Setembro de 2032, Londres, Inglaterra

Luna Smith olhou pela janela da limusine preta que a levava ao lugar que mais temia e viu o Reformatório Blake South, lugar para onde mandavam os jovens delinquentes que haviam cometido algum tipo de crime hediondo. Era um prédio cinza velho que parecia a ponto de ruir, mas também parecia assustador. Luna podia sentir que tinha algo sombrio naquele lugar. A garota havia ouvido muitos rumores sobre o Blake South. Alguns diziam que os jovens criminosos recebiam todo tipo de tortura para pagar pelos crimes que cometeu, outros diziam que o lugar era amaldiçoado por espíritos malignos que invadiam seu corpo. Smith não acreditava em nada disso. Era tudo uma baboseira, ou assim ela pensava.

— Chegamos senhorita Smith. - Anunciou Cato, o motorista que olhou pra ela com pena.

Luna olhou pro homem com desdém. A garota tinha um gênio muito forte, e por ser de umas das famílias mais influentes do mundo atualmente, tinha tudo o que queria e se achava superior que os outros. Mas no fundo o que Luna precisava era de amor, coisa que ninguém nunca lhe deu. Odiava Cato e não gostou nada do olhar que ele lhe lançou. A morena odiava que sentissem pena dela.

— Muda essa cara imprestável, não preciso que sintam pena de mim. Ah, e digam aos meus "queridos pais" que Luna Smith não existe mais. Se quiserem que façam uma filha robô que sairá do jeito que eles querem. - Falou, debochadamente antes de saltar pra fora do automóvel. - Ah, e ate nunca mais seu estúpido. - Acrescentou, antes de fechar a porta com tanta força que por pouco não a quebrou.

Luna foi andando ate o portão de seu novo lar e mergulhou-se em pensamentos. Seus pais eram os donos da RobotMania, umas das maiores empresas de fabricação de robôs no mundo. Desde 2020 que os robôs entraram em cena, e agora os humanos não faziam absolutamente nada, deixavam todo por conta daquelas máquinas que ela achava que eram desnecessárias. Aquilo só fazia os seres humanos ficarem mais preguiçosos do que já eram. Luna havia nascido em 2015, e nos primeiros cinco anos de sua vida seus pais eram amáveis e carinhosos com ela. Mas depois que montaram a empresa tudo mudou. Eles nunca estavam em casa e Luna ficava sempre com a vizinha, que era mais mãe pra ela do que sua própria mãe. Eles mandavam cheques altíssimos pra filha todo mês pra compensar sua ausência, mas Luna não queria o dinheiro deles, e sim o amor e carinho que eles nunca oferecerem. E foi por causa dos imprestáveis que a colocaram no mundo que ela se tornou rebelde. Eles tinham culpa de ela ter feito o que fez e estar aqui neste Reformatório agora.

A garota sentiu lágrimas brotando dos seus olhos e tratou logo de enxuga-las. Luna Smith nunca chorava. Chorar era para os fracos, coisa que ela não era. A jovem se aproximou dos portões pretos enferrujados, que se abriram sozinhos. Deve ter sido o vento, ela pensou. Ou então alguém tinha apertado um botão que fez o portão abrir. Não tinha de anormal neste lugar, ela recusava-se a acreditar nisso. Ela entrou no prédio principal e viu que estava na sala principal. Um robô estava atendendo a fila de jovens que estavam ali provavelmente para se inscrever, como ela. O robô era perfeito, tinha traços humanos e era lindo. Se não fosse pela forma de se mover nunca daria para saber que na verdade era uma máquina.

Luna olhou para a fila de jovens aglomerados na frente dela e se perguntou o que eles teriam feito para estarem ali. Será que eram cometido crimes piores que o dela. Viu quando um garoto moreno com usando uma jaqueta de couro preta se aproximou dela, sorrindo.

— Oi gata. Nova por aqui? Prazer, seu Pedro Pattinson. - Ela sorriu pra ela e piscou. - Alguém tão linda como você não deveria estar aqui. E difícil acreditar que cometeu algum crime. - Ele falou, continuando com aquele sorriso irritante dele.

Aquele garoto já estava irritando Luna. Mas ela sorriu falsamente.

— Se eu não tivesse cometido nenhum crime não estaria aqui, não acha? - Disse ela, grossa.

— Ui, garotinha marrenta. Assim que eu gosto docinho. - Pedro respondeu, com aquele sorriso irritante dele.

Luna não percebeu que sua vez havia chegado ate que o robô chamou pelo seu nome.

— Luna Smith. - A máquina falou, com voz aveludada.

— Sou eu. - Respondeu.

O robô lhe deu um uniforme preto para vestir, que estava cheio de fios por todo lado. Luna não sabia o que eram esses fios, mas presumia que eram câmeras.

— Coloque seu celular e outras coisas perigosas nesta caixa. - O robô ordenou, apontando para uma caixa de papelão que continha inúmeros celulares e vários outros objetos considerados "perigosos". Luna bufou. Não queria ficar sem seu celular, pois sem ele não poderia falar com sua melhor amiga Jazmin, mas o colocou na caixa mesmo assim. Depois daria um jeito de pega-lo de volta sem que ninguém visse.

— Se chama Luna? Devia se chamar Violetta para combinar com seu cabelo. - Notou Pedro, rindo. O cabelo da jovem era originalmente preto, mas ela havia o tingido de violeta num acesso de raiva e desde então havia ficado assim. Ela gostava de seu cabelo assim. Destacava muito mais sua personalidade do que aquele castanho chato. O robô disse o numero de seu quarto, mas Luna não prestava atenção. Olhava era para Pedro, que parecia que não iria deixa-la nunca em paz. Teria que arrumar um jeito de se livrar dele.

— Vamos dividir o quarto juntas. - Falou uma voz estridente. Pedro e Luna se viraram pra ver uma garota loira toda sorridente. Ela usava roupas rosas e parecia uma Barbie. Luna percebeu que Pedro não gostava dela, pois ele bufou. A Barbie estendeu a mão para Luna, que a apertou:

— Prazer, sou Ambar Diamond. E vamos ser colegas de quarto. Já sei quem você e, não precisa se apresentar. Sou muito fã de seus pais, mas infelizmente minha mãe não me deixa comprar nenhum robô. - Ambar falou, parecendo triste. - Mas já estou falando demais, você deve estar cansada. Vamos, eu te dou um tour daqui, conheço tudo por aqui. - Ela ofereceu.

— Na verdade eu e a Luna estávamos tendo uma conversa bem entrosada antes de você chegar, tenho certeza de que ela vai querer que eu a acompanhe. - Pedro falou, fuzilando a loira com os olhos.

— Então deixe ela escolher. - Rebateu Ambar, irritada.

Os dois olharam para ela, esperando sua resposta. Ela respirou fundo e pensou. Não havia ido com a cara de nenhum dos dois, mas parecia que algo em Pedro lhe assustava, algo lhe dizia que deveria ficar bem longe dele, o mais longe possível.

— Escolho a Ambar. - Falou.