A Ilusão da Realidade

E Se Eu Não Conseguisse?


Minha pele se arrepiou por inteiro em um segundo e aquele frio que eu conhecia muito bem tomou conta do meu corpo. Estava acontecendo de novo e, pelo jeito, eu estava começando a me acostumar com aquela sensação.

Para falar a verdade, a simples ideia de me adaptar a isso era pior do que a angústia de não saber o que estava por vir.

Ela estava ali e eu não conseguia me mover, ou muito menos respirar. Apesar da escuridão quase total, eu podia ver a cor intensa de cabelos rosa como chiclete da pessoa sentada à frente de uma mesa grande. Aos poucos, as sombras começaram a ganhar forma e eu percebi que havia diversos livros espalhados à sua frente.

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— Onde estamos agora? — perguntei, já conformada com o fato de que continuaríamos nos encontrando daquela forma. — Por que você está aqui dessa vez?

Apesar de ainda estarmos no escuro, percebi que ela se movimentou para cruzar os braços. A sombra da sua postura se tornou ereta e firme com uma confiança que eu nunca testemunhei na vida real, porém que ela sempre mantinha nesses nossos encontros.

— Você é tão esquecida que nem reconhece a biblioteca do próprio colégio? Não, aliás… — Ela fez uma pausa e balançou a cabeça. — Você já esqueceu todas as horas que passamos aqui? Eu sempre soube que ninguém se importava comigo, mas eu fui tão insignificante assim até mesmo para você?

— Maya!

Eu tentei procurar por qualquer coisa que pudesse dizer, mas era como se o nome dela me engasgasse. Será que ela realmente acreditava nisso? Será que Maya se sentia tão sozinha, tão pequena assim? Será que ela nunca percebeu que foi a pessoa mais especial do mundo para mim quando estávamos juntas lendo, rindo e conversando enquanto ela desenhava sobre aquelas mesas repletas de livros escolares?

— Você não conseguiu fazer nada por mim — ela continuou sem poupar meus sentimentos — e agora acha que pode ajudar a sua irmã? Não acha que está um pouco tarde demais para esse complexo de salvadora, Melissa?

Aquele jeito firme e cruel de quem não mede as palavras não combinada em nada com a Maya que eu conhecia, só que eu sabia agora que a Maya que eu achava que via era uma ilusão. Eu não fazia ideia do que ela realmente pensava ou sentia. Quando me dei conta de que havia algo errado, já era tarde demais. E, até hoje, havia momentos em que eu não conseguia evitar me perguntar o que mais ela poderia estar escondendo debaixo daquela superfície tão doce e acolhedora.

— Melissa! Você está me ouvindo? Melissa!

Ela continuava repetindo o meu nome e, cada vez que ela me chamava, mais sua voz se transformava.

***

— Melissa? Está tudo bem com você? Melissa?

Abri os olhos e o rosto do meu pai começou a entrar em foco aos poucos, mesmo que ainda um pouco borrado. Puxei meus óculos na mesinha de cabeceira, tentando pensar no que dizer. Meus pensamentos ainda estavam embaralhados, entre sonho e realidade. Por um instante, eu quase acreditei que realmente abriria os olhos e encontraria Maya me chamando outra vez…

— Está tudo bem? — A pergunta do meu pai interrompeu os meus pensamentos. — Você parecia tão… tensa.

“Tensa” provavelmente mal começava a descrever o que todos nós estávamos sentindo desde o que houve na noite anterior, mas eu me senti grata pelo esforço dele de atenuar a situação. Eu mal tinha acordado e ainda me sentia sem energia nenhuma para continuar discutindo.

— Foi só um sonho estranho — tentei responder do jeito mais tranquilo que consegui pensar. — Já passou, eu acho que nem lembro mais direito.

Aquilo era mais uma mentira. A minha mãe acertou em cheio quando disse o que disse depois da festa da minha irmã. Eu não sabia dizer quando foi que comecei a preferir esconder o que realmente penso e sinto, mas tinha momentos que essa parecia ser a opção mais segura. E, às vezes, a única forma de fazer isso era com essas mentiras.

— Bom, acho que isso é normal depois de um dia como ontem… — meu pai comentou e balançou a cabeça. Por algum motivo, eu tive a impressão de que ele estava falando por experiência própria. Talvez fossem as olheiras estampadas no seu rosto. — Isso passa. Tente ficar mais calma hoje, certo?

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— Pai, me desculpa pelo que eu te falei ontem — eu praticamente joguei as palavras na direção dele tão rápido que não sei como meu pai conseguiu entender qualquer coisa. Aquilo estava entalado na minha garganta. — Eu fiquei com medo. A Larissa estava tão nervosa ontem, mais até que o normal… eu não sabia o que fazer…

— Melissa, nós sabemos que as coisas estão difíceis, mas só queremos que você entenda que essa fase estranha passa. Você acabou de passar por coisas que são difíceis de entender até na minha idade… mas logo vai melhorar, você vai ver. Essa fase passa.

— Eu sei, você e a mãe sempre dizem isso, mas… tem horas que parece que uma fase só passa quando começa uma fase pior.

Olhei para baixo e puxei o cobertor que ainda me cobria mais para perto. Depois de dizer aquilo em voz alta, eu só queria me esconder.

— É porque você não está se esforçando para não pensar assim, Melissa. Se você pensar em outra coisa e fizer uma forcinha para não ficar botando isso na cabeça, as coisas vão ser bem diferentes. Você vai ver.

— Mas eu não consigo!

Mordi o lábio para me impedir de falar demais. Eu não precisava repetir o desastre de ontem, eu só queria que alguém estendesse que eu não estava conseguindo fazer isso…

— Melissa…

Meu pai andou alguns passos na minha direção e se aproximou da minha cama. Nós não costumávamos ter conversas como essa e eu não sabia por que não estava conseguindo simplesmente fechar a boca e deixar para conversar com Roy e Liesel depois, como sempre. As coisas estavam simplesmente… saindo. E eu não queria que elas saíssem.

— Melissa — ele repetiu o meu nome. — Eu sei que nós podemos parecer ser duros com vocês duas, mas é porque nós sabemos que vocês duas são capazes de muita coisa. Vocês só são novas demais para entender como a vida funciona ainda, mas eu prometo que isso passa. Você pode nem sempre entender a sua mãe, mas ela se esforçou muito para vocês terem as chances que têm aqui, nessa cidade. Ela lutou muito para conseguir espaço na universidade e nós dois só queremos que vocês duas consigam ir longe, também. Nós só queremos ver vocês bem. Vocês são capazes, nós sabemos disso. Um dia você ainda vai entender tudo isso e vai ver como é uma bobagem ficar insistindo em pensar assim. Essa fase vai passar. Você só precisa se esforçar mais um pouco.

Abracei os joelhos ainda escondidos pelo cobertor e olhei para os meus braços sem dizer nada. A sensação que eu tinha era que qualquer resposta pareceria errada, como se eu não quisesse aceitar aquilo. Pensando bem, talvez fosse exatamente isso. Eu sempre vi o quanto os meus pais se esforçavam para que nós pudéssemos ter uma vida confortável e repleta de oportunidades. Isso era algo que eu não teria coragem de negar ou contestar. Mas tudo o que eu estava sentindo desde que Maya se foi, desde que nos mudamos, todas as dificuldades que eu sempre tive para me comunicar com as outras pessoas, tudo que houve com os meus amigos da nossa cidade natal ou então todas as vezes que acho que estou fazendo as coisas direito e a minha mãe me aponta algo que eu não consegui fazer…

Não parecia ser só uma fase. Parecia ser a minha vida inteira. Eu sempre fazia tudo errado, eu sempre estragava tudo, eu sempre era a piada e eu sempre era deixada para trás. Eu sempre era incapaz de perceber até que fosse tarde.

O problema não era as pessoas ao meu redor, o colégio, as tarefas ou os meus pais. Talvez o fgproblema fosse eu. Pelo menos, o fator comum entre tudo isso era eu. E se o meu ai estava certo e eu não conseguia esquecer tudo isso mesmo assim…

Talvez o problema fosse mesmo eu.

— Está tudo bem por aqui?

Eu não percebi até que ela falasse, mas a minha mãe se apoiou na porta do meu quarto para nos observar. Se eu respondesse, o choro que eu acabei de perceber que estava segurando ia se soltar e isso só confirmaria tudo.

Mordi o lábio com mais força e olhei para a minha mãe sem dizer nada. Ela me encarou de volta, olhou para o meu pai, entrou no quarto com dois passos arrastados e cumprimentou meu pai com um beijo rápido.

— Você falou com a Larissa? — ele perguntou logo em seguida.

— Eu tentei, mas… você sabe como ela é. Depois falamos nisso. Como vocês estão aqui?

Minha mãe cruzou os braços. Isso costumava me intimidar, mas as olheiras que faziam par com as do meu pai e os seus ombros caídos faziam com que ela parecesse estar apenas cansada. Muito cansada, na verdade.

— Está tudo bem. Estamos conversando.

Os dois me olharam ao mesmo tempo e eu senti como se um peso de uma tonelada caísse sobre os meus ombros no mesmo instante. Tentei pensar em qualquer coisa para dizer e, mesmo assim, eu sentia como se todos os meus pensamentos estivessem encobertos por nuvens escuras e tempestuosas.

— Você está mais calma hoje, filha? — minha mãe finalmente perguntou e eu assenti. O que mais eu poderia responder? — Que bom. Você precisa aprender a ser mais calma. O que você vai fazer se ficar nervosa assim num dia de prova? Ou no vestibular? Você já pensou nisso? O que você pretende fazer quando sair do colégio? Você precisa se preparar para isso.

Desviei o olhar para o chão. Não, de fato, eu não tinha visto as coisas por esse lado e, agora, eu não conseguia parar de pensar nisso.

— Eu já conversei com ela, Vivian. Está tudo bem. Nós sabemos que ela consegue.

Minha mãe se moveu para ainda mais perto do meu pai e eu os observei sem responder. Eu não tinha a mesma certeza e todas aquelas expectativas só aumentavam a pressão sobre os meus ombros.

E se eu não conseguisse?

— A Melissa tira isso de letra se quiser — minha mãe concordou. — Ela sempre foi assim. Eu sei que as coisas parecem difíceis agora, mas um dia você nem vai se lembrar de nada disso e vai entender o que estamos dizendo. Quem me preocupa é a Larissa… essa nunca nem se esforçou para nada…

Um suspiro pesado escapou dos lábios da minha mãe. Ela tentou encontrar o meu olhar, mas eu desviei no mesmo instante por instinto. Eu não queria decepcioná-los, porém aquela pressão era enlouquecedora.

E se eu não conseguisse?

E se eu não conseguisse?

E se eu não conseguisse?

Eu já não estava conseguindo…

— E se eu procurasse ajuda?

Aquilo saiu tão de repente que até eu me assustei. Minha mãe me encarou com a boca semiaberta e as sobrancelhas do meu pai se arquearam em confusão. Eu também estava confusa; eu odiava como eu simplesmente começava a falar tudo na presença dos meus pais porque ficava nervosa assim.

Eu cogitei procurar a coordenação do colégio várias vezes quando soube do que aconteceu com Maya. Pensei em perguntar se eles têm algum tipo de aconselhamento, de apoio psicológico ou qualquer coisa do tipo. Talvez falar sobre o que aconteceu ajudasse, tinha dias que eu me sentia sufocar. No fim das contas, eu nunca encontrei a coragem. Me abrir com um completo estranho parece ser assustador, mas…

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Se eu realmente não estou conseguindo… talvez isso me ajudasse. Talvez pudesse ter ajudado Maya, também…

— Como assim? Ajuda? — meu pai finalmente perguntou.

Os dois ainda me olhavam e isso realmente não me deixava mais tranquila.

— É… — tentei responder, porém minha voz não passou de um sussurro rouco. — Falar com alguém que me ajude com essas coisas, sei lá…

Cada palavra só fazia a minha voz ficar ainda mais baixa até desaparecer. Eu me arrependi assim que concluí o raciocínio.

— Você não precisa disso, Melissa. Você é inteligente e esforçada. É só você tentar com mais força de vontade — minha mãe concluiu com seu tom firme de sempre.

— Eu concordo com a sua mãe, filha — meu pai continuou. — Você não está louca e nem é doente. É só você se esforçar mais e logo isso passa.

— Você consegue, Melissa, é só querer — minha mãe repetiu e eu senti meu estômago se revirar na minha barriga. — Pense bem, imagine se um dos seus colegas fica sabendo disso e começa a fazer brincadeiras? Você não sabe lidar com isso muito bem, vai ser pior ainda. É só você ficar mais calma. Eu sei que é difícil lidar com o que você está vivendo, ainda mais nessa idade, mas seu pai e eu acreditamos em você e estamos aqui para te ajudar. É só você querer.

— Ok. Tudo bem.

Eu não sabia mais o que dizer. O que eu poderia dizer?

— Viu? Você já está conseguindo.

Minha mãe tentou forçar um sorriso tímido, trêmulo e não muito convincente, mas eu não tinha forças nem para fingir que correspondi esse sorriso. Eu só consegui continuar ali, abraçando só meus joelhos, me escondendo e evitando os olhares carregados dos dois.

— Bom, meu amor, hoje vai ser um dia longo. É melhor nos apressarmos. — Minha mãe finalmente decidiu encerrar aquela conversa e eu agradeci para mim mesma em silêncio. — Tente ficar mais calma hoje, filha. Se vocês duas começarem a ter crises assim com frequência, não sei o que vai ser dessa casa.

— Você consegue, Melissa — meu pai repetiu e eu senti o peso me acertar em cheio novamente.

Os dois se afastaram lentamente, me olharam uma última vez antes de passar pela porta e finalmente saíram do meu quarto. Eu não sabia o que entender de nada do que foi dito e, sinceramente, tudo o que eu mais queria era esquecer que aquela conversa aconteceu.

Eu não estava conseguindo. Eu visivelmente, definitivamente não estava conseguindo. E eu estava começando a me perguntar se valia a pena me esforçar tanto para tentar sempre fazer tudo do jeito certo se eu sempre acabava falhando e piorando tudo.

***

Ainda bem que Roy e Liesel me fizeram companhia durante a semana, ou eu ia acabar enlouquecendo. Os dias voltaram a passar e a nossa família voltou à rotina de sempre, mas o peso da última discussão e de tudo que aconteceu ainda pairava sobre a minha cabeça e me fazia sentir como estivesse tudo errado o tempo todo.

O dia da festa finalmente chegou. Aliás, eles logo já estariam começando a se reunir e, por mais que eu soubesse que era melhor não gastar energia pensando nisso, eu não conseguia evitar. Será que havia algo por trás daquele convite? Será que havia alguma chance de eles estarem tentando me incluir dessa vez? Será que foi mesmo só mais um click ao acaso em uma lista qualquer? Eu provavelmente estava pensando mais nisso do que a própria Olívia. Ainda assim, por algum motivo, eu não conseguia parar de acompanhar as redes sociais.

Olívia já estava publicando fotos da casa arrumada e selfies de visuais para a festa. Vi algumas outras meninas da nossa turma fazendo a mesma coisa e também notei que, pelo jeito, praticamente todo mundo estaria lá. Será que Alex também ia? Além dele não ter nenhuma presença online, provavelmente ninguém era próximo dele o suficiente para fazer o convite. Pelo menos, era o que eu achava. Aliás, por que eu estava pensando nisso?

Por fim, cedi à curiosidade e decidi olhar o perfil de Emily. Eu já tinha olhado mais cedo e ela não tinha postado nada de novo durante o dia, porém eu logo notei que havia uma foto nova assim que abri a página. A publicação devia ser recente. A selfie mostrava metade do seu rosto, seu sorriso bem aberto e parte de uma blusa preta de alças. Era a cara da Emily que eu conhecia e sentia falta, por mais que detestasse admitir.

Foi então que eu li a legenda da foto e senti o impacto de cada palavra como se fosse um soco:

Eeee tá quase na hora da festa! A noite com o meu amor vai ser agitada! Te amo, Dan! Um mês juntos! ❤

Então era isso? Ela me usou para chegar ao tal do Daniel e nem ia mais tentar esconder isso? Ler aquelas palavras doeu como se ela tivesse acabado de me trair de novo, como se eu estivesse testemunhando tudo mais uma vez — e, caramba, as pessoas não estavam mentindo quando diziam que isso é uma “faca nas costas”. Eu me esforcei para conseguir me abrir para essa amizade e, pelo jeito, ela realmente só estava de olho no “Dan”. Aquilo ficava ecoando na minha cabeça, repetindo infinitamente nos meus pensamentos. Eu poderia jurar que meu corpo estava fervendo de tanta raiva.

Por que eu me esforçava tanto para fazer tudo direito se nunca importava?

Por que eu ainda tentava mudar as coisas?

Eu era uma idiota mesmo.

— Mel… — Roy chamou o meu nome com uma apreensão incomum para ele. — Não estou gostando disso. Não sei até onde esse seu pensamento vai te levar. Eu nunca te vi assim…

— O que você está pensando? — Liesel me questionou e deu um passo para longe de mim.

— Acho que eu estou pronta para ter uma boa conversa com a Emily — eu finalmente admiti para mim mesma. — E eu vou a essa festa.

Dessa vez, eu não tentei fugir do que eu queria e nem fiz Roy me convencer a nada. Dessa vez, eu não precisava dessa coragem. Eu só precisava resolver isso logo.

— Estou gostando de ver! —Roy jogou o punho ao ar para comemorar. — Agora sim! É isso que eu queria ver!

— Você tem certeza disso, Mel?

Liesel estava encolhida ao meu lado e me espiava com os olhos baixos. Aquela atitude também era incomum para ela, mas eu não tinha tempo para me preocupar com isso.

— Vem, vamos — continuei, tentando ignorar os pensamentos de hesitação. — Acho que esse pijama ridículo de bolinhas amarelas não é o que eu quero usar numa festa… será que eu tenho algo que preste?

Eu já estava começando a me arrepender, então era melhor escolher uma roupa razoavelmente apresentável logo e não pensar nisso. Eu precisava falar com Emily e, quem sabe, talvez entender melhor o motivo desse convite aleatório.