O Setor 45 parecia aqueles bares de estrada do que qualquer outro que eu havia ido, o piso e as paredes eram revertidos de madeira, exceto por uma parede com diversas prateleiras de bebidas em frente a um balcão também de madeira com bancos acolchoados ao redor. As mesas estavam em um lado do bar com duas grandes mesas de sinuca e no lado oposto estava a pista de dança. A música era alta o suficiente para se ouvir do estacionamento, o ambiente era uma mistura de fumaça de cigarro com gelo seco e a pista de dança, com o piso brilhando várias cores, estava abarrotada de gente.

Entramos em direção ao bar nos apoiando no balcão esperando paciente até que um barman nos atendesse. Parecia que toda a faculdade, ou boa parte dela, estava ali e não foi difícil reconhecer os mesmos rostos entediados nas aulas desta vez sorrindo e brindando.

— O que vão querer? – o homem do outro lado do balcão gritou através da música alta.

— Tequila! – Manu gritou de volta, mostrou quatro dedos, apontando para nós.

O homem sorriu e ergueu a palma da mão, Camila revirando os olhos tirou sua identidade falsa da bolsa entregando ao barman fingindo está irritada. O homem olhou a data de nascimento, a foto e voltou a encará-la, sorriu e devolveu virando-se para nós. Depois de mostrar nossas identidades ele se virou pegando quatro copos de shots com uma mão e uma garrafa de Tequila na outra, derramou até a borda e escorregou o copo para nós.

— Como nos velhos tempos. – Camila gritou levantando sua dose.

Manu, Lari e eu fizemos o mesmo, relembrando o nosso primeiro final de semana juntas na história de nossa amizade. Brindamos e cada uma jogou a cabeça para trás, derramando a tequila garganta adentro. Balancei a cabeça com a queimação e juntas, batemos os copos no balcão.

Na quinta dose eu já não sentia meus pés e minha boca estava completamente dormente. Quando dei por mim, estávamos dançando loucamente na pista de dança. Camila queria ser sensual, mas parecia um polvo se movimentando com os braços moles. Lari balançava a cabeça e o corpo no ritmo da música, estava com os olhos fechados e não tirava o sorriso do rosto e Manu, simplesmente tentava fazer os passos simples de uma dança, mas caía em gargalhadas. Não era nosso costume ficarmos bêbadas com apenas cinco doses de tequila e algo me dizia que aquilo estava errado.

— Vamos sentar! – gritei para as três. Lari abriu os olhos rapidamente e concordou com a cabeça, Manu e Cami não.

— Vamos. – Lari me puxou pelo braço entre o amontoado de pessoas e me levou até o bar.

— Lari. – eu a puxei de volta negando com a cabeça impedindo antes mesmo ela de pedir mais alguma coisa.

— Precisamos apenas de uma. Umazinha. Não estou sentindo mais o álcool. – Larissa choramingou me fazendo rir.

— Você está sentindo alguma coisa? – perguntei, ela negou com a cabeça, nos olhamos tempo suficiente até cair em gargalhadas e aproveitando minha guarda baixa, Larissa terminou o caminho até o bar esbarrando em um homem encostado no balcão.

— Desculpa. – a ouvi dizer, ergui os olhos para ver quem era.

Lá estava o mesmo homem que eu havia visto mais cedo, ele estava sorrindo para Larissa e ao encontrar meu olhar, por um nano segundo arregalou os olhos em surpresa antes de voltar a seu sorriso estrategicamente charmoso.

— Ouvi dizer que na terceira vez em um mesmo dia é casamento. – ele disse em meu ouvido.

Ergui uma sobrancelha encarando-o, ele sorriu levando a garrafa de cerveja até a boca. Meus olhos rolaram para seu lado procurando à loira, mas ele estava sozinho.

— O que vai querer Kat? – Lari perguntou virando para mim. Pisquei uma vez e me foquei nela e no barman que esperava minha resposta.

— Tequila! – gritei. O cara sorriu atrás da cerveja e a virou batendo o frasco vazio no balcão.

— Então, vocês são daqui mesmo? – ele perguntou para nenhuma especificamente e quando não respondemos, ele continuou. – Eu sou Maxon Maddox. – disse erguendo uma mão para Larissa que a encarou por um segundo antes de segurá-la.

— Larissa. – ela respondeu.

Maxon repetiu o nome com os lábios e virou-se para mim, que não conseguia tirar os olhos dos dele. Ele sorriu quando não respondi e virou para o balcão levantando a garrafa seca de cerveja para quem quer que fosse e voltou-se para nós.

O barman assim como trouxe nossas doses de tequila, trouxe a cerveja de Maxon, que ergueu para nós e deu o primeiro gole. Lari me entregou um copo e sem a menor vontade de parecer sociável virei jogando a cabeça para trás, batendo o copo vazio de boca para baixo no balcão. Maxon sorriu e Lari me olhou com uma carranca.

— Kate! – ela gritou. – Poderia ter me esperado.

— Desc...

— Mais uma? – Manu gritou atrás de mim segurando Camila pelo braço.

— Eu também quero! – Camila gritou levantando o braço livre.

— Vocês estão com alguém? – Maxon me perguntou quando fui empurrada, por Manu, para seu lado dando a ela uma folguinha no balcão.

— Estamos juntas. – respondi apontando para as três. Maxon arregalou os olhos em surpresa, hesitando ao falar.

— Vocês são... – ele parou procurando a palavra certa e eu havia entendido tentando com fracasso não rir da situação.

— Não! – exclamei. – Somos amigas.

— Ah! – ele sorriu passando uma mão pelos cabelos castanho-acobreados. – Não que eu tenha algo contra, é só que... – ele parou e me observou por um longo minuto, sorriu bebendo um gole e percebi que estava encarando-o demais.

Ajeitei os ombros e esperei que Manu e Camila acabassem suas doses, Maxon terminou a cerveja e se ergueu observando as meninas com o rápido gesto de terminar a dose em um segundo e se virou para mim, eu poderia sentir que me observava, mas não iria me virar. Não. De jeito nenhum. Sorri quando Manu fez careta com o limão, mas rapidamente travei quando senti uma mão quente e grande em meu ombro. Gelei. Maxon se aproximou até meu ouvido e sussurrou lentamente:

— Gostei do jeans. Kate. – e saiu, me fazendo observá-lo sumir pela porta da frente.