Liz’s POV

Já era setembro, o dia estava ensolarado e um forte vento batia contra o meu rosto em frente à Constance.

— O que você acha de passarmos esse feriado viajando? – Chuck pergunta casualmente e aquilo me pega de surpresa.

— Viajar? Para onde?

— Nate me chamou para a casa de campo da família dele no Colorado. Quer ir com a gente?

— Eu vou se a Blair for – digo e Chuck me olha com os olhos cerrados.

— A Blair não vai querer ir, você sabe.

— Então também não vou – dou de ombros.

— Elizabeth! Qual é. Vai ser divertido.

Dou risada:

— Então faz o Nate tomar coragem e convidar a Blair também.

— Você é impossível, sabia?

— Vai ser divertido se o Nate estiver feliz, então a Blair tem que ir.

Ele bufa, mas cede:

— Tudo bem, você venceu... Dessa vez.

—x-

No intervalo me sento com B e S e Blair estava especialmente quieta.

— Está tudo bem, B? – pergunto.

— Nate e Chuck me chamaram para viajar esse feriado...

— Você vai? – pergunto ansiosa pela resposta.

— O Nate é um covarde, ele não podia me convidar sozinho, teve que trazer o amiguinho para apoio moral? Ele tem medo de mim por acaso? - Serena e eu damos risada, é provável que ele tenha. – Você vai, Liz?

— Eu?– tento disfarçar e ela me encara séria.

— Se o Chuck vai, ele não vai ficar de vela. Você tem que ir.

— Ele comentou comigo, mas... Não sei.

— Se eu vou você tem que ir! Essa viajem pode ser decisiva para mim e Nate, você não vai me deixar sozinha! E se tudo der errado?

—x-

Quinta-feira à noite minhas malas estão prontas na sala esperando Chuck vir me buscar. Nate deu a ideia de irmos jantar todos juntos antes de pegarmos o jatinho à meia noite.

— Srta. Liz, o Sr. Chuck está lhe esperando lá embaixo, James vai te ajudar a levar as malas.

— Obrigada, Anne. Até segunda – digo a abraçando.

— E eu? – minha mãe pergunta aparecendo atrás de mim. – Não vai se despedir de mim?

Dou risada e abraço também. Megan desce as escadas correndo:

— Boa viagem, prima! – ela cantarola abraçando eu e minha mãe juntas.

— Mande noticias! – ouço minha mãe gritar enquanto entro no elevador.

James e o motorista de Chuck colocam minha bagagem no porta-malas enquanto ele abre a porta da limusine e sai com um sorriso no rosto.

— Ah, Redford... Eu sempre consigo o que eu quero – ele fala se divertindo com tudo aquilo.

— Eu sabia que você daria um jeito, Bass.

Ele olha para as minhas malas sendo guardadas e ri balançando a cabeça:

— Não sei porque ainda me surpreendo. Precisa de tudo isso para três dias?

— Sou uma mulher preparada, Chuck Bass.

— E eu que achei que estava levando coisas demais.

— Se precisar eu te empresto uma roupa – sussurro em seu ouvido quando passo por ele para entrar no carro.

Ele entra logo atrás de mim com um sorriso malicioso em seu rosto:

— Não me provoque assim, L. Nós nem chegamos no Colorado ainda.

Reviro os olhos e ele faz questão de se sentar grudado a mim.

— Aonde vamos jantar? – pergunto.

— Acho que você vai gostar do lugar que eu escolhi.

Chegamos ao Per Se, o restaurante que Michael trabalhava. Ele nos recebe na porta e eu o dou um grande abraço de urso quando vejo:

— Mike! É bom te ver!

— É bom te ver também, Liz! E aí, Chuck? – eles se cumprimentam com um aperto de mão seguido por um abraço como se fossem velhos conhecidos.

Eu estreito os olhos não entendendo aquela cena:

— O que eu perdi? O Chuck também está dando em cima de você, Mike? – pergunto erguendo minha sobrancelha.

Eles riem.

— Se eu não tivesse te conhecido antes, Liz, poderia até ser. Michael não é de se jogar fora – C fala com naturalidade em tom brincalhão e coloca seu braço em volta do meu pescoço.

— Quando você ficou no hospital, Chuck e eu ficamos amigos – meu irmão me explica enquanto nos acompanha até nossa mesa.

Chegamos primeiro e resolvemos pedir um vinho enquanto B e N não chagavam.

— Preciso voltar ao trabalho, qualquer coisa podem me chamar, divirtam-se – Michael diz nos deixando sozinhos.

— Acho que você tem uma queda pelos Redfords – falo e ele ri.

— Ou vocês que tem uma grande queda por mim.

Bebo minha taça de vinho e C nem toca na dele.

— O que aconteceu que Chuck Bass não está bebendo?

— Não vou abusar do álcool esse fim de semana.

O encaro chocada:

— Posso saber o motivo?

— Sinto que não vou precisar beber para me divertir pelos próximos dias – ele diz casualmente olhando o cardápio. – Quero estar sóbrio para aproveitar esse feriado.

B e N chegam juntos atrasados e rindo, Chuck e eu nos entreolhamos sabendo o que aquilo significava. Blair se senta ao meu lado e eu dou uma leve cotovelada nela erguendo a sobrancelha para ela, B ri e assente.

— Sua safada – sussurro em seu ouvido e rimos.

Chuck do outro lado da mesa fala algo baixinho para Nate também e eles riem.

Fazemos nossos pedidos e logo nossos pratos chegam. Comemos enquanto jogamos conversa fora, damos risada e bebemos algumas garrafas de vinho, exceto por Chuck. É estranho não vê-lo virar nenhum gole de álcool, mas ele parece estar se divertindo mais do que o normal. Às vezes ele para e me encara por um tempo com um sorriso estampado em seu rosto e aquilo me deixa sem graça por algum motivo.

Depois da sobremesa Michael nos acompanha até a saída para nos despedirmos, ele nos deseja boa viagem e abraça Chuck e eu.

— Fico feliz que sentiu que não precisava beber hoje – ouço Mike fala para C enquanto eu entrava na limo.

— Obrigado por me jogar a real. Você tem razão, eu não preciso beber sempre pra me divertir.

B e N entram na limo deles e C logo entra comigo para irmos até o aeroporto particular onde o jatinhos dos Archibald nos aguradava.

— Vocês realmente estão amigos? – pergunto.

— Sim. Por quê?

— Por nada... Só estou surpresa. Como isso aconteceu exatamente?

— Bom, quando você ficou internada, eu e ele passamos bastante tempo juntos e senti que seu irmão não gostava muito de mim, resolvi perguntar o porque e ele me disse.... Disse que me achava um riquinho de merda e que bebia demais pra minha idade, o que é verdade, não pude discutir sobre isso. Acabamos conversando e nos aproximando com o decorrer dos dias, mas fiquei pensando no que ele me disse e resolvi parar de beber todo dia e toda hora, eu queria aproveitar mais alguns momentos. Estou descobrindo hoje que eu me divirto mais com você quando não estou fora de mim.

Chegamos ao aeroporto e o jatinho já nos esperava na pista de decolagem, em pouco tempo embarcamos e decolamos. Acomodo-me em uma das poltronas unitárias e coloco minha bolsa na mesinha acoplada a janela, pego meu celular para avisar minha mãe que acabamos de entrar em voo e Chuck senta-se à minha frente me fitando, ele cruza as pernas e fica balançando o pé com o queixo apoiado em sua mão esquerda. Enquanto isso B e N sentaram mais ao fundo.

— O que foi? – pergunto desviando os olhos do celular e o encarando.

Ele dá de ombros:

— Só estava pensando no que vamos fazer quando chegarmos...

Ergo uma das sobrancelhas e o olho de baixo a cima:

— E o que vamos fazer?

— Qualquer coisa que você quiser – ele dá um risinho malicioso. – Não sei, andar de cavalo, fazer uma trilha, escalar...

Ele começa a listar típicos passeios de turistas e eu dou risada, ele para e ri também.

— Duvido que você faria trilha, Chuck.

— Ah, Liz... Você ainda não viu nada. Eu tenho um ótimo físico.

— É melhor não prometer o que você não pode cumprir.

— Por acaso você está me convidando para fazer uma trilha com você? – ele pergunta com um sorriso.

— É melhor você ter trazido um par de tênis, Bass.

Acabo adormecendo de madrugada e acordo com um raio de sol entrando por uma fresta da pequena janela, devíamos estar quase chegando, resolvo ir ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Quando volto C acordou e está com uma garrafa de agua na mão, ele a vira de uma vez e toma quase que em um gole só.

— Sono? – pergunto.

— Preciso de café – ele diz jogando a garrafa de lado.

— Tem café aqui - aponto para uma pequena maquina de café no canto.

— Preciso de café fresco, Liz. Café forte, feito na hora, borbulhando – ele termina de falar e se afunda na poltrona bufando.

— Você é muito mau humorado quando está com sono, sabia?

Ele dá de ombros e bufa de novo, isso me faz rir, ele parece uma criança cansada de uma longa viagem de carro com os pais.

Em menos de uma hora pousamos e dois carros nos esperavam para nos levar até a casa de campo de Nate. Chuck e eu entramos em um dos carros e C cochila o caminho inteiro até chegarmos.

O carro atravessa um grande portão preto, passa por um comprido caminho de pedras no meio de um vasto campo de arvores até estacionar em frente a uma casa imponente de dois andares com telhado estilo germânico, feita toda em tons terrosos que se misturavam com a natureza ao redor, a madeira misturava-se com janelas gigantescas de vidro por toda parte.

C sai do carro se espreguiçando e bocejando.

— Nate, avise seus pais que o jatinho que eles compraram é extremamente desconfortável para dormir – ele fala e N revira os olhos.

Os funcionários que cuidam da casa nos recebem com um grande café da manhã, Chuck se delicia com uma farta xicara de café puro e eu acabo comendo um pouco de tudo, estava morrendo de fome. Após nossa refeição Nate nos leva para uma breve tour da casa para conhecermos, na verdade para eu conhecer, porque B e C já haviam ido passar as férias com N ali. No segundo andar ele mostra nossos quartos, a governanta nos fala que separou um quarto para cada um de nós, mas para nos sentirmos a vontade para ficarmos onde quiséssemos.

— Vou te esperar no meu quarto mais tarde – Chuck sussurra no meu ouvido e sai andando para se jogar na cama sem ao menos tirar os sapatos.

Eu vou para o meu quarto com as minhas malas para me alojar melhor e B vem logo atrás de mim:

— Liz! – eu levo um susto com ela tão próxima a mim.

— Jesus, Blair! Espaço pessoal é bom.

— Preciso conversar com você – ela fala se sentando na cama enquanto eu abro uma das minhas malas procurando uma troca de roupa para eu poder tomar banho.

— Você e o Nate transaram – digo.

— Shh... – ela fala com o dedo na boca e eu dou risada como se alguém que pudesse ouvir já não soubesse disso. – E como foi?

Ela me conta como eles não conversaram ainda, mas que quando ele foi busca-la em casa ela estava se trocando e ele a pegou usando apenas roupa intima, ela tentou brigar para ele sair, mas ele a agarrou e a beijou.

— Ele nunca fez isso, L!!! – ela fala com as mãos no ar. – Ele nunca teve atitude para nada, ele sempre abaixa a cabeça a aceita tudo o que eu falo, mas não ontem. Ontem ele quis me beijar e o fez, ele nunca me agarrou assim. E... – ela para um segundo pensando. – E eu gostei. Foi o melhor sexo que a gente teve!

— Uau – falo sorrindo e ela parece muito feliz.

— Hoje ele disse que vai me levar para fazermos um piquenique no campo que tem depois da casa da piscina, foi onde a gente se beijou pela primeira vez com 12 anos.

— Fico tão feliz por vocês, B! – digo a abraçando. – Principalmente, fico feliz de ver assim, alegre, leve. Mas qualquer coisa é só chamar que eu dou um saco no nariz do Archibald – nós rimos e ela me abraça de volta.

—x-

Era por volta das 9h da manhã e acho que todo mundo havia ido dormir, mas eu não estava com nenhum pouco de sono e queria aproveitar o dia ensolarado de começo de outono que fazia lá fora, a neve no pico das montanhas estava começando a se formar para o inverno e o vento fresco com o sol tornava a temperatura agradável.

Entro no quarto de Chuck e pulo na cama ao lado dele, ele acorda e me olha com cara de sono:

— Veio cedo – ele fala.

— Não vim para nada disso – reviro os olhos. – Você prometeu que ia fazer trilha comigo.

— Ah – ele resmunga e afunda o rosto do travesseiro.

— Vamos lá, Chuck! Olha só, eu já estou pronta, coloquei leggins, top, tênis de caminhada e tudo mais. Só falta você se arrumar.

— Vamos amanhã, por favor.

— Não, hoje o dia está perfeito para irmos.

— Amanhã vai estar igual hoje.

— Se você não vai, eu vou sozinha.

— Sozinha? – ele abre um olho.

— Ou eu acho alguém no caminho para me fazer companhia, já que você é preguiçoso demais, tem muita gente que quer fazer trilha ao invés de dormir...

Ele se senta na cama resmungando algo para si mesmo e vai até o banheiro batendo os pés com raiva. Eu tento segurar meu riso. Chuck Bass é muito fácil de subornar.

— Te espero lá embaixo – falo saindo do quarto.

Passo no meu quarto e pego uma mochila não muito grande de academia, a abasteço com um mini quite de primeiros socorros, algumas barras de cereal, garrafa de água, protetor solar e mais algumas coisas que pudéssemos precisar.

Espero por ele na sala e logo ele desce vestindo um short curto bege acima dos joelhos, camiseta polo e um par de tênis Gucci brancos daqueles modelos chunky.

Ergo minha sobrancelha:

— Camiseta polo, sério?

— Foi o que deu para fazer, Redford. Eu não sou um homem da natureza – ele responde indo para a cozinha e voltando com uma lata de Red Bull.

— Certeza que vai usar esse tênis branco? – pergunto rindo.

Ele me olha bravo e vira a lata de energético:

— Vai ficar me zoando ou vamos fazer trilha? – ele resmunga e toma a mochila de mim, jogando-a em suas costas.

Um dos motoristas da família Archibald nos leva até uma área de reserva natural não muito longe dali e escolhemos qual trilha faríamos, escolhi a que chegaríamos ao topo de uma colina não muito alta e levaria cerca de duas horas para chegarmos.

— Duas horas não é muita coisa? – C me pergunta enquanto me segue até o inicio do caminho que deveríamos seguir.

— É pra você? – pergunto me divertindo. – Achei que você disse que tinha um bom preparo físico, Bass.

— Nós não vamos conseguir voltar para o almoço – ele reclama. – São duas horas para ir e duas para voltar, Redford!

— Estamos viajando, a gente pode almoçar mais tarde.

Encontramos algumas pessoas pelo caminho indo e voltando, depois de um tempo C pergunta:

— É tão normal fazer trilha assim? Sabe, ontem eu disse brincando que era para fazermos, eu estava pensando em gastarmos nossa energia com outra coisa...

— Claro que é! Em Los Angeles eu já fiz muita trilha - ele estreita os olhos sem acreditar. – Los Liones, Escondido Canyon, Cahuenga Peak... L.A. não é só a parte urbana.

— A parte urbana é a que me interessa.

— A natureza também pode ser bem interessante, Chuck.

O caminho de ida é pela maior parte subida, existe um largo caminho pela floresta onde podemos caminhar e quanto mais subimos mais o clima me agrada, o vento vai aumentando e a temperatura se torna mais fresca.

É bom poder extravasar em meio à natureza e fugir um pouco da realidade.

Antigamente eu teria preferido vir sozinha, mas a companhia de Chuck é bem vinda e agradável, eu me divirto o vendo resmungar sem parar.

Um pouco menos de duas horas estamos chegando ao nosso destino.

— Meus tênis estão sujos. Muito sujos – ele fala e solta um suspiro.

— Eu te avisei... Estamos chegando, viu só? Fizemos o caminho mais rápido que a média! – falo comemorando e dando pulinhos no ar batendo palmas.

Isso o faz rir.

Andamos mais um pouco e chegamos ao topo da colina, é possível vermos a cidade abaixo e a floresta que a cerca por toda parte.

— Uau – ouço ele sussurrar para si mesmo e quando o encaro ele está sorrindo, aquilo me deixa feliz.

Avisto umas pedras há uns cinco metros e o puxo para podermos sentar e olhar a vista mais um pouco.

— Foi tão ruim assim? – pergunto enquanto encaramos o horizonte a nossa frente.

— Não – ele admite. – Nem um pouco.

Ficamos em silêncio sentados ali, fecho meus olhos e posso sentir o vento contra minha pele, respiro fundo o ar fresco com cheiro de terra e grama e ouço o barulho de animais e das folhas batendo uma contra as outras. Fico um tempo assim, quase que meditando e minha mente foge para meu universo particular. Quando finalmente abro os olhos Chuck está me observando.

— Acho que nunca te vi assim.

— Assim como? – pergunto.

— Não sei... Tranquila. Leve... Você normalmente é bem agitada – ele fala e ri.

— Acho que ambientes influenciam a gente.

E ali, longe da nossa realidade, longe de Nova York, longe de fofocas... Era como se planássemos acima de tudo o que já vivemos.

— A gente pode conversar? – eu falo baixo e sinto que aquilo lhe pega de surpresa, mas ele assente e espera eu começar.

Não estava planejando que aquilo acontecesse ali nem aquela hora, mas senti que não teria momento melhor, eu não me sentia ansiosa ao pensar no assunto.

— Eu descobri alguns dias depois de você ter ido atrás de mim em Hamptons, aquele dia eu ainda não tinha ideia. Eu tentei te ligar, mas você tinha ido embora e... Eu me senti sozinha, não tinha você, não tinha Serena e a Blair, foi difícil. Nate foi o único que quis me ver, que perguntou como eu estava, por isso ele foi o primeiro a descobrir. Ele não te contou, porque pedi que ele não contasse, pedi para que guardasse segredo de todo mundo. Ele que me ajudou a tomar coragem de ir falar com você, porque sinceramente eu estava morrendo de medo. Eu não sabia o que você falaria, como agiria e eu não sabia se conseguiria lidar com a sua resposta, porque nem eu sabia o que faria. Me senti sozinha, desesperada... Aquele dia do acidente eu tinha ido te procurar para poder te contar, mas perdi a coragem quando te vi com outra pessoa. Agi de forma irracional, porque fiquei com ciúmes.

— Para falar a verdade, Liz... Eu não sei como agiria, nem o que teria te falado. Mas você nunca deveria ter visto aquela cena, eu poderia ter evitado que tudo aquilo acontecesse.

— Não é culpa sua, nem culpa de ninguém que tudo aconteceu como aconteceu.

— Acho que nós dois agimos irracionalmente quando ficamos com ciúmes um do outro... Eu sinto muito, Liz... Por você ter se sentido como se sentiu, deve ter sido muito ruim. Por você ter se machucado como se machucou... Queria poder ter evitado tudo o que aconteceu. Não foi fácil te ver no hospital, durante todos aqueles dias eu tentei muito ser um cara responsável, mas minha mente foi para lugares muito obscuros.

Eu pego a mão dele e aperto dentre as minhas.

— A gente já passou por umas coisas bens ruins nessa vida, não é? Juntos e antes da gente se conhecer também – falo e ele dá um riso amargo.

— A gente tem só dezessete anos, era para termos tantos traumas assim?

— Pais ausentes, medo de abandono, problemas de confiança...

— Mãe morta, pai ausente e provavelmente sociopata, crescer sozinho...

— Acho que não é de se admirar que somos pessoas quebradas - ele aperta minha mão e eu aperto a dele de volta. - Obrigada por ter vindo comigo. Sei que não é a sua praia esse tipo de coisa.

— Ah, você percebeu? Achei que estava disfarçando bem – ele brinca.

— Eu gosto muito de estar com você, Chuck Bass – ele dá um sorriso de lado.

— Também é bom passar mais tempo com você, Redford.

O caminho de volta ele não resmunga nenhuma vez, ele pega a minha mão e caminhamos de mãos dadas.

— Estou morrendo de fome – ele admite quando finalmente terminamos a trilha.

— Não vou mentir, eu também estou.

Quando chegamos à casa de Nate, vamos direto assaltar a geladeira, pego um pouco de tudo que acho pela frente e coloco no balcão para montarmos alguns sanduiches. Estávamos famintos demais para esperar mais tempo para comermos algo mais elaborado.

— Acho que é o melhor sanduíche que eu já comi – Chuck balbucia com a boca cheia.

— Meu Deus – Blair fala entrando na cozinha e se deparando com nós dois e um balcão cheio de comida.

— O que aconteceu? – Nate pergunta roubando uma torrada na mão de Chuck.

— Argh... Faz sua própria torrada, Nathaniel – Chuck fala bravo. - A gente caminhou por quatro horas. Isso que aconteceu – ele desabafa e toma um copo inteiro de suco de laranja.

— Caminhar? Vocês são loucos. Nate e eu vamos sair, não nos esperem acordados, crianças. E juízo – ela fala jogando beijos no ar.

— Juízo vocês também, pombinhos – respondo e ela pisca para mim. – Acho que nunca te vi com tanta forme, Bass.

— O que você esperava, Redford?

—x-

Depois de comermos resolvemos ir até a sala de TV e colocamos alguns filmes para assistirmos, logo Chuck está dormindo e eu também acabo pegando no sono no sofá.

Acordo com ele me chamando:

— Liz, está na hora do jantar.

A governanta havia pedido para prepararem um jantar para mim e Chuck, já que N e B não haviam voltado ainda.

Nós vamos até a cozinha e um cheiro maravilhoso de queijo enche meu nariz:

— Diz que é comida italiana – falo e a governanta ri.

— É macarrão a carbonara, espero que gostem.

— Acho que eu te amo – falo muito feliz ao ouvir todas as palavras que saiam de sua boca.

Faço dois pratos gigantescos, um para mim e outro para Chuck, enquanto ele vai a adega escolher um vinho. Ele serve apenas para mim:

— Comida italiana e nenhuma tacinha de vinho? Isso é pecado – falo.

Ele ri e resolve servir uma para si também:

— Eu posso tomar uma ou duas.

Sozinhos na gigantesca mesa de jantar de madeira maciça com a meia luz do por do sol entrando pela larga janela eu levanto a taça ao ar:

— À nós. Liz e Chuck. À pessoas quebradas.

Nós rimos e ele brinda comigo.

O jantar estava um delicia, nós dois repetimos a porção e enchemos nossos pratos de novo. Quando terminamos de comer eu sentia que estava prestes a explodir. Eu subo para o meu quarto para tomar banho e ele diz que vai fazer o mesmo. Ligo a ducha quente e fico um bom tempo ali embaixo, deixando que o vapor relaxe meu corpo. Saio do banho e me sinto como Blair hoje mais cedo, estou leve, poderia flutuar se quisesse.

Coloco meu baby-doll e penteio meu cabelo, não me preocupo em secá-lo, vou até o quarto de Chuck e bato na porta. Ele abre e está sem camisa, esfregando a tolha no cabelo pingando.

— Oi – falo. – Ainda é cedo para eu aparecer no seu quarto?

Ele sorri e eu entro, ele tranca a porta e passa a o braço em volta da minha cintura me puxando para mais perto. Eu o beijo sentindo o calor do seu corpo contra o meu, percorrendo minha mão pelo seu pescoço. Eu tiro meu baby-doll com nada por baixo antes de ir para cama, Chuck fica em cima de mim e beija meu pescoço... Meu colo... Minha barriga.

Eu estremeço quando o vejo olhar minha cicatriz no abdômen.

— Acho que eu não estava assim da ultima vez que você viu...

— Tá tudo bem – ele me interrompe, porque vê que estou desconfortável com aquela cicatriz. - É lindo porque faz parte de você. Conta a sua história.

Eu sorrio e reviro os olhos tentando disfarçar.

— Eu gosto de tudo o que faz de você ser quem é, Liz Redford. Você continua mais linda que nunca.

Ele me beija de novo e eu o beijo de volta. É como se meu corpo tremesse implorando por ele.

Ele beija meus seios, percorre suas mãos por eles e aperta o bico com as pontas dos dedos, eu solto um gemido incontrolável e ele sorri satisfeito e desce até o meio das minhas pernas e sinto meu corpo ceder cada vez mais.

Eu grito seu nome em um gemido. Puxo-o de volta, o jogo para o lado e subo em cima dele e ele agarra meu quadril com força.

— Senti sua falta, Liz.