Aaron voltou logo depois da pequena demonstração de afeto do irmão e nos olhava diferente, com um brilho nos olhos como se soubesse de algo que só os Maddox sabiam e lá estava minha curiosidade sem fim, observando-os a espera de um único deslize. Mas eles eram bons, só deixavam transparecer o que queriam. Bebi minhas duas doses e com Maxon em meu pescoço, voltamos a mesa. Eu estava apreensiva sobre essa atitude, mas ninguém pareceu notar, nem mesmo Camila ou Manu me puxaram no canto para conversar sobre isso e Larissa estava do mesmo jeito que havia entrando no Setor 45, sorria e conversava como se todos fossem amigos de infância. O que me fez pensar que eu fui paranóica o tempo todo, mas eu não iria reclamar, muito pelo contrário, adorava esse clima tranquilo e amigável que todos tinham entre si e fazer parte disso, com minhas amigas era uma coisa boa.

Mais algumas rodadas de tequila e estávamos completamente loucos, eu sabia que não estava no meu juízo perfeito, mas nada me fazia parar. Rob e Leth foram os únicos que não beberam e no final da noite, estávamos rindo e se apoiando uns nos outros até o estacionamento. O grupo estava pequeno comparado ao começo da noite e nem todos concordavam em esticar até o apartamento dos Maddox. Eu não era do contra, estava tão animada e feliz que desejava que a noite não tivesse fim, mas alguns amigos de Maxon sim, eram completamente contra. Eles foram embora cedo e nem ao menos sentimos falta, Dylan e Maxon eram os mais pirados dentre nós, Aaron estava entre Manu e eu, não sei bem se nós o segurávamos ou era o contrário, mas pelo menos estávamos fixos no chão. Larissa e Camila cambaleavam de mãos dadas, cantando Man! I Feel Like Woman e eu não conseguia parar de rir. Julia vinha com o casal, Rob e Leth, tentando andar em linha reta.

— Nós não podemos ir embora agora! – Dylan gritou antes de chegar no carro.

— Vamos esperar um pouco. Vocês não podem dirigir assim. – Lethicia quem disse.

— Ah. Besteira. – era Maxon. – Aposto que você não chega até o final do estacionamento. – falou a Dylan que pensou por um instante e sorriu, saindo em disparado de uma ponta a outra, Maxon o seguiu no mesmo instante, mas não estava muito a frente.

As pessoas que ainda tinham algo na cabeça nós ficamos observando-os se afastar, Rob e Aaron apostaram em Dylan, mas Julia e Larissa deram certeza que Maxon iria ganhar a corrida. Eu não sabia se estava torcendo para alguém, estava rindo com a tentativa falha de correrem em linha reta. De fato os meninos estavam certos e Maxon estava a quase três metros atrás de Dylan que nem mesmo parou ao ouvir os gritos do segundo colocado avisando que desistia. Os dois estavam se aproximando da entrada do estacionamento quando um carro entrou em disparado, manobrando-o como um louco. Lethicia gritou no mesmo instante em que o barulho ensurdecedor dos freios me fez encolher os ombros e fechar os olhos.

Foi tudo uma questão de segundos, rápido demais para processar algo até que o carro passou por nós muito além dos limites de velocidade e quando abri os olhos, Rob e Aaron já corriam em direção ao corpo deitado no acostamento. Julia e Manu estavam pálidas, Camila correu e Larissa soluçou. Olhei para os lados procurando Maxon que até então não estava à vista. Meu coração acelerou e um grito subia na minha garganta quando ele se levantou do outro lado da calçada e correu para os outros rapazes. Eu estava em choque, observando tudo de longe. Vi Rob se ajoelhar, Aaron por as mãos na cabeça e Camila uma mão na boca, Maxon parou no meio do caminho quando viu o corpo de Dylan estirado e imóvel no chão, caindo de joelhos com as mãos no rosto. Minha primeira reação foi correr, eu não sabia se ele estava machucado, não sabia o que falaria, mas eu precisava ajudá-lo e o abracei forte, deixando sua cabeça apoiada em meu ombro.

— Precisam ligar para um hospital! – Lethicia gritava, mas nem ferrando eu me mexeria.

Ouvi a voz de Manu perto de nós, estava nervosa e trêmula enquanto informava o endereço de onde estávamos. Julia perguntava o que deveríamos fazer e Aaron estava xingando o nada. Larissa entrou no Setor 45 e voltou com os seguranças que nada fizeram a não ser sentir o pulso de Dylan e esperar pela ambulância.

Dez minutos se passaram e já podíamos ouvir o som da sirene se aproximando, Maxon se afastou dos meus braços e se levantou limpando o rosto com as costas de uma das mãos enquanto erguia a outra para mim. Eu a peguei sem hesitar e ele me levou para a calçada ao lado das garotas.

— Eu vou com ele. – Maxon disse a Lethicia que negou com a cabeça.

— Você não precisa ir. Eu vou com Robbie. Vai ficar tudo bem Max. Vai para casa, tome um banho e eu te mantenho informada, ok? – Maxon hesitou e a encarou como se implorando, sem palavras, para ir junto.

— Irmão, vamos para casa. – foi Aaron quem falou, apoiando uma mão no ombro de Maxon que baixou a cabeça e concordou.

Era a primeira vez que eu via uma cena como aquela, um acidente horrível, o corpo de uma pessoa conhecia completamente desfigurado na calçada e um cara, que tinha uma terrível fama de sem coração da faculdade parecer tão vulnerável. Me pergunto quanto Dylan e Maxon eram amigos, se era como eu e as meninas. Maxon deu um passo para trás ficando em minha frente assim que a ambulância estacionou frente a calçada e dois paramédicos desceram com uma maca para levar Dylan. Um deles perguntou o que havia acontecido e Rob foi quem detalhou tudo, deixando todos nós desconfortáveis pela ridícula falta de responsabilidade e o pior, Maxon se mostrava culpado pela situação. Sem tirar os olhos do amigo ele pôs um braço para trás encontrando minha mão e a apertou como se precisasse de uma força extra e eu apertei de volta, tentando confortá-lo. Rob e Lethicia entraram na ambulância e prometeram nos avisar sobre qualquer coisa, mesmo com o som da sirene se distanciando pela rua, nenhum de nós se mexeu.

— Nós precisamos sair daqui. – Aaron disse ao suspirar, olhei para Camila ao meu lado e a vi prendendo a respiração assim como eu e talvez todos ali.

Maxon estava rígido em minha frente e mesmo sentindo uma leve dor nos dedos, eu não poderia, nem mesmo ousaria me libertar daquela mão.

— Maxon! Maxon, olhe para mim. – Aaron pediu segurando os ombros do irmão, encarando-o nos olhos. – Vamos para casa. Dylan vai ficar legal.

— Nós também devemos ir. – Manu disse dez tons mais baixo que o normal.

Cami limpou a garganta e concordou abraçando Lari com um braço enquanto ela forçava a não chorar. Julia ainda estava em silêncio e quanto mais eu sentia o aperto na minha mão, menos eu queria ir para casa. Maxon limpou a garganta e respirou fundo, se virando para nós.

— Se quiserem, podem ficar no nosso apartamento. – ele disse olhando cada uma nos olhos sem mover nossas mãos.

— Eu acho melhor mesmo. Vocês estão assustadas e... É melhor. – Aaron quem falou, visivelmente tenso, mas com a voz equilibrada.

Eu não lembrava quem havia concordado primeiro, mas quando dei por mim já estávamos subindo as escadas para o segundo andar do prédio. Aaron veio dirigindo o carro de Julia e Maxon o deles, e sem me deixar escolher com quem ir, ele abriu a porta do passageiro para mim antes de dá a volta para o lado do motorista. Larissa foi com Julia e Aaron, Manu e Camila conosco. Em outras circunstâncias eu estaria nervosa e feliz por conhecer o apartamento de dois dos homens mais bonitos da faculdade, mas naquela situação, eu realmente não conseguia nem ao menos erguer a cabeça. Aaron abriu a porta e fez um gesto para que entrássemos primeiro, a sala e a cozinha eram divididas por uma bancada que provavelmente servia de mesa. Havia tudo o que uma cozinha precisava ter e na sala, o que homens usariam, TV, X-Box, Home Theater e Blu-Ray, um sofá de três assentos e uma poltrona grande o suficiente para duas de mim. Havia um corredor entre os dois cômodos que provavelmente levaria até os quartos. Ao fechar a porta, Aaron foi até a cozinha e Maxon entrou pelo corredor nos deixando sozinhas e deslocadas.

— Meu Deus! – era Julia caindo no sofá. – Que loucura! Vocês conseguiram anotar a placa do carro? – perguntou em direção a cozinha, sem resposta.

— Eu estava muito ocupada fechando os olhos para ver alguma coisa. – Lari respondeu sentando ao seu lado. Paquerei a poltrona e me sentei nela me permitindo aliviar a tensão com tamanho conforto. Manu e Camila se espremeram no sofá junto com as outras e o silêncio inundou aquele lugar.