A Última Quimera

Sai da sala de bailes e encontrei Hera descansando próxima ao trono de fogo. Ela levantou o rosto quando viu que eu havia voltado da conversa e me perguntou como fora. Respondi que fora muito boa a conversa e que eu havia feito uma amiga.

Notei que Finn, Nathan e Jake não estavam mais na sala e perguntei se eles haviam ido passear mas Hera disse que eles decidiram ajudar o Nathan a treinar para se defender e lutar. Fiquei meio preocupada, mas concordei que ele estaria em segurança se aprendesse a lutar bem.

Nos retiramos do Reino de fogo e começamos a caminhar pela floresta, pois Hera devia estar cansada de sempre ficar me carregando em suas costas.

Eu ainda estava pensando na conversa que tivera com a Princesa de Fogo e no quão gentil ela fora comigo. Não sabia se um dia conseguiria retribuir sua compreensão e bondade. Me senti de novo mal ao pensar no que ela havia me perguntado sobre o Finn. Eu havia dito que não havia nada entre nós mas eu sentia que não era bem isso...

– Acho que você gosta dele, querida... - disse Hera. Eu não reparara, mas havíamos parado de andar e agora estávamos paradas. Ela estava olhando pra mim, com um olhar de preocupação. Me esquecera que ela podia ler meus pensamentos e a cada vez que eu me lembrava, me sentia muito constrangida.

– Não precisa se preocupar com isso, Saphi. Eu sei que você tem vergonha, é normal! Também tenho vergonha e tento sempre esconder meus pensamentos e focar somente nos seus, para não te atrapalhar... Mas se você for se sentir melhor, te mostrarei um pouco sobre mim, já que sei tanto sobre você...

Não havia pensado nisso! Eu já a considerava uma irmã, apesar de não saber nada sobre ela.
Então ela me mostrou: fragmentos do seu passado. Muitos bons e outros tristes. Alguns eu não entendera, como um lugar todo sendo destruído e uma quimera filhote fugindo de toda a destruição. Quando as imagens pararam de aparecer, eu realmente estava bastante confusa.

Hera apenas deu uma risada, não uma risada alegre, uma risada mais para descontrair. Ela chegou perto de mim e se sentou ao meu lado. Me sentei ao seu lado também e fiquei olhando para a floresta, sabendo que o que ela me falaria poderia ser bastante doloroso, e não queria olhar em seus olhos, para não ver sua dor, apesar de no meu inconsciente, eu a sentir com toda a intensidade que ela sentia.

– Ah... Quando eu era filhote, eu vivia em uma aldeia de Quimeras, totalmente pacífica, mas fomos atacadas um dia, sem razão evidente. Todos da aldeia foram mortos e somente eu consegui escapar... Eu tinha 4 anos... - ela suspirou e eu estava pronta para dizer para ela que seria uma péssima ideia continuar a historia - Eu acho que você deveria saber sobre o meu passado, então escute, por favor. Princesa Jujuba me acolheu e me criou como se fosse uma de seus cidadões. Eu sempre fui sozinha, por ser a única que sobrou da minha aldeia... Nunca mais vi nenhuma outra quimera então, acho que sou a última, e me sentia cada vez mais sozinha, até você aparecer! Foi uma alegria te encontrar e ser sua amiga! Agora não sou mais sozinha como antes... - murmurou e para a minha surpresa, começou a fungar. Não sabia ao certo se estava chorando mas eu podia sentir que estava chorando. Eu a abracei e fiquei esperando ela se acalmar.

Assim que ela parou de chorar e fungar, perguntei se ela sabia para onde deviamos ir agora. Ela disse que não sabia.

Me lembrei do colar rosa que havia ganhado de Mordomo Menta, que podia fazer com que eu me comunicasse com a Jujuba. Peguei o colar e chamei por seu nome e seu rosto apareceu logo acima do colar, como um holograma.

– Jujuba, acabei me separando do Finn e não sei para onde deveria ir.

– Onde está Nathan? Ele está com você? - disse, preocupada. Talvez Nathan não tivesse dito nada a ela sobre vir conosco.

– Não, ele não esta comigo, esta com Finn.

– Ah! Isso é ótimo! Será bom para ele ficar com mais humanos, para variar! O que você estava dizendo Saphira?

– Hum, sobre que lugar eu e Hera deveríamos ir agora! - respondi. Jujuba parecia ocupada e muito distraída.

– Bom, sei que Finn não iria, então vou pedir a você para ir ao Reino Gelado! Pode fazer isso?

– Claro! Eu devo recrutar o Rei de lá?

– Sim! Ele é muito importante! Obrigada Saphi! Tchau!

O colar voltou ao normal, e o recoloquei no meu pescoço. Montei em Hera e partimos em direção ao Reino Gelado.