Ela estava me olhando, e eu comecei a olhá-la também, ficamos alguns minutinhos trocando olhares, até parecia que íamos nos beijar, mas somos atrapalhados por ela mesma falando algo para puxar assunto.

— Por que você quis vir para cá? Um lugar que praticamente não há nenhum movimento se quer? – ela aparenta ficar meio sem graça pelo fato de termos ficado nos encarando.

— Foi aqui que aconteceu de eu ter esmurrado aquele rapaz... eu acho... – me deito no gramado novamente.

— Então quer dizer que foi neste local, ou, neste parque? – ela aparenta estar curiosa para saber sobre algum detalhe, mas e se está fazendo isto para que eu mostre o que posso "fazer", gravar e divulgar? Ou só está curiosa mesmo... fico me perguntando mentalmente.

— Foi neste parque porém em outro local... acho que mais para lá – aponto em uma direção, nem sabia se era aquela direção mesmo.

Ela se levanta, me estendendo a mão, a pego e ela faz força para me levantar, fico de pé e a olho.

— Olha ... sinceramente? Não me importo se você aparenta ser uma aberração, não ligo para isso... até porque você não sabe como minha vida sem ser esta que todos vê, como é estranha... – ergo naturalmente uma das sobrancelhas sem perceber – você só uma pessoa que está se descobrindo ainda... – o que ela quis dizer com isto?

— Como assim me descobrindo...? – Ela se aproxima de mim, fazendo que nossos rostos fiquem pertos.

— Logo você descobre, não se preocupe tá bom? – eu sem saber do que ela estava falando concordo com minha cabeça, fecho meus olhos e tomo coragem e a beijo, isso jamais teria coragem de fazer com alguém, quando percebo o que fiz me afasto.

— O que houve? – ela fica um pouco assustada, porém sabia dizer se era de espanto pelo o que eu tinha feito, ou se era porque eu tinha me afastado – relaxa, eu não vou falar pra ninguém se é isto o que está pensando…

— Não é isto... é que... sei lá nunca tinha... é... beijado alguém sabe... – fico um pouco constrangido e pego minhas coisas.

— Onde você vai? Ei não vai não… – ela segura em meu braço – foi algo que eu fiz?

— Não é você... sou eu... eu não sei o que está acontecendo comigo... melhor eu manter distância de quem eu gosto... – começo a andar, ela me segue.

— Eu não tenho medo do que você possa fazer comigo. Eu tenho é medo do que você pode fazer com você mesmo... – paro e me viro de frente para ela.

— Você pode explicar... – Ficamos ali por um tempinho atoa até ela começar a falar.

— Vamos andando... isto pode demorar um pouco sabe... – concordo com a cabeça, começamos a andar, e ela a falar.

— Tudo começo quando descobri que fazia parte de uma "mutação" genética, isto é muito raro de se acontecer, porém minha lindíssima família tem uma genética muito boa para que isto aconteça, e se você tem um nível elevado dessa mutação, você tem meio que assim dizendo "poder" sabe?... – ela estava falando ali sem parar explicando algumas coisas, fiquei pensando comigo mesmo, (poxa será que sou fruto de uma experiência? Acho que não, não seria tão óbvio assim), eita então sou um "erro" genético?

Chegamos perto da casa da Demi, parecia que ela estava morando lá, bom isso não seria da minha conta também, porém seria melhor até para a gente se ver mais.

— Você poderia continuar amanhã? Achei bem interessante sua teoria sabe... – ela aparentou ficar sem jeito.

— Olha se você acha que é teoria tudo bem... é seu critério..., mas garanto para você que não é... amanhã a gente continua nossa conversa se quiser. – faço que sim com a cabeça, dou lhe um abraço e roubo um selinho dela, ela fica bem constrangida, mas me retribui com um sorriso tão lindo.

Chego em casa, vou até meu quarto e me jogo no colchão, fico nele olhando o teto e pensando naquela tarde incrível que eu tive. Logo pego no sono.