De repente o anjo foi embora e a nuvem se dissipou me fazendo cair e abrir os olhos. Aaron estava sorrindo em minha frente, um sorriso diabólico de alguém que havia aprontado alguma. Olhei em volta procurando Sebastian e ele havia sumido, dissipado, evaporado.

Me perguntei se imaginei tudo aquilo.

— O que estava fazendo? – Aaron perguntou em meu ouvido, tentando não gritar sob a música alta.

— Como assim? – perguntei de volta, com medo de ter imaginado tudo aquilo e ter feito papel de ridícula.

Aaron iria responder quando viu algo sob meus ombros e parou, me virei rapidamente e achei que fosse morrer. Maxon estava ao lado de Sebastian, que sorria envergonhado para mim com uma mão coçando a nuca.

— Já conheceu meu irmão Sebastian? – Maxon gritou sob a música, colocando uma mão no ombro do homem ao seu lado.

Eu queria chorar.

Eu poderia ter chorado até lembrar que aquela era uma festa de família, que provavelmente além de Rob, Jace e Jordan, todos os homens eram um Maddox. Concordei com a cabeça sem coragem para falar, de repente Mari e Julia apareceram ao meu lado tão assustadas e ofegantes que eu poderia ter decifrado seus olhares como os das minhas amigas quando precisavam falar algo urgente para mim antes que eu pudesse fazer uma besteira, e por um momento, quase fiz uma. Se havia tensão entre nós, Sebastian nem se importou com ela, sorriu e gritou para Mari algo como “você veio” e a puxou para dançar. E mais uma vez, lembrei de que eram primos da mesma família.

Mais uma gafe, parabéns Karlla você está demais! Minha mente brincava com meu psicológico.

Julia riu com a cena e se aproximou de mim, “viemos dizer que são primos” falou. Olhei para ela tentando deixar bastante claro que eu já havia notado depois de tudo. “Ele não gosta muito do Jordan” ela comentou cruzando os braços no peito enquanto observava Sebastian e Mari na pista de dança. Era o que bastava, Jordan e Mari eram o “lance platônico” que Maxon teve orgulho de dizer. Então, se Maxon não concordava com Jordan, Sebastian pareceu ser do mesmo modo e foi o que me deixou desconfortável.

— Vem Ju, vamos dançar! – Aaron gritou atrás de nós, puxando Julia pela cintura ignorando seus gritos de objeção enquanto ria e a balançava de um lado para o outro.

Tive que rir com a cena, Aaron poderia ser um Maddox, ter a fama de um Maddox, ter irmãos como os que tinha, mas era, definitivamente, um cara legal. Além de ter sido gentil, mesmo aguentando a dor quando Dylan sofreu o acidente, ele tratava as meninas diferente de como tratava uma Gama pelo simples fato de que ele respeitava suas amigas.

E decidi, ele era digno do meu respeito.

— Você está, definitivamente, babando meus irmãos. – Maxon disse ao meu lado. Eu sorri concordando.

— Não sei, parece um lance mágico que prende o olhar de qualquer um. – falei sem arriscar olhar seu rosto, seus olhos, seus lábios..

Oh Deus, seus lábios. Maxon riu ao meu lado e se inclinou para meu rosto.

— Eu poderia te chamar para dançar, mas definitivamente eu não sou bom nisso.

E eu me virei para ele, iria rir e dizer que afinal, ninguém era perfeito e iria fazer uma piada sobre um Maddox não saber dançar, mas tudo foi por água abaixo quando encontrei seus lábios nos meus. Não havia imaginado que ele estava tão perto.

E muito menos que Maxon iria me beijar.

— Você ficou louco? – perguntei ao me afastar, olhando as pessoas ao redor que nem pareciam nos perceber ali.

— O que? – Maxon parecia atordoado. – Por quê? – ele perguntou confuso.

— Estamos no meio de uma festa da sua família!

— Oh, pelo amor de Deus Karlla! – ele exclamou levando as mãos a cabeça. Ele não estava com o tapa olho. – Até parece que eles estão incomodados.

Olhei em volta e tive a certeza que nosso beijo passou despercebido entre as pessoas que dançavam ali, entre Sebastian e Mari ou Julia e Aaron.

Ou estavam fingindo muito bem.

— Mesmo assim. – falei tentando manter a pose.

— Está pensando besteira, não é? – ele perguntou dando um passo a frente, me fazendo ir para trás e bater as costas na parede. – Está achando que eu já fiz isso com muitas outras e blá. Blá. Blá. Não. Eu não fiz isso com outras garotas, ok?

— Eu não falei isso. – respondi, fazendo-o apertar o olhar para mim, me fazendo suspirar.

— Eu disse para você não acreditar nas coisas que ouve. – ele repetiu pela segunda vez e eu não sabia o que dizer. – Olha, eu não planejei isso aqui. Está bem? Você estava lá e a fantasia, teve o beijo e – ele parou e me olhou com mais atenção. – Aquele beijo, significou algo para você?

— Como assim? – perguntei tentando não tremer, não vacilar.

Maxon me puxou pelo braço para fora do ambiente fechado e da música alta. Nós paramos no hall de entrada e eu não sabia o que esperar dele, fui praticamente puxada para o único espaço aberto que havia nos fundos do Buffet e onde quase ninguém parecia conhecer.

— O que estamos fazendo aqui? – perguntei nervosa, fraca e apreensiva. Não era medo dele, mas do que poderia sair por sua boca ou pela minha.

— Certo, deixe-me ser claro sobre uma coisa... E eu não sei como você vai reagir, mas Karlla, eu não sou o mesmo. – Maxon disse me olhando nos olhos, hesitando enquanto segurava meus ombros. – Quero dizer, eu sou o Maxon, ainda quero curtir a vida, ir a festas, beber muito e rir pra caramba.

— O que mudou então? – perguntei descrente, talvez não queria acreditar que ele havia mudado, talvez eu estava sendo muito ingênua – ou imune.

Maxon respirou fundo e disse.

— Você. Você mudou tudo. – e eu vacilei, hesitei e ele notou porque sorriu e me puxou para mais perto com mais confiança. – Eu quero curtir a vida, mas com você. Quero ir a festas ao seu lado e quero rir e beber, – ele sorriu de lado e eu desejei por um instante correr e gritar e chorar. – Com você. Você disse que os Maddox tem um lance mágico que prende a atenção de qualquer um, pois eu vou te dizer... Você tem esse lance mágico comigo.

— M-mas, eu estava brincando Maxon.

— Eu confesso que no começo, no primeiro dia que te vi, eu – ele parou e se ergueu, me libertando de suas mãos visivelmente nervoso. – Eu confesso que te achei gostosa e queria...

— Pode parar! – interrompi com uma mão erguida. – Eu não sei aonde você quer chegar, mas com certeza eu não quero ouvir isso. – e me virei pronta para ir embora, pronta para chorar no travesseiro, pronta para uma morte fria e dolorosa quando Maxon apareceu em minha frente, completamente tenso.

— Me deixe terminar, caramba! Eu confesso que seu corpo me atraiu, ok? Estou confessando! Mas quando eu te conheci melhor e vi como era minha imagem para você, eu quis mostrar o meu lado bom. – ele sorriu sem graça, passando uma mão atrás do pescoço. – Todo mundo tem um lado bom, afinal. Não é? Até mesmo um Maddox. – sorri e com esse pequeno gesto, pude ver seus olhos brilhando. – Eu queria te contar hoje no teatro, era a primeira coisa que eu queria te falar. Você lembra? – concordei com a cabeça sem arriscar abrir a boca, sem arriscar piscar os olhos ou até respirar. – Depois que te conheci, eu quis mudar. Não tinha graça sair com outras mulheres, não tinha graça ir ao Setor 45 sem você lá. Até na faculdade, Karlla, eu ficava ansioso pela hora do almoço. E durante esses dias que não te vi, eu pude ter certeza de que realmente não consigo ficar longe de você.

— Maxon... – ele ergueu o indicador tocando em meus lábios me fazendo fechar a boca e ameaçar cair com as pernas bambas.

— Aquele beijo significou para mim, foi como uma resposta de que você também sentia o mesmo.

Oh meu Deus.