Will estacionou o carro em frente a minha casa exatamente ás 7:30 da manhã. Eu nunca tinha chegado tão tarde (ou cedo) em casa, o que era algo bom. Eu estava crescendo.
– Será que meu pai ainda está aí? - perguntou Will e eu ri.
– Seria engraçado.
– Prepare-se. - falou e eu sorri.
Entramos em casa devagar e em silêncio, o paletó de Richard estava no sofá, mas nem sinal dos dois. Eu encarei Will sorrindo e apontei para o quarto.
– Será? - perguntou ele em um sussurro.
– Não sei, mas não quero descobrir. Vem cá. - entramos no meu quarto e eu fechei a porta devagar.
– Pois bem, fique a vontade. Eu vou tomar um banho para dormir um pouco, se quiser pode puxar a cama debaixo e se jogar. - ele sorriu.
– Obrigado. - entrei no closet, peguei meu short de moletom e uma blusa qualquer e fui tomar banho.
Ao deixar a água quente cair pelo meu corpo, pensei nas coisas que fiz durante a noite. Todos as danças, o beijo de um desconhecido, as bebidas e o mais intrigante: o abraço encarando o céu no final.
– Então, Will, eu... - comecei, mas esqueci o que ia falar assim que o vi. Para minha surpresa, William tinha tirado a camisa e os sapatos e me encarava surpreso também.
– O que foi? - seu corpo era extremamente definido de um jeito... maravilhoso. - Jessie?
– Hum...?
– Você estava falando alguma coisa. - eu pisquei alguma vezes e sorri.
– Eu só queria saber se vai dormir. Não tenho nada masculino para te emprestar, desculpe.
– Sem problema, só preciso de um cochilo. - eu ri.
– Pode abrir a janela pra mim? Está um pouco quente aqui. Vou pegar lençóis para forrar o colchão.
Ainda estava desconcertada quando fui pegar a roupa de cama, não estava preparada para cena que vi. Will era mesmo lindo! Não tive tempo para pensar muito nisso, porque ele me gritou com ar de divertimento.
– O que... - comecei, mas o vi. Nathan estava dentro do meu quarto, encarando o Will com uma cara engraçada, seria raiva? Ciúme talvez?
– Jessica, quem é esse cara? - Will estava rindo encostado na parede, apenas de calça o que não ajudava em nada.
– Bom dia para você também, Nathan.
– Bom dia, quem é esse cara?
– Esse é o Will, filho do namorado da minha mãe.
– Will? - falou com total desprezo, o que no fundo era até engraçado.
– Sim, William. - Will foi em direção a ele e esticou a mão, mas Nathan não apertou.
– Prazer em conhecê-lo também. - disse com divertimento meu "irmão".
– Por que ele está sem camisa?
– Nós íamos dormir, estamos mortos.
– E você está de short e cabelo solto.
– Sim, eu estou. - ele franziu a sobrancelha.
– Você levou a sério mesmo o meu conselho. - sussurrou, eu revirei os olhos.
– Você quer alguma coisa, amigo? - frisei bem a palavra "amigo".
– Vocês só chegaram agora? Desde aquela hora que você saíram ontem?
– Algum problema com isso, Nathan? - perguntei e ele respirou fundo.
– Acho que não. - Will ficou do meu lado e colocou a mão dele na minha cintura, não tentei impedir porque a situação estava divertida.
– E vocês estão... É, fizeram... hum... ficaram... - eu o encarei.
– O que foi? O que quer saber? - ele suspirou.
– Nada, deixa pra lá.
– Bom dia, Nathan. - falei, ele veio na minha direção e beijou a minha bochecha.
– Bom dia, Jessie. - ele voltou para o quarto dele pela janela enquanto Will riu com gosto.
Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Will pegou a minha mão e me girou pelo quarto como uma dança. Eu ria sem parar e ele também, nem percebi se o Nathan ainda estava vendo, só nos divertimos.
– O que foi isso? - perguntei.
– Acho que a pergunta está mais que respondida.
– Qual pergunta?
– Nathan gosta mesmo de você.
– Acho que ele estava com ciúme.
– Você acha? Eu tenho certeza. - eu ri sem graça.
– Bem, acho que agora vamos dormir.
– Esse garoto está possesso. Acho que ele está pensando em jeitos de me matar. - eu revirei os olhos.
– Não exagera. - peguei os lençóis e joguei pra ele. Deitei na minha cama e me cobri, ele fez o mesmo na cama debaixo.
– Sabe, Jessie, agora tenho certeza que o meu plano vai funcionar.
– Qual é o plano?
– Você vai saber quando chegar a hora. - eu suspirei.
– Então tá, só não abusa. - fechei os olhos e procurei relaxar. Alguns minutos depois, já estava dormindo.

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Eu abri os olhos devagar, Will ainda dormia na cama debaixo, ele parecia sereno e ficava mais lindo com o cabelo bagunçado (o fato de estar sem camisa ajuda).
– Por que você está me encarando? - perguntou ele me assustando.
– Ah, eu não sabia que estava acordado.
– Acabei de acordar. Que horas são? - eu levantei os olhos para o relógio em cima da minha mesinha.
– São 13:30. Acho que está na hora de levantar, vamos?
– Será que nossos pais já levantaram?
– Eu espero mesmo que sim, estou com fome. - ele sorriu e levantou. Antes que eu pudesse me mexer ele se espreguiçou, me deixando constrangida. Eu só conseguia olhar para uma coisa...
– Jessie, eu já levantei. - eu cobri a minha cabeça com o lençol e me afundei mais na cama.
– Estou com muita preguiça.
– Mas você não disse que estava com fome?
– E estou, mas não sei se minha fome é maior que a minha preguiça de levantar. - ele riu.
– Quer ajuda? - eu tirei o lençol do meu rosto e olhei pra ele.
– Como assim? - para minha surpresa ele me pegou e me colocou sobre seu ombro.
– Assim. - eu ri sem jeito.
– O que pensa que está fazendo?
– Te levando lá pra baixo. - eu soquei as costas dele com força.
– Eu sei andar, me coloca no chão.
– Não, isso foi pela cena que eu tive que fazer ontem. O seu amigo Nathan é maluco.
– William Corrigan, me coloca no chão agora. - gritei, ele apenas riu e começou a andar saindo do meu quarto. - Estou falando sério.
– Eu imagino. - eu simplesmente não falei mais nada, mas era bem constrangedor ser carregada no colo por um garoto lindo que eu conhecia por apenas 24 horas.
Minha mãe estava no fogão cozinhando e o Richard estava picando cebola quando entramos, automaticamente eles olharam para nós surpresos.
– Bom dia. - falou Will sem me colocar no chão.
– Bom dia. - falou minha mãe com ar de surpresa.
– O que você está fazendo? - perguntou Richard.
– Ela não queria sair da cama. - falou ele como se fosse óbvio.
– E me arrependo muitíssimo, agora você pode me colocar no chão? - ele riu e obedeceu. - Obrigada.
– De nada, Mrs. Drama. - minha mãe olhava pra mim com uma cara engraçada que eu não consegui decifrar.
– Nós estamos fazendo o almoço, está quase pronto.
– Ah, Will, eu fui em casa pegar uma coisas para Ellie e trouxe uma roupa pra você. - falou Richard jogando uma sacola pra ele.
– Tranquilo, valeu. Sinto muito, Jessie, mas você vai ter que se contentar comigo de camisa. - eu revirei os olhos.
– Estou chorando por dentro. - ele riu e foi para o banheiro. Minha mãe e Richard se olharam como se existisse algum tipo de piada interna, depois riram e voltaram a fazer o que estavam fazendo.
– Bizarro. - sussurrei e saí da cozinha.
Fui para a sala e liguei a televisão, tentei achar algo interessante pra ver enquanto pensava na ceninha patética que o Nathan fez ontem. Provando para todos que ele tinha algum tipo de sentimento por mim, mas uma parte de mim me dizia que Will estava certo. Nathan não ia ficar comigo por causa dos amigos.
– Pela sua cara acho que está pensando no tal garoto da janela. - Will vestia uma bermuda de moletom cinza e uma camisa preta, embora eu não admitisse em voz alta sentia falta dele sem camisa.
– Você não está cem por cento errado. - ele riu e sentou ao meu lado.
– Sabe, Jessie, eu acho que você tem um problema.
– E como você chegou nessa brilhante conclusão?
– Visto que o garoto estranho também gosta de você, mas está saindo com uma louca maníaca não tem porque você ficar sofrendo por ele. - sorri pelo louca maníaca.
– Não estou sofrendo.
– Mas não está feliz também. - dei de ombros. Não tive tempo para responder, pois meu celular tocou. Era a Charlotte.
– Alô?
– Jessica, você pode por favor, me dizer o que aconteceu com você ontem?
– Como assim?
– Você me ligou pedindo para que eu te ensinasse uma maquiagem rápido e sem explicações. Eu estou exigindo que me conte o que está acontecendo agora. - eu sorri e coloquei o telefone no viva voz sorrindo para Will.
– É que eu fui sair com um garoto.
– Oi? Que garoto? Espero que não seja o Nathan. - eu revirei os olhos.
– Não era, era outro. - Charlie riu.
– Jessica Lowe, estou orgulhosa. Mas você não ia conhecer o seu mais novo irmão?
– Então, foi com ele mesmo.
– Jessie, você prometeu que ia apresentá-lo pra mim. Quer dizer, se ele fosse gato. Ele é?
– Vou descrevê-lo pra você: Cabelo castanho claro bem cortado, olhos... verdes ou azuis não sei dizer, um sorriso lindo e branco... - Will sorriu meio sem graça.
– E o corpo?
– Musculoso. - nessa altura William já estava totalmente vermelho, o que era bem fofo.
– Ah Dios, Jessica. Esse garoto deve ser maravilhoso, já estou sonhando com ele... - eu ri com a mão na boca.
– Se você está dizendo.
– E a voz dele? - Will pegou o telefone da minha mão e suspirou.
– Acho que você pode tirar suas próprias conclusões. - assim que ele falou, a linha ficou muda. E eu tinha certeza que Charlie encarava o telefone com o olho arregalado.
– Fala pra mim que esse menino não é ele.
– Sinto muito, mas sou eu.
– Fala pra mim que você não ouviu o que eu disse.
– Só se você quiser que eu minta.
– Mas que droga. - eu estava rindo tanto que minha barriga chegou doer.
– Enquanto a sua vergonha passa, eu vou desligar. Depois falo com você.
– Tudo bem. - mal conseguia falar alguma coisa, estava rindo demais pra isso.
Will também ria, mas ainda estava sem graça afinal ele foi bastante elogiado. Ainda sim, o fato de estar constrangido só me fazia ter mais vontade de beijá-lo.
– Sabe, Jessie, sua amiga é ligeiramente louca.
– Se você a conhecesse ia descobrir que é bem mais que ligeiramente. - ele sorriu e encostou a cabeça no meu colo esticando as pernas.
– Que intimidade é essa?
– Eu estou cansado.
– Você não pode se acomodar no meu sofá. - ele riu.
– Já estou totalmente acomodado. Não estrague tudo, okay?
– O que você quer que eu faça?
– Mexa no meu cabelo. - falou ele como se fosse óbvio.
– Me obrigue. - Will virou e me jogou no sofá de costas prendendo os meus braços.
– Agora seja uma boa menina e mexa no meu cabelo. - eu ri e tentei (em vão) puxar os meus braços.
– Não. - ele chegou mais perto, seu nariz quase encostava no meu, seus olhos fitavam os meus com um ar engraçado. Não sei o que ele estava pensando, só que eu sabia o que ia acontecer. Eu até pensei em me afastar, mas mesmo que eu quisesse não podia, seus braços me prendiam com força.
– Will, eu... - tentei, mas ele colocou um dedo na boca.
– Você tem a tendência de estragar tudo. - ele tirou o dedo devagar e se aproximou mais, eu já podia sentir sua respiração. Conseguia sentir seu peito subindo e descendo com a respiração junto do meu. Antes que pudesse acontecer alguma coisa, Richard tossiu e nós pulamos do sofá sem jeito.
– Pai, é...
– William não quero que explique. O almoço está pronto. - eu assenti e saí da sala, mas antes que eu pudesse me afastar ouvi um pedaço da conversa.
"Will, eu não quero que ataque a Jessica."
"Pai, eu não estava atacando ela. Eu acho que a gente ia se beijar..."
"Vocês não podem se beijar, futuramente serão uma família."
"Eu não planejei isso, pai. Só aconteceu."
"Você não planejou? Will, você chamou a garota para Nova York."
"Mas eu realmente queria só conhecê-la porque você pediu."
"E percebeu que queria beijá-la?"
"Pai, ela é mais interessante do que eu pensei. E uma coisa estava levando a outra. Você pode até achar que eu estava apenas querendo conquistá-la, como sempre. Mas eu não sei, eu só..." - eu encostei na parede e mexi no cabelo esperando a conversa continuar.
"Era isso que eu temia. Que você se interessasse por ela de verdade."
"O que você quer que eu faça?"
"Não sei, William. Só não estraga tudo."
Saí antes que eles aparecessem, mas o que eu tinha ouvido ainda fervilhava na minha mente. William estava se interessando por mim, isso não fazia o menor sentido, apenas um dia.
– Jessie? - chamou ele sorrindo pra mim.
– Disse alguma coisa?
– Perguntei se ainda estava pensando no garoto que quer me matar.
– Na verdade, não. - antes que ele perguntasse alguma coisa, entrei na sala de jantar e sentei de frente pra minha mãe.
– Vocês demoraram. Aconteceu alguma coisa? - eu e Will olhamos para Richard.
– Não, os meninos estavam entretidos demais em um filme que eu já vi. - eu senti o duplo sentido, mas a minha mãe não. Fiquei feliz que ela não tenha perguntado o nome.
– Bom, então vamos almoçar. - Will sentou ao meu lado e apertou a minha coxa. O sinal foi claro: essa foi por pouco.

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