>> Três meses depois...
– Não seja ridícula, Jessica. Você e Will são uma coisa só. - eu revirei os olhos diante dessa afirmação. Charlie tirou o dia para me atormentar.
– Charlotte, o Will apareceu na minha vida quando ambos estavam precisando de atenção e carinho. Então suprimos essa necessidade um no outro.
– Jessica, eu só disse que agora que vocês são namorados a gente nem se fala mais com frequência.
– Ah, por favor, Charlie. Eu tenho o Will, você tem o Austin e todos saem ganhando.
– Mas eu não troco o meu namorado por você, nunca. Eu mal te vejo.
– E o que está acontecendo agora? - foi a vez dela de revirar os olhos.
– Na escola não conta, Jessica. Porque aqui você não tem escolha. - eu suspirei.
– Tudo bem, tudo bem. Eu sinto muito, podemos sair hoje depois da escola se você quiser.
– Ótimo, fico muitíssimo feliz. Eu aviso ao Austin que hoje ele não tem carona e você avisa ao Will que ele não precisa vir te buscar.
– Combinado.
Eu sabia que isso ia acontecer, eu realmente me afastei da Charlie nas últimas semanas (talvez meses), mas é que eu amava estar com o Will e ela amava estar com o Austin. Nós nos separamos automaticamente. Eu não imaginava que depois de tanto reclamar, Charlie ia finalmente se render ao charme do seu parceiro de laboratório. Ele realmente parecia ser um garoto legal, embora andasse sempre com o Nathan que não era um garoto tão legal assim e esse também era um dos motivos pelos quais eu não saía mais com Charlie.
Austin e Charlie sempre saíam com Nathan e Megan, e isso era algo que eu não podia competir. Não queria entrar nesses joguinhos. Eu e Nathan tínhamos nos afastados de vez, eu só falava com ele na aula de laboratório e mesmo assim porque não tínhamos escolha.
– Jessica, em que mundo você está? - perguntou Charlie estalando os dedos na frente do meu rosto.
– Desculpe, eu estava pensando.
– Em que exatamente? - eu suspirei.
– No Nathan. - Charlie fez uma careta.
– Depois de tanto tempo, sério? - eu dei de ombros.
– Não do jeito que está pensando. Só pensei no quanto a gente se afastou, só isso.
– Jessie, você tem o Will e vamos ser sinceras, várias garotas morreriam para estar no seu lugar. - eu apenas dei de ombros.
– Vou ligar para o William e avisar que vou sair com você. Okay? - ela sorriu.
– Mais que perfeito, me espera aqui em frente ao meu armário que eu vou falar com o Austin. - eu assenti e ela foi atrás dele pelo corredor.
– My girl, como vai? - falou Will assim que atendeu.
– Estou ótima e você?
– Tudo perfeito. Estava conversando com uns amigos, mas já estava indo te buscar.
– Então sobre isso que eu queria falar. Charlie quer sair comigo hoje e eu não posso negar esse pedido pra ela. Estamos a bastante tempo sem sair para conversar.
– Tudo bem, você tem razão. Se diverte um pouco, eu vou ficar por aqui com uns amigos, talvez eu vá no Central Park mais tarde.
– Divirta-se também, você passa lá em casa mais tarde?
– Se você quiser. - eu sorri.
– Claro que quero. Pode chegar a hora que quiser. - eu não podia ver mas sabia que ele estava sorrindo.
– A hora que quiser depois das 19 hrs, porque antes disso sua mãe não está em casa e eu não quero problemas.
– Você entendeu o que eu quis dizer. - ele riu.
– Sim, eu entendi. Beijos, honey. Até mais tarde.
– Beijos, até mais tarde. - eu desliguei o telefone assim que Charlie apareceu ao meu lado.
Ela sorria e digitava alguma coisa no celular, pelo olhar dela estava falando com Austin. Ver Charlie apaixonada e feliz me deixava feliz.
– Então, vamos? - perguntei e ela levantou o olhar.
– Ah claro, desculpe. Vamos sim. Que tal ao shopping?
– Desde que a gente possa comer. - ela sorriu.
– Mas é claro.
>>o

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


– Então, Charlotte, como o seu coração está? - ela sorriu meio boba. Estávamos sentadas no meio da praça de alimentação com hambúrgueres enormes e batatas cheias de cheddar e bacon. Eu não poderia estar mais feliz.
– Ah, Jessie. O Austin é um namorado incrível. No começo foi engraçado porque eu só conseguia pensar que ele era amigo de Nathan e consequentemente, deveria ser um idiota.
– Um pensamento que faz todo sentido.
– Mas quando eu dei uma chance pra ele, percebi que não. Pra começar ele foi o único amigo do Nathan que foi contra o namoro dele com a Megan e quem me disse isso foi o próprio Nathan. - confesso que fiquei um pouco surpresa.
– Por que ele foi contra?
– Pra começar eles parecem ter tudo a ver, mas não tem. Só são bonitos e parecem um casal tirado de uma revista, de resto são como óleo e água.
– Então por que estão juntos? - ela deu de ombros.
– Eles, com certeza, gostam de se beijar já que fazem isso com muita frequência. Cá entre nós, acho que ele estão sempre se beijando porque não conseguem conversar. - eu encarei meu hambúrguer pensativa.
– Eu não consigo entendê-lo, acho que é por isso que não consigo mais ser amiga dele. - Charlie suspirou.
– Jessie, enquanto ele não mudar pode ter certeza que nem a sua amizade ele merece. - eu assenti.
– Você está mais que certa, eu sei disso.
– O que me lembra uma coisa. - eu esperei, de repente Charlie tinha tomado um tom sério.
– Nesse sábado é aniversário do Nathan e ele vai dar uma festa na casa dele. - minha primeira reação foi ficar magoada, mas depois pensei porque estaria magoada.
– E você vai? - perguntei meio sem jeito, ela deu de ombros.
– Ah Jessie, Austin é muito amigo do Nathan. Não posso deixar de ir. - assenti.
– Você está certa, só vai ser meio chato ver uma festa acontecendo do lado da minha casa, a casa do meu ex-amigo. - Charlie me encarou sem jeito.
– Não tem que se preocupar com isso. A festa com certeza vai ser muito chata. - eu sorri.
– Não, não vai. Mas obrigada por tentar amenizar a situação.
Depois dessa notícia feliz, ficamos quietas por um tempo. Acho que Charlie estava meio constrangida com o fato de ir à festa, mas ao mesmo tempo se sentia na obrigação de contar.
Então Nathan ia fazer uma festa de aniversário. E ele nem tinha comentado nada comigo, acho que não tinha porque dizer alguma coisa, mas mesmo assim... Eu estava sendo patética e isso estava começando a me irritar.
>>o


Will tinha acabado de sair da minha casa, eu estava cansada e precisava de um banho quente. Ultimamente como a namorada do Will eu não precisava fazer qualquer coisa para relaxar, mas hoje especificamente eu precisava de água quente.
Já saí meio sonolenta pronta para cair na cama e dormir a noite inteira, mas antes que eu pudesse pensar na possibilidade uma batida na janela me assustou. Eu fiquei encarando ele sem fazer nada, depois de meses essa é a maneira que ele achou para chamar a minha atenção. Eu pensei em deixá-lo lá, ignorá-lo e ir dormir, mas eu simplesmente não conseguia. Depois de um longo suspiro teatral abri a janela e deixei ele entrar.
– O que você está fazendo aqui? - perguntei sem rodeios.
– Boa noite, Jessica.
– Boa noite, Nathan. O que você está fazendo aqui?
– Eu queria conversar com você. Eu precisava conversar com você. - eu o encarei por um tempo séria e tentei me manter impassível.
– Se a sua namorada souber que está aqui não ficará feliz e eu tenho certeza que o meu namorado também não.
– Então você está realmente namorando aquele cara?
– Achei que você soubesse.
– Mas eu queria ouvir da sua boca. - eu suspirei.
– A última vez em que conversamos as coisas saíram do controle. Não quero que aquela noite se repita. - ele respirou fundo e caminhou pelo meu quarto.
– De alguma forma seu quarto está diferente. - dei de ombros.
– Mudei algumas coisas. - mas eu sabia o que ele estava olhando. Meu quarto estava cheio de fotos minhas com o Will ou sozinhos ou com nossos pais ou até mesmo com a Charlie e Austin.
– Então está mesmo apaixonada por ele? - não sabia se ia conseguir responder essa pergunta não enquanto ele olhava desse jeito pra mim, tinha medo da minha voz falhar.
– E você? Está mesmo apaixonado pela Megan? - ele não respondeu também. O que me fez pensar, novamente, por que estava com ela. Nathan sentou na minha cama e encostou a cabeça na cabeceira de olhos fechados, sentei ao seu lado relutante.
– Nathan, o que veio fazer aqui? - perguntei dessa vez de um jeito suave, quase como um sussurro.
– Eu não sei o que fazer, Jessie. - o tom de voz dele era cortante.
– Por quê? O que aconteceu?
– Eu deveria gostar da Megan, deveria sentir algo por ela. Mas a única coisa que eu sinto é talvez um carinho.
– Então por que está com ela? - ele olhou dentro dos meus olhos e falou de uma vez sem respirar.
– Porque não posso estar com você. - eu prendi a respiração. Eu não conseguia acreditar que ele realmente tinha dito o que eu achava que ele tinha dito.
– O que disse?
– Eu estou com Megan porque eu não posso ficar com você. - dessa vez ele falou pausadamente, mas não tornou mais real.
– Você não tem o direito de dizer isso pra mim. - minha voz era um sussurro no silêncio da noite. Ele me olhava com um misto de curiosidade, mágoa e algo que eu não conseguia identificar.
– Por que não, Jessie? Por que isso é tão errado? - eu fechei os olhos, eu não ia chorar, eu não podia.
– Eu só... Desde quando... Como... - eu não sabia como terminar essa frase, ela só não fazia sentido.
– Desde que conversamos a primeira vez aqui no seu quarto. Desde aquele dia eu só consigo pensar em te agradar, em te fazer sorrir, em... - ele respirou fundo.
– Mas... - eu não conseguia dizer absolutamente nada.
– Acho que estou apaixonado por você. - essa frase fez tudo virar de ponta cabeça, tudo. Ele falou em um sussurro e me encarava com esperança, mas ao mesmo tempo dúvida. Eu não podia mais segurar o misto de emoções que formava dentro de mim.
– Isso não é justo! - eu estava quase gritando. As palavras saíam da minha boca como rios de águas turbulentas. - Eu passei cinco anos, Nathan, cinco anos apaixonada por você. Eu ficava idealizando esse exato momento em que você me dissesse a mesma coisa. Quando você se mudou para a casa do meu lado eu não podia acreditar no tamanho da minha sorte, cada conversa que tínhamos, cada beijo me acendia e me dava esperança ao mesmo tempo que me matava porque você não sentia o mesmo. E agora depois de tudo, depois que eu comecei a superar, agora que eu estou namorando outra pessoa, um garoto incrível, você entra no meu quarto e diz que está apaixonado por mim?
Nathan estava quase assustado, na verdade ele estava surpreso. Seus olhos me encaravam como se eu tivesse estapeado ele e talvez eu tivesse feito isso se ele não me encarasse com tanta dúvida.
– Você foi apaixonada por mim durante cinco anos? Como eu nunca tinha percebido? - eu dei uma risada sem humor.
– Você nem tinha percebido a minha presença na sala quanto mais que eu era apaixonada por você. - ele me encarava confuso.
– Mas por que você não disse? Por que você não contou pra mim desde o começo?
– Porque eu estava com medo. Como eu ia saber que você ia retribuir o meu sentimento? E por que você não falou pra mim? Por que não me contou que estava se apaixonando por mim desde o começo?
– Eu também estava com medo e confuso. Eu mal te conhecia e estava com medo de ter interpretado os meus sentimentos de forma errada.
– Mas por que agora? Por que depois de tanto tempo? Por que começou a namorar a Megan? - ele suspirou.
– No começo achei que você não sentia o mesmo por mim, que me via como amigo. Depois as minhas suspeitas foram confirmadas quando vi o Will no seu quarto. Então achei que a Megan ia fazer com que eu esquecesse de você.
– E por que agora? Por que não deixou isso pra lá? - nessa altura estávamos quase gritando, os dois.
– Porque eu não consigo mais, Jessie. O sentimento que eu tenho por você está me sufocando. Todo semana fazemos trabalhos de laboratório juntos e eu tenho vontade de te tocar, te beijar. Mas você continua fria e me ignora depois da aula, eu não sabia mais o que fazer. Eu precisava falar pra você, eu precisava de você.
Eu encarava seus olhos, a luz da Lua estava refletindo neles fazendo o castanho ficar bem mais claro. Seu cabelo estava bagunçado e sua roupa cheirava a sabão em pó. Eu sabia que no fundo eu o desejava, mas eu não podia fazer isso comigo e sabia exatamente o motivo.
– Nathan, eu quero que seja sincero comigo, que me fale a verdade.
– Claro, o que você quiser. - eu virei pra ele e peguei suas mãos.
– Se eu decidi terminar com o Will e ficar com você, estaria disposto a largar tudo por mim? - ele não me respondeu de imediato.
– Como assim?
– Largar os seus amigos que não te acrescentam nada, não te valorizam, mal te conhecem. Obviamente, largar a Megan e tudo o que ela representa. Status e popularidade. Abriria mão disso pra ficar comigo? - ele suspirou e olhou para as pernas.
– Jessie, eu... eu só... - eu tirei as minhas mãos das dele. Eu sabia que ele ia andar pra trás, eu sabia.
– Nathan, enquanto você não for você mesmo com todo mundo o tempo todo as coisas não vão fluir entre nós. Eu não consigo entender essa sua loucura com esses amigos, essa compulsão que tem em ser seguido e adorado. Eu não consigo participar disso.
– Mas eu amo você. - nessa hora as lágrimas quase desceram, quase.
– Não ama, não. Quando a gente ama alguém larga tudo por ela, faz qualquer coisa para estar com ela e não coloca condições. - ele voltou a olhar pra mim.
– Mas não é isso que você está fazendo? Colocando condições?
– Não, eu estou tentando abrir os seus olhos para a estupidez que você está caminhando. Estou tentando fazer você entender que é muito mais fácil ser você mesmo o tempo todo. Sem precisar mentir ou omitir. Criar uma personalidade, ter opinião própria. - ele levantou e chegou perto da janela.
– Eu não quero entrar nesse assunto com você, eu só queria que você soubesse o que eu sentia. Eu esperava que... eu só... Jessie, eu tinha esperanças de que você fosse me aceitar por inteiro. - eu levantei e olhei dentro dos seus olhos.
– Mas eu quero te aceitar por inteiro, quero ter todas as partes de você pra mim. Só que pra isso eu preciso saber que você é por inteiro com todo mundo. - Nathan pegou uma mecha do meu cabelo e enrolou no dedo.
– Quero que venha na minha festa de aniversário no sábado, de um jeito ou de outro. Você é muito importante pra mim, acredite ou não. Leve seu... seu namorado se quiser, mas venha por favor. - eu assenti de olhos fechados. Ele se inclinou e beijou a minha bochecha o mais suave possível, com calma e delicadeza. Acho que era o máximo que podia fazer já que não podia ser minha boca.
– Boa noite, Jessica. - falou em um sussurro bem perto do meu ouvido. Cada parte do meu corpo se arrepiou. Ele voltou para casa, mas antes de fechar a cortina me olhou.
– Boa noite, Nathan. - sussurrei de volta, ele pressionou os lábios e fechou a cortina.
E depois de três meses entre sorrisos e alegria, eu me permiti chorar. Chorar pela decepção, por perceber que eu ainda era apaixonada por aquele garoto. Chorei pela sua teimosia e por Will, eu não estava sendo justa com ele. Mas não podia perdê-lo agora, era egoísta demais pra isso. E antes que eu percebesse já estava dormindo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!