A Promessa

Família Maddox.


Meia hora depois estávamos estacionando no outro lado da rua, frente a entrada de um lindo e elegante Buffet. Havia dois seguranças com roupa social e fones de ouvido entre as portas de entrada, observando toda a extensão da rua, os carros e as pessoas fantasiadas que entravam animadas. Maxon sorriu para mim e pôs um tapa olho sobre o rosto, saiu do carro e me permiti rir baixinho enquanto ele dava a volta e abria minha porta. Tão príncipe. Ele me puxou pela mão e atravessamos a rua, estávamos passando pelos seguranças quando alguém gritou seu nome. Um nome tão lindo, tão forte, tão viciante na boca, tão marcante que nós dois viramos.

— Ei Jake. – Maxon falou erguendo a palma da mão para o homem-lobo que se aproximava sorridente. – Você está de cachorro? – perguntou com uma sobrancelha erguida.

— Há-há. Muito engraçado, Jack Sparrow. – Jake disse, batendo forte na palma erguida de Maxon.

— É Capitão Jack Sparrow.

Os dois riram e eu não pude evitar, lá estava meus dentes dando olá enquanto meus lábios ser elevavam, Jake encontrou meu olhar e por um instante, levantou as sobrancelhas em um gesto de surpresa.

— Karlla? – ele perguntou olhando de volta a Maxon com uma sobrancelha erguida, completamente desconfiado.

— Sou eu. – falei sorridente. – Não. Na verdade, sou a Sininho. – fiz uma careta tentando lembrar do nome que Manu havia me dado depois de escolhermos a fantasia. Não era Sininho.

— Então a coisa está séria mesmo. – Jake falou mais para si do que para nós.

— Não comece! – Maxon advertiu, pegando minha mão e se virando de volta a entrada.

Olhei para Jake sob os ombros e o vi rindo enquanto nos observava, eu não entendi o que havia acabado de acontecer, mas com certeza não poderia ser algo bom. Maxon estava sério quando entramos no Buffet e eu não estava preocupada em perguntar o motivo pelo simples fato de estar maravilhada com o lugar, com as diferentes fantasias que passavam por nós, outras que dançavam na pista de dança no ambiente fechado com portas de vidro e algumas que conversavam sentadas as várias mesas no lado oposto. Abri a boca para perguntar quem estaria ali, já que Jake – um Ômega – estava presente e mordi a língua ao ver Travis, o não-humilde Maddox se aproximar com sua fantasia de policial – muito sexy – a propósito. Ele sorriu para mim e ergueu uma mão sob a cabeça do irmão mais novo, batendo contra a palma de Jake que estava logo atrás de nós.

— Estava achando que não viriam. – Travis disse para os dois.

— Sabe que sou um homem de palavra. – Jake respondeu com as mãos nos bolsos da calça jeans.

Ele estava com uma blusa branca sem mangas e botas, sua fantasia era praticamente o rosto pintado, como um cachorro – como Maxon disse – e o cabelo desgrenhado, mas estava mais bonito do que o normal.

— Certo, totó. – Travis brincou, fazendo Maxon rir e Jake uma carranca.

— Eu disse que parecia um cachorro. – Maxon falou, completamente uma criança implicante e chata.

— E você um pirata sem noção. Aonde está seu chapéu? – Travis perguntou a Maxon, que deu de ombros, despreocupado.

Eu queria perguntar aonde estava o seu beija-flor, mas seria crueldade demais com o pobre homem.

— E você – disse a mim. – Preparada para conhecer a família Maddox? – engoli em seco com os olhos arregalados enquanto Travis e Jake sorriram como se eu fosse o jantar deles e eu não poderia acreditar. Não.

De modo algum eu estava pronta para conhecer a família.

— Que brincadeira é essa? – perguntei com uma careta, unindo as sobrancelhas olhando de Travis para Maxon.

— Maxon não contou que é uma festa da nossa família? – Travis perguntou com um sorriso idiota nos lábios e uma sobrancelha erguida.

Ele estava gostando da situação, deixando seu irmão mais novo envergonhado e sua acompanhante, no caso eu, extremamente nervosa.

Eu queria gritar, sair correndo dali e nunca mais precisar ver a cara dos três. Maxon estava em silêncio, segurando minha mão e fuzilando o irmão mais velho com o olhar. O mesmo olhar que poderia me matar um dia. Jake também parecia gostar daquilo, esperando minha resposta, esperando Maxon abrir a boca e provavelmente falar algo que eu poderia não gostar. Então, se fosse para alguém sair machucado dali

Não seria eu.

— É claro que ele falou. – respondi revirando os olhos. – E ele teve de implorar muito para eu poder aceitar vir. – olhei minhas unhas roídas fingindo tédio.

Não poderia, de modo algum, olhar para algum deles, principalmente olhar para Maxon. Ele soltou minha mão e não arrisquei erguer o olhar para checar sua reação enquanto Travis e Jake gargalhavam alto.

— Eu não acredito! Karlla! – alguém gritou em meu ouvido, ergui o olhar encontrando um Batman loiro e de olhos verdes vivos e marcantes da máscara preta.

Sorri porque não era normal, Bruce Wayne era moreno e mesmo não lembrando a cor dos olhos dele, tinha quase certeza que não eram verdes como os de Aaron.

— O que? – perguntou olhando para si. – Não gostou da minha fantasia? – ele ergueu a capa preta cobrindo metade do rosto, deixando seus olhos me observar.

— Amo o Batman, mas não lembro dele loiro. – falei confusa, tentando não rir do homem excepcionalmente lindo em minha frente.

Ele bufou acenando preguiçosamente com uma mão, como se dissesse “tanto faz”.

— Vamos para a mesa, as meninas já chegaram faz um tempo.

— Que meninas? – perguntei desviando o olhar dele para Maxon, que nem ao menos me respondeu.

Seguimos o Batman passando entre as mesas, acenando e sorrindo para as pessoas que nos observava. A princípio, fiquei nervosa por achar que estavam olhando para mim, mas logo percebi que os olhares eram para Maxon, que andava em meu calcanhar e tive de me conter e não olhar para trás, para ver se ele sorria e acenava assim como o irmão em minha frente. Chegamos as duas últimas mesas, unidas ponta com ponta no meio de inúmeras cadeiras já quase todas ocupadas por diferentes fantasias e consegui reconhecer algumas pessoas por trás delas.

— Ka! – Julia gritou animada e chocada, levantando de sua cadeira e se aproximando para um abraço forte.

— Que bom ver você. – sussurrei em seu ouvido. – Mas, do que está fantasiada? – perguntei voltando ao tom de voz normal, me distanciando para observá-la. – Você é uma bailarina em luto?

— Não! – ela exclamou ofendida. – Porque todos perguntam isso? – perguntou se virando para a mesa. – Sou o Cisne Negro. – falou de volta a mim. – Sua fadinha lé lé.

Sorri por saber que minha fantasia era fácil de reconhecer.

— Você veio com Maxon? – a voz meiga e desesperada em minhas costas seria reconhecida por anos.

Me virei e vi Letícia, com um vestido muito curto, meias altas e salto alto vermelhos da mesma cor que sua capa.

— Chapeuzinho vermelho? – perguntei sorridente.

Ela concordou com a cabeça e deu um passo para mais perto de mim, repetindo a mesma pergunta. Olhei em volta e vi Maxon cumprimentando os amigos que ainda estavam sentados a mesa e seus irmãos o mais longe possível de nos ouvir.

— Eu vim. Por quê? – perguntei apreensiva com a resposta.

— Por nada. – Letícia respondeu abrindo um sorriso grande e saudoso. – Adorei que você veio! – exclamou. – E com ele. – sussurrou com uma mão ao lado da boca.

Júlia riu e puxou meu braço para sentar ao seu lado na mesa, longe o bastante de onde Maxon estava sentado enquanto conversava com um vampiro e dois – dos três – mosqueteiros.

— Mari, você vai adorar conhecê-la. Ela é praticamente da sua família! – ouvi Júlia dizer a alguém em seu lado, mas eu não conseguia desviar meus olhos do pirata sorridente e brincalhão. – ...Ela é muito simpática e um pouco desligada... – e eu queria perguntar de quem estavam falando, mas não conseguia achar minha voz observando Maxon fazer uma – linda – careta para os amigos que conversava. – Sim! Com Maxon. Dá para acreditar? Quase uma Maddox agora. – e eu enrijeci na cadeira olhando para a mesa, para o prato em minha frente e me virando para Julia, que me observava com um par de olhos novos em seu lado.

— O que? – perguntei nervosa, olhando de um rosto a outro. – O que foi?

— Estava falando de você. – Julia disse revirando os olhos para mim. – Eu disse que ela é desligada. – falou com a garota em seu lado, que sorriu e concordou com a cabeça, me deixando vermelha de vergonha. – Ka, esta é Mariana. Prima do Maxon. Mari, esta é Karlla. Namorada do Maxon.

De repente, todos sentados a mesa pararam as conversas paralelas e se viraram para nós e eu queria cair embaixo da mesa e só sair quando a festa terminar. De repente me vi no refeitório da faculdade, onde não há privacidade e todos estão alertas para ouvir suas conversas, principalmente quando eram relacionadas a algum Maddox. De repente, me vi entre tantos Maddox, entre vários alunos da faculdade e principalmente entre Maxon, que me encarava surpreso ou chateado ou apreensivo, mas trocava olhares ofensivos a Julia em meu lado. Travis e Aaron caíram na gargalhada e eu poderia matá-los com a força do pensamento, além do irmão mais velho ser um pé no saco, Aaron estava tirando sarro do – meu – Pirata.

Mas foi Jake quem falou.