– Will, eu gostaria muito de conhecer a sua casa. Se você puder parar de me encarar como se eu fosse uma obra de Da Vinci, agradeceria. - ele se ajeitou constrangido.
– Desculpe é que você está incrivelmente linda. - sorri sem jeito.
– Obrigada, mesmo. Agora, posso? - perguntei apontando para a sala. Richard e minha mãe tinham sumido depois de rirem da cena.
– Claro, entre. Quero te mostrar tudo. - eu entrei meio relutante. O loft deles parecia tirado de revista. Todos os móveis, quadros, almofadas, cada detalhe era do mais puro estilo e glamour.
– Sua casa é incrível. - ele sorriu sem graça.
– Obrigado, não mexemos em nada desde que minha mãe morreu. - eu assenti sem saber o que dizer. No meio da sala uma escada e no fundo um piano preto com detalhes dourados, o meu sonho resumido em um cômodo.
– Por que não me disse que tinha um piano em casa? - Will deu de ombros.
– Não achei que fosse relevante e você também nunca perguntou.
– Ele é lindo.
– Depois deixo você tocar se quiser. - concordei sem tirar os olhos dele. - Eu até queria te mostrar a cozinha e tal, mas nossos pais estão lá e bom, não quero que fique uma coisa chata.
– Claro, o que vai me mostrar agora?
– Quero que conheça meu quarto. - sorri.
– Espero que esteja arrumado. - ele riu.
– Claro que está, não ia dar um mole desses.
Subimos a escada branca de mãos dadas, as mãos de Will eram firmes e se encaixavam perfeitamente nas minhas. Fico pensando se algum dia eu encontraria outro par tão perfeito para as minhas próprias mãos.
A escada dava para um corredor não muito grande com quatro portas todas em madeira lisa, me deixando um pouco confusa.
– O meu quarto é a última porta do corredor.
– Estou curiosa. - ele sorriu.
– Não é nada espetacular. - eu não respondi, apenas esperei ele abrir a porta.
Talvez a palavra espetacular se encaixasse perfeitamente na definição do quarto dele. A primeira coisa que eu vi foi uma parede toda de vidro em que você tinha uma visão perfeita do rio East que brilhava suntuoso iluminado por todas as luzes de Nova York. Uma parede lateral era coberta por livros e Cd's, enquanto outra tinha uma televisão maior do que a da minha casa, sua cama era enorme com uma colcha que parecia muito macia. Na parede do lado esquerdo ficava o closet que parecia ser maior que meu quarto, com bancos e poltronas, suas camisas pareciam irritantemente arrumadas por cor. Dentro tinha uma porta, onde provavelmente era uma suíte.
Eu andava pelo quarto com uma admiração silenciosa, não esperava nada tão luxuoso. Fiquei um pouco constrangida pelo meu quarto por um tempo, mas o sentimento foi sumindo ao perceber seu olhar.
– Incrível. - falei e ele deu de ombros.
– Não é nada demais. - eu sorri.
– Acredite em mim, é sim. Estou encantada por essa vista.
– Essa é minha parte favorita. Ás vezes fico sentado escutando música apenas encarando, analisando e curtindo essa parte de Nova York.
– Acho que você é bem chato com arrumação também. Isso parece estar irritantemente organizado, até pra mim. - ele riu.
– Talvez eu seja um pouco chato com isso.
– Talvez... - Will me abraçou e beijou o meu pescoço no ponto exato em que ele podia sentir os batimentos do meu coração que estavam começando a acelerar.
Meu corpo entrou em estado de alerta, ele me virou e eu encarei seus olhos. Hoje eles estavam verde escuro de um jeito sedutor, sua boca estava ligeiramente rígida o que acontecia quando ele estava tentando se controlar. No fundo a última coisa que eu queria era me controlar, mas ao mesmo tempo eu pensava nos nossos pais lá embaixo.
– Você está linda. - sua voz era um sussurro rouco. Eu não podia responder isso, eu só queria beijá-lo e sentir o seu corpo grudado no meu. E foi o que eu fiz.
Eu apenas rocei meus lábios nos dele devagar e depois me afastei, sabendo que isso o enlouquecia. Ele abriu os olhos e senti seu olhar quase em desespero. William apertou minha cintura e me puxou de encontro a seu corpo, automaticamente me beijou com intensidade e força, passei minhas mãos nos seus ombros sentindo a força rígida dos músculos do seu braço mesmo pela camisa. Suas mãos deslizaram para as minhas costas e eu não queria que ele parasse, nunca.
Eu me afastei devagar apenas para ajeitar meu vestido, sentei na sua cama e nesse pequeno espaço de tempo meu corpo reclamou da ausência do corpo dele. Will nem pensou antes de andar na minha direção e me beijando ao mesmo tempo em que me deitava em sua cama. De alguma forma eu sentia cada parte do seu corpo sobre o meu, mas não estava sendo esmagada pelo corpo dele. Mas eu queria mais, desabotoei devagar os botões da sua camisa sem parar de beijá-lo, ele só percebeu depois que eu estava tirando ela pelos seus ombros.
– Jessica... - eu o calei com os meus lábios. Passei meus dedos pelo seu abdômen rígido, enquanto ele passava a mão pela minha coxa. Meu vestido subiu um pouco e isso pareceu enlouquecê-lo. Afundamos mais na cama e não sei onde íamos parar se não ouvíssemos uma batida na porta, na verdade sabia exatamente o que ia acontecer.
Nos afastamos em um pulo, eu ajeitei meu vestido rapidamente enquanto Will pegava sua camisa. A pessoa na porta não esperou a resposta, mas a abriu com cautela. Era o Richard.
Ele nos encarou primeiro surpreso, depois deu um sorriso de canto de boca singelo. Ele pareceu encarar tudo, meu vestido amassado, a cama desarrumada, Will colocando a camisa e passando a mão no cabelo totalmente desalinhado.
– O jantar está na mesa. - assentimos sem falar nada. - E por favor, se arrumem antes de descer. Não queremos que Ellie pire.
Eu não podia estar mais constrangida, Richard fechou a porta e eu encarei Will provavelmente vermelha. Seus olhos ainda estavam escuros, seu cabelo totalmente bagunçado e para minha surpresa tinha um arranhão no seu abdômen.
– Eu sinto muito. - falei em voz baixa.
– Não sinta, porque eu não sinto. - sorri sem jeito.
– Acho que não me controlei o suficiente. - ele deu de ombros.
– Nem eu. Esqueci completamente da presença do meu pai. - ele levantou e me ofereceu sua mão. - Vamos?
– Claro. - a aceitei de bom grado. Ajeitei rapidamente meu cabelo e tentei esticar o vestido.
– E Jessie, da próxima vez que usar esse vestido, tente não ficar sozinha comigo. - seu tom era quase sério e me fez rir, me aproximei do seu ouvido e sussurrei.
– Sem promessas. - o olhar que ele me deu quase me fez desistir do jantar.
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– Vocês demoraram. - minha mãe falou com a voz calma, eu sabia o que ela estava pensando.
– Will estava me mostrando o quarto dele e acabamos nos distraindo. - falei de certa forma a verdade.
A sala de jantar era bonita de forma luxuosa, o lustre acima da mesa parecia reluzir diante da mesa de vidro. As cadeiras acolchoadas eram de madeira escura e os pratos pareciam de porcelana.
– Então, vamos comer? - perguntou Richard dando o assunto por encerrado. Sentei ao lado de Will que estava sentando de frente para o pai, minha mãe estava sentada na minha frente me encarando com uma curiosidade evidente.
Os primeiros minutos do jantar se passaram em silêncio, eu não sabia exatamente o que estava comendo, mas era incrivelmente delicioso. Depois de um tempo, minha mãe e Richard entraram em uma conversa animada contando uma história sobre o trabalho. Eu tentei prestar atenção, mas minha mente não conseguia focar, toda hora eu pensava no que tinha acontecido no quarto de Will.
– Jessica, você está me ouvindo? - eu levantei a cabeça, todos olhavam pra mim como se esperasse uma resposta minha.
– Desculpe, o que disse?
– Eu perguntei se vocês vão fazer algo amanhã? - Richard perguntou de um jeito compreensível, como se ele soubesse o que eu estava pensando.
– Ah sim, eu e Will temos uma festa amanhã a noite, mas creio que de dia nada. - William olhou pra mim surpreso.
– Nós temos?
– Temos, depois falo com você sobre isso. - se ficou curioso não demonstrou, no fundo eu queria evitar falar sobre o que tinha acontecido com Nathan para ele. Mas não ia conseguir esconder.
– Pensamos em fazer um piquenique amanhã, vocês iam com a gente? - perguntou minha mãe. Eu tinha pensando em várias coisas mais interessantes pra fazer amanhã do que sair com eles, inclusive fazer nada. Mas minha mãe estava feliz, olhei rapidamente para Will que assentiu delicadamente.
– Claro, vamos sim. - o rosto da minha mãe se iluminou.
– Ah que ótimo, vai ser tão divertido. - o resto de nós apenas concordou, não estávamos tão animados quanto minha mãe.
Eles voltaram a falar sobre o que estavam falando antes e minha mente voltou a vagar. O que eu contaria para Will? Tudo? Deveria omitir algumas partes? No fundo gostaria de ter coragem de não contar algumas coisas, William podia saber que eu ainda não tinha esquecido totalmente Nathan, mas saber que ele gostava de mim era bem diferente.
– Você está bem? - perguntou Will pra mim em um sussurro. Seu olhar estava claro novamente, ele me olhava preocupado.
– Sim, estou. A gente tem que conversar. - falei e eu senti seu ombro ficando tenso.
– Tudo bem. - ele parecia confuso, eu o assustara. A frase "A gente tem que conversar" assusta todo mundo.
Depois disso pude sentir que Will estava tenso, ele não relaxou mais em momento nenhum durante o resto do jantar. Eu queria tranquilizá-lo, mas não faria isso. Talvez o que eu fosse falar não ajudasse.
– O que aconteceu com vocês dois? Parecem estar dentro dos próprios mundos. - comentou minha mãe e eu dei de ombros.
– Não é nada. - Richard olhou de mim para Will.
– Acho que eles tem que conversar, Ellie. - comentou gentilmente. Fiquei me perguntando como o pai do William podia enxergar tão longe, era melhor nisso que minha mãe e olha que ela era realmente boa.
– Então podem ir, melhor do que ficarem aqui sem estarem realmente aqui. - eu me levantei em silêncio. Will não olhava pra mim.
Me afastei devagar seguindo William em direção ao seu quarto. A cama dele ainda estava bagunçada, meu corpo se arrepiou com a lembrança, mas ele achou que eu estivesse com frio.
– Quer um casaco? - eu recusei sem falar nada. - Então senta em algum lugar.
Eu sentei em um sofá de frente para a parede de vidro, ele sentou ao meu lado e puxou minhas pernas para o seu colo. Tirou minhas sandálias e começou a fazer carinho no meu pé, como ele conseguia ser tão fofo?
– O que quer conversar comigo?
– Nathan foi ao meu quarto ontem. - não sei o que Will esperava, mas com certeza não era isso. Seu rosto se transformou em um misto de surpresa e desconfiança.
– Como assim? - perguntou confuso.
– Depois que você saiu lá de casa, eu me arrumei para dormir e ele bateu na minha janela.
– E você abriu. - senti uma pontada de irritação na voz dele e me encolhi no sofá.
– Sim, eu fiquei curiosa. Depois de três meses ele de repente aparece lá em casa, eu queria saber o que ele queria.
– Então, me conte. - e eu contei.
Comecei com o fato dele não gostar da Megan, mas quando cheguei na parte que ele se declarou pra mim falei devagar, tentando parecer que eu não me importava. Will olhava dentro dos meus olhos, embora eu soubesse que ele estava tentando não demonstrar sentimento nenhum, seus olhos não mentiam. Terminei de contar e um silêncio se estalou no quarto.
– Então ele é apaixonado por você. - eu assenti e ele olhou para a vista na nossa frente.
– Eu não esperava por isso, não depois de todo esse tempo. Fiquei realmente surpresa.
– E você gosta dele. - suas palavras me acertaram como um tapa, não pelo o que ele disse, mas como ele disse. Sua voz parecia controlada de um jeito forçado, como se ele estivesse se esforçando muito para não se importar.
– Acho que eu... Não sei. - confessei.
– Não foi uma pergunta. - eu olhei pra frente também, se eu forçasse a vista quase conseguia ver Long Island ao longe.
– Eu sinto muito. - falei em um sussurro.
– Não tem que se desculpar. Não fez nada de errado.
– Mas eu me sinto culpada, sinto que estou te traindo.
– Não está me traindo, no fundo eu sabia que você ainda gostava dele. Só que confesso que tinha esperança de você já ter superado.
– Eu também, eu queria ter superado. Queria te dar a certeza de que você é a única pessoa que eu vejo, mas não posso mentir pra você. - ele suspirou.
– Talvez a mentira doesse menos. - outro tapa, dessa vez mais forte, minha garganta ficou seca. Tirei minhas pernas do seu colo e me encolhi no sofá.
– Não ia conseguir fazer isso. Pode até achar que não, mas eu gosto de você o suficiente para não ter coragem de mentir pra você. Will, você é importante demais. - eu me peguei falando isso e me surpreendi. Era verdade, eu sabia que era verdade, mas fiquei surpresa por ter falado isso em voz alta.
William me encarou e eu o encarei de volta, eu não consegui decifrar o que se passava na sua mente, mas para minha surpresa ele me puxou gentilmente para perto. Ele me fez deitar ao seu lado e eu entrelacei minhas pernas nas dele, um braço dele passou em volta da minha cintura me abraçando e com a outra mão começou a fazer carinho na minha mão. Ele ficou em silêncio por um tempo, e eu achei que ele não fosse falar mais nada.
– Eu estou me apaixonando por você. - ele sentiu a minha surpresa. Estávamos namorando, mas nesses meses nunca tínhamos nos declarado um para o outro. Eu não queria pressioná-lo, até porque não tinha certeza dos meus sentimentos por ele e ele a mesma coisa, até agora. Meu corpo ficou tenso e ele percebeu. - Jessica, não quero que você responda agora, não farei nada diante disso desde que você não saia daqui.
Eu analisei tudo naquele momento, eu me sentia tão segura nos braços dele que não queria sair. Na verdade, eu queria ficar ali para sempre. Sua mão estava macia diante da minha, seu corpo me aquecia e me dava confiança, nossas mãos se encaixavam perfeitamente, ele conseguia me entender de um jeito surpreendente, o seu beijo mexia comigo de um maneira inexplicável, eu não podia pedir nada além disso.
– Eu não vou a lugar nenhum. - minha voz era um sussurro, mas mesmo assim o senti relaxar. E ficamos assim, abraçados, eu podia sentir seu coração batendo me acalmando. Eu não podia ver, mas podia jurar que ele estava sorrindo.

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