Lá estava eu, deitada na minha cama, e olhando para o teto, pensando na vida, quando de repente eu ouço uma voz:

- Você é Suzannah Simon? – Eu me levantei de imediato da cama, quando eu vi quem havia dito aquilo.

- Nossa. – Foi só o que eu consegui dizer.

Era um dos rapazes que havia morrido pelo menos eu não precisaria ir atrás deles. Era só eu pedir para ele ir atrás dos outros, bem mais simples.

- Então, você é Suzannah? – Perguntou novamente.

- Sim. – Eu disse tentando desviar os olhos do corpo dele.

Ele devia ter morrido sem camisa, por que ele estava apenas com um short azul. Ele era muito mais gostoso pessoalmente, ô se era.

- Soube que você e seus amigos estão nos procurando. – Disse ele.

- Cadê os outros? – Eu perguntei. Por que não havia mais ninguém ali.

- Eles não quiseram vir. – Disse ele. – Afinal, o que vocês querem conosco?

- Nós somos mediadores, e queremos saber o porquê de vocês estarem aqui e não do outro lado, sabe? – Eu disse o óbvio.

- Não queremos ir para o outro lado, ou seja, lá o que for. – Ele disse, como se fosse algo que ele pudesse escolher.

- Vocês não podem ficar! – Eu disse chegando perto dele.

- Por quê? – Ele perguntou chegando mais perto de mim.

- Porque esse não é o mundo de vocês! – Eu disse, quase gritando.

- Como não? Moramos nesse mundo! – Disse ele segurando meus braços.

- Talvez morassem quando eram VIVOS. – Eu disse dando ênfase na palavra.

- Podemos estar mortos mais esse é o nosso lugar, entendeu?

- Eu acho que você não entendeu vocês estão MORTOS! – Na hora eu vi o erro que eu havia cometido.

Quando eu gritei com ele, eu percebi que tinha chegado muito perto dele, muito perto mesmo.

Então eu não consegui me concentra mais, porque ele havia colocado sua boca na minha.

O beijo era bom, eu admito mais eu tinha namorado e eu era fiel, com certeza. Então eu dei uma joelhada na parte sensível do corpo dele.

Ele me largou na mesma hora.

- Por que... Você... Fez... Isso? – Perguntou ele, se contorcendo de dor.

- Não sei, será por causa do beijo que você me deu? – Eu disse sarcástica.

- Qual é o seu problema? Você foi chegando perto, perto, e bem perto, achei que você quisesse um beijo. – Disse ele.

- Qual é o meu problema? Qual é o seu problema? Eu tenho namorado, ouviu? – Eu não sabia mais o que dizer.

- Você tem namorado? Porque não me disse antes de vir para cima de mim. – Disse ele sarcástico.

- Você sabe onde fica a escola Junipero Serra? – Eu perguntei tentando mudar de assunto.

- Sei.

- Você e seus amigos podem ir lá, amanhã depois das cinco da tarde? – Ele pareceu um pouco confuso mais depois disse:

- Ok, vou falar com eles, mais não garanto nada. – Disse ele.

- Pelo menos você estará lá? – Eu perguntei.

- Sim, estarei lá.

- Certo. Agora eu preciso dormir, será que dá pra você cair fora?

- Ah, claro. – Disse ele. Mais quando ele já ia se desmaterializando, eu me lembrei de uma coisa e o chamei novamente.

- Ei, espere. – Ele voltou ao normal. – Eu me esqueci de uma coisa.

- O que? – Disse ele.

- Amanhã quando nos encontrarmos, não comente nada estúpido sobre esse beijo, ok? – Eu disse meio apreensiva.

- Por quê? – Perguntou ele.

- Porque o meu namorado também estará lá, e ele pode velo também. – Eu expliquei.

- Hmm. - Disse ele, parecendo pensar um pouco. Então, disse ele por fim. – Vou tentar, é só ele não me tirar do sério.

- Porque você acha que ele vai tirá-lo do sério? – Perguntei, tentando entender.

- Se ele tiver o mesmo temperamento que o seu, com certeza ele irá me tirar do sério.

- Como assim, o mesmo temperamento que o meu? – Eu disse começando a ficar brava.

- Sabe, se ele vier para cima de mim, gritando, etc. Com certeza eu não irei beijá-lo, mais ele vai gostar de saber que você me beijou. – Disse ele, com um sorriso malicioso no rosto.

- Eu te beijei? Será que eu ouvi direito. – Eu disse colocando a mão na ao redor da orelha.

- Não importa quem começou o que, o importante é que ele vai saber que você resolveu experimentar outros beijos. – Ele ainda estava com o sorriso malicioso estampado no rosto.

- Se você quer saber, eu mesmo contarei a ele. Aí tudo ficara bem. – Eu, disse como se tudo fosse tão simples.

- Você acha que eu sou idiota?

- Quer mesmo que eu responda? – Eu, disse rindo.

- Certo. Vamos fazer assim, eu estou vendo que você está cansada, então eu vou embora.

- Tchau.

- Boa noite. – E então ele já havia ido embora.

- Suzannah, sua burra, louca, idiota! Como você vai contar isso para o Jesse, como? – Eu disse para mim mesma.

Eu estava saindo banheiro quando ouço alguém bater na porta.

- Quem é? – Eu perguntei, antes de abrir a porta.

- Sou eu, minha Hermosa. Você está vestida?

- Sim. – Disse ao abrir a porta.

O Jesse estava lindo como sempre, ele usava uma camisa branca, uma calça jeans preta e uma sapa tênis preto. O cabelo estava fora do lugar, e ele estava com um lindo sorriso no rosto.

- Pronta para ir tomar café da manhã?- Perguntou ele.

- Claro. – Eu disse toda animada. Mais de repente eu me lembrei que eu devia contar a ele o ocorrido da noite passada, e eu não sabia qual seria a reação dele, na hora que eu chegasse à parte do beijo. Ele pareceu perceber o porquê da minha mudança repentina de humor, por que ele perguntou:

- O que ouve Suzannah?

- No carro conversamos. – Eu disse, dando a mão para ele, e o puxando.

- Certo.

Quando eu cheguei à cozinha, estranhei não ver o Brad e nem o David.

- Cadê o David e o Brad? – Eu perguntei ao Jesse.

- Não sei. – Ele deu de ombros.

Todos os dias minha mãe e Andy saíam cedo para o trabalho e o Jake para a faculdade, então ficava só eu, David, Brad e o Jesse tomando café da manhã.

Todos os dias o Jesse vinha para minha casa tomar café da manhã e me levar para a escola, então era estranho quando estava somente nós dois na minha casa.

- Vamos tomar café da manhã então. – Eu, disse indo até a geladeira.

- Já que não tem ninguém aqui, você poderia ir dizendo o que você queria me contar. – Disse ele.

- Como sabe que eu quero contar alguma coisa? – Eu perguntei fingindo não saber do que ele estava falando.

- Porque, quando você disse, “No carro conversamos”, estava na cara que você queria me contar alguma coisa. – Disse ele.

- Ok, ok. – Eu disse, erguendo as mãos para o alto em forma de rendição. – Ontem, quando eu estava deitada na cama, apareceu um fantasma para mim, e ele era um daqueles três que estávamos procurando.

- E o que ele veio fazer aqui no seu quarto? – Perguntou ele, parecendo estar com um pouco de ciúme.

- Ele queria saber o que nós estávamos fazendo atrás dele e de seus amigos. – Como Jesse não disse nada eu continuei. – Nós começamos a conversar, aí começamos a discutir... – Eu perdi a voz, não sabia como continuar.

- E...? – Como o Jesse iria ficar bravo de qualquer jeito, eu preferi contar a verdade.

- Ele me beijou. – Eu disse.

Não sabia o que dizer, eu esperava que o Jesse fosse dizer algo, mais ele apenas virou as costas e saiu da cozinha.

- Jesse, não foi nada. – Eu, disse indo atrás dele.

Ele se virou para mim e começou a gritar e discutir.

- Não foi nada? Como não foi nada, vocês dois se beijaram! Ontem, você já ficou babando por eles só de ver as fotos, imagina agora que viu pessoalmente, boa coisa não ia sair.

- Ele me beijou. Eu até bati nele. Eu só não sei como você pode duvidar de mim. – Eu, disse me virando para voltar à cozinha.

Fui até a geladeira e peguei uma jarra de suco de laranja de lá de dentro e servi um pouco de suco em um copo.

- Suzannah, você não entende o que eu passo o que eu já passei. Isso tudo é muito difícil de agüentar. – Disse ele.

Eu apenas comecei a beber o suco, porque se eu falasse o que eu estava pensando naquele momento, com certeza nós discutiríamos até amanhã.

- Ontem quando eu vi o seu rosto na hora que você olhou aquelas fotos, eu fui tomado por um ciúme incontrolável, e agora você me diz que um deles a beijou como você acha que eu vou reagir? – Ele percebeu que eu não ia dizer nada, então ele continuou. – Pelo menos agora eu tenho motivo para dizer o quão enciumado eu estou.

Eu continuei sem nada dizer. Coloquei a jarra de volta á geladeira, e o copo na pia. Peguei o detergente e o passei na esponja, para lavar o copo.

- Lembra quando você beijou o Tad, eu fiquei a ponto de bater nele, só porque ele estava beijando-a, mais eu não podia dizer nada, porque você podia ficar com quem quisesse, porque eu não era nada, eu estava morto, e agora... – Eu não o deixei terminar, fui logo dizendo:

- E agora você está desconfiando de mim, acha que eu estou mentindo. Só porque ele era bonito e coisa e tal, você acha que eu o trairia? Agora eu entendo o motivo de você estar tão preocupado com o Paul, você tem medo que eu o traia não é? Você acha que eu seria capaz de trair o meu namorado? Acha não é?

- Suza...

- Deixe-me terminar. Jesse, eu acho melhor darmos um tempo. – Eu, disse colocando o copo no secador e indo na direção do meu quarto.

- Como assim? – Disse ele vindo atrás de mim.

- Você não confia em mim. Então acho melhor darmos um tempo, um basta, uma pausa na relação. – Eu disse.

- Você quer terminar comigo? – Perguntou ele.

- Não, mais o melhor é nós dois pararmos para pensar um pouco.

- Eu não preciso pensar, eu sei que o meu lugar é ao seu lado. – Disse ele.

Eu entrei no quarto peguei meu material e sai de la de dentro.

- Tem certeza? Você não consegue confiar em mim, uma só vez.

Eu saí de dentro de casa, e esperei que ele saísse de dentro de casa para que eu pudesse trancar a porta.

- Claro que eu confio em você. – Disse ele saindo de dentro de casa.

Eu tranquei a porta e sai andando.

- É só eu chegar perto de um homem que você já começa a ficar com ciúme, e isso, no meu vocabulário não se chama confiar.

- Suzannah, isso não é verdade. – Eu entrei no carro dele e esperei que ele entrasse também.

Eu podia ser orgulhosa, mais não ao ponto de ficar sem carona para ir à escola.

- Não é verdade? Você tem certeza?

- Claro. Eu só faço isso quando você está perto do Paul, e de alguns moleques que ficam te secando. – Disse ele ao entrar no carro e dar a partida.

- Pra você todos os homens estão me secando, você só fica a vontade quando eu estou perto do Adam, porque ele tem namorada. E a propósito, não precisa me levar para a escola amanhã, e nem depois, depois e depois.

- Suzannah, ainda somos namorados.

- Não, não somos. E o que minha mãe vai pensar, quando vir o meu amigo me levando para a escola todos os dias.

- Você não pode estar falando sério. – Disse ele.

- Seriíssimo. E hoje depois da escola eu, você e o Paul, teremos que ficar la na escola, porque o fantasma e os seus amigos vão estar lá, para conversar.

- Certo. Mais continuando, você não acha que está se precipitando?

- Nem um pouco. – Eu disse por fim.