— Não ouça o que a Júlia fala, Karlla. Muito menos se iluda com isso. – Jake disse tentando, com fracasso, não rir.

Julia resmungou algo além de minha compreensão e eu queria respondê-lo, dá um tapa na cara com palavras, mas não sabia como começar.

— Olha quem fala. – Maxon disse a Jake, que desviou o olhar para a menina ao lado de Julia – a prima de Maxon – e encolheu os ombros.

— Acho que o iludido é você Jake, por está rindo disso e achar que vou acreditar. – falei revirando os olhos.

Um dois três segundos que todos me encararam de sobrancelhas levantadas no alto da testa e queixos caídos, até caírem em gargalhadas altas e estridentes. Exceto Jake. O que eu disse por acaso? Repassei a frase em minha mente duas três vezes e não via nada de errado, até Maxon estava rindo agora e eu queria ir para casa.

— Meu Deus! – Travis exclamou limpando o rosto de lágrimas enquanto ofegava. – Max! Ela fala como você!

O que? Eu queria gritar e levantar da cadeira e sair correndo da humilhação e nunca mais precisar ver aqueles rostos outra vez. O que seria uma pena, pensei comiga mesma, aqueles rostos eram muito bonitos para se evitar, para conseguir desviar o olhar ou os pensamentos indevidos. Aqueles rostos sorridentes de irmãos que se davam tão bem, além das brigas e implicâncias normais, eram tão cheios de vida e beleza e sentimentos que eu ainda precisava descobrir quais. Respirei fundo e puxei o pouco de coragem que havia guardado para um momento assim, iria perguntar do que riam, se havia algo engraçado na minha cara ou nas minhas palavras e iria dizer que não entendia o motivo das risadas, mas Aaron interviu.

— Cara – ele falou a Travis, descansando uma mão em seu ombro. – Eu disse. Você lembra? Eu avisei!

— O que? – perguntei alta e nervosa. – Do que estão falando? Não entendi o porque das risadas.

— Você chamou o Jordan de Jake. – o Hobbit, que precisei de alguns minutos para reconhecer Robert, foi quem falou e eu sorri para ele como se dissesse “oi, meu amigo” e ele sorriu de volta.

— Mas... Hã? O que? – isso estava mais confuso do que o normal, minha cabeça rodava e minha mente tentava se segurar em algo sólido para conseguir juntar as peças. Maxon foi mais rápido do que ela.

— Só eu o chamo de Jake, porque é o único apelido que ele não gosta de ouvir.

— Oh. Desculpe. – falei sem jeito, baixando a cabeça para que ninguém visse o vermelho que poderia está meu rosto.

— Oh não! – Maxon quase gritou de onde estava sentado. – Não se desculpe. Ele bem que mereceu. – falou com um sorriso diabólico para Jake, Jordan.

Jordan, Jordan, Jordan.

Eu precisava decorar esse nome para nunca mais precisar chamá-lo de Jake e cair em mais uma gafe do ano. Como, eu fui chamá-lo pelo apelido que ele mais odeia? Perguntei a mim mesma, gritando por dentro por uma resposta até que percebi meus olhares em Maxon. Sim! A culpa era totalmente dele. Quem mandou chamá-lo de Jake na minha frente? Me fez achar que era o próprio nome do garoto, e agora, provavelmente Jordan deve me odiar por isso.

Suspirei completamente derrotada tentando pensar nas próximas horas até ir para casa, cair na cama e provavelmente me matar com o travesseiro, porque era disso que eu estava precisando. Já era meu terceiro tiro no pé, primeiro com Celeste, segundo com o casal mais fofo da faculdade e agora com Jordan. Jordan. Jordan. Respirei profundamente e ouvi meu nome.

— Está tudo bem Karlla, ele não vai ficar chateado. – era a prima Maddox, com uma mão tocando meu braço. Nós sorrimos uma para a outra e a observei por um instante.

— Você é uma mulher-lobo. – não havia dúvida quando falei e sem esperar que ela ou Júlia respondesse a minha – não – pergunta, desviei o olhar para Jordan. Jordan. Jordan. Ele também era um lobo, isso não era estranho?

— Na verdade, eu sou. – Mari respondeu com um sorriso grande, mostrando duas covinhas na bochecha e me pergunto se todo Maddox tinha covinha.

— E eu sou um Caçador de Sombras. – alguém gritou do outro lado da mesa, atraindo meus olhares.

Era Jace, sem o casaco do time de futebol, coberto de roupas pretas e de couro, o cabelo loiro bagunçado e tatuagens na pele de símbolos que eu nunca havia visto antes.

— Mas que diabos é Caçador de Sombras, Jace? – Aaron quem perguntou, fazendo Jace revirar o olhos e limpar a garganta.

— Lá vamos nós outra vez. – Julia resmungou ao meu lado.

— Metade humano, metade anjo são seres de imenso poder. Nós caçamos demônios. – Jace respondeu com um orgulho que me fez, por um instante, acreditar nele.

— Ora, vamos lá. Caçador de Demônio? – Travis perguntou entediado, revirando os olhos para o loiro que o encarava sério.

— Você já viu um demônio? – Jace perguntou apertando os olhos para o irmão mais velho Maddox.

— Não. – Travis respondeu.

— Então - Jace disse reencostando na cadeira com as mãos atrás da cabeça, natural, tranquilo e relaxado. – De nada!

E eu queria rir tão alto, tão libertador por alguém ter calado Travis. Por Jace tê-lo feito engolir duro e erguer uma sobrancelha mostrando indiferença, porque estava sem resposta na ponta da língua. Algumas pessoas riram, mas a maioria ou não entendeu ou não achou engraçado e claro que Travis foi uma delas. Mas eu ri, tive que colocar uma mão em minha boca para o som não ecoar alto, porque eu estava verdadeiramente rindo.