Prazer, me chamo noiva cadáver. Nasci no século XX e fui contada em 1965 pelo meu maior superior. Minha vida real é bem diferente dos contos. Tenho duas irmãs mais novas chamadas Lourey e Crinta. Meu verdadeiro nome é Gilda Aragues e não sou amaldiçoada, fui deixada pelo meu marido aos vinte dois anos, E nunca tive amor de verdade. Na realidade uso só vestidos porque sou o que chamam hoje de designe, amo vestidos, principalmente de casamento. Meu sonho era casar, só que essa felicidade não durou tanto tempo quanto eu esperava.



Tenho hoje trinta e um anos. Minha irmãs, Lourey tem vinte sete e Crinta dezenove, mamãe morreu faz dois anos e papai nos deixou antes mesmo de Crinta nascer. Nunca me casei de novo, vai ver que por isso recebi esse nome “Noiva Cadáver”. Que diabos de nome é esse? Noiva! Não aguento mais ouvir, falar ou ler essa palavra.E Cadáver. O que acham que eu sou? Emo? Triste? Poxa! Eu sou feliz, e todos os meus amigos me chamam de maluca.



Já vivi muitos séculos e vou viver muito mais outros. Não morro, porque já fui contada. Para quem não sabe , se você ficar conhecida em uma parte do mundo como ficção (o que não somos de verdade), acabamos sendo eternos - nossa família também vive mais, porém não são eternos. Sou bonita, meu corpo e meu rosto estão preservados. Me misturei a população.É regra de quem participa de contos.



Por falar em contos, o mundo dos contos não é tão maravilhoso assim como todos acham. Nem chega aos pés do mundo das fadas, incomparável ao mundo dos pôneis - parece clichê, mas existe mesmo - e consegue ser pior do que o mundo daqueles doendes mal educados. Na verdade, nosso mundo tem histórias muito reais, por isso não há tanto encanto. Já leu histórias reais, mas reais mesmos? são na sua maioria trites e dramáticas, não é tudo cor de rosa muito menos perfeito. E é claro, minha história não podia ser diferente.