tocando meus ombros e implorando com os olhos.

– Ôôôôô potência! – soltou tio KangIn alto, atraindo nossa atenção – O que está fazendo fora da caixa, bombonzinho? – perguntou ele para uma moça de estatura baixa e cabelos curtos.

Sua face era pequena, redonda e delicada e seu corpo cheio de curvas bem marcas pelo vestido justo, curto e preto. Seus lábios róseos e carnudos casavam perfeitamente com suas bochechas salientes. Uma jovem de beleza marcante por assim dizer. Infelizmente ela não deu atenção ao mais velho, que mesmo sendo ignorado, se levantou e saiu chamando por ela. Tudo o que fiz foi franzir o cenho surpreso.

– Ele é sempre... assim? – perguntei ao líder que também havia presenciado toda a cena.

– Quase sempre – respondeu ele e balançou a cabeça negativamente, voltando ao nosso assunto – Mas não se esqueça, tome cuidado. Não fale com estranhos e evite andar sozinho, até porque não sabemos quando o incomum com o dom de teletransporte voltará a encontrá-lo.

Engoli em seco diante de suas últimas palavras. Eu devia contar-lhe que eu havia acabado de encontrá-lo? Depois de refletir por longos segundos, cheguei à conclusão que não era preciso, seria melhor que apenas eu soubesse do ocorrido. Concordei com o mais velho e deixei com que o silêncio se sobressaísse. O assunto simplesmente havia morrido e naquele momento de ócio, olhei para os lados até avistar a silhueta alta de Sion. Calmamente ele veio caminhando até nós com ambas as mãos enterradas no bolso da calça social preta e parou ao meu lado sem nada dizer.

– Você está bem Simão? – perguntei fitando ao maior.

– O que foi agora Pedro? – resmungou ele revirando os olhos em minha direção.

– Eu só perguntei se estava bem, apenas isso – respondi fechando a cara em uma careta emburrada. Se a vida dele estava uma confusão que culpa eu tinha? Se bem que eu tinha bastante culpa mesmo, mas apenas dei de ombros.

– Desculpe-me Pedro – soltou Simão passando os olhos pelo chão. Senti meu coração pulsar tão forte pelo susto, que quase desabei ali mesmo. Simão sabia pedir desculpas? Pensei completamente sem fala – É só... – seus olhos voltaram para minha face, acabando rapidamente com minha careta assustada – Eu não encontrei quem está atrás de você e isso é tão frustrante.

– Devem ter acontecido tantas coisas frustrantes em sua vida... – disse voltando os olhos pensativos para o chão.

– Por que está falando isso? – perguntou ele me espreitando com os olhos.

A respiração falhou diante do maior. Eu me lembrava muito bem de sua esposa, de quem Heechul e tio KangIn nada haviam mencionado e haviam me orientado a não fazê-lo. E pensando com um pouco mais de clareza, eu reconhecia aquela jovem. A coincidência era tamanha, que senti meu estômago revirar. Ela era a mesma jovem que havia aparecido em meu sonho e havia pedido que eu dissesse ao Simão que ela agradecia por ele... Ter a matado? Aquilo estava certo? Recuei ficando sem ar. Simão não era a melhor e mais controlada pessoa do mundo, talvez em um momento de frustração ele houvesse se tornado mesmo um...

– Assassino – balbuciei espreitando Simão com pavor e sai correndo assustado.

O líder, que estava por perto, gritou por meu nome, sendo seguido por Simão, mas não parei, simplesmente continuei a correr, enquanto sentia uma dor profunda rasgar meu peito em pedaço e o ar fugir completamente dos pulmões.

P.O.V – Pedro off


P.O.V – Kyuhyun on

Depois que levei o menor até o líder, como ele havia me pedido, segui em direção a mesa de comida. Eu havia passado a tarde inteira sem nem chegar perto de um lanche, então não era para menos que eu sentisse fome, mas era inevitável não pensar em Sungmin. Como um jovem tão doce possuía um pai tão rude? Eu passava os olhos distraidamente sobre os pratos e bandejas, quando alguém tocou suavemente meu ombro esquerdo. Prontamente me virei para trás, podendo encarar a face de quem me tocará.

– Sungmin...? – perguntei gaguejando um pouco, enquanto fitava a face sorridente do hyung. Seu sorriso era tão doce que me vi momentaneamente sem reação.

– Venha comigo Kyuhyun dongsaeng – chamou ele ainda ostentando seu sorriso branco e segurou levemente meu pulso esquerdo. Sem protestar, comecei a segui-lo por entre as mesas, não havia como dizer ‘não’ a ele.

– Para onde estamos indo? – perguntei um tanto nervoso por causa da aproximação.

– É segredo – respondeu o hyung com um sorriso divertido em seus lábios, sem interromper seus passos.

Deixe-me ser guiado para uma porta reclusa e subimos por uma longa escadaria que acabou em outra porta. Enquanto atravessávamos as escadas, as luzes do corredor se acendiam, mas não conseguiam acabar com meu nervosismo. Eu me sentia um fugitivo na companhia do hyung, como se a qualquer momento seu pai fosse aparecer e nos dar um tiro de bazuca, mas eu estava tão bem em sua companhia, que nada mais importava. Soltando do meu pulso, Sungmin tirou um pequeno grampo do bolso e levou a fechadura metálica da porta.

– O que está fazendo? – perguntei pausadamente, enquanto o via remexer o grampo dentro da mediana fechadura.

– Isso – disse ele sendo seguido por um estralo.

Ele voltou a guardar o grampo no bolso e abriu a porta para mim em meio a um sorriso gigantesco. Aquilo me surpreendeu bastante, talvez ele sim fosse um fugitivo, mas nada se comparava a minha reação ao pisar no calçamento que havia do lado de fora.

– O terraço? – falei abrindo um sorriso admirado, sentindo a brisa noturna cruzar minha face – Como sabia que aqui fica o terraço? – perguntei caminhando lentamente para o beiral da construção, completamente entusiasmado com a altura e o vento frio que soprava naquele deserto lugar.

– Desde pequeno eu busco por lugares assim, afinal, meu pai não é uma companhia muito adequada – disse o hyung parando ao meu lado com um torto sorriso. Ele apoiou os antebraços no beiral de concreto e deixou com que seus olhos vagassem pelas construções ao nosso redor. A brisa bagunçava sua franja negra, mas ele não parecia se incomodar com aquilo. Apoiei timidamente minhas mãos sobre o beiral e continuei a observá-lo até que ele pôs seus doces olhos negros em minha face - O que foi? – perguntou o mais velho juntando as sobrancelhas na base da testa.

– Eu só estava aqui pensando, como você consegue ter um pai tão arrogante?

– Ei, ele ainda é meu pai – retrucou ele sério, fazendo-me recuar constrangido, mas sua alta risada acabou rapidamente com a tensão – Não se preocupe com isso, eu sei que as vezes ele exagera, ou melhor, na grande maioria das vezes ele realmente excede os limites, mas não posso fazer nada, a não ser aceitar – terminou ele fitando a rua asfaltada e soltando o ar pesadamente pela boca, formando um gracioso bico com seus lábios.

– Assim como você aceita fazer faculdade de direito, mesmo seu sonho sendo fazer um curso de fotografia? - perguntei sério, mas não obtive resposta - Você não precisa aceitar tudo o que ele disser – completei apoiando meus antebraços no beiral.

– Claro que não, e depois disso eu procuro uma casa para morar sozinho – falou o Sungmin carregado de ironia.

– Ok, eu entendi – respondi sorrindo e me calei.

– Mas me fale sobre sua família – pediu o mais velho quebrando bruscamente o frustrante silêncio que havia se instalado.

– Não é melhor que a sua – respondi rapidamente passando os olhos por sua face, enquanto um sorriso torto delineava meus lábios. Ele sorriu de volta e eu, voltei a fitar minhas mãos que tremiam descontroladamente sob a mureta – Sabe, eu sou praticamente sozinho nesse mundo entende? – perguntei tentando me distrair do meu nervosismo. Sungmin hyung apenas balançou a cabeça positivamente e fitou suas próprias mãos.

– Enquanto eu, mesmo estando envolto de muitas pessoas, me sinto sempre tão só.

– Talvez aja um mundo onde possamos nos encaixar – disse abrindo um sorriso leve para o mais velho.

– Ou talvez, só precisamos encontrar as pessoas certas para acabar com nossa solidão – retrucou ele passando seus olhos tristonhos e pensativos por minha face. Separei os lábios para dizer algo, mas as palavras simplesmente estavam presas em minha garganta. Eu não conseguia dizer nada, pensar em nada, fazer nada, apenas fitar a delicada face de Sungmin. Eu nunca havia sentido meu coração bater tão forte como naquele momento, nem mesmo quando eu havia descoberto meus poderes e sai correndo pela casa dando pulos e vivas, meu coração havia batido tão alto, tão forte – No que você está pensando Kyuhyun? – perguntou o mais velho franzindo o cenho.

– No quão belo estão as estrelas - disse sem ao menos conferir se o céu estava estrelado.

Para a minha sorte, as densas nuvens que haviam encoberto o céu durante o dia todo, não estavam mais presentes. Sungmin voltou seus olhos para o céu de imediato e abriu a boca soltando um longo e admirado ‘uau’.

– Realmente estão belas – disse ele girando nos calcanhares e apoiando então, os cotovelos no parapeito. Imitei sua posição e levei os olhos ao brilhante céu, me surpreendendo com sua estonteante beleza – Como eu gostaria de estar com uma das minhas câmeras – disse Sungmin suspirando.

– Por que não pega a que está com o Pedro? – perguntei me afastando do parapeito, pronto para ir atrás do mais novo.

– Não há necessidade – respondeu o mais velho rapidamente – E por que Donghae? Ele é mesmo afilhado do Kim HeeChul? E mais importante, por que você está aqui? Seja sincero comigo Cho Kyuhyun, nada de "eu estava passando na rua e me chamaram para entrar" - disse o mais velho, imitando perfeitamente o que eu havia dito antes do Pedro aparecer.

Foi inevitável não rir, mas recuperei a seriedade antes de começar a responder seus questionamentos.

– O Pedro não é daqui, mas como ele foi adotado pelo tio Jung-su e apadrinhado pelo tio Heechul, nada melhor que um nome coreano para quem está na Coréia e antes que pergunte, sim, o Pedro é o protegido daqueles dois e eu não sou ninguém de importante, meu pai conhece o tio Jung-su desde que eu era pequeno e ele sempre foi tão legal comigo que acabei pegando o hábito de chamar-lhe de tio, mas não somos nada, na verdade sou afilhado do tio Siwon, ou melhor, Choi Siwon.

– Choi Siwon? – perguntou o mais velho pensativo. Apenas assenti com a cabeça – Espera, o modelo Choi Siwon? – perguntou novamente se afastando do beiral com a sobrancelha esquerda arqueada.

– Esse mesmo – respondi dando de ombros.

– Como você pode não ser importante conhecendo pessoas assim? Seu pai conhece o maior e mais famoso médico da Coréia do Sul, você é afilhado do modelo número um do nosso país e chama o CEO da maior empresa de eletrônicos do país de tio, e ainda fala que não é ninguém? – perguntou Sungmin indignado.

– Ai que está, eles são conhecidos, eu não sou nada. Não tenho amigos na escola, não tenho quem se preocupe comigo, nem uma família eu tenho direito, já que eu moro só com meu pai e ele vive trabalhando. Eu posso viajar para outro continente que ele nem ficará sabendo – e essa última parte, era a pior das verdades. Em momento algum da minha curta estádia no Brasil, ele havia se dado conta do meu desaparecimento. Na verdade, quando apareci em casa, ele resmungou algo como “Você já está de volta? Vá sair um pouco, vai, e me deixe trabalhar em paz”. Minha medíocre vida, mas eu não sentia pena que mim mesmo, eu tinha planos para o futuro, planos para quando eu atingisse o age do meu poder, que segundo tio Jung-su, ainda tinha muito a ser desenvolvido.

– Você é alguém para mim – respondeu Sungmin arrancando-me de meus devaneios.

Mas ele estava tão próximo, que arfei involuntariamente, enquanto sentia que a qualquer momento meu coração rasgaria minha pele e saltaria desesperado para fora.

– Obrigado Sungmin – foi tudo o que consegui dizer em meio a um sorriso torto.

– Venha – disse ele voltando a segurar sutilmente me pulso esquerdo – Agora deve estar começando o discurso chato de quem está promovendo o jantar. Tenho certeza que não faremos falta – completou o mais velho com um sorriso animado e sentou-se no meio do terraço me puxando para o chão junto com ele.

Se tio Heechul soubesse que eu estava sentando no chão com a roupa nova que ele havia comprado, não sobraria Kyuhyun para contar história, mas pouco me importei com o risco de vida, simplesmente me acomodei ao lado do mais velho, que ficou apoiado sob os cotovelos. Sendo um jovem de família com alto status social, ele havia estudado nas melhores escolas da Coréia do Sul e possuía um conhecimento melhor que o meu sob as estrelas. Ele ficou me apontando constelações por um longo tempo, dando longas explicações sobre elas, até que ele foi interrompido pelo barulho da porta. Sentamo-nos no mesmo instante, demonstrando surpresa, mas Sungmin abriu um sorriso para a jovem de altura mediana e sedosos cabelos negros que eram escorridos de tão lisos. Ela usava um casual vestido negro com detalhes em branco que ia até a altura dos joelhos e uma sandália da mesma cor. Sua maquiagem clara dava mais leveza ao seu visual. Ela soltou um curto sorriso ao avistar o hyung.

– O papai pediu para procurá-lo, vão servir o jantar – avisou ela com seu sorriso jovial e deu as costas.

Soltei um baixo suspiro, enquanto me erguia do chão.

– Estou indo Yuri... - soltou o mais velho para a jovem que desaparecia nas escadas e completou se direcionando a mim - Pelo menos no jantar ele se lembra de mim – comentou Sungmin sem dar muita importância e ergueu a mão direita para mim. Assustei por não esperar por aquilo, mas segurei sua mão fortemente e o puxei para cima. Ele se ergueu de uma vez e parou defronte comigo me encarando com um sorriso torto – Nos vemos depois do jantar? – perguntou sem tirar os olhos dos meus, sendo obrigado há erguer um pouco a cabeça pelo fato de eu ser uma pouco mais alto do que ele.

– Talvez – respondi soltando-me dele e dei de ombros com um sorriso bobo formando-se em meus lábios.

– Como você é pretensioso Kyuhyun – disse Sungmin um tom mais alto fazendo-me parar onde estava e girar nos calcanhares para que pudesse fitar a face do mais velho.

– Eu sei disso – respondi enterrando as mãos no bolso da minha calça e soltando um sorriso torto - Não vai me acompanhar hyung? – perguntei apontando sutilmente com a cabeça para a escadaria.

– Estou indo dongsaeng – respondeu ele com um grandioso sorriso e apressou os passos para me acompanhar.