A MELHOR VERSÃO DE MIM

Enfrentando Os Interrogatórios


Assim que se trancaram na Vice-presidência Financeira com Betty, o Quartel iniciou seu interrogatório.

— Querida, então por isso chegaram de mãos dadas? Você fisgou o gatinho do seu Armando? – Perguntou super empolgada Aura Maria.

— Antes tivessem chegado apenas de mãos dadas, menina! É que você não viu o beijo que seu Armando deu nela na frente de todo mundo quando saíram do elevador. – Disse Bertha empolgada pela fofoca.

Todas as meninas riam e pulavam em pura empolgação e curiosidade. Aquela era a fofoca do século.

— Mas, Betty, como assim seu Armando é seu namorado? E o Nicolas? – Perguntou Sofía.

Todo o Quartel concordou com a questão levantada por Sofía e começaram a falar ao mesmo tempo, deixando Betty tonta.

— Meninas, por favor, deixem a Betty falar! – Pediu Inesita.

Betty se encheu de coragem, respirou fundo, e contou as amigas que ela e Armando estavam juntos e que se amavam. Explicou que nunca teve nada com Nicolas, que eles eram como irmãos e que mentiu porque não podia confessar que o homem pelo qual estava apaixonada era Armando Mendoza.

— Mas então o escândalo da dona Marcela naquele dia foi por sua causa mesmo? – Perguntou Mariana.

— Sim, mas não do jeito que pensam. Acontece que a dona Marcela ficou incomodada por eu aparecer arrumadinha e começou a fazer insinuações maldosas sobre mim e o Armando perdeu a cabeça e começou a discutir com ela. – Disse fazendo uma pausa, sob os olhares atentos e curiosos do Quartel. - Ela acabou dando um ultimato a ele. Mandou que ele escolhesse entre ela e eu... Disse que se ele não me despedisse estaria tudo terminado entre eles. Então o Armando disse a ela que era ele que não queria mais nada com ela e que não iria me despedir e o noivado estava acabado. Foi isso. – Concluiu um pouco cansada pela longa conversa, mas também aliviada por contar ao menos parte da história para as amigas.

— Betty, e porquê você se mandou depois daquilo? – Perguntou Sandra.

— Porque eu me senti péssima com tudo o que houve. O Armando notou e me deu folga para que eu pudesse colocar a cabeça no lugar e descansar.

— Mas, amiga, como você fisgou assim tão rápido o bombom do seu Armando? – perguntou rindo Aura Maria.

Todas do Quartel começaram a rir e concordar com Aura Maria.

— Ora, meninas! O Armando e eu sempre nos demos bem e ele sempre me protegeu, vocês sabem... – Disse fazendo uma pausa, tentando organizar os pensamentos e explicar de maneira satisfatória. – Quando voltei ontem, saímos juntos ao coquetel da Color In e depois fomos jantar... Bom, acabou surgindo um clima entre nós dois... Dançamos, conversamos e acabamos nos beijando. – Betty foi interrompida pelos suspiros e risadinhas do Quartel, mas logo prosseguiu o relato. - Eu disse a ele que não poderia ser mais uma das modelos e ele propôs que eu fosse sua namorada e eu aceitei porque sempre fui louca por ele.

Betty contou as amigas meias verdades. Não era conveniente para ninguém que elas soubessem sobre o caso dela com Armando ou sobre o plano. E após o longo interrogatório e todos os comentários divertidos do Quartel, Betty pediu que elas retornassem aos seus postos de trabalho e que não ficassem pelos corredores fazendo comentários.

Enquanto isso, na presidência, Mário Calderón conduzia seu próprio interrogatório. Queria detalhes de Armando.

— Irmão, acabou de escancarar na cara de todos o seu romance com a Betty. Sabe que todos vão comentar, inclusive Patrícia, que nesse momento deve estar em contato com a Marcela. Sabe o que está fazendo?

— Eu sei, Calderón. Sei perfeitamente. – Declarou enquanto se sentava em sua cadeira e Mário se sentava na cadeira em frente a mesa de Armando. – Escuta, Mário, ontem eu tive uma revelação, epifania ou como você preferir chamar... Tive a certeza de que estou completamente apaixonado pela Beatriz. E não pretendo escondê-la de mais ninguém. Eu a amo e é com ela que quero ficar.

— Meu irmão, o que aconteceu ontem que te fez ter essa certeza toda? Antes estava reticente sobre o que sentia... Ou não? – Perguntou Mário.

— Ontem, Calderón, eu tive a noite mais maravilhosa de toda a minha vida. – Recordava com uma expressão apaixonada.

— Você transou com a Betty, foi?! E como foi? Pensei que ela te odiava depois de tudo... – Mário estava totalmente envolvido pela animação e a curiosidade, dando um sorriso malicioso para Armando.

— Eu não transei ontem com a Betty, Calderón. – Foi solene na afirmação.

— Mas então... Você o quê? A beijou e voltou com ela e ela pediu que fosse público... O quê? Me diga, homem! – Pediu Mário impaciente.

— Eu a levei ao coquetel e não havia nada demais no início... Estávamos conversando no carro sobre trivialidades, então, eu pedi que ela não me chamasse mais de doutor e nem de senhor, apenas de Armando... Ela terminou me chamando pelo nome e eu não sei... Fiquei louco, Mário. – Relatava com um sorriso. – Parei o carro e lhe beijei como um maluco. Acabamos perdendo o horizonte...

— Você transou com a Betty no carro? – Perguntou chocado e empolgado pela fofoca picante do amigo. – Mas, espera, você disse que não transou com ela...

— E eu não menti, Calderón. Eu não transei com a Beatriz, eu fiz amor com a Beatriz. – Armando estava com uma expressão apaixonada, perdido nas lembranças. – Ontem Beatriz Pinzón Solano me ensinou a fazer amor, Calderón.

Mario Calderón ficou surpreso com o modo como Armando falava de Betty. Nunca imaginou que escutaria o amigo falando em amor e essas coisas... Muito menos com Betty. Estava avido por mais detalhes da grande fofoca do século.

— Então, você fez amor com a Betty... – Foi dando seu sorriso malicioso enquanto falava. – E como foi fazer isso, hein?! Sim, porque até onde eu sei, você nunca chegou a tanto com uma mulher no seu adorado carro. Sempre gostou mais daquele carro que da Marcela.

— Ora, Mário! Nunca me permiti fazer nada no carro, porque nunca nenhuma outra mulher me despertou o que a Beatriz me desperta. – Fez uma pausa, olhando para Mário. – Eu sei lá... Ela é tão doce! Me sinto completamente rendido a ela sua ternura e doçura.

— Huuuum, então quer dizer que foi doce no carro?! – Inquiriu Mário, levantando a sobrancelha e sorrindo cínico. – Muito doce, hãn?!

Armando estava na dúvida se falava com Calderón. Ao mesmo tempo que sentia a necessidade de dividir com o seu único amigo a experiência maravilhosa que viveu, também não sabia se deveria.

— Olha, Calderón, não vou ficar contando minhas intimidades com a Beatriz. Ela não é como as outras! Já disse que a amo e agora ela é minha namorada.

— Mas, irmão, nunca tivemos segredos. E você era noivo da Marcela e não te impedia de contar suas coisas...

— Acontece que eu nunca amei a Marcela. A Beatriz é diferente.

— Está bem, mas ao menos me diga como foi a experiência. Não precisa me contar detalhes. Não me mate de curiosidade.

— Bom, no carro, foi tudo muito intenso. Estava desesperado por ela. Já depois foi... Doce. Muito doce. – Disse com um sorriso grande, enquanto se recordava. – Que mulher, meu Deus! Foi a única capaz de me despertar loucura e ternura ao mesmo tempo. – Ficou pensativo de repente. – Na verdade, acho que nunca fui doce com uma mulher. Só com ela fui capaz de combinar ardor com doçura.

— Bom, pelo visto, ela te fisgou de vez... – Mário ria divertido pela cara de bobo apaixonado de Armando. – Mas o quê vai fazer com a Marcela?

— Eu não tenho mais nada com ela, Calderón. Eu não devo satisfações nem a ela e nem a ninguém.

— E se seus pais ficarem contra? E se te ameaçarem a deserdar, como fizeram com Camila?

— Quer saber, Calderón... Por mim, eles podem até me deserdar. Eu não ligo mais. A única coisa que eu tenho certeza é que não posso mais ficar sem a Betty. Por ela, eu enfrento o mundo.

— Eu juro que vou pedir a Betty o nome da feiticeira que lançou esse feitiço em você. – Mário fazia sua cara de deboche, enquanto ria. – Sim, porque só pode ser um feitiço dos bons, para enroscar dessa maneira o tigre de Bogotá.

— Não é feitiço, Calderón. Isso é amor. – Armando respondeu a Mário. – E vou lhe pedir dois favores de irmão.

— Pois diga, meu irmão. Se estiver ao meu alcance, eu faço.

— Mário, por favor, quando se referir a Beatriz de agora em diante, que seja com respeito. Eu suplico em nome da nossa amizade. – Pediu seriamente Armando. – E a outra coisa que eu quero te pedir é que me ajude a proteger a Beatriz. A partir de agora, todos irão persegui-la ainda mais. Eu preciso protegê-la. – Fez uma pausa aparentando cansaço. – Por favor, meu irmão, ela é tudo para mim. Conto e preciso do apoio do meu melhor amigo.

Mário pela primeira vez ficou sério e ouvia atentamente o pedido de Armando. Armando era mais que um amigo, era seu irmão. Ele só queria a felicidade dele e ficaria ao seu lado em qualquer circunstância.

— Armando, você é como se fosse meu irmão. E se é a Betty a mulher que você ama, a que escolheu, então eu juro que a tratarei com todo o respeito do mundo. Não farei mais piadinhas, prometo. E te ajudarei a protegê-la. – Jurou solenemente ao amigo. – Mas, como eu meio que fui o cupido de vocês e ficarei ao seu lado na missão de resguardar a sua donzela, eu exijo ser o padrinho do casamento. – Mário brincou, pois se não o fizesse não era Mário Calderón.