- Bom dia senhorita Heloise Petterson, preparada para a nossa conversa de hoje?

- Que diferença faz? - retrucou Heloise - você não vai acreditar em nada do que eu disser mesmo.

- Eu só estou tentando te ajudar. Eu sei que você passou por um grande trauma, qualquer pessoa estaria mal se estivesse no seu lugar, mas você tem que superar isso, tem que aceitar tudo o que aconteceu de verdade e entender que tudo o que você imagina ter vivido, é só uma maneira que a sua mente criou para camuflar essa realidade.

- Eu já aceitei os fatos.

- Então, porque é que você acha que te mandaram pra cá?

- Porque ninguém acredita que aquele filme realmente possui uma maldição, e independente do que você, ou qualquer outro psiquiatra diga nada vai mudar isso.

- Tudo bem então. Se você prefere pensar assim, eu não posso te forçar a acreditar no contrário. O que acha de me contar novamente a sua versão da história?

- Pode ser...

*****

Eu sempre odiei filmes de terror, mas Nelly os adorava, embora seus pais nunca a deixassem assistir. Naquela quarta-feira, minha mãe viajou a trabalho e eu convidei Nelly a dormir na minha casa. Ela chegou às nove da noite em ponto e nós fizemos uma deliciosa lasanha no jantar. Quando estávamos indo deitar, passamos pela sala e ela achou na estante um DVD pirata fora da capa, escrito com um marcador de texto o nome "O Chamado". Eu insisti que não queria ver esse filme, mas ela como sempre não me deu ouvidos, levou o DVD para o meu quarto e nos assistimos antes de dormir.

O filme girava basicamente em torno da história de uma mulher que tinha visto uma fita amaldiçoada e que quem vesse a fita receberia um telefone avisando que a pessoa só teria mais sete dias de vida, sendo no final desse tempo assassinada por uma garotinha. No final da história, a protagonista descobre que a única forma de se livrar da maldição é reproduzir uma cópia do vídeo, para que outra pessoa pudesse vê-lo também.

Tenho que admitir que o filme me assustou bastante, mas Nelly pareceu não sentir medo. Cerca de 30 segundos depois do final, o telefone tocou. Eu fiquei assustada, mas pensei ser uma infeliz coincidência e atendi sem hesitar.

"Sete dias." Foi o que a voz do outro lado da linha sussurrou para mim.