POV Annabeth

- O rei quer falar com vocês.

Nossa, depois que ele disse isso eu fiquei, tipo, com medo. E o pior é que eu não tenho um motivo para isso. Mas sei lá, sabe, bateu um medão.

Vishous me fez voltar para o quarto. Eu queria ter ficado com Percy, mas sabia que ele precisava descansar.

Fiquei sentada na cama. Deveria estar dormindo, mas sabia que não conseguiria. Então, fiquei pensando nas coisas que eu acabara de descobrir. Primeiro, a irmandade. Possivelmente os guerreiros que deveríamos encontrar. Segundo, eles tinham um Rei. Os cães não tinham nos falado sobre isso. Terceiro, é óbvio que todas as pessoas que estão aqui na clínica, fora meus amigos e os cães, pertencem à outra raça.

Considerando as circunstâncias, eu poderia tirar outras conclusões. Por exemplo, concluí que foi a irmandade que nos ajudou quando os redutores nos atacaram. E que souberam na hora que não somos totalmente humanos. O que eu queria saber era por que nos trouxeram para cá.

Uma batida na porta, que soou como um tiro de canhão, interrompe meus devaneios. Nem precisei dizer "Entre ". A criatura que bateu abriu a porta dois segundos depois.

Assim que eu o vi, pensei que era Apolo. Sério, eles eram muito parecidos. Mas depois notei as diferenças. Esse era muito maior que o Deus do Sol, apesar de serem igualmente lindos. E terem o mesmo ar de pegador.

Depois dele, entrou Vishous. Isso me acalmou. Ver um rosto familiar, mesmo que eu tenha conhecido há duas horas atrás, é tranquilizador.

- Consegue andar? - Ele me perguntou

Assenti. Depois que voltei ao quarto, eu tinha sido forçada a comer ambrósia e beber o que sobrou do néctar, portanto era perfeitamente capaz de andar sozinha.

Empurrei o lençol para o lado, calcei os sapatos e fiquei em pé. Graças aos deuses eu não estava com aquela roupa que os pacientes usam no hospital. Apenas jeans e a camiseta do acampamento.

A Diva tinha me falado, em uma rápida visita ao meu quarto, que seríamos levados para a sede da irmandade. Todos já estávamos acordados e quase totalmente curados de nossos ferimentos. Precisávamos apenas descansar um pouco.

Coloquei a mochila no ombro, e segui os homens que saíam do meu quarto. Eles passaram por uma série de corredores confusos. Até que passamos por uma porta, e chegamos na garagem.

Uma van estava estacionada, com as portas abertas. Entrei na parte de trás. Thalia, Clarisse, Nico e Grover estavam lá. Os cães também estavam sentados nos bancos. E, no fundo do carro, eu vi Percy.

Sentei ao seu lado, me encostando nele, e ele me abraçou. Estava meio pálido, e apesar de precisar de uma boa noite de sono, não estava mais tão mal quanto antes.

Vishous e o outro homem entraram na frente. Uma divisória subiu, separando a frente da parte de trás. Ficou escuro, pois os vidros da janela eram totalmente opacos. O carro saiu da garagem, e começou sua viagem.

Tive a impressão de ter dormido no trajeto. Todos estávamos muito quietos. Provavelmente dormindo, já que estava de noite.

Acordei mais ou menos em um trecho da viagem em que fizemos várias paradas. No início não entendi, mas percebi que eram portões. Muitos portões. Possivelmente estávamos entrando num complexo militar de fazer inveja em Alcatraz.

Pouco depois, paramos. As portas se abrem, e todos descemos. Vejo que estamos em uma garagem subterrânea. Vishous ficou em frente ao nosso grupo e nos guiou pelos corredores, com o outro homem fechando o grupo.

Andamos por algum tempo. Nossos passos ecoavam pelo corredor. Vishous parou em uma porta com trava de código. Digitou a senha, tomando cuidado para que não a víssemos, e abriu a porta.

Fiquei boquiaberta. Tínhamos saído no hall de entrada de uma mansão. Era enorme e maravilhoso. Uma escadaria gigantesca ficava ao centro, com um tapete vermelho e corrimões folheados a ouro. O teto tinha lindas pinturas de guerreiros. E o chão, o que eu mais gostei, possuía um mosaico de uma macieira em flor.

Vishous começou a subir a escadaria, e fomos atrás dele. Quando chegamos lá em cima, continuamos andando, até parar na frente de enormes portas de madeira, com belos desenhos entalhados.

Ele bate à porta, e aguarda.

- Entre. -Uma voz, resonante e poderosa, vem de trás das portas. Engulo em seco. É agora.