Respirei fundo e me virei para o porão, achar qualquer pessoa ali era a coisa mais impossível de todo o mundo, mesmo em um lugar tão fechado e pequeno. Contive a vontade de correr ao homem que gritava entre a multidão e pedir para chamar por elas, mas seria humilhação demais. Tanto para a idiota que se perdeu, como para as mais idiotas que saíram por ai. Então, me mantive na ponta dos pés e fiquei procurando até que as luzes piscaram e um alarme extremamente alto ecoou pelo lugar. A luta ia começar, eu não ouvi o nome do lutador de fora, mas como um choque foi impossível não ouvir o nome do lutador da nossa faculdade.

— Maxon Maddox! – o homem gritou levando todos ao delírio.

Vi de longe os cabelos de Maxon ao entrar em uma grande roda feita por quem assistia e não consegui conter a curiosidade de vê-lo lutar. Puxei mais uma quantidade de ar e entrei na multidão empurrando com os cotovelos abrindo caminho – e sendo empurrada – mas eu estava distraída demais para pedir desculpas. Estava a poucos passos do círculo quando algo me puxou para trás. Pude ver Maxon dá o primeiro soco e então, Larissa surge em minha frente completamente assustada, com a roupa molhada e o cabelo desgrenhado, mas era a Larissa.

— Onde você estava? – ela perguntou nervosa.

— No mesmo lugar. – gritei em resposta. – Camila e Manu foram para lá e não te viram! Você. Pirou? Achei que estivesse aqui. – olhei em volta para os milhares de rostos focados na luta e voltei a Larissa.

— Eu vim procurar vocês!

— Vamos embora, então! Um idiota derramou cerveja em mim. – gritou passando por mim, puxando meu braço ao lado contrário do círculo.

Olhei pela última vez a tempo de ver Maxon erguer os olhos e encontrar meu olhar. Ele deu o último soco e se ergueu ofegante e suado como um vencedor. Camila e Manu estavam do lado de fora claramente preocupadas enquanto Larissa não voltava comigo. Ao me verem, pularam para frente me abraçando e me metralhando de perguntas sobre meu estado. Pediram desculpas e garantiram que além de Camila, Lari havia se perdido assim como Manu. Eu assenti, não tinha o que discutir e voltamos mais caladas possíveis para o Morgan.

Havia duas sombras nas escadas que, a cada passo em direção a elas pude reconhecer uma delas. A mesma aluna estranha que eu havia visto outro dia se referindo ao professor pelo primeiro nome e agindo como uma namorada ciumenta. Ela levantou quando nos viu, batendo nos jeans para tirar areia e a garota ao seu lado fez o mesmo. Eu não a conhecia, nem de vista. Ela tinha olhos castanhos assim como seus longos cabelos que se ondulavam nas pontas e era simplesmente cheios de flores. SIM a garota tinha flores nos cabelos. Tive que controlar a enorme vontade de tirá-los, mas era visível que ela gostava daquilo.

— Oi Manu. – a garota estranha falou com um sorriso. Me virei para Manu completamente chocada, sem saber que se conheciam. Manu sorriu ao subir um degrau e ir até elas.

— Oi Ju. O que estão fazendo aqui? – a garota de cabelos floridos, por assim dizer, suspirou e voltou a sentar apoiando o queixo nas mãos. Manu se virou para nós, paradas no primeiro degrau da escada e voltou a encarar a duas. – Júlia e Letícia. Esta é Kate, Camila e Larissa. Estão no Morgan também.

Júlia, a garota estranha e intima do professor, me encarou dos pés e cabeça e desviou o olhar ao contrário da outra, que sorriu e se aproximou para um abraço forte e demorado, nos pegando completamente de surpresa.

Ela era feliz demais, paz e amor demais.

— Que bom finalmente conhecer vocês. – Letícia disse. – Podem me chamar de Let, ou qualquer coisa. – disse com um risinho. – Manu só fala de vocês.

— São da mesma sala? – Cami perguntou e a garota concordou com a cabeça.

— Quase todas as aulas. E Júlia é colega de quarto dela. – Letícia sorriu para Júlia que nem ao menos parecia ouvir. – Desculpe por ela. – sussurrou revirando os olhos. – Não é um dos nossos melhores dias.