Após uma semana, Betty já estava mais calma. Aquele lugar sempre foi um refúgio mágico para ela, capaz de lhe restaurar as energias, desde criança. Lá, ela podia se libertar, correndo a cavalo pelos campos e banhar-se de cachoeira e rio.

Ela havia pesado as coisas e não pôde deixar de pensar em tudo que viveu ao lado de Armando desde que o conheceu.

Para ela, era evidente que Armando havia agido como um imbecil, mas ela também havia ocultado informações dele, que o fez desconfiar. Andava mesmo paranóico, e não era para menos, visto todas as dificuldades que enfrentava na gestão da empresa. Além disso, ele pediu perdão, contou a verdade.

Ela se lembrava quando ele confiou nela, no ocorrido com a comissão que ela pensou em aceitar da Rag Tela. Ele aceitou suas desculpas, a perdoou e a defendeu de todos.

O que Armando fez foi grave, mas parecia arrependido e lhe contou a verdade. Não prosseguiu com a mentira.

Mesmo com tudo, ela não poderia lhe negar apoio e abandoná-lo quando ele mais precisa na vida. Isso seria vingança e ela não poderia fazer nada contra ele, afinal, o amava muitíssimo.

Tinha também sua família, que dependia de seu salário para viver. Não, ela não abandonaria o barco agora, mas estava claro que sua situação com Armando Mendoza tinha que mudar. Ela não poderia mais se expor e se deixar machucar por ele.

Assim, no domingo, partiu para Bogotá e ao chegar em casa, parecia serena e disposta. Ria com os pais, enquanto contava as histórias das tias Pinzón e entregou os doces e quitutes que elas haviam mandado.

Na segunda bem cedo, chegou a Ecomoda. Não havia ninguém no setor administrativo e Betty foi para sua sala e se pôs a trabalhar e tentar compreender um pouco sobre o que havia acontecido durante seu afastamento. Claro que a maior parte das coisas, teria que verificar com os executivos e demais secretárias, além é claro de Armando.

Estava calma, e se pôs a trabalhar com muito empenho e concentração. Havia decidido que não poderia mais ser Betty, a Feia. Agora que sabia o quão bela era, tinha de se assumir tal como era.

Estava belíssima, vestindo uma saia lápis branca e uma blusa rosa clara com decote canoa. Seus cabelos estavam lisos e soltos como cascata. Usava também uma bolsa branca, sapatos de salto brancos e brincos delicados e elegantes em formato de gota em prata. Optou por uma maquiagem que lhe valorizava os olhos e um batom discreto rosa.

Como chegou muito cedo, demorou até que alguém chegasse a empresa e assim acabou se distraindo em meio ao trabalho.