A Ordem Das Sombras

Encontro no Jardim Secreto


Bastante confusa, levei uma mão a cabeça e voltei o caminho em passos mais rápidos, queria ver o que havia do outro lado do corredor.

Ao chegar lá, me deparei com uma estrutura circular que mais parecia uma piscina, porém completamente seca. Logo acima de mim, uma rampa em espiral se estendia até o topo do que lugar, que pela altura, mais me parecia ser...um castelo. Lá em cima, havia um outro buraco, semelhante o da entrada do lugar, que assim como o outro estava escuro.

Fui baixando a cabeça devagar, e aos poucos, uma pergunta assustadora e inquietante surgiu em mim.

- Eu...estou morta?!

Sei que isso soa estranho, mas no momento me pareceu a coisa mais certa a perguntar, embora, não obtivesse respostas. Sem querer esperar mais ali, resolvi subir aquela imensa rampa e ver o que havia no final.

Chegando no topo, encontrei mais uma escadaria, porém mais alta, no final uma porta se encontrava aberta, subi até ela. Ao passar pela porta, uma ventania um tanto fraca soprou ali. Mesmo estando tudo escuro percebi que algo estava faltando ali, mas no momento não pude dizer o que. A minha direita havia outra rampa, não me contive antes de subi-la, mas vendo que estava sem proteção e muito no alto, caminhei me apoiando a parede temendo cair por uma ventania mais forte. No topo daquela rampa se encontrava uma entrada, e luz emergia de dentro dela. Apressei os passos até chegar lá, e quando o fiz, meus olhos arregalaram-se em uma surpresa.

Era como um jardim, um jardim muito lindo, e no centro encontrava-se uma fogueira cercada por um cavalo preto, uma garota em trajes brancos segurando algo em seus braços e um cervo deitado. O cavalo foi o primeiro que me percebeu, e ao fazê-lo, agitou-se discretamente.

- Agro...? - indaguei completamente desentendida.

Porém, minha voz chamou a atenção do cervo e da garota, que virou-se para mim imediatamente, e foi ai que gelei dos pés a cabeça.

- Como entrou aqui? - indagou a garota pálida, com um olhar assustado e ao mesmo tempo curioso.

- Mo-Mo-Mo...Mono??!! - indaguei completamente perplexa e assustada, dando passos inconscientes para trás.

Ela se ergueu e virou-se para mim.

- Você me conhece? - sua voz era doce e calma, e isso era o que mais me assustava.

- AI MEU DEUS!! - exclamei em um berro apavorado - Então é verdade! Eu estou morta mesmo! Ai meu Deus, por quê? Por quê??!!

- Hã? Do que está falando? - ela avançou um passo em minha direção.

- Ahh!! - gritei dando um passo maior para trás, esquecendo-me até que havia mais um abismo ali - Então esse é céu? Ele é tão sombrio assim??

- Céu? Não estamos no céu...

- Ahhh, eu não queria morrerr!! Eu só queria chegar até meu irmão, tinha que salvá-lo!! - gritei e me agachei escondendo o rosto nos joelhos e pondo as mãos atrás da cabeça - Maldito penhasco! Maldito penhasco!

- Penhasco? Do que você está falando? Você não está morta. - a garota tentou mais uma vez.

Ergui a cabeça em impulso devido ao desespero.

- Como não? Como não?! - ergui-me por completo - Eu cai em um penhasco e acordei aqui sem mais nem menos, depois subo esse...er...castelo ou sei lá o quê e me deparo com você! - quando me dei conta, já estava avançando alguns passos em direção a garota - A profeta que deveria ser ressuscitada mas que não ressuscitou. E onde você acha que os mortos que deveriam ser ressuscitados e não foram deveriam estar? No céu ou no inferno né?

- O que...?

- Já sei, isso daqui não é o céu, é o inferno! Quer dizer então que eu fui muito ruim na vida?! - arregalei os olhos pensando nessa possibilidade - Ai meu Deus, deveria ter ajudado mais meu pai e ter sido mais obediente... - comecei a andar de um lado para o outro - Mas não é possível que isso seja um pecado tão grande que eu não pudesse ter sido perdoada...ah! - lembrei-me de algo e caminhei até Agro, pondo minhas mãos nas laterais de seu rosto - Agro, por que você também ta no inferno? O que uma cavalinha tão boazinha como você fez para merecer isso?

- Você a conhece? - a voz delicada da garota quebrou por um minuto meu momento de ideologia "pscicoatordoada".

- O quê? - indaguei a fitando, de repente, me sentindo mais calma.

- A Agro. De onde você a conhece?

- Ué, eu ajudei meu irmão a cuidar dela desde pequeno. Ela é a amiga-transporte dele.

Quando falei isso, os olhos da garota pareceram abrirem-se mais.

- Do seu irmão?

- Sim. Meu irmão. A propósito... - virei-me completamente para ela - Eu... eu fui atrás dele e...bem, por algum motivo inexplicado vim parar aqui. Ou melhor, pode até ter sido explicado, eu cai do penhasco e morri, dai vim parar aqui, onde você que também está morta está. - terminei a fala ciente da realidade.

Ela franziu o cenho ao me olhar, em seguida respirou fundo.

- Escute, antes de tudo, não estamos mortas. Você e todos que estão aqui estão vivos, muito bem vivos. Não tem com o que se preocupar.

- Não tem? Ah, venhamos e convenhamos, eu estava muito bem viva quando Lord Emon me falou que viu seu corpo, orou por você mas além disso não pode fazer mais nada porque você estava morta. Dai eu saio em busca do meu irmão e caio de um penhasco, venho parar aqui sem uma explicação lógica e quando subo nesse topo encontro você que...estava morta! - de repente senti desespero - Tem noção da minha situação?! - dei uns saltinhos inconscientes enquanto a fitava ainda desesperada e de braços abertos com as pontas dos dedos apontando para o chão.

A garota me fitou por mais alguns segundos, em seguida, deu uma risadinha tímida.

- O que foi? - indaguei desentendida.

- Você é engraçada.

- Engraçada? Como você consegue ter senso de humor em um lugar como esse?!

Ela riu mais uma vez.

- Não sou eu que tenho senso de humor, é você. - ela assumia um pequeno sorriso tímido e risonho.

- Eu não estou com senso de humor, estou desesperada!! Ai, meu Deus!! - pus uma mão na testa e comecei a andar mais uma vez - Meus planos foram arruinados por um penhasco - realmente estava preocupada.

- Hm, escute, vou tentar te dizer mais uma vez, você não está morta, eu não estou morta, ninguém aqui está morto.

- Então me explica que lugar é esse! - exclamei em evidente desespero virando-me para ela, porém ao fazê-lo, observei algo que até o momento não havia visto - O...o...que é isso que você está segurando...? - indaguei temerosa.

- Ah...bem... - parecendo meio incerta de algo, Mono foi deixando se exibir o que estava em seus braços lentamente, e aos poucos, um bebê completamente despido surgiu dali.

- Um...bebê? - indaguei, erguendo uma sobrancelha, mais desentendida ainda.

- Er...

Porém, meus conceitos de bebê bonitinho e fofinho que estavam por vir, mudaram completamente quando avistei um par de chifres em sua cabeça, fazendo-me arrepiar os pelos da nuca e um medo assumir meu corpo novamente.

- Chifres??!!

Vendo meu espanto, Mono tentou logo me acalmar, mas não conseguiu.

- Bem, é que...

- Ahhh, um bebê de chifres!! Agora tenho certeza absoluta que estou no inferno!!

- Espera, ele não é nenhum demônio! - ela repensou - Quer dizer...bem...

- Um...um...bebê de chifres...ai...Deus... - e então senti minha consciência dizer adeus mais uma vez, dando lugar ao vácuo completo em minha mente.

Quando despertei, apenas uma fresta dos olhos manteve-se aberta, enquanto alguns raios de sol embaçavam minha pouca visão atordoada pela inconsciência repentina. Pisquei um pouco e a imagem verde, antes borrada, agora assumia a forma de árvores finas e colunas com borrões da mesma cor. O jardim o qual estava antes foi tornando-se mais nítido.

Enquanto melhor despertava, senti um peso remexer-se sobre meu peito. Ergui um pouco a cabeça para ver o que havia sobre mim, e então, o bebê de chifres se exibiu ali, sorridente, tomando a maior parte do meu campo de visão. De imediato, arregalei os olhos e dei um grito:

- Ahh!! - em desespero, arrastei pés e mãos no chão no intuito de me levantar e sair de perto dele - O bebê demônio!!

Quando consegui me por sentada, bati as costas em algo fino e duro, e então, escutei Agro relinchando após esbarrar em sua pata, o que também me assustou. Com os sustos seguidos, o bebê ia caindo de cima de mim, mas Mono o segurou a tempo.

- Você precisa manter a calma perto dele. - disse ela levemente agitada com a mini confusão - E bastante cuidado, é um bebê. - complementou mais calma.

- Mono? - indaguei um pouco mais calma - O que ele é seu? Filho? Não sabia que tinha um filho, você é tão nova...

- Por favor, não confunda as coisas. Ele não é meu filho. - disse ela, para minha surpresa, nem um pouco desconcertada.

Respirei fundo, fechei os olhos e tentei manter a calma. Em seguida os reabri e sentei-me melhor de pernas cruzadas.

- Ta, tudo bem, do início... - uma pausa preparativa - Onde estamos? Você está viva ou morta? E quem é essa criança?

Concordando com a minha sugestão de diálogo, ela sentou-se ajoelhada e colocou o bebê sentado à sua frente.

- Tudo bem. - começou ela - Primeiro, você não está nem no céu nem no inferno, ou até mesmo no purgatório. Nossas almas ainda pertencem aos nossos corpos e assim estamos vivas. Assim como Agro, ele - ela indicou o bebê - e qualquer outro ser vivo que você veja nesse ambiente. - ela deu uma pausa como que para certificar-se de que eu estava entendendo, e então continuou - Estamos em um jardim secreto no topo da primeira parte de um castelo. Esse castelo está em uma terra afastada chamada de Forbidden, mas para a maioria das pessoas, Forbidden é mais conhecida como Terras Proibidas.

Quando as palavras "Terras Proibidas" se decifraram em minha mente, abri mais o olhos, realmente espantada.

- O...que?

- É isso mesmo. Você está nas Terras Proibidas. Você está em Forbidden. Agora... não me pergunte como veio parar aqui, até agora, nem eu mesma entendi.

A fitava boquiaberta.

- Espera, com calma, para tudo - gesticulei com as mãos em sinal de parada - Quer dizer que depois que cai de um penhasco vim parar nas Terras Proibidas de uma forma cientificamente inexplicada? - ergui uma sobrancelha como que para ter mais certeza.

- Bem, é o que parece. - Mono, embora calma, assumia uma expressão, assim como eu, confusa.

- Wow! - levei uma mão a boca e comecei a olhar em volta completamente incrédula - Minha ficha ainda não quer cair.

- Tudo bem, creio que isso seja normal. - Mono deu um sorrisinho simpático e meigo.

- Nossa... - uma pausa - Mas espera, se...sei lá como, vim parar aqui, justo aqui que realmente queria vir pra tentar buscar meu irmão e, quando chego aqui encontro você e a Agro...então... - os olhos de Mono pareciam temer algo, mas não sabia dizer o que, sendo assim, continuei - Onde...ele está?

Alguns segundos de silêncio.

- Mono?

- Bem... - uma pausa.

- Bem...?

Ela respirou fundo, como se estivesse adquirindo coragem para algo.

- Seu irmão...ele está bem sim, ele...está seguro.

- Mesmo? - um sorriso aliviado desenhou-se em meu rosto instantaneamente - E onde ele está?!

- Aqui... - ao dizer isso de uma forma temerosa, Mono segurou o bebê e o colocou mais perto de mim, o fitei sem entender, ou melhor, sem querer entender.

- Er...aqui? - olhei para o bebê e em seguida para ela, erguendo uma sobrancelha.

- Sim. Está aqui, à nossa frente.

Sem querer acreditar, abri mais os olhos e sacudi a cabeça negativamente, como se aquilo fosse algum tipo de brincadeira e eu não quisesse cair nela.

Passei a língua nos lábios, incrédula.

- Sabe, sempre achei que você seria uma pessoa mais séria, já que cê é profeta e tals....

- Não estou brincando. Seu irmão, Wander, ele está aqui - ela o empurrou de levinho um pouco mais para perto de mim - Acredite em mim.

Era o que estava tentando fazer, sério! Mas...não dava.

- Pera, pera ai! - um pouco mais agitada, ergui-me, exibindo a palma de uma mão em gesto de parada - Você está me dizendo que esse bebê, esse bebê de chifrinhos aqui...é o meu irmão...Wander? - minha feição parecia irritada, mas na verdade, aquela informação não conseguia ser absorvida pelo meu cérebro, minha feição de mal não passava de inaceitação.

- Sim... - no fundo, Mono também não parecia muito feliz com aquilo - Eu...eu não sei ao certo o que aconteceu, eu... - ela umedeceu os lábios e olhou para o lado, parecendo atordoada com algo - Eu lembro que acordei e...estava sobre uma espécie de cama de pedra, então...me levantei atordoada e me deparei com um imenso hall, cheios de pilares, creio eu que eram pilares, destruídos em cada parede. Achei que estava sozinha, então escutei um relincho de um cavalo e vi que era Agro, ela estava subindo as escadas de entrada desse castelo com uma pata machucada. Não sei ao certo o que aconteceu com ela. Depois, caminhamos em direção aquela cratera que mais parece uma piscina antes da rampa em espiral que da no topo desse castelo, e então, encontrei o corpo de seu irmão lá, mas no caso, já era um bebê.

Depois de escutar aquilo, apenas me senti mais perdia ainda.

- Espera, você...acordou em uma cama de pedra, certo? Aquela que está lá embaixo, eu a vi mas não tinha certeza se era realmente uma cama...enfim, mas, antes de acordar, você se lembra de algo que tenha ocorrido aqui em... Forbidden? Você se lembra do Wander?

Ela baixou o olhar e o fixou em algum ponto no chão, parecia tentar se lembra de algo, mas sem sucesso.

- Não. Não lembro de nada que tenha ocorrido aqui antes de acordar.

- Mas...se você não se lembra, como sabe que esse bebê é o meu irmão, se você só o viu depois de despertar?

Eu realmente achei que aquela pergunta havia sido inteligente, mas na verdade apenas a subestimei.

Ela deu um sorriso fraco e curto.

- Esqueceu que sou uma profeta? Mesmo depois de ressuscitada, não perdi meus dons. Não lembro de nada que aconteceu antes de despertar justamente porque estava morta e não pude presenciar nada, mas, depois de reviver, tive algumas visões, mas ainda não são tão claras, pois só faz três dias desde que voltei à vida. Não consigo nem me lembrar ainda porque eu morri...espero que o tempo me ajude quanto a isso.

Refleti alguns segundos antes de falar novamente.

- Então... quer dizer que por você ter tido as visões, isso te fez lembra que era uma profeta?

- Exatamente.

- Ah...

Sem saber mais o que falar, olhei para o bebê e ele fez o mesmo para mim, assumindo um sorriso inocente em seu rostinho. Ainda não querendo aceitar a situação, ou melhor, não conseguindo, passei as mãos nos abraços e então ajoelhei-me em frente à ele e consegui formar um sorriso. Embora ainda estivesse cética à muita coisa ali, sentia que estava esquecendo de algo.

Fitei o bebê e então falei:

- Sabe... sinto como se estivesse faltando alguma coisa, sei lá... parece que estou esquecendo de algo - o olhar do bebê se tornou mais brilhante, como se estivesse mais feliz, assumi um pequeno sorriso de canto e então acariciei-lhe a cabeça delicada - Algo que realmente explica o que aconteceu aqui, tanto com ele como com você, Mono.

- Hm? Mesmo? Talvez alguma lembrança...você já esteve aqui antes? - indagou ela, agora mais curiosa.

- Não. Disso tenho certeza... - continuava a acariciar o bebê, enquanto me perdia naquela feição, agora familiar, e inocente - Mas mesmo assim, sinto como se já conhecesse esse lugar, ou apenas... saiba algo sobre ele.

- Mas como pode saber se nunca esteve aqui?

- Aí é que tá...

- Bem, talvez alguém tenha te contado então...

Abri bem os olhos em atenção.

- Espera...!

Instantaneamente, uma lembrança recente surgiu à minha mente de forma inesperada.

"Seu irmão havia sido possuído pela morte...Ele havia ressuscitado um espírito o qual estava adormecido a muito tempo, e aquilo não era boa coisa. Fugimos dali enquanto havia tempo. Um de meus soldados havia recuperado a espada sagrada que seu irmão roubou para ir aquele lugar...."

As lembranças agora se tornavam cada vez mais claras.

" Isso aconteceu no hall de um castelo, onde várias estátuas, que na verdade eram imagens de bestas, haviam sido destruídas, sabe-se lá como. Fugimos até o topo daquele castelo, e lá de cima, joguei a espada para um rasa piscina que havia logo embaixo. A espada atingiu a água e uma forte luz emergiu de dentro dela, junto com uma energia a qual parecia sugar algo. Depois disso, voltamos a cavalo pela ponte que nos ligou ao castelo, e a mesma veio se destruindo atrás de nós. Com a ponte quebrada, não há mais como chegar lá, e assim...não há mais como sair."

- O que foi? - indagou Mono.

- Bingo! Lembrei! - anunciei em voz alta em comemoração.

- Lembrou? Lembrou do quê? - Mono realmente parecia confusa.

- Depois que acordei aqui, algumas coisas haviam escapado da minha mente e agora lembrei delas, por isso que disse que estava com a sensação de esquecer algo, mas agora lembrei!

- Mesmo? E o que você lembrou?

- Lembrei de onde "conheço" esse castelo - fiz aspas com os dedos - Na verdade nunca o vi, mas realmente me contaram sobre ele.

- Quem?

- O Lord Emon. Consegue lembrar dele?

- Hm...Lord Emon... - disse ela pensativa - Não, quer dizer, só vagamente...

- Ah, mas bem, então vou te explicar, vai que refresca sua memória. Assim, meu irmão roubou uma espada sagrada pra vim pra esse lugar, não sei por que só sei que roubou. Lord Emon descobriu e veio atrás dele porque temia algo de muito ruim. Quando ele chegou aqui com alguns soldados, viu meu irmão e disse que ele estava possuído pela morte. Falou sobre ter ressuscitado um espírito maligno que estava adormecido e então o espírito se apossou do corpo do Wander e se transformou em uma besta gigante. Emon saiu do castelo as pressas e um de seus soldados resgatou a espada sagrada e o entregou. Ele jogou ela naquela poça lá de baixo, mas na época com água, disse que quando a espada alcançou a água um brilho imenso surgiu e isso parecia sugar algo, então ele fugiu com os soldados por uma ponte que liga o castelo até a entrada desse lugar, e a ponte veio se quebrando atrás dele por uma energia maligna. - Mono escutava tudo atentamente - Sobre os pilares, na verdade, eram estatuas de bestas, e agora estão quebradas... - dei uma pausa e pensei - Mas não sei porque estavam quebradas, e nem sei de que bestas se tratavam.

- Nossa, então foi isso que aconteceu? Por isso a ponte está quebrada... - Mono refletia curiosa e preocupada.

- Er...ainda não vi essa ponte, mas enfim, é por isso mesmo.

- O que na verdade deixa tudo mais confuso...se a ponte está quebrada, não há entradas nem saídas...

- Foi o que Emon disse.

- Então... - ela me olhou mais confusa do que nunca - Você é alguma espécie de bruxa, feiticeira, sei lá?

Pisquei.

- Hein?

- Eu sei que você não sabe a resposta mas...fica cada vez mais estranho tentar imaginar como você chegou aqui se não existe entrada. Você morreria se se atrevesse a entrar aqui sem a ponte. Tem um penhasco com uns oitenta metros de altura que impede a entrada.

- Ah, nem me fala em penhasco, to com trauma deles... - disse sentindo calafrios ao relembrar a sensação de queda.

- Ah... - ela riu - Desculpa.

- Tudo bem. - sorri em troca - Mas então... também não sei como vim parar aqui... e não, não sou bruxa, ou feiticeira, ou sei á o que. A única com dons anormais aqui é você.

- Bem... talvez, não sei mais se sou só eu.

- Hm? - a olhei desentendida.

Ela acariciou o bebê.

- Olha pra ele agora, não tem mais uma aparência humana normal. O que você disse sobre possessão é verdade, eu tive algumas visões sobre isso.

- Ah... - olhei para o bebê, que na verdade era realmente meu irmão... - Er...bem...

Ela me olhou com um sorriso meio encorajador.

- Você vai se acostumar à isso. Ele é seu irmão sim, não importa o que aconteceu com ele, ele ainda é seu irmão, e agora, precisa mais de cuidados do que nunca.

- Verdade - um sorriso mais tranquilo desenhou-se em meu rosto então peguei o bebê no colo. Ele me olhava com o mesmo sorriso infantil e feliz, então o ergui na altura do meu rosto - Quem diria...você era meu irmão mais velho, agora, se tornou o mais novo - ri.

Ele riu junto. Mono apenas sorriu.

- Mais velho... quantos anos você tem?

- Ah - coloquei ele no colo de novo - Tenho dezoito. Ele tinha vinte. Agora tem...bem... - o avaliei melhor - ah, sei lá. - senti-me confusa.

Mono riu.

- Ah, a propósito - estendi a mão para ela - Esqueci de me apresentar, meu nome é Éven - sorri simpática.

Ela fez o mesmo e também estendeu a mão.

- Prazer, Éven.

- O prazer é meu. Mas então, creio que agora muitas coisas já estão explicadas, mas... ainda falta eu entender algumas outras coisas... então, se importaria de me contar mais sobre o que você sabe daqui?

- Claro que não. Seria ótimo, talvez assim a gente consiga desvendar mais algumas coisas juntas, afinal, duas cabeças pensam melhor que uma.

- Sim! - um sorriso eufórico surgiu em meu rosto.

Mono retribuiu com um meigo.

- Então, estou a ouvidos, moça. - disse brincalhona.

Ela riu.

- Tudo bem, então vamos nós.