A MELHOR VERSÃO DE MIM

Batendo Contra o Mundo - Parte Dois


Armando chegou ao Medalhão e imediatamente avistou a mesa ao fundo, onde estavam Mário e Betty. Eles pareciam relaxados na companhia um do outro e Beatriz ria com gosto de alguma coisa que Mário falava. Vê-la rir lhe aquietou o coração e ele agradeceu mentalmente ao amigo.

Ao se aproximar da mesa, ele os cumprimentou e se sentou ao lado de Beatriz a abraçando imediatamente. Esteve aflito durante todo o caminho, ansiando por abraçá-la.

— Meu amor, você está bem? Meu Deus, fiquei louco com o que Mário me contou. Eu deveria estar lá para defendê-la, me perdoe.

— Eu estou bem, meu amor. Não se preocupe. – Betty lhe afagava as bochechas para transmitir conforto, diante de seus olhos preocupados e tristes. – O Mário me defendeu e me tirou de lá. – Sorriu com simpatia em direção a Mário e de repente ficou com uma expressão reflexiva. – Eu só gostaria de ter sido forte o suficiente para me defender da dona Marcela, mas fiquei paralisada, sem ser capaz sequer de articular uma frase... Fui uma covarde. – Estava pesarosa.

— Não, meu amor. Não diga isso. Acontece que você não está acostumada a esse tipo de conflito e escanda-lo que a Marcela tanto gosta. Você é uma moça discreta e doce e esse tipo de situação pegaria qualquer um desprevenido.

— O Armando tem toda razão, Betty. A maneira brutal como a Marcela lhe atacou, deixaria qualquer um desnorteado. – Mário falou querendo confortá-la também, o que agradou a Armando. – Esse tipo de espetáculo que a Marcela é mestre em promover não combina com a sua personalidade. E não gostar desse tipo de coisa está muito longe de ser um defeito. – Acrescentou Mário oferecendo um sorriso solidário para Betty.

— Muito obrigada pelas palavras, Mário. Você é uma boa pessoa. – Sorriu Beatriz.

— Mário? Você o está chamando informalmente? – Inqueriu Armando, com um semblante que misturava curiosidade e divertimento.

— Mas é claro que ela está, irmãozinho! Eu pedi que ela o fizesse, afinal, ela agora é a sua garota e, portanto, seremos bons amigos. Conte a ele, Betty! – Disse divertido Calderón.

Armando ficou contente em constatar que seu melhor amigo estava se portando tão bem com a sua Betty e que ela aparentemente não guardava mais mágoas dele pelo plano.

Mário seguiu relatando todo o ocorrido na Ecomoda e Armando ficou rígido ao ouvir as coisas asquerosas que Marcela havia falado para Beatriz. Ficou ainda mais agradecido por Calderón tê-la defendido.

Após o extenso relato, Mário olhou para o relógio e concluiu que já era hora de enfrentar as feras e retornar a Ecomoda. Armando negou, dizendo que Beatriz e ele não retornariam mais ao escritório naquele dia e pediu que Calderón segurasse as pontas.

— Olha, irmão, fique tranquilo! Não acho mesmo uma boa ideia enfrentar a Marcela hoje, de todo o modo. Mais tarde eu te ligo para dizer como foi o resto do dia por lá. Cuide da nossa Vice-presidente Financeira, ouviu bem! – Mário falou brincalhão, arrancando risadas de Beatriz, o que fez Armando sorrir. – Agora, preciso ir e enfrentar a fera. E pela maneira que falei com ela, estou metido em um problema gigante com a Marcela. Cruzes, Deus que me defenda daquela lá! – Disse Mário se benzendo, fazendo Armando e Betty gargalharem dele.

— Vá com Deus, Santo Mário Calderón! Mandarei construir um altar em sua homenagem na Ecomoda. – Armando comentou rindo com sarcasmo para Mário, que gargalhou de volta.

— E você, senhorita Beatriz Pinzón, seja forte e fique bem! Não vale a pena chorar por gente louca, acredite. – Mário se dirigiu a Betty com um meio sorriso encorajador.

— Muito obrigada, Mário. Eu terei isso em mente daqui por diante, fique tranquilo. – Respondeu Beatriz amigavelmente.

Os três se despediram e Armando, assim que Mário saiu, se virou para Betty e aconselhou ela a pegar um vestido leve e bonito na sua mala, dentro do carro, pois eles iriam tirar foto no Jardim Botânico, deixando-a surpresa.

Beatriz, mesmo sem entender muito o que aquilo significava, foi em direção ao carro e escolheu um vestido azul transpassado de tecido leve floral com babados. Foi até o banheiro do restaurante e se trocou, retocando a maquiagem e escovando os cabelos. Se iria tirar fotos, queria estar perfeita, ainda mais se era ao lado de Armando.

Armando aguardava tomando seu whisky, quando Beatriz retornou a mesa. Ela mais uma vez o deslumbrava e impressionava com sua beleza. Ele se perguntava como nunca havia notado o quão bela era sua Betty.

Armando pagou a conta e foram para o Jardim Botânico, onde encontraram a jornalista já com o fotógrafo. Betty se espantou quando Armando lhe apresentou e explicou do que se tratava.

— Armando, você tem certeza disso? Pensou bem nas consequências? – Questionou Beatriz com um semblante preocupado.

— Meu amor, todos já sabem. Só vamos tratar de dá-los certeza e com direito a uma linda foto de casal, para que não haja nenhuma dúvida. – Armando a olhava apaixonado e beijava sua mão.

— Meu amor, é que assim que essa matéria sair, todos definitivamente saberão, inclusive seus pais. E se eles forem contra? E se ameaçarem te deserdar? Meu Deus, não quero causar conflito entre você e sua família, Armando. – Preocupou-se Beatriz.

— Escuta, meu amor, fique tranquila! Se meus pais se importarem comigo, acabarão entendendo e aceitando. Caso contrário, não tenho medo de trabalhar. Tenho um capital, umas economias e sou perfeitamente capaz de começar do zero, ainda mais com uma mulher brilhante como você ao meu lado. – Armando dizia com seus olhos brilhando de amor por Beatriz e ela encantou-se com as suas palavras. – Se for preciso, enfrentaremos o mundo juntos. É só o que importa, que estejamos unidos.

Eles tiraram algumas fotos e Armando e Beatriz se despediram da jornalista, que afirmou que no dia seguinte mesmo a matéria seria publicada e ainda prometeu enviar para Armando as fotos. Armando pediu que enviassem mais cópias, para que pudessem colocar nos escritórios e em casa.

Enquanto entravam no carro, Armando perguntou se Beatriz se incomodava de passarem no mercado para fazer umas compras, antes de irem para o apartamento.

— Eu jamais me incomodaria de fazer nada que envolva ficar na sua companhia, doutor Mendoza. – Respondeu Betty docemente. – Claro que o supermercado é um lugar perigoso e terei que ter cuidado, pois a Sofia perdeu o marido justamente em uma dessas idas ao mercado – Acrescentou com humor.

— Mas você não corre esse risco, doutora Pinzón. – Disse arqueando as sobrancelhas divertido. - Lembre-se que você é a minha obsessão. – Armando fez uma referência ao que lhe disse na noite em que a beijou pela primeira vez, e Betty riu alto com o comentário.

Armando e Beatriz faziam compras animadas no supermercado. Era estranho para os dois fazer um programa tão caseiro e comum juntos, mas estavam felizes. Ele fazia questão de encher o carrinho com coisas que julgava que pudessem agradar Betty e ela ria do notável exagero dele ao ir pegando as coisas, até que se comoveu quando ele trouxe algumas garrafas do seu suco de amora. Ela achou tão lindo que ele se lembrasse e se preocupasse em agradá-la.

Betty, no entanto, se concentrava em pegar ingredientes para que pudesse cozinhar para eles. Ela não sabia cozinhar como sua mãe, mas conseguia se virar com algumas receitas.

Enquanto isso, Marcela ligava para Margarita para contar o descaramento de Armando. Ela fez de tudo para colocar a mãe de Armando contra o filho e principalmente contra Beatriz. Margarita e Roberto prometeram pegar o primeiro avião para Bogotá para averiguar a situação e dar apoio a Marcela.

Como sempre, Marcela usava Roberto e Margarita como ferramentas de manipulação contra Armando. Ela se aproveitava do carinho que ambos sentiam por ela, por tê-la criado como filha, para se vitimizar e os colocar ao seu favor e contra o próprio filho. E após conseguir a promessa de que viriam para Bogotá para apoiá-la, ela resolveu que iria confrontar Armando em seu apartamento assim que saísse da Ecomoda e jogaria todo seu charme para seduzi-lo. Com isso em mente, pegou suas coisas e saiu de sua sala como um furacão em direção ao elevador. Topou com Mário, que saía de sua sala também e lhe deu um olhar fulminante como se pudesse machucá-lo apenas com aquilo.

Armando e Betty haviam chegado ao apartamento dele e ele mostrava o ambiente para Beatriz que olhava todos os detalhes encantada. Era tudo de bom gosto e tinha a cara de Armando. Ela também ficou apaixonada por Rex, o husky siberiano de Armando, ele era tão amoroso e brincalhão. Ela sempre quis ter um cachorro, mas seu pai nunca permitiu.

Após explorarem o apartamento e Betty brincar com Rex, se conduziram a cozinha, onde guardavam as compras. Armando mostrava a Betty onde ficavam as coisas e eles conversavam animadamente, quando ouviram o barulho da porta batendo e se assustaram.