A Mensageira

Capítulo 12 -Muito para digerir? Sim!


Então sinto uma forte onda vir até mim. Só uma palavra preenche os pensamentos de Thiago.

“Amor”.

Meus lábios, que estavam em seu pescoço, parecem adquirir um novo ritmo. Não sou mais cuidadosa, mas sim ansiosa. Thiago realmente me amava! Thiago, o garoto dos cabelos levemente louros, olhos verdes, corpo perfeito e senhor-garoto-dos-meus-sonhos!

Thiago me traz para mais junto de si, fazendo um leve carinho nas minhas costas. Ele abraça meu corpo e me vira para seu lado lentamente. Puxo-o mais em minha direção (o máximo que eu consegui, pelo menos). Thiago volta minha boca para a sua com pressa e exerce uma forte pressão contra meu lábio inferior.

Sem qualquer intenção de acabar com o momento, eu devo dizer que essa areia me incomoda. Minha roupa não era lá tão barata ou fácil de lavar, e cabelos cacheados não são considerados os melhores amigos da areia.

-Thiago, eu não sou muito fã de areia. –Digo, com a boca dele grudada na minha.

-O quê? –Ele não entendeu.

-É que areia não combina muito comigo.

-Ah, desculpe-me. –Ele se levanta e me puxa junto consigo. E, exatamente como na vez em que estávamos na praia (depois de meus pais me verem pela primeira vez), eu me desequilibrei. Thiago me puxou mais para si, agüentando meu peso sem o menor esforço. –Honestamente, Ellie, seu senso de equilíbrio é o pior que eu já vi. E eu estou um pouco feliz por isso.

Ele me beija mais uma vez, meio inseguro. Parece que ele está com medo que eu não queira isso! Ele apenas brinca com meus lábios, sem pedir nada além. Beijo-o e coloco as mãos em seu rosto. Ele ainda parece receoso.

-Thiago, tudo bem? –Pergunto.

-Sim. Tudo. –ele mente, desviando o olhar.

-Você é um péssimo mentiroso. Pode me contar tudo. –Pego suas mãos.

-Ellie... É complicado. –Ele se afasta e coça a cabeça.

-Ei, nossa vida é toda complicada. Uma coisa a mais não faz tanta diferença.

-Essa vai fazer. E eu não sei se vai ser para bem ou mal.

-Eu posso ler sua mente se for mais fácil. –Chantageio.

-Não! Não leia, por favor. Aqui ta tudo confuso, se eu te falar eu posso pelo menos editar para parecer menos esquisito. –Ele se senta na areia.

-Então conta. –Sento-me no colo dele, evitando sujar mais minha saia. Aproveito para passar meus braços no pescoço dele e acariciar sua nuca, tentando acalmá-lo. Henrique dormia assim quando era pequeno, com carinho na nuca.

-Ellie, eu te amo. É estranho me sentir assim, principalmente porque eu te conheço a tão pouco tempo, mas é assim que eu me sinto.

-E desde quando você se sente assim? –Pergunto, enrolando um pouco para confessar meu amor por ele.

-Desde quando eu te vi na piscina, eu acho. Mas o Jake também ficou interessado, e você gostou dele... E... Eu estou com medo de parecer um bobo infantil. Eu sou novo nisso, me desculpe se eu não estiver fazendo tudo certo, mas eu te amo. Muito. –Ele virou o rosto. –Se quiser pode fingir que não ouviu nada.

-Thiago... –Viro o rosto dele com os dedos e roço meu nariz no dele. –Você é mesmo um bobo. Como eu poderia fingir que eu não ouvi algo que eu sempre quis que você dissesse para mim? Eu também te amo, Thiago.

Ele sorri abertamente, muito mais feliz.

-Então... Ellie, você quer ser minha namorada?

-Quero.

Ele me beija com mais confiança e vigor do que eu jamais vi. Em determinado momento decidimos parar e ir aos nossos quartos, então Thiago sugere que façamos outra festa do pijama, e eu aceito. Ele traz um colchonete e dorme ali, aos pés da minha cama. No meio da noite, no entanto, eu tenho um sonho.

“-Ellie... –Diz uma mulher muito bonita com roupas de couro, que eu reconheci como dos Caçadores. Contudo, as roupas dela têm um diferencial. Um brasão de ouro com um escudo oval, duas espadas se cruzando e uma rosa no meio. –Meu bem, finalmente. Sou Clarisse Clemendon, sua mãe. Você tem que me encontrar, meu amor. Rápido...”

Acordo assustada. Um sonho com minha mãe? E por que eu prestei mais atenção no brasão do que nela? Algo me diz que eu devo ir à biblioteca, e é o que decido fazer. Ponho um robe e vou ao local onde estudei com Thiago naquele dia.

Chego e procuro nas seções de famílias, então acho os Clemendon. Além disso, acho um livro de símbolos e levo-o também.

Depois de ler por uma hora seguida descubro algumas coisas.

Como que, por exemplo, sou de uma das famílias mais antigas de Grandes e mais poderosas da história da humanidade. Descubro que sou uma filha abençoada e desaparecida, e que foi comprovado que eu tenho o espírito da Mensageira em mim. E também descubro que aquele símbolo refere-se a uma ordem mais antiga que comer com a boca, uma ordem que pratica um tipo extinto de magia. A magia dos espíritos, também conhecida como magia negra.