O almoço passou bem rápido, minha mãe convenceu o namorado a ficar mais um tempo. Enquanto eles conversavam na sala, eu e William fomos para o meu quarto ouvir música. Eu estava ligeiramente receosa de que o que aconteceu no sofá pudesse se repetir.
Eu liguei o meu iPod na caixa de som e deixei o som tocar em um volume agradável. Deitamos na minha cama e ficamos encarando o teto por um tempo sem dizer uma palavra. Acho que ambos estavam constrangidos um com o outro.
– Jessie, sobre mais cedo...
– Não fala nada, você tem a tendência de estragar tudo. - Will riu e virou de lado para me olhar.
– Não pode usar as minhas palavras contra mim. - eu fiz o mesmo.
– Sinto muito, mas você merecia essa.
– Talvez. - ficamos em silêncio novamente, olhando dentro dos olhos um do outro. Para mim era muito difícil me manter impassível com olhos lindos me encarando, mas fiz o maior esforço.
– Jessie, eu acho que vou ser sincero com você.
– Então, seja.
– Você acha muito esquisito eu querer tanto te beijar? - eu não respondi de imediato por que estava surpresa demais.
– Sim, eu acho.
– Por que?
– Não sou tudo isso, para alguém que já namorou a Megan Dashner eu não sou lá grande coisa. - Will riu e começou a enrolar uma mecha do meu cabelo no dedo.
– A Megan pode ser bonita, linda na verdade, mas tem uma coisa nela que faz os garotos se cansarem dela: a falta de coisas interessantes na cabeça.
– E o fato de eu ter coisas interessantes na cabeça faz você querer me beijar?
– Também, mas por favor, não menospreze a sua beleza. - eu ri.
– Eu sou comum, William. Tenho cabelo bem preto e olhos castanhos, dentes nem tão brancos e nariz arrebitado. - foi a vez dele de rir.
– E isso faz de você mais bonita. O conjunto da obra. - eu sorri sem graça. Para evitar esse assunto, levantei e troquei de música, coloquei uma música bem mais agitada e ritmada.
– Gosta? - perguntei e ele sorriu levantando.
– Gosto bastante. Quer dançar? - eu peguei a mão dele e o puxei para o meu lado. Dançamos sem coreografia, balançamos a cabeça e o corpo sem tentar parecer bonito ou até normal. Depois de um tempo eu virei para ele e cantei:
– There comes a time when craving will grab you wrist
You'll need a sugar fix, baby
There comes a time
And you won't believe what you'll do
When that sugar's callin' you

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Chega uma hora em que o desejo agarra o seu pulso
Vai precisar da minha doçura para ter energia, querido
Chega uma hora
E não vai acreditar no que vai fazer
Quando seu docinho te chamar

Ele sorriu enquanto eu cantava de frente pra ele, assim que eu terminei de cantar ele completou com um olhar penetrante e um sorriso de canto de boca (extremamente charmoso).
– Girl, this was sho-time, this is where you wanna be
H-O-M-E, satisfaction guaranteed
And this was sho-time, this is where you wanna be
'Cause everything you need, you will only find in me

Garota foi a hora do show, este é o lugar onde você quer estar
C-A-S-A, satisfação garantida
Porque tudo o que você precisa, você só vai encontrar em mim
E foi a hora do show, este é o lugar onde você quer estar

Viramos para frente e cantamos o resto da música olhando para o espelho, enquanto eu fazia a coreografia do videoclipe.
– Come Get It Bae
Come Get It Bae
Come Get It Bae
Come Get It Bae
You wanna ride, it my motorcycle
You've got a license, but you got the right to
Gonna pop a wheelie, don't try too high too
Take it easy on the clutch, 'cause, girl, I like you


Vem pegar, querida, antes que seja tarde
Vem pegar, querida, antes que seja tarde
Vem pegar, querida, antes que seja tarde
Vem pegar ,querida, antes que seja tarde
Você quer montar na minha motocicleta
Você tem habilitação, mas você tem o direito
Vai empinar, não tente levantar demais
Vá com calma na embreagem, porque menina, eu gosto de você

Quando a música acabou nós começamos a rir, foi um dos momentos mais divertidos que eu já passei com um garoto e com certeza eu jamais iria esquecer.
– Sabe, Jessie, você tem talento.
– Você também não é tão ruim.
– Muito gentil da sua parte.
– Eu sei, de nada. - nos jogamos na cama e ficamos encarando o teto.
– Embora a ideia tenha sido apenas para mudar de assunto, foi divertido. - eu fiquei um pouco sem graça.
– Eu só não sabia o que responder, fiquei na defensiva demais.
– Tudo bem, não se preocupe com isso. Se tiver que ser, vai ser. - eu não respondi, deixei o assunto morrer.
– William, nós estamos indo. - falou Richard na porta. Ele entrou no meu quarto com cuidado, acho que estava esperando que a gente estivesse se pegando.
– Tudo bem, pode descer. Daqui a pouco vou atrás. - ele assentiu e saiu do quarto.
– Então... é isso. - falou Will levantando.
– Obrigada pela noite, pela madrugada, pela ajuda na ceninha do Nathan, na dança, enfim... obrigada por tudo.
– Foi mais que um prazer. Ainda vamos repetir isso.
– Com certeza. - ele beijou a minha bochecha devagar e eu fechei os olhos.
– E oh, Jessie, não mudei de ideia a respeito do plano. Amanhã te busco na escola. - eu sorri.
– Tudo bem, estarei te esperando. - antes de sair ele me encarou por um tempo com um sorriso nos lábios e novamente me veio uma vontade louca de beijá-lo.
Sentei na cama novamente e me encarei no espelho, as coisas não estavam nada simples pra mim. Coloquei a cabeça entre as mãos e gritei, um jeito bem simples de extravasar a confusão que se formou na minha mente.
Antes de ligar para Charlotte, vi as fotos que eu e Will tiramos ao longo do tempo que passamos juntos. Algumas estava bem engraçadas, tinha até vídeos dele dançando e me mandando beijos.
– O que achou? - perguntou minha mãe parada na porta do meu quarto.
– O Richard é incrível e parece gostar mesmo de você. - o sorriso que ela abriu aqueceu meu coração.
– Eu sabia que você ia gostar dele, ele é maravilhoso.
– Fico feliz por vocês.
– Obrigada, agora o que eu quero mesmo saber...
– Mãe, não, por favor. Não quero falar sobre o Will. - ela riu
– Ele é um gato, Jessie. Um gato mesmo. - eu assenti sem falar nada. - Só tome cuidado.
– O que você quer dizer com isso?
– Se não der certo, você vai ter que conviver com ele da mesma forma. - eu respirei fundo
– Tá bom mãe. Vou pensar com cuidado, só isso que eu tenho feito ultimamente.
– Seja feliz, Jessica. - eu não respondi, apenas voltei a encarar meu telefone. Depois de um tempo, ela saiu.

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>>o
– E agora eu não sei se devo... - terminei meu monólogo para Charlie de todas as minhas aventuras do dia e da noite.
– Jessie, querida, eu não sei o que lhe dizer. Como você pode se envolver com seu mais novo "irmão"?
– Não somos irmãos, Charlie.
– Se você tivesse tanta certeza disso não estaria confusa, certo? - respirei fundo.
– Mas que droga, já não basta o meu problema com o Nathan. Agora eu estou com vontade de beijar o filho do namorado da minha mãe.
– Amiga, meu conselho pra você é que deixe as coisas acontecerem naturalmente. Sem pressão, sem cobranças, sem muito pensar...
– Sabe que pra mim isso é impossível.
– Mas vai ter que ser possível, se não você vai pirar e eu não quero te ver pirar.
– Obrigada, muito gentil da sua parte. Eu vou ver o que eu faço depois. Estou cansada, vou dormir e amanhã nós nos falamos.
– Tudo bem. Beijos e oh, tenha ótimos sonhos com o William. - eu ri da bobeira.
– Pode deixar, isso eu posso fazer.
Desliguei o telefone, peguei um livro e entrei na banheira. Estava cansada de pensar sobre o que fazer da minha vida, eu tinha que relaxar.
Algumas horas depois eu acordei, a água já estava fria e sem espuma. Graças a Deus o livro não caiu na água, saí do banho e coloquei a primeira roupa do closet. Pela hora minha mãe já tinha ido dormir, então resolvi fazer o mesmo. Mas antes que eu pudesse sequer deitar, ouvi o barulho que me fez sorrir de um jeito sarcástico: uma batida na janela.


>>o
– Olá, Nathan. Achei que você não fosse vir hoje. - ele entrou e sentou na cama.
– Confesso que eu também. - eu sentei ao seu lado e o encarei.
– Então...
– Eu sinto muito por hoje cedo, eu não sei o que deu em mim. Acho que a parte machista e possessiva de mim inflou quando eu vi outro garoto sem camisa no seu quarto. - eu ri.
– Não sei porquê isso tudo. Will é o filho do namorado da minha mãe. Ele é um garoto legal, me levou para sair e conhecer alguns lugares incríveis em Nova York.
– Então o mauricinho é de lá?
– Sim, Manhattan. - ele riu.
– Que surpresa, tem cara de nova iorquino. - eu revirei os olhos.
– E a Megan? Conversou com ela hoje? - ela se ajeitou desconfortavelmente na cama.
– Sim, nós conversamos bastante. Vamos sair amanhã depois da aula. - pude ouvir a rachadura se abrindo no meu coração e rapidamente coloquei um sorriso falso no rosto.
– Que bom pra você. Vocês fazem um casal bonito.
– Obrigado. Tudo mundo diz isso.
– Deve ser porque é verdade. - ele sorriu e me encarou.
– Jessie, se você tivesse alguma coisa com esse garoto você me contaria certo? - a pergunta me pegou desprevenida e eu demorei para responder.
– Acho que sim, por quê? - ele suspirou.
– Por nada, eu só quero saber. Somos amigos, não é?
– Claro, amigos. - eu pude sentir que nenhum dos dois estava confortável com isso, mas mesmo assim mantínhamos a aparência.
– Você deve estar cansada, vou te deixar dormir. - eu assenti e levantei.
– Boa noite, Nathan. - ele beijou minha bochecha bem perto da boca e depois respirou fundo.
– Boa noite, Jessie.
Assim que ele saiu fechei a janela e a cortina, deitei na minha cama e comecei a chorar. Logo depois me senti patética por chorar, mas as coisas não estavam nada boas para o meu coração.
Eu podia falar o que quiser, sentir atração pelo Will, mas meu coração ainda pertencia ao Nathan e isso ia demorar para ser curado. Tentei parar as lágrimas assim que elas começaram a cair, mas já era tarde demais. E assim eu dormi, chorando pelo Nathan e sonhando com o Will.