Bom dia Upper East Side!
Advinha quem está de volta? Isso mesmo! O site de fofoca mais querido de Nova York, desativado desde que meu antecessor revelou sua identidade! Sentiram saudades? Eu sei que sim. Mas, enfim, vamos ao que interessa, pois estou com os dedos coçando para revelar as histórias escondidas por trás da elite de Upper East Side.
As nossas queridas -S e -B estão vivendo os seus contos de fadas ao lado dos amores de suas vidas, -C e Garoto Solitário. Boatos de que a nossa rainha -B perdoou a Pequena -J e ela pode voltar para Nova York, agora o grande questionamento fica, até quando durará essa trégua entre as duas ex rainhas de Constance? -N continua no The New York Spectator e está fazendo o maior sucesso, e para a nossa infelicidade, o gato não está mais solteiro. Quem será a sortuda? Conta para gente -N quem foi a bela que fisgou o seu coração.
Mas Gossip Girl não está de volta para falar da antiga geração, não, estamos aqui para falar de uma nova geração de jovens que estão chamando a atenção do público, porém os espectadores esperam que eu fale especificamente de uma pessoa, votada para ser a mais nova It Girl desde a saída de -S e tenho o prazer de anunciar que concordo completamente com vocês. Brasileira, filha de uma top model com um jogador de futebol, vocês sabem de quem estou falando? Lógico que da pequena -I. Segundo as minhas fontes, a filha da família mais amada da mídia está se mudando para Nova York, morara em Upper East Side e frequentara a Constance. Não sei vocês, mas estou doida para conhecer mais sobre ela. Será que ela se adaptará a sua nova vida? Mas a pergunta mais importante é: o que será que a rainha -B achará quando descobrir que sua família não é mais a queridinha do público?
Vocês sabem que me amam,
XOXO,
Gossip Girl.

Paralisei somente piscando os meus olhos tentando processar a notícia que eu havia recebido.

—Você estão brincando não é mesmo?- Olhei séria no fundo dos meus pais e soltei uma risada nervosa na tentativa de amenizar o clima tenso existente entre nós. Meus pais levantaram o olhar na minha direção, meu pai com a mesma expressão séria de antes e minha mãe, antes também séria, estava com o olhar de preocupação ao saber que eu não estava aceitando bem a notícia. Merda, eles estavam falando sério.

—Como vocês puderam fazer isso comigo?- Coloquei a mão em meu peito como se estivesse me sentindo ofendida, o que era verdade, eu estava realmente me sentindo ofendida. Ofendida e frustada por não terem perguntado antes o que achava ou se estava tudo bem. Belisco meu braço, acreditando que tudo não se passava de um sonho, mas confirmo que é realidade assim que sinto uma leve dor na região do beliscão, então era oficial: eu estava me mudando. Solto um grunhido deixando escapar todas as minhas frustrações.

—Iris...- Começa minha mãe antes de ser interrompida.

—E meus amigos? Minha vida aqui? Isso não pode estar acontecendo. Eu não quero ir.- Coloco minhas mãos em minha cabeça e começo a andar em círculos durante um tempo, parei assim que senti que estava tonta e cansada. Me acomodei na poltrona e como uma criança fazendo pirraça após a mãe recusar a comprar um doce, comecei a reclamar de como me sentia injustiçada. Minha mãe estava com uma expressão triste e comecei a me sentir culpada, mas não deixei de reclamar, queria botar para fora tudo o que eu estava sentindo. Meu pai, cansado, resolveu tomar rédeas da situação.

—Chega Iris! Você pensa que isso está sendo fácil para gente? Eu sei que isso é difícil, mas se tem uma coisa que eu sei é que reclamar não irá levar a nada. A nossa decisão é final, queira ou não, iremos nos mudar para Nova York. Agora se eu fosse você, arrumava suas coisas, vamos partir hoje à noite.- Escutei o meu pai, reviro os meus olhos me dando por vencida, levantei-me da poltrona onde estava acomodada e com os passos apressados sai da sala e fui ao meu quarto, batendo à porta. Jogo as minhas coisas contra a parede, logo em seguida, me jogo na minha cama e coloco meu travesseiro em meu rosto, abafando grito, quando me vejo cansada, pego meu celular e ligo para Carrie, minha melhor amiga.

—Carrie, precisamos conversar.- Digo, com uma voz expressando tremenda tristeza, Carrie entendeu que eu estava precisando desabafar e marcamos de nos encontrar na cafeteria. Levanto de minha cama, coloco maquiagem em meu rosto e visto uma roupa aceitável para ocasião. Ando em direção a sala e vejo os meus pais, sentados no sofá.

—Vou encontrar-me com a Carrie, preciso desabafar com alguém.- Digo, meus pais
disseram alguma coisa, mas não escutei, pois já havia partido.

O vento frio da noite batia em minhas costas, mas era agradável. Sempre gostei de moto, era uma das coisas que me fazia me sentir livre.

Sabe essa pessoa que independente do que precisar estará sempre ao seu lado? No meu caso, é a Carrie. Nos conhecemos desde que éramos apenas garotinhas no jardim de infância e o fruto da nossa amizade foi um biscoito. Isso mesmo, um biscoito. Carrie roubou o meu biscoito, e nós começamos a discutir de quem era o biscoito, até que a professora viu a nossa briga e obrigou a garota a me devolver, Carrie ficou triste e eu me senti culpada, parti o meu biscoito no meio e lhe dei um pedaço e assim começa a história de uma grande amizade que permanece até hoje.

Espero por uma mensagem de Carrie notificando que não tem paparazzi e que é seguro entrar dentro da cafeteria, quando finalmente chega, desço da moto e ando em direção do local. Abro a porta e levanto meu olhar por todos os cantos em busca da minha amiga, até que a encontro no mesmo local de sempre, caminho até a mesa e observo que ela já havia feito os nossos pedidos. Me acomodo na cadeira situada a sua frente.

—Obrigada por me encontrar, Carrie.-

—Ei Iris, assim que eu escutei a sua voz, eu sabia que havia alguma coisa errada e que você precisava de um ombro amigo. Conte-me, o que foi que aconteceu?- Perguntou, dando um gole no seu café logo em seguida, solto um suspiro.

—Estou me mudando para Nova York amanhã.- Carrie me olha surpresa, não estava esperando por essa notícia.

—Nova York? A grande maçã?- Perguntou, assenti com a cabeça, suspirando novamente. -Que notícia boa! Eu sempre quis ir para Nova York!- Disse Carrie, bastante contente.

—Não! Isso é uma péssima notícia. Eu vou perder tudo o que eu conquistei aqui! Eu não quero ficar longe dos meus amigos, principalmente de você Carrie. Eu não quero ir.- As lágrimas teimosas começaram a rolar de meus olhos, minha amiga levantou meu rosto e enxugou com as mãos o choro do meu rosto.

—Não fica assim Iris, você não vai perder a gente, você não vai me perder. Tudo o que você conquistou aqui, vai continuar para sempre com você e você conquistará novas oportunidades em Nova York. E além do mais, você sempre poderá ligar para gente.- Por mais que eu não queira, escutei cada palavra saindo da boca da minha amiga, e percebi o quão estava sendo egoista, sei que eu tinha todo direito de estar chateada, mas eu estava magoando meus pais com a minha teimosia e isso é pior do que o fato de estar me mudando para um novo lugar. Corro em direção aos braços de Carrie e lhe dou um abraço apertado.

—Você sempre pode contar comigo, Iris, lembre-se disso.- E assim permanecemos por um longo tempo.

Assim que voltei para casa, me deparei com os meus pais guardando as coisas para a mudança, soltei um suspiro.

—Mãe, pai.- Comecei, ambos pararam o que estavam fazendo e me olharam.- Me desculpa.- Disse, os dois ficaram boquiabertos e antes que pudessem falar qualquer coisa, retornei para o meu quarto.

Peguei um monte de caixas e guardei as minhas coisas. Estava quase no fim, quando eu bocejei de sono, deitei em minha cama e adormeci.

Chegou o grande dia da mudança e devo admitir que não estava preparada psicologicamente, apesar de mais tranquila, eu fazia de tudo para evitar o fato de que eu estava indo embora. Meus amigos foram até minha casa se despedir e todos estavam com um olhar de tristeza, com exceção da Claire, o que eu achei estranho, porque de todas as pessoas que estavam presentes, eu achava que ela estaria mais arrasada.

Terminei de colocar o último pacote dentro do porta-malas, meus pais entraram dentro do carro, entendo que eu precisava ficar a sós com os meus amigos para me despedir, nesse momento, Alice estava chorando, Jack e Nicolas tentando conter as lágrimas e Jade com uma expressão de tristeza estampado na face, mas Claire continuava com um sorriso no rosto, mesmo que menor comparado com o anterior. Solto um suspiro e abraço cada um deles.

—Gente, não esqueça que eu amo cada um de vocês e que vocês são especiais para mim, estarei indo embora da cidade, mas não da vida de vocês.-

—Semtiremos sua falta, Iris.- Disse Jack. Lhe abracei novamente, me segurando para não chorar. Jack era um grande amigo, um amigo super legal que, na verdade, eu guardava grandes sentimentos e se você olhasse no fundo de seus olhos, veria que ele também sente o mesmo.

—Iris, chegou a hora, precisamos partir nesse instante.- Grita minha mãe do lado de dentro do carro. Bufo e respiro fundo, tentando controlar minhas emoções, levanto o meu olhar para os meus amigos e permito-me visualizá-los pela última vez. Abro a porta do carro, aceno, no qual sou retribuída, fecho a porta do carro e partirmos. Coloco os meus fones de ouvidos, a música "Iris" de Goo Goo Dolls começa a circular em meu ouvido, olho para janela do carro e observo a casa que fora minha morada por muitos anos.

—Adeus, casa.- Murmurei, fechando os meus olhos, com o intuito de me concentrar na música, suspiro fundo e assim fiquei durante todo o percurso.