A Promessa

Mais Um Maddox, Babe.


— Karlla! – alguém gritou.

— Karlla, acorde! – abri os olhos reconhecendo a voz de Manu e a vi, assim como Camila e Larissa me encarando preocupadas.

— Você está bem? – Camila perguntou.

Olhei em volta percebendo as paredes brancas demais, um bipe irritante de uma máquina de batimentos cardíacos ao meu lado, um tubo em meu braço com soro e uma terrível dor de cabeça. Percebi as três com vestidos de festa e percebi também que era o dia. Era o baile. Levantei ignorando a tontura e fui obrigada a deitar novamente com Camila me empurrando gentilmente para a maca.

— Descanse. – ela disse.

— Como vocês... – a pergunta foi incompleta pela fraqueza e a falta de raciocínio com tamanha dor de cabeça.

— Longa história. – Larissa respondeu com um sorriso reconfortante para mim.

Eu queria perguntar sobre Maxon. Queria perguntar se haviam encontrado nossas mães e meu irmão, causador de tudo isso, mas alguém falou atrás das três que as fizeram virar e só ali percebi que estava em uma ambulância.

— Não é hora. – Larissa disse, resisti a enorme vontade de me erguer para saber com quem ela estava falando, queria perguntar sobre Maxon, mas que diabos de fraqueza era aquela?

Respirei fundo e fechei os olhos, reconhecendo a voz quando falou novamente.

— Eu preciso conversar com ela. Vocês não podem me impedir. – Louis disse.

Oh Deus, por favor, não. Louis não pode fazer isso comigo.

O que ele queria?

Vi Manu suspirar e concordar com a cabeça, eu iria gritar “o que você está fazendo?” se pudesse e precisei me conter ao vê-las saindo da ambulância. Louis subiu e abriu um pequeno sorriso para mim, eu sabia bem que ele estava tentando me tranquilizar, tentando dizer “está realmente tudo bem” com aquele sorriso. Sentou no banco ao lado da maca e cruzou as mãos apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Está sentindo dor? – perguntou. Aquele não parecia o Louis que eu conhecia e a apreensão de responder foi maior do que qualquer outra coisa. – Nem sei como conseguimos decifrar tudo aquilo, nem sei como conseguimos chegar até vocês e Karlla eu devo te parabenizar por ter sido tão corajosa. – queria rir. Corajosa? Não, eu fui idiota o tempo todo. – Desde quando sabia que era Daniel? E mesmo assim você foi até o apartamento e pegou o que deveria pegar. Mesmo com o que vimos naquele porão, Maxon disse que você gritou com Daniel. – gritei? Queria perguntar, mas ao invés disso fechei os olhos. – Eu sei que passou por muita coisa, mas eu preciso te dizer que... – Louis parou e eu precisei abrir os olhos para saber se ele ainda estava lá.

Sim, ele me encarava como se decidindo se falaria ou não.

Naquele momento alguém subiu na ambulância e me encarou mais do que deveria. Eu poderia jurar que o conhecia de algum lugar. Poderia dizer quase cem por cento de certeza que já o conhecia. Alto, cabelos castanhos, olhos verdes iguais aos de Aaron, lábios tão parecidos com os de Travis e o cabelo tão macio como os de Maxon. O terno azul escuro lhe caía muito bem, passava um ar mais sério quase um policial.

Que engraçado, porque esse pensamento?

Olhei para Louis e o vi com a mesma roupa, os cabelos grandes jogados para o lado e o terno.

— Karlla Morgenstern. – o homem disse atraindo meu olhar novamente. – Sou Thomas Maddox. Agente Especial. – disse mostrando seu distintivo com as siglas FBI.

Maddox? Ele era um Maddox? Minha surpresa deveria está escancarada para fazer Thomas e Louis sorrirem.

— Mais um Maddox, baby. – Louis disse descansando uma de suas mãos sobre a minha na maca.

— Eu sei que tudo foi um saco. – Thomas disse deixando os ombros caírem. – E não se preocupe com a dor de cabeça, é o remédio fazendo efeito. Dores de cabeça, náuseas serão apenas os efeitos colaterais, mas você não precisa se preocupar. Não mais. De todo modo, tenho algumas perguntas a fazer. – suspirei e concordei com a cabeça. Thomas sentou ao lado de Louis e eu percebi, Louis era um deles. Era um Agente do FBI e como eu não sabia disso?

— Como você descobriu sobre seu irmão? – Thomas perguntou.

Ok, lá vamos nós reviver o pior.

— Adam me fez levar uma caixa de jóias da minha mãe e encontrei com Daniel.

— Seu irmão guardava alguns medicamentos naquela caixa. – Louis disse. – Você sabe me dizer para quê? Ou se ele estava tomando algum? – neguei com a cabeça, não fazia ideia de qualquer remédio.

— Talvez seja... – Thomas limpou a garganta fazendo Louis enrijecer.

Oh meu Deus, o que era aquilo? Meus olhos quicavam de um para outro esperando respostas, suplicando por explicações.

— Talvez. – Louis disse pensativo.

— Talvez seja o que?

— Karlla, você e Maxon foram envenenados. – Thomas disse calmamente. – Há grande possibilidade de seu irmão tê-los guardado na caixa.

— Mas não se preocupe, seu corpo está reagindo bem com os medicamentos. – Louis disse rapidamente.

Oh cara, nem ao mesmo pensei nisso.

Estava mais preocupada em meu irmão guardar remédios na caixa de jóias da mamãe.

— Sobre as mensagens, o que chegou a receber?

— Nada de acusador ou ameaça, foram mais avisos. O jogo...

— O jogo está bem guardado em uma lixeira eletrônica. – Louis disse antes que eu pudesse terminar a frase. – Informamos ao dono do jogo sobre o que estava acontecendo, ele teve de excluí-lo e nós tiramos qualquer vestígio da internet...

Louis contou sobre a prisão de Adam, Aspen e And, mas esqueceu de falar sobre Daniel. Será que meu irmão havia fugido? Nem eu mesma estava com coragem para perguntar agora. Louis contou sobre as suposições em como Daniel havia trazido os corpos para o porão e principalmente como os tinha mantido em bom estado. “Formol” Thomas disse. “Estamos cuidando para que eles voltem para o cemitério” e o nó em minha garganta surgiu rapidamente. Thomas contou que enquanto todos estavam no baile do colégio, ele e Louis vieram checar a fraternidade, contaram que Aaron havia feito isso um dia atrás, mas não havia encontrado nada. “Isso porque ele não soube procurar nos lugares certos.” Louis disse fazendo Thomas concordar com a cabeça.

E assim contaram quando encontraram Celeste no quarto branco completamente machucada, contaram sobre terem avisado a Jamie, que avisou aos outros e assim, Sebastian e Travis não evitaram estar no baile para pegar Aspen e Adam em cheio. Louis contou, evitando com fracasso não rir, que Camila havia esmurrado And por descobrir – de Celeste – que ela havia batido em mim. Eu poderia gritar “é isso ai Camila”, mas ainda estava fraca demais para o esforço.