— Blair? – disse batendo na porta de seu quarto, mas ninguém me respondeu. - Blair, sou eu, Liz. Abre a porta, por favor.

Depois do que aconteceu no brunch B havia sumido, decidi vir atrás dela e Megan voltou para o nosso prédio.

Ouvi alguns passos e a porta se abriu.

— O que você quer, Liz?

— Saber como você está.

— Eu não preciso que você se importe comigo.

— Não precisa, só que eu me importo.

Ela olhou o chão e voltou a me encarar, suspirou e abriu espaço para que eu pudesse entrar.

Ela se sentou na cama e eu fiz o mesmo.

— Blair... - eu não sabia o que falar.

— Liz, ela não podia ter feito isso comigo.

— Eu sei...

Apesar de tudo, B não tinha derramado uma lágrima, estava apenas com o rosto triste, mas logo ela mudou sua expressão:

— Isso não vai ficar assim. Ninguém mexe com Blair Waldorf, nem mesmo Serena Van der Woodsen.

— B... Vocês sempre foram amigas, não se esqueça disso.

— Você está do lado dela?

— Não foi isso o que eu quis dizer.

— Ótimo... Agora você é a minha única amiga. Liz.

Nossos celulares tocaram:

"Hello, Upper East Siders!

Fiquei algum tempo sem contar nada para vocês, mas agora estou de volta e ai estão as fofocas: L foi vista saindo do Empire chorando, será que nossa Princess L vai ser apenas mais uma para Chuck Bass? Ah L, tantos príncipes e você foi se apaixonar logo pelo sapo? E hoje nossa amada Queen B foi embora do brunch Waldorf mais cedo, o que será que aconteceu? Tem a alguma coisa haver com Nate?

You know you love me xoxo

Gossip Girl"

—x-

Eu não havia parado em casa o dia todo, era bom finalmente poder deitar na minha cama e descansar, mas já faziam horas que eu estava tentando dormir sem sucesso; eu não queria ir para a escola amanhã, ver o Chuck e todos os alunos da Constance que ficariam me encarando pelo o que a Gossip Girl falou.

Peguei o meu celular e já eram 5h 30min, me levantei e desci as escadas até a cozinha. Abri a geladeira procurando algo para comer, peguei um pote de sorvete, coloquei muito calda de chocolate por cima e me sentei em um dos bancos do balcão. Então meu celular acendeu, era uma mensagem do meu pai:

"Querida estou indo para NY agora, vou ficar ai apenas dois dias, já fiz reservas no Rouge Tomate ás 8h da noite, fique pronta."

Fazia tempo que eu estava em NY e desde então eu não havia ido ao Rouge Tomate, era o meu restaurante preferido aqui no Upper East Side. Toda vez que meu pai vinha para cá eu também vinha e ele sempre me levava a esse restaurante, por isso esse lugar era tão importante para mim. Desde pequena era tão raros os momentos em que eu podia estar com ele e dessas raras vezes a maioria foram no Rouge Tomate.

Decidi já começar a me arrumar para ir à escola e Anne estava começando a colocar a mesa para o café da manhã:

— Bom dia, Srta. Liz.

— Bom dia, Anne - falei me sentando.

Tomei um copo de suco e comi alguma fruta, olhei o relógio da parede e ainda estava cedo, mas decidi ir para a escola assim mesmo.

— Anne, pode dizer para o James que eu já vou para a Constance.

— Claro.

Dei uma última olhada no espelho e senti meu celular vibrar, era a Serena:

"Liz, me encontre hoje depois da aula?"

"Claro"

"No Joe Coffee?"

"Ótimo"

Respondi enquanto entrava no elevador, eu já havia ido nesse café, era um lugar lindo.

A porta do elevador se abriu e James estava me esperando parado em frente ao prédio. Entrei na limo e logo estava na Constante Billard.

Sai do carro e fui até as escadas, me sentei e decidi continuar lendo aquele livro de dias atrás.

Toda vez que desviava os olhos das páginas via pessoas me encarando assim como eu havia premeditado, então vi Dan e Jenny chegando na escola e decidi ir até eles.

Guardei o livro, me levantei ajeitando meu casaco e caminhei até a entrada onde eles conversavam:

— Oi... – disse meio sem graça.

— Liz. – Jenny me cumprimentou sem a mínima vontade de conversar.

— Oi. – Dan sorriu para mim.

— Desculpa ter vindo aqui, acho que você não quer falar comigo, é só que...

— O que? As suas amiguinhas ricas não chegaram e você veio aqui porque somos sua segunda opção? – Little J me interrompeu.

— Jenny! – ele a repreendeu.

— Não... É só que eu queria convidar vocês para o meu aniversário.

Ela pareceu surpresa.

— Nós vamos sim. – Dan respondeu.

Eu sorri:

— Que bom, vou esperar por vocês! Eu envio os convites depois.

— Liz, o que você está fazendo? – Blair disse enquanto se aproximava de mim - Quem são esses?

— Esse é o Dan e essa é a Jenny – os apresentei.

—Ah, vocês são do Brooklyn. Vem, Liz.

Ela deu as costas para eles e saiu andando.

Abri a minha boca na tentativa de falar algo que fizesse eles não ficarem bravos, mas o Lonely Boy me interrompeu:

—Vai - ele olhou para B e depois voltou a me olhar como se sentisse pena de mim e sorriu, eu fiz o mesmo e me despedi:

— Vejo vocês... Blair espera!

— Vamos logo, Liz! Temos muita coisa para fazer.

— Tipo? – perguntei confusa.

— Como assim tipo? – ela me olhou indignada – o seu aniversário! Ele tem que ser o melhor aniversário que toda a Constance e a St. Judes já viu. E eu vou te ajudar a tornar isso realidade. Onde estão aquelas meninas? – B revirou a olhos- precisamos fazer uma lista. Vamos até as escadas.

Sentamos e logo as três seguidoras dela apareceram:

— Da próxima vez cheguem mais cedo.

Elas apenas balançaram a cabeça.

— Então, Liz, me diga o que você tem em mente.

— Eu estava pensando em um baile de máscaras. – ela abriu um sorriso enorme.

— Perfeito!

Olhei o relógio da sala de aula e faltavam apenas 5min para o sinal tocar. Eu teria que inventar alguma desculpa para a Blair, ela nunca poderia saber que eu ia me encontrar com a Serena. Seria difícil escapar, já que ela não consegue parar de falar no meu aniversário.

O sinal bateu e fui direto para a saída antes que alguém pudesse me ver:

— Para o Joe Coffee, James, por favor.

Alguns minutos depois já estava no café, desci do carro, entrei no Joe Coffee e me sentei em uma das mesas. Não demorou muito e meu telefone tocou:

— Oi, Blair... É que meu pai chega hoje em NY por isso eu fui embora tão rápido... Ok... Eu sei.... Depois a gente fala sobre isso... Assim que eu puder eu te ligo... Tchau.

Foi mais fácil do que eu pensei e logo S chegou:

— Oi. Liz- ela disse se sentando.

—Oi, S.

— Vocês vão querer tomar o quê? - o garçom falou.

— Um expresso.

— Dois – ela disse.

Ele anotou o pedido e saiu.

— Liz, eu sei que o que eu fiz não foi nem um pouco certo, mas eu estou muito arrependida.

— Serena, você acha que a Blair liga se você está arrependida ou não? Você a magoou.

Eu não queria dizer aquilo, mas eu tive.

— Eu não sei mais o que fazer...

— Há quanto tempo vocês vêm escondendo isso dela?

— Há tempo algum, foi a primeira e única vez que aconteceu.

— S, eu já tive um namorado que me traiu e é claro que foi horrível, pra B está sendo a mesma coisa. Eu superei muito fácil, só que ela não vai conseguir; porque talvez nem doeu tanto assim perder o Nate, mas perder você... Serena, você era a última pessoa no mundo que ela esperaria uma traição, você era a melhor amiga dela.

Ela penas abaixou seu olhar cheio de lágrimas e os nossos cafés chegaram.

Eu sabia o quanto estava sendo difícil, o quanto ela estava arrependida, mas eu também sabia que a Blair estava sofrendo, por mais que ela não demonstrasse.

— Liz... Por favor, não me odeie, eu não posso perder todas as minhas amigas.

Eu olhei nos fundos de seus olhos:

— Não se preocupe - sorri e ela retribuiu o sorriso. – Vamos mudar de assunto, meu aniversário é semana que vem e eu quero que você vá.

— Eu vou adorar - ela ficou um pouco mais feliz.

Acabamos de tomar nosso café e fomos embora. Cheguei em casa, tomei banho, sequei meu cabelo e ouvi meu celular tocar, era o Chuck:

— Alô?

— Liz?

— Chuck - meu coração disparou ao ouvir a voz dele. - O que você quer?

— O que está acontecendo?

— Como assim?

— Por que a Blair saiu do brunch daquele jeito? Por que ela nem olha mais cara da Serena? O Nate também está estranho. O que está acontecendo?

Megan entrou no quarto e se sentou na cama em silêncio me esperando terminar de falar ao telefone.

— Eu não sei se eu posso te contar.

— Desliga esse telefone - a voz de uma mulher falou ao fundo.

— Liz...

— Quer saber? Eu não vou te contar nada. Se você quiser saber pergunta para o Nate, eu estou ocupada agora. Tchau.

Desliguei e eu estava morrendo por dentro, eu nem sabia o que eu estava sentindo. Eu nunca havia sentido isso antes.

Um calor percorreu meu corpo, eu senti meu rosto queimar, eu senti raiva e dor ao mesmo tempo, meu coração estava apertado e eu não sabia o que fazer. Megan me olhou preocupada:

— O que foi, Liz? – ela se levantou e veio até mim. - Era o Chuck?

Eu apenas fiquei encarando o chão e ela me abraçou. Eu senti a maior vontade de chorar, mas me segurei.

— Está tudo bem, Megan.

— Liz, pode me contar o que está acontecendo.

— Não é nada. Eu tenho que me arrumar, vou jantar com meu pai hoje.

— O tio David está na cidade?

— Sim - ela sorriu vendo a felicidade nos meus olhos. - Então você tem que se trocar! - Megan abriu a porta do closet.

Escolhi um par de sapatos Georgina Goodman, um vestido Dolce&Gabbana preto e uma pulseira Cartier dourada e brincos combinando que meu pai havia me dado no Natal passado, fiz uma maquiagem simples e estava pronta.

Logo Anne me chamou para avisar que meu pai já me esperava lá embaixo. Despedi delas e desci até o térreo.

— Oi, pai – o abracei.

— Oi, filha – ele retribuiu o abraço. – É bom te ver. Você está linda.

— Obrigada. Eu sei.

Entramos no carro em direção ao Rouge Tomate.

Assim que chegamos, sentamos na nossa mesa de sempre e fizemos o pedido que fazemos todas as vezes.