Capítulo Seis - O Outro Humano

Acordei em um chão de madeira. Com sorte, tudo o que eu havia passado até agora fora somente um sonho. Nada além da minha imaginação. Quem dera fosse isso mesmo.

Abri meus olhos e vi três rostos acima de mim. Um dos rostos eu reconheci, o rosto de Hera, que parecia estar preocupada. Os outros dois eu não conhecia: um cachorro que parecia ser um bulldog de pelo meio alaranjado e um menino com um capuz branco. Ambos me observavam curiosamente.

Tentei me levantar mas perdi o equilíbrio e por pouco não cai. Consegui me sentar com a ajuda do garoto e de Hera. O menino havia dito algo ao cachorro e ele saia do meu campo de vista.

Quando minha visão melhorara reparei que o menino era bem bonito. Ele tinha olhos azuis e algumas mechas de seu cabelo loiro saiam para fora do capuz .

– Você é mesmo humana? - perguntou ele com grande expectativa.

– Claro. O que mais eu poderia ser? - respondi. Ele estava insinuando que eu era um tipo de monstro? Que garoto estranho!

– Você poderia ser um espiã, fingindo ser um humana... - ele olhou pra mim, com os olhos estreitados. Parecia estar bem desconfiado.

– Aqui está! Um sanduíche para a humana! - o cachorro falou. O cachorro... Falou...

Eu devia estar ficando louca, muito louca mesmo. Olhei bem para o cachorro e ele estava em pé sobre as patas traseiras e trazia um sanduíche em um pratinho. O cachorro sorriu para mim e eu fiquei meio duvidosa se ele realmente era um cachorro.

Eu aceitei o sanduíche e um suco de uva que o menino me trouxe. Logo após eu comer o sanduíche todo e tomar o suco o menino virou para mim e falou:

– Muito bem, agora pode ir falando! Como você chegou aqui? - ele fez uma pose de ninja, como se estivesse preste a atacar ou como se eu fosse uma ameaça.

Contei pra eles tudo o que havia acontecido desde que eu havia acordado pela primeira vez, na pedra de gelo no prédio de departamentos e eles escutaram tudo com muita atenção. Não contei para eles a parte dos sonhos, por que nem mesmo eu havia entendido, e não queria explicar coisas que eu não compreendo.

Quando terminei de falar, o cachorro e Hera estavam dormindo e o menino estava sentado na minha frente muito pensativo. Ficou parado me olhando por alguns minutos e sorriu de uma forma muito gentil e disse:

– Acredito na sua história! Você não esta mais sobre suspeita de ser uma espiã. Meu nome é Finn! Aquele é o Jake. Qual é o seu nome? - ele se levantou do chão e me estendeu a mão para que eu pudesse levantar. Aceitei a ajuda, pois ainda me sentia meio tonta, e minha cabeça doía.

– Me chamo Saphira. - disse e logo reparei que seu sorriso se transformara em uma cara de preocupação.

– Hum. Então se os zumbis te seguiram pelo deserto - disse ele - isso significa que não estão muito longe do Reino Doce! Temos que avisar a Princesa Jujuba!

– Quem é a Princesa Jujuba?

– Ah! Voce vai gostar dela! Ela é bem inteligente! Bem matemática! Vou acordar o Jake! Estaremos prontos pra ir em 5 minutos! - ele se virou de costas para mim e foi cutucar o cachorro, que depois de muitas reclamações, finalmente se deu por vencido e acordou. Eles saltam e disseram para eu acordar Hera e sair da Casa quando estivesse pronta. Fui acordar Hera.

– Hera, temos que ir ver uma tal de Princesa Jujuba. Quer vir conosco?

– Ver minha princesa? Claro! Vamos agora mesmo!

Nos levantamos e nos dirigimos a saída da casa, que era uma casa na árvore enorme, e encontramos Jake se esticado e ficando maior que Hera! Depois de tanta maluquice que havia visto, prefiri nem questionar como aquilo era possível.

Montei em Hera e seguimos em direção do Reino Doce.