A New Life in NY ll - We're the lucky ones

A kidnapper of thirty-nine years old


Chuck’s POV

A terça-feira passara por mim sem que eu percebesse. Apenas fiquei no sofá encarando a televisão e pedindo serviço de quarto.

A noite chegou e meu celular vibrou inúmeras vezes até então, mas continuei ignorando-o. sabia que pelo menos metade dessas vezes fora Amy tentando falar comigo, então ela viria aqui uma hora ou outra.

Ela bate na porta e me levanto para deixá-la entrar.

– Onde você estava?

– Aqui – respondo voltando ao meu lugar no sofá.

– O dia todo?

– Sim.

– Não acredito em você.

– Mas é a verdade.

Inclino-me para encho uma taça em cima da mesa de centro com vinho e volto a me recostar.

– Eu não quero você perto dela. – A ouço falar depois um tempo em silencio.

A voz dela é abafada e dolorida.

– Amy...

– Chuck, eu estou falando sério. Você ainda tem sentimentos por ela e... – a observo balançar a cabeça enquanto anda de um lado para o outro.

Sei que ela está nervosa e chateada, também sei que ela tem todo o direito de se sentir assim. Então bebo todo o liquido da taça.

Ela passa os dedos por sua testa e algo me diz que ela está cansada, mesmo eu não tendo exatamente certeza do quê.

– Você sabe que eu não posso competir, não é? Eu não posso competir com ela, com quem ela é, com o que vocês tiveram... Mas sou eu quem está aqui, não a Liz, Chuck. E eu vou continuar aqui, seja amanhã, seja daqui um ano. Eu não vou embora – ela balança a cabeça e sei que está prestes a chorar. – Eu te amo. Eu não consigo simplesmente ir embora, a não ser que você me peça.

– Não, eu não quero que você vá.

Levanto do sofá e vou até ela pegando em seus ombros:

– Não quero que você se sinta assim. Não quero fazer você se sentir assim. – A abraço. – Desculpe.

Abraço-a mais forte e desejo que... Não sei, só desejo, sem pedir nada em especial. Desejo apenas que algo aconteça, qualquer coisa.

–x-

Liz’s POV

Estou encolhida na poltrona que eu colocara na noite anterior de frente para a janela do meu quarto, encarando Nova York à minha frente com uma camisa velha e longa de malha cinza e um casaco de lã por cima.

Acho que dormi um pouco durante a noite, mas não tenho certeza. Minha memória não é a das mais confiáveis hoje.

Lembro que ontem anoiteceu e eu estava com fome, tinha ficado o dia todo sem comer. Então pedi uma pizza, abri uma garrafa de vinho e roubei uma barra de chocolate da geladeira que fora esquecida atrás de algumas garrafas de água e fui assistir qualquer coisa na televisão. Acho que fiquei horas no escuro da sala encarando a TV, porque Anne passou inúmeras vezes por mim me perguntando se estava tudo bem (ela sabe que eu não assisto TV com frequência e que seria mais fácil eu estar arrumando todo o meu closet sozinha do que assistindo a programas aleatórios), todas as vezes respondi balançando a cabeça em sinal afirmativo.

Não me lembro de muito mais depois disso, o vinho tinha começado a fazer efeito. Só sei que vim para o meu quarto em certo ponto da noite, sei que dei um jeito e fiz esta poltrona ir até o outro lado do quarto para ficar de frente para a janela porque queria ficar encarando a cidade e sei que em algum outro ponto da noite eu busquei outra garrafa de vinho. Essas últimas lembranças não são realmente lembranças, são apenas deduções: onde estou sentada e as garrafas vazias no chão...

Olho para o relógio na parede e ponteiros me dizem que são seis da manhã, logo Anne virá aqui para me dizer que preciso ir para a faculdade, mas não vou. Nem que isso signifique ficar o dia todo sentada em um parque comendo pretzels.

Então reúno minhas forças e levanto da poltrona, meus músculos doem e doem muito, não devia ter ficado tanto tempo nessa poltrona. Então entro embaixo da água quente e fico um bom tempo lá, visto as roupas mais confortáveis que vejo: um vestido de um branco envelhecido estampado com um azul quase preto de algodão, meia-calça preta, um par botas da mesma cor sem saltos e um trench coat da bege com o cachecol quadriculado. Faço um rápido coque com os meus cabelos, pego minha bolsa, meus óculos de sol para esconder minha cara de ressaca e saio depois de me despedir de Anne.

James está encostado na limo, mas o dispenso e pego um taxi que havia acabado de deixar o passageiro ali na frente.

– Para onde? – o motorista pergunta e indico o endereço para onde quero ir.

Pego meu celular e ligo para a única pessoa que tenho coragem de conversar:

– Michael, você ainda está na sua casa? Pode esperar eu chegar aí?

–x-

Mando uma mensagem avisando que já estou em frente ao seu prédio e logo o avisto sair do elevador e entrar no taxi.

– Oi – digo tirando os óculos de sol e sei que pelo seu rosto ele já sabe que eu não estou bem.

Pode ter sido minha voz ou meus olhos cansados que me entregaram, mas ele fecha a porta e olha fundo em meus olhos:

– Tenho o dia todo para você. – Ele sorri e isso de alguma forma me conforta, então abro um pequeno sorriso para ele também.

O taxi os deixa em frente ao restaurante, Michael faz questão de pagar e saímos.

Ele pega a chave de seu bolso e abre a primeira grande porta vermelha, digita a senha no aparelho de segurança e outra porta é aberta, entramos e o lugar estava todo pronto. As mesas e as cadeiras estavam em seus devidos lugares, a decoração desde a do bar na sala de espera até o ultimo canto onde podia ver avistado estava impecável . O chão era de um piso claro e reluzente, as paredes cheias de luzes, a mobília de uma madeira escura e os detalhes das toalhas, guardanapos e centros de mesa em variados tons de vermelho.

– Está tudo lindo – elogio e ele sorri.

Caminho até ele e preciso olhar para cima para poder ver seus olhos:

– Parabéns. Tenho certeza que será um sucesso.

– Obrigado.

Sento em uma das cadeiras:

– Quer beber alguma coisa? E quero dizer um café ou algo do tipo.

– Um café seria ótimo. – Respondo e ele me arrasta até a cozinha.

– As aulas mal começaram e você já está faltando. Que feio – Mike diz brincando. – O que aconteceu para você estar assim?

– Assim como? – falo apoiando meus cotovelos no enorme balcão prata típico de cozinhas de restaurantes.

– Você se viu no espelho hoje?

Bufo:

– Eu sei – passo as mãos pelo meu rosto. – Eu estou horrível.

Ele ri:

–Por que você não tira o seu casaco? Vou fazer um café da manhã completo para nós.

Sorrio:

– Você é o melhor irmão do mundo.

– Eu sei.

Então tiro meu sobretudo e meu cachecol colocando-os em um gancho na parede que, suponho eu, seja para deixar aventais.

– O que posso fazer para ajudar?

– Não fazer nada – ele responde pegando algumas coisas na dispensa no fim da cozinha

Dou de ombros e volto a minha posição inicial apoiada no balcão:

– Mas saiba que eu não sou tão ruim assim para cozinhar.

– Sério? – ele me olha sem acreditar.

– Sério. Eu sei fazer chá.

– O quê? Você sabe ferver água e colocar um sachê dentro? Acho que você deveria trabalhar aqui no restaurante comigo.

Estreito meus olhos:

– Muito engraçado você, Michael. Muito engraçado mesmo. Você deveria trabalhar no Jimmy Fallon.

Ele balança a cabeça e ri.

– Então, vai me contar o que aconteceu ou não?

– Nada aconteceu.

– Então duas garrafas de vinho ontem foram por nada?

– Como você sabe disso?

– Anne me ligou hoje de manhã um pouco antes de você. Ela estava preocupada.

– Eu e o Peter terminamos.

– Ou foi você quem terminou com ele?

– Isso importa?

– Não sei. Importa?

Suspiro:

– Sim, fui eu quem terminou.

– Por quê? – ele não parece tão surpreso

Ele fica parado em minha frente esperando uma resposta.

– Porque...

Abaixo os olhos e balanço a cabeça, não sei o que responder.

– Você ainda o ama, Liz?

Paro um instante pensando na pergunta. Não deveria ser difícil saber a resposta, mas era.

– Eu não sei e acho que esse é o problema – admito.

Eu me apaixonei pelo Peter, eu sei que sim. Nós dois nunca fomos uma mentira, tudo era sincero: nosso primeiro beijo, a primeira vez que eu disse “eu te amo”... Ele nunca foi alguém que eu usei para substituir outra, naquela época eu estava sim determinada a esquecer Chuck e Peter me ajudou, mas ele nunca foi um substituto.

Porém tudo isso está no passado, um passado que agora parece estar mais distante do que deveria. O problema foi que parecia que estávamos há tanto tempo juntos que havíamos nos acostumado um com o outro, acho que era por isso que eu queria tanto continuar na Austrália, eu sabia que se ficássemos longe, se eu conhecesse outra pessoa ou voltasse a ver outra, tudo acabaria. Pelo menos acabaria oficialmente, as faíscas haviam parado já havia um certo tempo.

Mas isso não muda o fato de eu me importar com ele, por isso não queria que terminássemos. Em minha cabeça sempre demos tão certo juntos, deveria continuar sendo assim.

Observo Michael fazer nosso café da manhã e percebo que minha avó estava certa, sentimentos são fáceis de serem confundidos. Hoje ele se tornara um amigo, não o cara dos meus sonhos.

Mike coloca em cima do balcão prata duas xícaras com café e dois pratos com sanduíches.

– Você estudou gastronomia na França para me fazer um sanduíche de café da manhã? – brinco.

– E essa é a reclamação de um pessoa que só sabe ferver água.

Rimos.

– Você está bem? – ele pergunta tomando o café.

– Não... Eu não sei o que aconteceu, Michael. Eu fico tentando de novo e de novo lembrar quando ou como foi que tudo mudou. Mas eu não consigo... Um dia ele era a pessoa certa, aquele com que eu continuaria independente de tudo e no outro estávamos fazendo promessas de que continuaríamos juntos, porque não tínhamos mais certeza disso... Eu o decepcionei, fui eu quem não cumpriu a promessa.

– Tem certeza de que está falando do Peter?

Olhei para ele:

– Vamos mudar de assunto?

– Ok... Você escolhe o próximo tópico.

– Liguei para o papai ontem. Vou para Washington.

– De passagem, certo?

– Óbvio,idiota. Por nada nesse mundo eu aguentaria morar com ele.

– Então?

Dou de ombros:

– Ele está falando há dias que quer eu vá visitá-lo, não faço a mínima ideia da razão. Quer dizer, ele foi embora de Nova York alguns dias atrás.

– E quando você vai? Você tem aulas, sabe disso, não é?

– Acho que agora seria um bom momento, eu saio daqui sexta depois das aulas e fico o fim de semana lá... Queria que você fosse comigo, não é fácil aguentar nosso pai por muito tempo.

Mike ri:

– Você sabe que eu não posso, o restaurante...

– Eu sei, eu sei.

– Mas quero você de volta a Manhattan para a inauguração. Não vai decidir ficar lá por um mês ou dois anos.

– Eu nunca me perdoarei se não estiver aqui.

– Que bom, porque eu nunca te perdoarei também.

–x-

O relógio apontou o fim das aulas na sexta e James já me esperava com minhas malas na limousine para me levar até o aeroporto.

Assim que entrei no avião coloquei meus fones de ouvido e esqueci o resto do mundo. Então o voo finalmente pousou e desembarquei pronta para pegar minha mala e ir atrás de um táxi.

– Elizabeth Redford? – ouço uma voz estranha me chamar quando estou a caminho de sair do aeroporto.

Me viro e um homem, na verdade um garoto me encara:

– Sim. – Ele parece ter certeza que nos conhecemos, mas eu não compartilho dos mesmos sentimentos. – Posso ajudar?

– Na verdade, sou eu quem vim para te ajudar.

– Desculpe?

– Seu pai não pôde vir te buscar, então pediu para que eu viesse.

– Deve haver algum engano. Meu pai nunca, nem quando eu tinha menos de dez, já veio me buscar no aeroporto. E eu tenho bastante certeza que ele também nunca mandou ninguém vir me buscar. No máximo deveria haver um motorista ou um segurança de dois metros e que parece mais um alien do que ser humano, em um Sedan preto, na frente do aeroporto, para me levar até a casa dele, mas pelo que eu lembro ele parou de fazer isso quando eu tinha doze. Portanto não, você definitivamente cometeu algum engano ou trabalha para uma revista de fofocas ou é um sequestrador. Mas você é bonito demais para ser um sequestrador e não é grande o suficiente para ser um capanga do meu pai.

– E você fala demais.

– Sabe que eu posso mandar te demitir por isso, não sabe?

– Me demitir?

– Sim, seja que você trabalhe para o meu pai ou para uma revista de fofocas.

– Mas você não vai fazer isso.

– Como pode saber?

– Porque você me acha bonito.

– Isso nunca poupou ninguém de ser odiado por mim.

– Não me importo, seu pai pediu para que eu te leve para casa.

– Eu acho que prefiro pegar um táxi.

– Se você insiste.

Reviro os olhos e continuo meu caminho. Coisas demais já aconteceram nessa semana para eu também ser sequestrada.

Entro no táxi e indico o endereço da casa. Após uns vinte minutos o motorista estaciona, me ajuda a tirar minha mala da parte de trás e pago-o.

Pego minha chave na bolsa e vou até a casa.

– Escute aqui, - digo com calma me virando – se você é um sequestrador ou um maníaco, saiba que tem câmeras espalhadas por toda essa vizinhança; eu sei todos os lugares onde tem uma arma escondida dentro dessa casa; no caso de você ter se esquecido, meu pai é um senador e a NSA ou o FBI não terão a mínima dificuldade em te achar e,claro, eu tenho um spray de pimenta na minha mão desde que eu saí do táxi.

Ele ri:

– Seu pai me avisou que você provavelmente iria pirar, porque você costuma ser muito desconfiada. Mas eu achei que ele estava exagerando.

– Quem é você?

– Achei que nunca iria perguntar. Sou Brad.

– Como o pão?

Ele ri:

– Não Bread. É só Brad, com a.

– Quantos anos você tem?

– Por que isso é relevante?

– Porque você parece novo demais para trabalhar para o meu pai.

– Eu tenho tinta e nove anos.

Largo minha bolsa em cima da mala e o encaro:

– Viu? Você está mentindo de novo.

– De novo? Quando eu menti antes?

– Quando disse que trabalha para o meu pai. Eu não acredito.

– Talvez porque eu nunca tenha dito que trabalhe para o seu pai.

– Então eu estou certa, você é um sequestrador?

– Talvez sim se você não calar a boca.

– Então?

– Então o quê?

– Quantos anos você tem?

– Já disse, tinta e nove.

– Não, você não tem tinta e nove.

– Tenho sim - ele ri. - Tente trinta e nove menos quinze.

– Filha, vejo que já conheceu o Brad.

Meu pai diz saindo do carro e indo em nossa direção.

– Espero que tenham se dado bem – ele continua e dá um tapinha nas costas do sequestrador.

– Claro, David. Ele é muito divertida.

Neste exato momento tenho milhares de perguntas. Por que meu pai é amigo do sequestrador? Por que o sequestrador chama meu pai de David quando ele não é o tipo de pessoa que deixa qualquer um chamá-lo pelo primeiro nome? Por que nada disso faz sentido? Por que está tão calor nessa cidade?!

– Porque ainda é verão, filha.

Acho que eu fiz a ultima pergunta em voz alta.

– É verdade, tinha me esquecido. Então... Acho que vou para o meu quarto, ligar o ar condicionado e morrer, quero dizer, dormir. Tchau.

Dou meu spray de pimenta para meu pai e meu casaco para Brad e entro na casa indo direto para o meu quarto.

– Por que você estava com um spray de...

– Nem pergunte, David. Nem pergunte.

–x-

“Hey, Upper East Siders

Existem certas coisas que são tão comuns para a humanidade como o começo e o fim. Todos nós sabemos que seja um filme, um livro ou um relacionamento sempre terá um começo e um fim, para a maioria a pior parte disso sempre é o fim. Mas eu questiono quem concorda que essa é a pior parte, para mim a pior parte é que nunca há um começo ou fim. São coisas que existem na cabeça humana e cada um sempre terá um visão diferente de onde certa coisa terminou ou deu inicio. É como um livro, o primeiro capítulo nunca é o começo, porque para se chegar inúmeras situações aconteceram.

Quanto a vida real quando sabemos que algo começa e quando algo acaba? Quase três anos atrás alguém sabe dizer quando foi o momento exato que um certo playboy deixou tudo de lado por uma garota? Ou qual foi o exato momento em que essa garota se apaixonou por ele? Ou o exato momento que eles deixaram tudo ir embora? Não, ninguém sabe, nem mesmo eles.

A vida é engraçada, para não dizer cruel e horrível, e as coisas simplesmente acontecem sem que saibamos, mesmo que estejam acontecendo na nossa frente.

Mas agora será que é realmente o fim desses dois?

And who am I? That’s one secret I’ll never tell.

You know you love me.

Xoxo, Gossip Girl.”

–x-

Me joguei na cama e acordei um tempo depois, tomei um banho de toalha desci as escadas para pegar um copo de água.

– Am... Oi.

Levei um susto e quase derrubei o copo da mão. Me virei para o balcão e lá estava aquele garoto.

– O que você está fazendo aqui?

– Seu pai não te contou?

– Contou o quê?

– Vamos sair para jantar.

– Então isso significa que você é o quê? Nosso motorista?

– Claro, o motorista.

Estreito os olhos:

– Pode parar de olhar para as minhas pernas?

– Desculpe.

Reviro os olhos e me viro para sair:

– Liz, por que ainda não está pronta? Vamos perder a reserva.

– Estarei pronta em meia hora.

– E, por favor, pare de andar de tolha pela casa.

– Tanto faz, pai.

– Ande logo, daqui a pouco o pai do Brad estará aqui e quero que o conheça.

– Pai do Brad? Quem é o pai do Brad?

– Matthew Kerman.

– E esse seria?

– O governador Matthew Kerman, Liz.

Agora tudo faz sentido.

– Então o Brad é filho do governador?

O ouvi rindo atrás de mim.

– Quem você achou que ele seria?

Um sequestrador, o motorista...

– Como eu disse, tanto faz, pai. Vou me arrumar.

Sequei o cabelo, escolhi minha roupa que se resumia em uma saia midi um scarpan e uma blusa fina e estava pronta.

– Eu disse que me arrumava em meia hora – falei entrando na cozinha onde meu pai bebia com Brad.

Coloquei minha bolsa em cima do balcão e peguei uma copo para me servir.

– Agora você bebe whistky? – meu pai pergunta estreitando os olhos.

– Eu bebo quase de tudo, Sr. Redford. Desde quando se importa?

– Eu não me importo desde que você volte para a sua mãe sem nenhum arranhão.

A campainha toca e a governanta da casa atende.

– Matthew, como está? – meu pai diz se levantando.

Me viro e um homem de cabelos pretos um tanto ondulados, igualmente alto como o meu pai, com olhos verdes iguais ao do Brad, magro, de terno e de um rosto simpático vem em nossa direção.

– Estou ótimo e você?

– Estou bem.

Ele parece mais velho que o meu pai, apesar do meu pai ter quase nada de cabelo.

– Quero que conheça minha filha, Liz.

Ele vem até mim e me cumprimenta.

– É um prazer conhecê-la, seu pai fala muito de você.

– Igualmente, é um prazer conhecer o senhor.

– Então, vamos? – meu pai diz e eles saem na frente enquanto pego a minha bolsa.

– Você está linda.

– Am... Obrigada, sequestrador.

Nós rimos.

– Ainda está com seu spray de pimenta? Não é muito seguro sair comigo sem um.

– Desculpe.

– Por?

– Por hoje. Eu não tenho passado por uma boa semana e faz um bom tempo que eu não durmo direito, então eu não estou no meu melhor estado.

– Na verdade eu me diverti muito hoje. Você é extremamente engraçada.

– Liz? Brad?

– Estão nos chamando, vamos?

Ele estende a mão para mim e caminhamos até a limousine do lado de fora.

– Então, Liz, você está fazendo faculdade? – o governador me pergunta.

– Sim, Yale.

– Isso é ótimo, parabéns por ter entrado.

– Obrigada.

– E você tem namorado?

Pergunta estranha.

– Am... Não.

– Brad também não tem namorada.

– Ah, é? – digo olhando para ele e entendendo toda a situação.

A limo está escura e estou sentada ao lado dele e posso ouvi-lo rindo baixo.

– Ele também se formou esse ano em Princeton.

Meu pai não sossega mesmo e ele realmente achou que eu não perceberia. Ele queria que viesse para Washington para poder conhecer o filho do novo amiguinho dele. Sinceramente, querer me arranjar um namorado é o cúmulo.

Chegamos ao restaurante e haviam fotógrafos na frente e flashes começaram a disparar quando a limousine estacionou.

– Por que tem tantos paparazzi aqui? – Brad disseum tanto bravo.

Bufo.

– Vamos logo, crianças.

Eles saem primeiro.

– Você sabe o que esses dois estão fazendo, não é? – pergunto.

– Sim.

– E que se sairmos daqui juntos estaremos em todos os jornais e sites amanhã.

– Eu sei.

– Eu acabei de terminar um relacionamento e...

– Liz, eu sei de tudo isso. Eu também briguei com a minha namorada e nós terminamos, se ela ver essas fotos piorará tudo.

– O que vamos fazer?

– O que você quer fazer?

– Nós temos escolha?

– Não.

– Ah, tanto faz. Nessa semana eu terminei com o meu namorado de quase dois anos por causa de um cara que agora não quer mais saber de mim. Eu não me importo com mais nada. Quer que eu vá e digo que você precisou ir embora?

– E deixar você aguentar aqueles dois sozinha?

Dou risada:

– Eu sobrevivo.

Ele pensa um pouco:

– Sabe por que eu terminei com a minha namorada? Ela estava me traindo. O problema é que eu ainda gosto dela.

– Sinto muito.

– Quer saber? Vamos dar assunto para as pessoas falarem.

E Brad me puxa para sairmos do carro.

– Liz Redford, olhe aqui!

– Elizabeth!

– Brad Kerman, olhe para câmera!

– Redford!

– Kerman!

Os paparazzi gritavam enquanto eu e Brad abaixamos a cabeça e ele colocava o braço em meus ombros para me proteger e me ajudar a passar por todas aquelas pessoas.

Finalmente entramos no restaurante e nos encaramos por alguns segundos.

Ele tinha cabelos bem curtos de um castanho puxado para o loiro, olhos verdes, era alto e lindo.

Então enquanto nos encarávamos algo aconteceu. Estávamos perto demais um do outro olhando dentro dos olhos do outro e aconteceu. Aconteceu aquela sensação estranha de coração batendo mais forte e quase que uma espécie de vazio na barriga, meu rosto estava queimando e eu não conseguia respirar.

Desviei o olhar primeiro e sei que ele sentiu o mesmo porque nós dois não sabemos o que dizer e ele está com as bochechas vermelhas.

– É melhor irmos, vai ser uma tragédia se o meu pai escolher o vinho.

Dou uma risada e seguimos até a mesa.

Eu não posso, eu definitivamente não posso ter sentimentos por ele. Que tipo de pessoa eu seria de na mesma semana terminar com alguém, saber que ainda ama uma outra pessoa e decidir se apaixonar por uma terceira? Não, Liz. Não faça isso.