De volta ao Reino Doce

Ao chegarmos no Reino Doce, Marceline foi conversar com Jujuba, enquanto eu repousava na enfermaria com Hera. Haviam vários médicos doces a sua volta, mas nenhum deles sabia o que fazer com ela. Eu não conseguia levantar, estava muito cansada, mas tentei falar com ela mentalmente, para ver se ela me respondia.

"Hera? Hera, eu sei que você esta ai! Por favor, me responda!"

Nada. Não senti nada. Senti um vazio, que a muito tempo eu não sentia. Tentei falar de novo com ela e senti alguma coisa...

"Saphi... Saphi..."

"Hera! Hera, você esta bem? Acorde, por favor!"

"Eu estou bem, criança. Peça para a Jujuba me ajudar, ela vai saber o que fazer."

Tentei levantar novamente, até que finalmente consegui. Corri para fora da enfermaria e fui correndo procurar pela Princesa Jujuba, quando esbarrei em um menino. Ele era alto e incrivelmente pálido. Tinha cabelos negros e olhos verdes e usava um jeans rasgado e uma camisa vermelha xadrez. E ele estava flutuando! Eu não consegui acreditar! Ele era um vampiro!

– Aonde vai com tanta pressa, princesa? - disse, sorrindo sarcasticamente. Fiquei muito incomodada com o jeito que ele falou comigo. Havia algo de maldoso nele.

– Não sou princesa, sou humana. E onde vou não é da sua conta! - disse, me virando para continuar procurando. O vampiro ficou me seguindo e me observando pelas costas. Já estava de saco cheio dele atrás de mim, e me virei para encara-lo.

– Dá pra você parar de me seguir?

– Quem disse que eu estou te seguindo? - disse, sorrindo. - eu só estou seguindo o meu caminho, que coincidentemente, é o mesmo caminho que o seu.

– Ah, ta. - disse, um pouco descrente.

– Qual o seu nome, menina? - disse, enquanto eu continuava procurando pela Jujuba.

– E te interessa por que?

– Não precisa ser rude! Eu só quero saber! O que que tem?

– Nada. Só quero saber por que voce tem tanto interesse em mim!

– Eu só quero saber seu nome!

Eu estava começando a falar o meu nome, quando vi Marceline vindo flutuando do final do corredor.

– Saphi! Eu estava te procurando! A Jujuba foi a enfermaria e disse que voce não estava mais lá então eu fui te procurar! Hera acordou! Vamos la ve-lá! Mas o qu.. O que voce esta fazendo com ele? - ela apontou para o vampiro, que sorriu.

– Que gentil da sua parte, Marceline! É um prazer reve-la.

– Eu não te falei pra ficar longe da minha irmã? Eu te avisei assim que te trouxe pra essa dimensão!

– Me desculpe, eu não sabia que ela era a sua irmã! Mas vejo que a educação é de família! - disse o vampiro, dando uma risada.

– Vamos, Saphi, vamos sair de perto dele.

– Mas... Hã... Claro...

– Tchau, Saphi. Nos vemos por ai... - disse o vampiro, seguindo pelo lado oposto do corredor.

Marcy pegou na minha mão e me arrastou pelo corredor e entrou na primeira porta doce que apareceu, me levando junto. Fechou a porta assim que entramos e ficou me encarando com uma expressão de braveza.

– Hãã... Olha... Eu não sei o que eu fiz pra você estar me olhando brava assim, mas... Me desculpa? - eu disse, olhando pra ela. Com sorte, a sala estava vazia, então ninguém escutou o que Marcy falou.

– Não estou brava! Estou FURIOSA! Como você pode andar por ai falando com as pessoas assim? Pessoas que voce nem conhece? É perigoso! Mamãe não te ensinou nada?

Eu ficara muito brava com as suas palavras. Ela estava brigando comigo mesmo eu não tendo feito nada! Eu não tinha a menor ideia de quem era aquele vampiro e eu tentara o afastar, mas sabia que Marcy não me escutaria. Apenas a olhei, séria, e esperei que ela se acalmasse. Levou alguns minutos para que ela se acalmasse completamente, mas quando o fez, olhou calmamente pra mim, esperando que eu dissesse alguma coisa.

– Você devia saber... Que a mamãe não me alertava contra estranhos. Ela me achava inteligente demais para receber avisos e por conta disso, nunca precisava de cuidados. Também devia saber que eu não tive tempo o suficiente com ela, ela me abandonou para poder cuidar de você. Eu cresci com o Simon metade da minha vida, praticamente. E eu sei me virar sozinha. Eu estava tentando afastar o vampiro de mim, mas ele me seguiu pelo corredor! Nao havia nada que eu poderia fazer, ok?! - olhei pra ela, e vi que em seus olhos, uma lagrima se formou. Me arrependi das minhas palavras quase imediatamente depois de falar aquelas grosseirias. Me esquecera que, assim como eu, ela tivera pouco tempo com a mamãe, já que ela morrera quando Marcy tinha 7 anos. E eu não tive muito tempo para cuidar dela. Era injusto tudo o que eu havia dito. - Me... Me desculpe, Marcy. Não queria te ofender, eu... eu fui grosseira. Não fica chateada... - e para a minha surpresa, Marcy veio na minha direção e me abraçou.

Eu não entendi o por que, mas ela estava soluçando descontroladamente, então achei melhor tentar a acalmar.

– Me desculpe por ter gritado com você! É que... É que desde que voce voltou do gelo... Tenho medo de te perder de novo... Eu não te salvei, Saphi... Eu te deixei e não quero que mais nada te machuque... - disse Marcy, entre soluços, me apertando bem forte. Ela só me soltou quando ouviu minhas costas estralando de tão forte que era o seu abraço.

Eu sorri para elas segurei seus ombros. Ela sorriu para mim, ainda chorando.

– Bem, isso esta meio errado, não acha? Afinal, eu sou a irmã mais velha, não? - eu disse, sorrindo. Ela voltou a me abraçar, mas desta vez, levemente, para não me machucar quando a porta da sala se abriu.

Entrou pela porta, a Princesa Jujuba, que estava de jaleco branco e com os cabelos rosas presos em um coque no alto da cabeça.

– Saphira! Ainda bem que a encontrei! Hera acordou, e esta de repolso. Ela esta bem! Parece que ela havia comido algum tipo de coisa estranha no Reino de Fogo! Algo que lhe ofereceram! A Princesa de Fogo não esta por trás disso, esta?

– Não! Enquanto eu estivera lá, ela estava ao meu lado o tempo todo! Não tinha a menor chance de ela ter feito algo de ruim a Hera! - disse. Me soltei do abraço de Marceline e andei em direção a porta, onde Jujuba estava. - Posso ver a Hera?

– Agora não. Ela esta descansando e precisamos de você. Os zumbis se adiantaram. Achávamos que eles demorariam semanas para chegar ao Reino Doce, mas acontece que levaram dias! Esses dias que você esteve fora foram o suficiente para voce os ver na linha do horizonte. Preciso da sua ajuda para bolar algumas coisas. Pode me ajudar?

– Claro!

Eu ja estava me retirando do quarto com Jujuba quando olhei para trás e perguntei para Marceline algo que eu ja estava pensando a algum tempo.

– Marcy, quem era aquele vampiro?

– Ninguém importante. Fique longe dele. Seu nome é Marshall Lee.