23 de Abril.1927.

Paris, França.

Bom não sei exatamente como começar um diário, mas gostaria de preservar as minhas memórias, pois estou com meus dias contados.

Vou apenas desabafar um resumo de tudo o que me aconteceu até agora, talvez outro dia eu decida detalhar melhor cada acontecimento da minha amaldiçoada vida. Mas agora disponho de pouco tempo, logo irá amanhecer, e amanhã será um longo dia de afazeres.

Meu nome é Merope Gaunt, na verdade costumava ser esse. Hoje atendo por outro nome. Mas minha tragédia começa muito antes de eu trocar de nome.

Acerca de 1 ano atrás eu conheci um rapaz, que tinha se mudado para a minha cidade, ele era tão lindo, tão galante, todas as garotas da redondeza estavam apaixonada por ele, e logo eu mesma percebi que estava amando ele perdidamente, mesmo que ele nunca tivesse falado comigo.

Ele me olhava de um jeito, que eu tinha certeza que ele me amava, só tinha vergonha de flertar. E ainda nem contei o pior, ele era trouxa, e minha família nunca permitiria isso. Eu obviamente não ligava pra isso, e por isso decidi dar uma ajudinha para o destino e fiz uma poção do amor pra ele, me dediquei por meses, e enquanto eu lhe dava a poção, ele me correspondia com um amor sem escalas e sem limites, vivemos o mais lindo sonho, mas então chegou o dia em que a vida me deu duas rasteiras ao mesmo tempo.

Eu descobri que tinha uma doença, uma maldição de sangue, fui pesquisar a fundo e descobri que várias ancestrais da minha família tiveram isso, mas foi escondido de todos por manchar o nome da família.

Eu ainda estava tranquila, com medo é claro, de ter que me transformar em uma fera para sempre algum dia, mas sabia que meu amado Tom nunca me deixaria, mesmo com a minha doença.

A outra revelação que tive, foi a de que estava grávida, àquela altura já estava completamente certa de que o Tom me amava mesmo, e que agora eu poderia parar de dar a poção, e que quando ele visse que teríamos um filho, casaria comigo e iríamos embora daquela cidade e eu nunca mais precisaria olhar para trás. Então eu parei com a poção.

Percebi que tinha me ferrado. Aquele cafajeste de olhos e cabelos perfeitos nunca me quis, me deixou na mesma hora, grávida e desolada.

Foi então que fugi, e durante a gravidez fui pensando no que fazer. Naquela época não me parecia ter outra saída a não ser abandonar a criança, pois eu não conseguiria criá-la devidamente, estando sozinha, na rua, sem ajuda e com uma maldição de sangue.

Decidi então que quando ele viesse a nascer eu o colocaria em um orfanato trouxa, com toda certeza de que ele teria um ótimo apoio psicológico no orfanato, e se ele tiver sorte será um ser sem mágica como o pai, e nunca saberá dos horrores e tristezas do nosso complicado Mundo Bruxo.

Chegou o dia em que ele estava para nascer, fui até o orfanato, pari a criança e disse que seu nome seria Tom como do seu pai. Deus! Como era parecido com ele!

E daí fingi minha morte com o auxílio de uma poção. Como estava vivendo nas ruas como mendiga, deixaram meu corpo na valeta mesmo, quando acordei segui sem rumo por algumas semanas.

Já era final de janeiro, precisava ir embora do Reino Unido, pois havia muitas lembranças ruins ali, Tinha algumas jóias de família, a maioria já tinha trocado pelo aluguel de um quarto e comida por algumas semanas no Caldeirão Furado, peguei o último colar de esmeralda que tinha e comprei uma passagem para os Estados Unidos. Foi para o lugar mais longe que pude comprar, nunca havia estado nos EUA, mas sempre tive o desejo de conhecer.

Chegando em Nova York, vi o cartaz de um circo, Arcanus o nome, e dizia que a atração principal era uma maledictus, que assim como eu se transformava em cobra, e seu nome era Nagini.

Fui investigar e conheci essa Nagini, uma menina asiática, e vi nela a chance de uma vida nova para mim. Afinal, comida e abrigo em troca de fazer parte do show, achei que seria uma vida fácil.

Então eu a matei, raspei todo cabelo dela e guardei para fazer doses de poção polissuco. Tomei o lugar dela no circo e passei a fazer as apresentações dela. Então ouvi rumores que iríamos para França em Abril, com a turnê do Circo.

Percebi depois de 2 dias trabalhando no lugar de Nagini, que tinha me ferrado de novo. Essa Nagini era tratada como lixo pelo dono do circo, ele tratava todo mundo assim, inclusive ele matou a chicotadas o meu único amigo que fiz no Circo, um curupira brasileiro o nome dele era Anhangue, outro dia conto mais sobre ele, sua morte ainda dói em minha memória. Mas não podia mais deixar o circo, não tinha mais dinheiro nem lugar para ir. Precisava aguentar até ter outro plano.

Minha vida parecia estar sem esperanças, eu via minha maldição de sangue piorar a cada mês, mas então conheci outro jovem rapaz, ele embarcou conosco quando já estávamos deixando Nova York.

Viramos bons amigos, até que nos tornamos amantes. Ele me completava e eu completava ele, dois jovens quebrados.

Contei toda minha história para ele, exceto a parte em que eu matei a menina Nagini e estou me passando por ela, acho melhor esperar pelo momento certo, sei que teremos tempo e que ele nunca vai me deixar, mas quero esperar pra contar.

Estamos no navio a caminho de Paris. Nosso espetáculo será no que todos por aqui chamam de "O Beco Diagonal Francês", dizem que é lindo, espero conhecer tudo o que puder enquanto estivermos por Paris.

O rapaz que conheci é um Obscuro, chamado Credence Barebone. Já me disseram que eu me apaixono fácil, mas acho que não é o caso dessa vez, ele me ama de verdade, e nunca me abandonaria como o Tom fez.

O Credence está em busca de saber mais sobre a família dele em Paris, o Pobrezinho já passou por tanta coisa, tomara que ele consiga respostas logo e que sejam boas notícias.

Assim que ele descobrir sobre sua família estamos pensando em fugir do circo, ele sugeriu de voltarmos para Londres e talvez buscar o pequeno Tom no orfanato.

Mesmo com minha maldição de sangue e sabendo que não vou vê-lo crescer, pois meu tempo como humana é curto, quero aproveitar esse tempo com ele. O Credence super me apoia, disse inclusive que vai criar o Tom como se fosse o filho dele.

Em algumas horas iremos desembarcar em Paris, preciso aproveitar para dormir. Preciso fazer o meu show no circo amanhã, além de ter que ajudar nos afazeres da manutenção do circo, é cansativo, pelo menos agora tenho o Credence pra me ajudar e fazer companhia.

Amanhã eu conto mais. Espero que Paris traga mudanças positivas na minha vida.