A MELHOR VERSÃO DE MIM

O Caminho Até O Paraíso Passa Por Milhas De Inferno


Marcela mandou as coisas de Armando por Fred e se foi para Miami. Ela contava que ele, com a distância, se arrependesse e voltasse para ela como sempre fazia.

Betty foi para casa, fez as malas e disse, fingindo empolgação, que Armando havia lhe dado uma semana de folga e que iria aproveitar para visitar as tias Pinzón no interior.

Com o ocorrido com Marcela e Betty, Armando se viu sozinho e livre após um longo tempo, contudo, não conseguia ânimo para paquerar as modelos, por mais que Mário o tentasse, o levando a vários coquetéis.

Armando estava amargurado por Betty e só conseguia pensar na dor que lhe causou. Ele sentia muito sua ausência, como jamais pensou que pudesse sentir por qualquer mulher na vida.

Aquela distância e a possibilidade de que ela não o perdoaria estavam lhe amargando a vida profundamente.

Ele passava as noites bebendo até cair desmaiado em sua cama. Sempre sonhava com Betty em seus braços e logo depois a via se afastar lentamente dele, o que o fazia despertar aos berros, implorando para que ela voltasse para ele.

Um dia, bebendo como louco no bar, Armando foi surpreendido pelo amigo de seu pai, Fernando Velasquez.

Fernando adorava Armando desde pequeno e sempre o considerou como o filho que nunca teve e se preocupou ao vê-lo bebendo tanto e sozinho.

Armando sempre adorou Fernando, que considerava como seu tio. Ele havia sido sempre seu maior confidente, mais até que seu pai. Foi ele que o ensinou a cortejar as mulheres e a apreciar um bom jazz.

Após um tempo conversando, Armando confidenciou tudo para Fernando sobre a empresa e sobre Beatriz.

Fernando lhe repreendeu, mas, como amava muito Armando e sempre foi um grande amigo de Roberto Mendoza e Júlio Valencia, resolveu ajudar. O empresário era riquíssimo e garantiu a Armando o pagamento de todas as dividas da Ecomoda.

Armando não queria aceitar de forma alguma, mas Fernando o convenceu, dizendo que fazia de bom grado, pela memória do amigo Júlio e em consideração a seu grande amigo Roberto.

Além disso, Fernando garantiu a Armando que Júlio não gostaria de ver a empresa que ele tanto amava nas mãos do filho Daniel. Mas uma coisa preocupava Fernando ainda.

— Armando, meu filho, e essa moça que o ajudou... Será que fará algo para se vingar? Quero dizer, você agiu muito mal com a moça.

— Não creio, tio Fernando. Ela me garantiu que não ficaria com a Ecomoda e que não se vingaria. – Declarou com convicção. - Além disso, é uma boa pessoa... Uma moça doce, generosa, com um grande coração... Um anjo, de verdade. – Divagava com os olhos e a voz cheios de ternura, que não passou despercebidos por Fernando, que se perguntava se era realmente só um plano. - Acredito que ela, se for fazer alguma coisa mais drástica, possivelmente irá propor que passemos a Terramoda para o nome de outra pessoa e que a deixemos em paz, mas não desconfio da bondade e boa vontade dela, mesmo com um tipo asqueroso como eu.

— Bom, meu filho, então amanhã cedo, vamos aos bancos e credores e começaremos a pagar a todos. Chamarei meu advogado para nos auxiliar. Pagaremos inclusive a coleção em andamento, assim, os lucros obtidos irão diretamente para os cofres da Ecomoda e você superará as metas que propôs.

— Tio, eu pagarei ao senhor. Não sei como ainda, mas pagarei.

— Armando, deixe disso. Se quer me pagar, então, tome juízo. Aprenda com os erros, dê um rumo a sua vida. Seja o grande gestor e grande homem que eu sempre soube que seria. Não permita que Daniel assuma a presidência e acabe com o sonho de meus amigos.

— Eu juro ao senhor, tio. Pelo senhor, pelo papai e pela memória do tio Julio.

— Mas e quanto a filha do Júlio, a Marcela? O que pretende fazer?

— Bom, deixei minha situação finalizada com ela e não volto atrás. A melhor coisa que posso fazer por ela e pela memória do tio Julio e tia Suzana é deixá-la para sempre. Eu não a amo. – Declarou com firmeza. – Mas eu não sei o que isso possa significar para a Ecomoda... Talvez o Daniel queira dividir, não sei...

— Se ele quiser, os sócios tem prioridade na compra das ações? – Questionou Fernando.

— Sim, tio, temos prioridade. Mas ninguém tem dinheiro para comprar a parte do Daniel ou dos Valencia.

— Se Daniel e as irmãs quiserem vender a parte deles, diga que compra. Lhe darei o dinheiro, filho.

— Pelo amor de Deus, tio, não posso aceitar.

— Armando, não discuta comigo. Não quero o patrimônio dos meus melhores amigos dissolvido.

Assim, no dia seguinte, Armando foi com Fernando aos bancos e demais credores e pagaram todas as dividas da Ecomoda. Conseguiram certificados de quitação de dividas e Fernando ainda cobriu os juros, para que todos os bancos e credores pudessem fazer negócios com a Ecomoda novamente.

A única coisa que faltava era cobrir a dívida que a Terramoda havia adquirido para a última coleção, junto ao banco Montreal e, sem Betty ao seu lado, coube a Armando ir até o banco e se apresentar e dizer que estava em nome da doutora Beatriz Pinzón Solano para quitar o total da dívida, uma vez que Beatriz estava fora da cidade resolvendo questões pessoais.

Com tudo finalizado, Armando foi para a Ecomoda, onde contou tudo para Mário.

Mário Calderón mal podia se conter de empolgação, mas preocupou-se por um detalhe.

— Irmão, mas será que a Betty não vai querer se vingar de nós e nos liquidar? Como você foi burro em se entregar para ela, mano?

— Escuta aqui, Calderón, minha Betty não é assim. – Rebateu aos gritos. – Ela está magoada e com toda razão. Mas não vai se vingar. A conheço, é uma boa pessoa.

— Bom, se você tem certeza... E quando ela volta?

— Espero que na segunda-feira, uma vez que me pediu uma semana.