A Maldição Do Filme
A Gravação
Eu não tive outra reação, além de ficar paralisada de medo. Nelly, ao perceber que havia algo errado, me perguntou:
- O que foi, Helô?
- Ela disse... Sete dias?
- Nossa, muito engraçadinha você. Fala logo, o que aconteceu.
- É sério, ela disse isso.
- Ela quem?
- Eu não sei. A Samara eu acho.
- Para com isso, eu não sou medrosa como você. Esse teatrinho seu não vai me assustar.
Mas essa era a verdade, alguém do outro lado da linha realmente me disse aquilo.
Eu não tinha certeza se era real... Quer dizer, na hora pensei que a Nelly poderia ter mandado uma mensagem para alguém, pedindo que falasse daquela forma. Mesmo assim, quis me precaver...
- Helô, o que você tá fazendo?
- Procurando um DVD virgem. Vou gravar esse filme e deixar ele em algum lugar.
- É sério? Para de graça.
- É sim. Você quer um DVD pra gravar também?
- Claro que não.
Imaginei que depois que eu fizesse isso ela iria começar a rir de mim por ter caído nessa pegadinha, mas não foi o que aconteceu. Nelly continuou séria. Saí de casa naquela noite, e caminhei sozinha até a praça central da cidade, ficava cerca de quatro ou cinco quadras dali e o bairro não era perigoso. Deixei o DVD em um banco qualquer e voltei para casa.
- Heloise, eu não estou acreditando nisso. Você está levando essa brincadeira muito a sério.
- E se não for uma brincadeira?
- Mas é claro que é. Tantas pessoas já devem ter visto este filme e não morreram, porque isso aconteceria logo com você?
- Eu não sei, mas não quero arriscar a minha vida por causa de um filme de terror.
- Quer saber? Eu acho que você está tentando me assustar. Cansei desse seu joguinho, isso é muito infantil de sua parte.
- Entenda como quiser.
Na manhã seguinte não tocamos mais no assunto. Os primeiros dias se passaram e nada aconteceu. Ainda sim, eu temia pela minha melhor amiga.
No sexto dia, estávamos assistindo a mais uma entediante aula de história quando de repente Nelly começou a gritar:
- Me solta! Para! Você está me machucando.
Todos olharam assustados, mas não havia ninguém. Na hora do almoço, ela permaneceu em silêncio, mas eu não pude evitar mencionar o ocorrido:
- O que aconteceu na aula de história?
- Eu não sei. Acho que tive uma alucinação. Era aquela garotinha, a Samara Morgan do filme. Eu não sei como isso é possível, mas ela estava lá.
- Você tem certeza?
- Olha isso... - Nelly levantou a blusa e mostrou a marca da mão de Samara em sua barriga.
- Ai, meu Deus. Ela existe mesmo.
- Sim.
- Assim que acabar a aula, você vem comigo até a minha casa e grava uma cópia daquele DVD.
- Você acha mesmo que isso é certo? Alguém pode morrer por minha causa se eu fizer isso.
- Se a pessoa também gravar uma cópia, não vai morrer.
- É, você tem razão.
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