No estacionamento, Armando abriu a porta do carro para Betty, que lhe agradeceu sorrindo.

Quando entrou no carro, Armando perguntou se Betty gostaria de escutar um pouco de música e ela concordou.

Rapidamente o carro foi tomado pelo som suave do jazz que Armando tanto gostava. Betty apreciou o som.

— Bonita canção, doutor. O senhor tem um gosto musical bem refinado.

— É uma bela canção mesmo. Gosta de jazz?

— Não conheço, doutor. Mas gostei da melodia. É bonita.

— E qual é seu estilo de música preferido, Beatriz?

— Eu não sei bem se tenho um estilo favorito, doutor. Tenho alguns conjuntos, cantores e canções que gosto apenas.

— Bem, e qual é a sua música favorita então? – Perguntou sorrindo.

— Acho que é Time. – Disse sorrindo tímida, intrigando Armando. – Era viciada em escutá-la na época da faculdade.

— Você gosta de rock, Beatriz? – Disse sorrindo admirado. – Jamais imaginaria isso.

— Não é que eu seja especialista em rock nem nada. – Falou com timidez. - A faculdade foi um período muito difícil da minha vida, passei por momentos muito ruins e o Nicolas gostava... Ele tinha o álbum e colocava para escutarmos, enquanto estudávamos e eu acabei gostando. Até comprei o CD hoje na hora do almoço. Acredita? – Disse dando sua risada característica.

— Verdade? E está com você aí? – Questionou animado.

— Bom, na verdade sim. Está na minha bolsa.

— Coloque para escutarmos então. – Pediu cheio de empolgação.

Betty fez o que Armando pediu e pulou para a faixa que mais gostava naquele CD.

— Depois vou comprar esse álbum para ouvir. É bom, realmente. – Declarou sorrindo para Betty. - Coloque outra que goste. Me apresente o melhor.

— Esse é o álbum mais famoso do Pink Floyd.

— Sabe, tive uma ideia! Podemos fazer um intercâmbio de CDs. Eu lhe empresto os melhores de jazz que eu adoro e você me empresta um pouco do que gostar e tiver. O que acha? – Propôs animado e com os olhos brilhantes.

— Adorei a ideia, doutor.

— Sabe, esses dias na fazenda senti falta apenas dos meus CDs, para poder escutar quando não estava correndo a cavalo pelos campos ou tomando banho de cachoeira.

— Você anda a cavalo, Beatriz? – Perguntou admirado.

— Bom, não como o senhor, doutor. – Disse dando sua gargalhada característica. – Eu não monto com elegância. Eu corro a cavalo. Apostava corrida quando era criança com meus primos e aprendi a domar um cavalo arisco. Mas foi só. – Contava animada. – Quando eu era menina, era a única oportunidade que eu tinha de ser livre. Gostava da adrenalina e da sensação dos cabelos voando ao vento.

Armando ficou perdido em seus pensamentos, imaginando Betty correndo a cavalo pelo campo com os longos cabelos negros voando ao vento.

— Isso parece bem melhor e mais divertido do que o jeito que eu monto, Betty.

— Imagina, doutor! Eu acho tão bonito o jeito como o senhor monta a cavalo. – Declarou com doçura e amor, o que cativou o coração de Armando, que estava louco por um beijo, mas não queria arriscar chateá-la e quebrar o encanto daquele agradável momento.

— Se quiser, eu posso ensiná-la. – Arriscou o convite. – E você pode me levar para uma corrida de cavalo... O que acha? – Perguntou com os olhos brilhantes e um grande sorriso.

— Eu adoraria, doutor. – Respondeu lhe devolvendo o sorriso.

— Beatriz, posso lhe fazer um pedido?

— Claro, doutor. Se eu puder fazer...

— Por favor, não me chame mais de doutor e nem de Seu Armando... Afinal, agora você não é mais minha assistente. É Vice-presidente Financeira e, além disso, já tivemos intimidade suficiente para dispensar essas formalidades.

— Ah, doutor... Eu não sei. É uma questão de respeito, não sei se me acostumaria. Quanto a intimidades, por favor, não mencione mais isso...

— Olha, Betty, eu não quero aborrecer você... Mas será que não podemos nem ser mais amigos? Os amigos não se tratam com formalidades. – Havia súplica no olhar de Armando, que esperava a resposta de Beatriz.

— Está bem... Armando. – Disse lhe dando um sorriso tímido.

Armando, ao ouvi-la o chamar pelo seu nome, ficou louco. Encostou o carro em um esquina e quando Betty foi questionar a razão de ter parado alí, foi surpreendida e interrompida pelo beijo apaixonado dele.