A Promessa

Cara! Me Sinto Uma Mulher


Let’s go girls! – os gritos vieram dos fundos do bar, olhei para minha cintura e agradeci não ter perdido o senso, meu quadril balançava no ritmo. – I’m going out tonight I’m feeling alright gonna let it hang ooout... – eu nem mesmo ouvia minha própria voz, mas a sensação de está cantando no banheiro veio até mim. – Wanna make some noise really raise my voice I wanna scream and shout... – as pessoas estavam levantando das mesas e eu iria pedir que não saíssem pois eu pararia de cantar, mas ao invés de se dirigirem a saída, as pessoas se aproximaram do palco. – No inhibitions make no conditions get a little outta line! – balancei lentamente o quadril tentando de algum modo ser sensual e fui para ponta esquerda do palco. – I ain’t gonna act politically correct I only wanna have a good time. The Best thing about being a woman is the prerogative to have a little fun and... – ergui o microfone lembrando quando os cantores esquecem a letra da música e para minha sorte, todos cantaram o agudo Oh Oh Oh. – Totally crazy, – cantei rodando o indicador ao lado do rosto. – Forget I’m a lady men’s shirts – pus as mãos nos seios. – short skirts, – desci até a calça. ­– Really go wild doin’ it in style. – andei para o lado direito do palco, as pessoas no Oh Oh Oh em um uníssono. – Get in the action feel the attraction color my hair – joguei o cabelo para o lado ouvindo os gritos dos fundos. – Do what I dare. I wanna be free to feel the way I feel. – todos pararam e eu fiz pose como as modelos em revista de moda. – Man! I feel like a woman.

Os aplausos e gritos explodiram por todos no bar, comecei a rir sem lembrar a letra e tentei disfarçar batendo palma, logo a música parou e Luke voltou ao palco rindo enquanto limpava os cantos dos olhos.

— Essa garota é demais! – ele gritou no microfone, levantou meu braço e todos continuaram aplaudindo e gritando, alguns rindo, mas ninguém tinha se divertido mais do que eu. – Kate, seu amigo acabou de perder uma aposta! – ele disse a mim, todos riram e concordei, tentando encontrá-los na escuridão. – Alguém tem um pouco de coragem para subir depois desse show? – alguns levantaram as mãos enquanto a maioria voltava a sentar.

Desci sorrateiramente do palco e com a adrenalina no corpo caminhei de volta parando em algumas mesas recebendo elogios e convites para jantar, alguns deles eram de homens desesperadamente bonitos, provavelmente não faziam faculdade e pareciam muito interessantes, mas na primeira vez que ergui o olhar e vi todos da minha mesa me observando, não queria sair com mais ninguém.

— Kate você foi... Incrível! – Júlia gritou quando me aproximei.

— Eu não sabia que você cantava. – era Conor.

— Nem eu sabia! – respondi divertida.

— Eu sabia. – a voz no outro lado da mesa me tirou o sorriso e fez todos virarem o pescoço para encará-lo. – Eu já ouvi cantando. – Maxon disse como se orgulhoso de si mesmo.

— Onde? – Manu perguntou voltando a mim e mais uma vez, sendo mais rápido do que qualquer palavra, Aaron levantou da mesa e pôs um braço em volta de meu pescoço.

— Te devo uma, amor. – ele disse sorridente. Eu o encarei e concordei com a cabeça.

— Continuo não sendo o seu amor, mas me deve sim. – falei me livrando do braço forte e musculoso, caminhando em direção ao bar. Ouvi risos e piadas dos jogadores para Aaron que ignorou e apareceu ao meu lado, sorrindo ainda com o efeito do álcool.

— Porque vocês não pedem na mesa? – alguém perguntou em nossas costas nos fazendo virar tão rapidamente que Maxon parou erguendo as mãos ao alto. – Querem que eu volte? Não quero atrapalhar o casal.

— Não somos um casal. – respondi quase que no mesmo instante.

Aaron se virou para mim e depois para Maxon que ergueu uma sobrancelha de volta. Irmãos conversavam com o olhar assim como amigas? Porque se podem, era o que eles estavam fazendo.

— Aaron, você pode parar de me enrolar. – falei, ele riu e se virou indo até o bar erguendo o indicador para o barman mais próximo.

— Achei que fosse cantar One Direction. – Maxon disse. Me virei para olhá-lo e o vi encarando minha barriga seminua. – Sua blusa não é assim ou é? – perguntou com uma careta.

— Não é. – respondi desamarrando o nó fazendo-a cair na calça, ele engoliu e voltou aos meus olhos.

Era terrível o silêncio e eu queria perguntar o que estava me azucrinando durante toda a noite, mas estava com medo que Aaron voltasse e ouvisse, ou até Maxon poderia entender tudo errado...

— O que é? – Maxon perguntou dando um passo para trás, baixando a cabeça para sua roupa e não consegui evitar sorrir. – Não está boa? Está rindo da minha roupa?

— Não. Você está muito bonito. – falei pressionando os lábios tentando ficar séria.

— Bem, obrigado! – respondeu com um sorriso de lado, passando uma mão pelos cabelos macios.

Que se dane, eu vou perguntar.

— Você e a Lari estão... Juntos?

— O que? – ele perguntou chocado. – Lari, a Larissa? – concordei com a cabeça procurando em seu rosto qualquer mínimo detalhe que mostrasse se ele mentiria. – É claro que não estou com a Larissa! Somos amigos! Porque você achou isso? – ele estava completamente chocado.

— Ah, pelo modo como você age com ela.

— Que modo? – Maxon perguntou erguendo uma sobrancelha. – Eu sou assim com todas as minhas amigas.

Aí.

Aquilo doeu.

— Então porque você não é assim com a Júlia? Ou a Letícia? Ou até...– fechei a boca desviando o olhar.

É claro que ele não me via como amiga! Porque eu não havia pensado nisso antes? Maxon sorriu observando minha briga interna sobre o assunto e limpou a garganta.

— Ou até com você. Era isso que ia dizer? – não respondi e muito menos ergui o olhar para ele. Maxon suspirou e deu um passo para mim levantando meu queixo. – Eu respeito a Júlia e as Leticias. Sei que se eu agir assim, elas não irão gostar e muito menos os caras que estão com elas.

Então, Maxon sabe sobre o professor?

— Olha, saiu sem querer. Mas sim, eu poderia ser sua amiga assim como sou com seu irmão e Rob. Não me importo. Tanto faz. – falei forçando tanto quanto pude o tom de indiferença. Maxon deixou sua mão cair e concordou com a cabeça.

— Então é oficial, somos amigos! – disse me puxando para um abraço.