Tudo começou quando colia uvas na casa do meu avô.Nunca fui muito ligada a agricultura, mas meu avô amava e já fazia alguns meses que estava tentando me aproximar dele, pois sabia que sua hora chegaria logo e não queria perder um momento se quer com aquele doce de pessoa.

Minha bacia estava cheia e as uvas estavam com uma cor linda. Certificando-se de que ninguém olhava provei uma. Meus olhos brilhavam enquanto minha boca se enchia do mais doce sabor, era maravilhosa, nunca tinha provado uma uva tão gostosa. Desfrutava de mais algumas daquelas quando alguém cehgou de supetão:

– menina não faça isso! - ouvi a voz de meu avô reprimendo-me perto da cerca que protegia o cultivo. larguei as outras que estavam nas minhas mão e enguli o mais rápido que pude as outras que estavam na boca.

– Me descupe vovô, só queria esperimentar uma, mas não consegui me conter. Acho que nem o senhor conseguiria, estão maravilhosas - falei maravilhava com o gosto na minha boca.

– Já deveria saber, nem sei porque não fiquei de vigia. - olhei-o confusa - Já faz muito tempo que faço essa colheita sabia? - assenti com a cabeça lembrando-me do tempo de criança quando vinha todo mês para nosso almoço especial de família, que para sobremesa sempre tinha uvas, mas nunca como essas. - Depois de alguns anos, uns quinze ou mais, as uvas ficam muito boas, como você percebeu.

– Irresistíveis, isso sim.

– Também - ele riu - E por isso estou preparando um almoço perfeito, mas não ficará tão bom se você comer toda a nossa sobremesa.

– Desculpe vovô. - Falei envergonhada.

– Tudo bem. Só não coma mais. vamos, eu vou te ajudar a pegar o resto. - Ele sorriu.

Ficamos lá mais algumas horas e ao terminarmos ajudei-o a preparar o "grande almoço", que parecia realmente muito bom. Tomamos um banho e ficamos na rede esperando todos chegarem.

– Vovô por que você começou a plantar uvas? - Balançávamos suavemente.

– Bem, naquele época não tínhamos tanto conhecimento quanto hoje, como você sabe. E concerteza não temos tanto conhecimento quanto teremos no futuro - concordei com um leve balançar de cabeça - Tinha acabado de ser demitido e não conseguia emprego nenhum, estava tudo muito dificil, pois a segunda guerra mundial trouxera muito prejuízo. Então decidi plantar frutas para vender na feira do centro do meu antigo bairro e a uva foi o que mais investi, mas eu não tinha muito conhecimento sobre agricultura, achei mesmo que teria lucro logo, mas demorou bastante. Só que no final das contas eu consegui acertar minha vida e com raiva destruí quase todas as outras plantações menos a de uvas. Adivinhe o porquê?

– Não faço ideia.

– Tem certeza, nem um chutezinho? - Fiz que não com a cabeça, sorrindo com a sua simpatia - Foi onde eu beijei sua avó pela primeira vez - meu rosto ficou tenso. Minha avó morrera a dois anos e tocamos nesse assunto pouquíssimas vezes. - Não - ele percebeu meu estado de tensão antes mesmo de conseguir esconde-lo - Está bem, não tem problema. Aquele foi um dos momentos mais felizes da minha vida. - Ele sorriu e seus olhos brilharam com a lembrança.

Ficamos quietos por um tempo, sentindo a brisa refrescante que passava. Quando uma carta veio voando e caiu sobre minha perna.

– Da onde isso veio? - perguntei assuntada com o cartão rosa que caíra no meu colo.

– Não vi também não. Mas abra, presumo que seja para você - Ele apontou para algo escrito no envelope.

Abri com cuidado sem saber se lia ou simplesmente mandava de volta para o remetente, mas isso não seria possível, pois não havia remetente.