A MELHOR VERSÃO DE MIM

A Tempestade Em Nossos Corações


Ambos se perderam naquele beijo apaixonado. Era a primeira vez que se beijavam daquela maneira. Tinha tanta paixão e devoção naquele beijo, que Betty ficou com as pernas bambas.

Já Armando sentiu um misto de sensações que o enlouqueciam e, de repente, sem notar, estava a encostando na porta e a pressionando contra ele.

O beijo era quente e Armando, tomado pelo desejo, passou a explorar o corpo de Beatriz com as mãos, fazendo com que ela gemesse em seus lábios e se sentisse tonta.

Então, em um momento de lucidez, Betty lembrou-se de onde estavam e o afastou, tomando ar.

— Doutor, por favor, alguém pode entrar. – Dizia sem fôlego, correndo em seguida para sua sala.

Marcela entrou naquele momento e começou questionar a Armando sobre a transformação de Beatriz.

— Escuta aqui, Marcela, não venha com sua perseguição. – Dizia sem paciência alguma. – Eu não sei o que houve com a Beatriz. Se quiser, vá até ela e pergunte, mas que coisa! Você implica com tudo, meu Deus! O que você, eu ou qualquer outra pessoa tem com a vida da Beatriz?

— Eu só estou curiosa do porque tanta mudança. – Disse cheia de ironia e veneno.

— Olha aqui, Marcela, você não tem nada com isso. Aliás, não é da conta de ninguém. E eu não permito que você destrate ou seja maldosa com a Beatriz.

— Claro, a santa Beatriz! A que você protege desde o primeiro dia. – Dizia com ironia. – Aliás, é impressionante que você defenda mais a essa mulher do que eu que sou sua noiva.

— Quer saber, Marcela? Vá para o inferno! – Dizia aos berros. – Estou cansado de você, do seu veneno, da sua perseguição... E não vou permitir que você desconte toda sua raiva na Beatriz e nem que faça insinuações. Já chega!

— Então temos um impasse aqui, Armando Mendoza, porque quem está cheia sou eu. – Respondia aos berros também. – De modo que você terá que escolher agora. Ou você demite essa mulher imediatamente ou o casamento e nossa relação estão terminados. O que vai ser? Pense bem, pois não haverá volta.

— Pois então, deixe eu te responder logo, para que não fique esperando. Chega! Quem não quer nada contigo mais sou eu. – Dizia gritando completamente irado. – Não é segredo para ninguém que eu não te amo e que só ia me casar por conveniência. A verdade é que eu cansei. Não vou demitir a Beatriz e não me caso com você. E pode publicar nas revistas e ligar para os meus pais. Faça um escândalo, como tanto gosta. Eu não ligo. E tem outra coisa, vou mandar o Fred para pegar minhas coisas no seu apartamento, pois lá eu não volto mais. Agora saia da minha sala já. E feche a porta quando sair.

— Não acredito que vai fazer isso comigo, depois de todos esses anos. – Dizia gritando e chorando. – Fique tranquilo que vou para casa e faço sua mala. Mando tudo pelo Fred, não se preocupe. E vou para Miami ver a loja e não volto tão já. Então, não conte comigo por aqui por agora.

— Obrigado e boa viagem. – Disse fazendo pouco caso. – Mando o Fred logo buscar minhas coisas, assim não te atrapalha com suas malas e viagem.

Marcela saiu chorando descontrolada para a sala e depois correu para o elevador e não quis conversar nem com Patrícia.

O quartel convocou uma reunião de emergência no banheiro e Betty, que ouvira tudo, assim como toda a empresa, estava aos prantos na sala.

Assim que Marcela saiu, Armando se preocupou com Betty e foi até sua sala. Ao chegar, a viu encolhida na cadeira chorando e correu até ela a abraçando.

— Beatriz, por favor, não chore. – Pedia angustiado. – Olha, a Marcela é desse jeito, você sabe... Mas ela não vai mais se meter contigo, isso eu te juro.

— Mas, doutor... Ela desconfiou de mim e sabemos que tinha razão. Eu não a respeitei, não respeitei minha família, sua família e abandonei meus princípios.

— Beatriz, a culpa não é sua, por Deus! Eu fui buscá-la, eu dei em cima de você, a seduzi...

— Doutor, o senhor não me seduziu. – Fez uma pausa para tomar coragem e confessar o que guardava. – Eu o amei a primeira vista... Me apaixonei desde o dia em que o conheci. Portanto, eu apenas me permiti viver o que eu já desejava a muito tempo em segredo.

— Mas, como assim, Beatriz? E o Nicolas? O quartel disse que você estava apaixonada...

— Um dia a Mariana leu sobre um homem que eu amava muito, doutor. Elas começaram a questionar e eu, para disfarçar, pois não podia confessar que estava apaixonada pelo senhor, inventei sobre o Nicolas. O Nicolas e eu somos como irmãos, ele inclusive é apaixonado e sonha com a Patrícia. Eu sempre o vi como um irmão e ele sempre me viu como sua irmã. Tudo o que eu disse as meninas, foi apenas para que elas jamais desconfiassem que eu estava apaixonada pelo senhor, doutor.

Armando estava em choque com aquela revelação. Jamais poderia imaginar que fosse dessa maneira. Se era assim, estava cometendo um crime bem maior com Beatriz. Ela era um anjo e não merecia aquilo tudo. Estava desgraçando a vida dela.

— Beatriz, eu não sei o que te dizer, de verdade. Eu nunca notei. Meu Deus, em pensar em tudo que te fiz... – Estava com a expressão atormentada.

— A culpa foi minha, doutor. – Disse triste. – Eu não deveria ter entrado nisso, não deveria ter mudado... Toda essa confusão com dona Marcela é culpa minha.

Armando não aguentava vê-la daquela forma e não calculou muito as coisas, quando resolveu pôr um fim a toda a mentira. Sentia que não podia enganar aquele anjo. Ela não merecia.

— Beatriz, eu fui o culpado. Eu desconfiei de você e agi como um imoral, um canalha... – Fez uma pausa tomando coragem, já completamente atormentado. – No dia que soube do Nicolas, eu soube sobre as cartas e tive medo das reais intenções dele. Tive medo que ele a convencesse a me trair e que você, por amor a ele, o fizesse. Contei tudo para o Mário e ele me convenceu a seduzi-la, para que não me traísse e assim eu fiz. Essa é a verdade, Betty.

Beatriz ficou chocada, sentiu o mundo desmoronar sobre ela. Se desesperou e começou a chorar.

Armando sentiu o coração arrancado. Aquelas lágrimas e expressão dela o estavam matando. Se amaldiçoava por tudo.

— Beatriz, pelo amor de Deus, me perdoe. Eu sei que não tenho perdão e que fui um monstro, um canalha, mas eu nunca quis causar mal a você. Eu gosto muito de você, Betty.

— O senhor é um descarado, seu Armando. Porquê? – Gritava aos prantos. – Sempre fui incondicional com o senhor. Joguei minha vida ao seu lado.

— Betty, pelo amor de Deus, eu não sei o que me deu. Eu nunca quis te ferir. Perdão, por tudo o que é mais sagrado! – Chorava desesperado.

— Nunca mais se aproxime de mim. Me deixe em paz! – Dizia, enquanto recolhia suas coisas.

— Onde você vai? Por Deus, Beatriz!

— Eu vou sair daqui. Não volto hoje e nem mais essa semana. Vou fazer uma pequena viagem e pensar sobre toda essa sujeira. Pode descontar do meu salário ou me demitir.

— Não, não vou descontar ou te demitir. Eu te dou uma semana para descansar, mas, por favor, pense bem. Não me odeie. Eu sei que agi mal contigo, mas estou arrependido, por isso te conto a verdade.

— Me deixe em paz, doutor. E não se esforce tanto por mim, eu não vou roubar sua empresa e nem me vingar. Eu só quero distância disso tudo para pensar.

— Me diga ao menos para onde vai, pelo amor de Deus! – Implorava com o aspecto torturado.

— Vou para o interior, para a casa de umas tias.

Betty saiu como um foguete e passou sem falar com ninguém.

Mário entrou na presidência para saber o que passava e Armando o contou sobre Marcela e sobre Beatriz.

— Você é um imbecil, Armando! Jogou fora tudo com as duas mulheres que tem sua vida nas mãos. – Acusava Mário transtornado.