As portas do quarto se fecharam logo que entramos. Ela se virou para mim e ficou me encarando por um tempo. Eu começara a ficar sem graça e decidi que seria melhor se eu começasse falando.

– Então... O que quer falar comigo?

Ela me olhou com os olhos estreitos e começou a caminhar pelo cômodo, que parecia ser com um salão de baile. Sem olhar para mim, respondeu.

– Quero saber por que mentiu sobre ser uma Princesa.

Eu fiquei assustada. Como ela sabia que eu não era uma princesa? Ela me observou por alguns intantes espetando uma resposta depois se virou e continuou a caminhar pelo salão.

– Eu não pretendia a enganar Princesa, mas precisamos de sua ajuda! É muito importante para todos que voce ajude o Reino Doce... - falei em tom baixo.

Eu tinha vergonha de ter mentido sobre ser uma princesa. Não parecia justo com a Princesa de Fogo, que nos deixou entrar no seu Reino e nos ajudaria a defender o Reino Doce.

– Eu entendo. Tudo bem, não fiquei muito chateada por conta da mentira. Eu a achei até um pouco interessante... - ela sorriu, parecia que a ideia de alguém tentar a enganar era divertida. - mas eu queria saber de outra coisa... Que não podia perguntar ali...

– O que? - respondi. Ela parecia estar com vergonha. O tom alaranjado de suas bochechas foram ficando vermelhos.

– Eu queria saber... Que tipo de relação você tem com o Finn... - disse. Ela não olhara mais nos meus olhos e estava cabisbaixa.

Eu não tinha nada com o Finn mas sabia que mesmo que eu falasse que nada estava acontecendo, talvez ela não acreditasse.

– Olha, pode confiar em mim, não há nada entre eu e Finn. A verdade é que como somos humanos, acho que estamos mais próximos por apenas uma necessidade de tranquilidade...

– Você é humana? Pensei que fosse mesmo uma vampira, pelo fato de voce ser incrivelmente pálida e se parecer com Marceline! - ela disse empolgada. Veio correndo em minha direção e segurou minhas mãos. Se não fosse por um negócio azul que envolvia meu corpo, impedindo me queimar dentro do Reino e que havíamos recebido assim que entramos no Castelo, provavelmente teria perdido as mãos. - Então você e Finn não tem nada mesmo? São só amigos?

– Sim, nós somos - de alguma forma, senti como se estivesse mentindo de novo e uma sensação de tristeza me envadiu.

Ela continuava segurando as minhas maos quando disse:

– Nossa! O que aconteceu com as suas roupas? - eu olhei para eu mesma. Não havia nada de errado, exceto que agora o jeans que eu usava estava mais sujo e a minha camiseta também não estava muito boa. Eu parecia com uma mendiga, na verdade. - Vem comigo! Se voce vai fingir ser uma princesa, acho que posso te ajudar com isso, e não esquenta, tenho roupas que não são feitas de fogo! - disse, puxando minha mão para que eu a acompanhasse.

Eu segui com ela e passamos por uma porta no final do salão e seguimos por uma série de corredores, todos de fogo. Fiquei impressionada pela quantidade de humanoides pequenininhos de fogo. Eles tinham rostinhos de fogo que lembravam leões filhotes, o que os tornava muito fofos.

Entramos em uma sala normal de fogo e a Princesa de Fogo largou minhas mãos e seguiu em direção a um grande armário de fogo. Eu me aproximei para ver o que havia lá dentro quando ela abrisse.

Para a minha surpresa, o armário continha diversas variedades humanas, como toca discos , roupas e livros! Eu olhei tudo aquilo e fiquei encantada! Tudo estava coberto pela mesma camada azul que me protegia do fogo.

– Eu gosto de colecionar objetos de humanos! Acho essas coisas tão interessantes! Quem sabe voce me ajuada a mexer nesse negocio aqui... - disse, pegando o toca discos.

Eu ri e peguei o toca discos de sua mao e o coloquei no chão. Fui até o armário e peguei um disco que me chamou a atenção. Era um disco de uma banda chamada Two Door Cinema Club. O coloquei e deixei que o som enchesse a sala. A música começou a tocar e a reconheci! Costumava a ouvir com o Simon... Chamava-se What You Know...

A Princesa de Fogo Se voltou para o armário e pegou um vestido verde que ia até os joelhos e me entregou depois pegou duas sapatinhas verdes e as colocou no chão a minha frente.

– Você é bem magra, mas acho que vai ficar bom em você. Experimente!

Fui até o canto da sala, onde supostamente havia um banheiro e me troquei nele. Sai meio sem graça, com um pouco de vergonha. Assim que parei na frente da Princesa ela sorriu e falou que eu estava linda. Ela me ajudou com o meu cabelo, o que realmente nos deu um bocado de trabalho. Ela fez uma trança embutida e a deixou mais para a esquerda, que vinha até a minha cintura. Colocou uma tiara na minha cabeça, com uma peça vermelha no centro. Não se parecia muito com uma coroa, apenas com uma faixa de cabelo.eu agradeci a ela mas não achei que jiajar assim seria muito confortável. Ela, então foi ao armário e pegou uma caça jeans nova e me deu. Ficou perfeita em mim e coloquei-a por baixo do vestido, que como não era muito comprido, ficou parecendo uma bata. Não retirei a tiara, mas coloquei o boné por cima dela. Estava me sentindo bem melhor por estar usando roupas novas.

Agradeci novamente a Princesa e falei que precisava ir, mas antes de sair da sala vi que ela estava com um olhar triste e solitário. Me virei para ela e perguntei se ela não gostaria de me acompanhar. Ela disse que adoraria mas tinha que juntar as tropas e as levar para o Reino Doce, mas assim que fizesse isso, daria um jeito de me encontrar. Fiquei muito empolgada e lhe dei um abraço, que ela retribuiu.

Ela me acompanhou para a sala de baile e antes que eu pudesse voltar para a sala em que Finn, Nathan e os outros me esperavam ela disse:

– Tchau amiga.

Eu me virei para olha-lá e reparei que estava sorrindo. Sim. Amigas.

– Tchau amiga. - eu respondi.

Pensei que quando tudo aquilo terminasse, podíamos mesmo ser amigas.