— Vocês estão no Morgan também? – Lari perguntou depois de um silêncio constrangedor. Manu havia falado isso, será que Larissa ouviu mesmo ou estava apenas puxando assunto?

— Ah, estamos sim! – Letícia respondeu animada. – Bem, a Júlia foi chamada para uma fraternidade, não foi Ju?

— Sim. – a garota respondeu sem um pingo de animação. Eu também estaria se fosse para um covil de najas.

— E você não vai? – Camila perguntou curiosa. Júlia suspirou e sorriu, ela estava mesmo tentando ser simpática? Ou será que o problema era comigo? Ou com o professor? Corri meus olhos para a grama, para meus tênis e então limpei a garganta.

— Er... Júlia, não é? – perguntei e ela pareceu surpresa por me ouvir falar seu nome, apertou o olhar para mim e concordou. – Sinto muito por... Por hoje cedo. Eu fui distraída, esbarrei com a minha incrível habilidade de ser desajeitada e... – parei ao ver seus olhos arregalados para mim, seu queixo caído e a tensão nos ombros. Letícia foi rápida, talvez soubesse da história.

— AH! – ela gritou. – Eu sei como é isso. Te entendo. Juro. – disse fechando os olhos com uma mão no peito. – Eu sou assim, também. – e sorriu calorosamente para mim. Foi o tempo que Júlia teve para se recompor.

— Era sua primeira aula? – perguntou me fazendo concordar com a cabeça. Senti Camila e Larissa confusas ao meu lado e mesmo já tendo contado para elas, não sabia se diria algo em voz alta com a garota ali. – Você vai gostar da aula. – disse por fim.

O que? Fiquei a encarando em busca de algo irônico para afirmar seu mau humor ou que ela realmente não estava sendo gentil comigo, mas a única coisa que notei foi vê-la suspirar e observar a grama ao redor. Manu sentou ao seu lado, Letícia do outro e ficamos ali em silêncio observando o nada. Pouco tempo depois as pessoas que estavam no porão passavam e comentavam sobre como a luta havia sido tão espetacular para elas. Revirei os olhos relembrando meu mini-desespero e respirei fundo agradecendo o ambiente aberto. Observamos algumas garotas passarem enquanto Camila sussurrava para mim e Larissa o quanto a roupa não combinava em algumas delas. Era claro que faziam parte do Ponto Gama, mostrando mais pernas, braços e grandes decotes na frente da blusa. Uma grande movimentação se aproximava de onde estávamos e eu não sabia se corria para me proteger ou ficava ali encarando os caras do Ômega bêbados e excitados com o que tinha acontecido minutos atrás. Havia mulheres de diferentes tipos amarradas em seus pescoços, rindo e se exibindo para eles. Vi Maxon com a morena, colega de quarto da Larissa e não consegui desviar o olhar. Eles estavam sorrindo um para o outro, ele mal conseguia ficar em pé e era ela quem o guiava entre os outros e assim que a multidão passou, Letícia suspirou atraindo nossos olhares. Ela sorriu envergonhada, a bochecha ficando levemente avermelhada e sorri, ela era uma garota meiga e impossível de alguém odiar. Eu queria abraçá-la, seja lá o que havia acontecido de ruim.

— Bem. Já que minha colega de quarto estará ocupada hoje à noite, vou aproveitar minha noite de sono. – Lari disse subindo as escadas do Morgan, eu ri pelo alívio que ela sentia e a observei até sumir.

— Eu não conheço sua amiga, mas tenho pena dela por está em um quarto com Celeste. – foi Júlia quem disse me fazendo virar para encará-la. Ela notou e continuou. – Eu a conheço desde o colégio e ela sempre foi uma vaca com qualquer uma e um doce para os homens.

— Não acho que seja um doce. – falei voltando a olhar pelo caminho que haviam passado. – Ela é uma cobra.

— Porque mesmo ela não está na fraternidade ainda? – Letícia perguntou a Júlia que deu de ombros.