A História Não Contada de Nagini Merope Gaunt

A Verdadeira Nagini me Paga um Uísque de Fogo


24 de Abril. 1927.

Paris, França.

Hoje de manhã acordei de um sonho terrível, não é toda dia que eu sonho, mas esta noite eu sonhei com a verdadeira Nagini. Que ela voltava a vida e me matava por vingança pelo que eu fiz com ela.

Logo no primeiro dia que estava em em Nova York, decidi ir ao bar Porco Cego. Tinha uns poucos trocados e estava com muita fome. Chegando lá o show da Noite já tinha começado, era uma cantora Duende, sua música era boa e enquanto ela dançava e cantava fazia animais mágicos feitos de fumaça e luz surgirem ao seu redor, eles ilustravam a letra da canção dela. Achei realmente fascinante, mas devia ser algo que ela fazia todo dia, pois o resto dos clientes do bar não estavam prestando atenção.

Sentei em um dos bancos do balcão do bar, a bebida mais barata era Água de Riso e acompanhava uma porção de batatas fritas, era $1 Dragot, tive que trocar meus galeões quando cheguei e perdi um pouco de dinheiro na conversão, o Dragot estava alto.Tinha $25 Galeões, fiquei com 19 moedas de Dragots. O Barman era um elfo doméstico, e assim que pedi ele estalou os dedos e vieram voando a minha água de riso e as batatas.

Água de Riso não era de fato muito alcoólica, estava afim mesmo de um uísque de fogo, mas custava 7 Dragots, demais para o meu atual orçamento. Tinha um exemplar do jornal The New York Ghost na bancada, a manchete principal era “Dois meses após o desastroso evento com as criaturas mágicas do Magizoologista britânico Newt Scamander, surgem alguns No-majs que parecem não terem sidos obliviados corretamente. Ao que parece a grande chuva obliviadora produzida por uma das criaturas de Scamander não foi de fato muito efetiva. Presidente Picquery diz já ter mandado um esquadrão de aurores para encontrar e obliviar qualquer No-Maj que possa causar problemas com o estudo de sigilo.”

Achei de fato muito curioso, afinal eram só criaturas mágicas, mas sempre ouvi dizer que os Americanos eram bem obsessivos no estatuto de sigilo.

Enquanto comia minhas batatas escutei fragmentos de uma conversa de dois homens sentados à minha esquerda. Ouvi um deles dizer o Nome “Grindelwald”, e sendo ele o bruxo das trevas mais temido, não pude deixar de despertar interesse pelo assunto deles.

“Você ouviu que aquela Picquery, ainda mantém Grindelwald preso? se fosse eu já tinha matado ele! o maior bruxos das trevas nas mãos dela e ela esperando? tá esperando o que? que ele escape??

“Poise Jonh, lá no Macusa só se ouve comentários assim, todos estão com medo de ir trabalhar com ele lá embaixo de todos nas celas. Ouvi dizer que a Picquery está esperando pelo julgamento dele, O Ministro da Magia Britânico está pressionando ela pra devolver o criminoso dele para que responde processo em Londres.”

“Mas você concorda com essa loucura Tolliver? garanto que os teus colegas aurores concordam comigo! pra que julgamento? todo mundo já sabe os crimes dele! tem que mais é cortar a cabeça dele! isso tudo é só Moleza do coração de mulher da Presidente! se fosse um homem já tinha finalizado o trabalho! e feito como nos velhos tempos com decepação de cabeça, não essa pena de morte que a Picquery instaurou, com uma poção da morte indolor! morte de mulherzinha, morrer sem saber que está morrendo e ainda anestesiado pelas memórias boas do criminoso! Criminoso tem que morrer sofrendo! Aqui se faz aqui se paga!”

Esse John era extremamente machista, não conheço a presidente Picquery, mas tenho certeza que ele está falando mal do governo dela só por ela ser mulher. Pelo menos esse Tolliver parece ter um pouco mais de senso.

“Olha eu não concordo com você, John, e de fato a maioria dos aurores pensa assim, só eu e a Goldstein concordamos com as políticas da Picquery. Agora vamo mudar de assunto, nunca chegaremos num consenso.”

“Falando na garota Goldstein, você não ia chamar ela pra sair? você sempre foi apaixonado por ela que eu sei, acho ela até bonitinha, mas a irmã dela Queenie é que é uma puta gostosa!”

"Chega”, pensei esses dois só vão falar asneiras machistas sobre mulheres agora. Peguei minha bebida e o jornal e fui me sentar mais ao longe dos dois homens. Outra coisa me chamou atenção no jornal, um anúncio de um ‘Circo Arcanus’, “Venha conhecer as bestas mais assustadoras e fantásticas, temos criaturas de todos os cantos do mundo! incluindo uma criatura chinesa muito exótica, o felino Zouwu!”. Uma imagem em movimento de dois bruxos aplaudindo uma criatura extremamente estranha estava abaixo do enunciado.

“Oi, com licença”, eu digo para o elfo doméstico.

“Sabe me dizer se este circo ainda está apresentando na cidade?”

“Sei não senhora, mas você pode perguntar para aquele moça ali, é a aberração maledictus Serpente do Arcanus“ disse o elfo apontado para uma jovem sentada sozinha numa mesa mais adiante.

“Uma Maledictus Serpente?” pensei comigo mesma. não podia ser… é coincidência demais, outra pessoa exatamente com a mesma maldição que eu, segundo minhas pesquisas a minha maldição era genética, seria essa moça uma parente distante? resolvi descobrir, fui até ela e sentei na mesa dela.

“Olá, como você se chama? ouvi dizer que você trabalha no circo? sempre quis conhecer um circo” disse para ela.

A moça usava um vestido longo e apertado, era azul e o tecido tinha escamas semelhantes a uma pele de cobra, ela tinha um belo corpo e um belo rosto. Tinha feições asiáticas, devia ser descendente. Seu cabelo era longo e preto, e estava preso num penteado tipo um coque muito elaborado. Seu olhar era triste, mas quando me ouviu falando com ela logo virou se para mim, acho que não era comum pessoas virem falar com ela.

“Oi, Sim, meu Nome é Nagini Sayre, trabalho no arcanus, como você disse que é seu nome mesmo?” respondeu ela um pouco entusiasmada.

“É Merope”, decidi não revelar meu sobrenome, ela poderia saber que somos parentes, sim de fato só existia uma família Sayre, e eles eram descendentes de Salazar Sonserina, assim como a família Gaunt. Uma Antepassada, Isolt Syare fundou a escola de magia americana Ilvermorvy.

“Você queria saber do circo, sim eu trabalho lá, sou uma maledictus”. respondeu Nagini.

“Uma Maledictus? o que é isso?” respondi.

Ela fez sinal pro elfo e ele trouxe dois uísques de fogo. “Dois desse? ela deve ganhar bem no circo, quem dera eu estivesse no lugar dela… se bem..poderia ser uma boa saída...” pensei comigo mesma.

“Você me acompanha? não é sempre que alguém quer saber da minha história, e ela é um pouco trágica se você quiser, tava precisando desabar...”

“Claro, adoraria te ajudar, pode desabar comigo.”

Ela então me contou que descobriu que era uma maledictus quando criança quando morava no Japão com seu pai. Sua mãe era americana e era uma maledictus também e nunca quis ela e se matou logo após o nascimento da filha, pois não queria viver como cobra para sempre. Seu pai era um bruxo muito poderoso e caçava bruxos das trevas, ela passava mais tempo com ele nas férias pois apesar de estudar em Mahoutokoro, a escola de magia do japão que ao contrário da maioria não é um internato, seu pai trabalhava muito e mal via ela em casa. Porém logo que se formou o seu pai foi assassinado por um bruxo das trevas, e ela sem rumo e sem parentes estava se sentindo sem saída quando há 3 anos encontrou o Circo Arcanus que fazia um tour pelo Oriente. Se juntou na mesma hora a eles, revelou ser uma maledictus e ganhou uma show só dela na programação do circo, o trabalho era pesado, e o dono do circo muito exigente. Conseguia algum dinheiro que dava para se manter, e viajava ao redor do mundo desde então.

Não era a melhor vida de todas, mas já estava em vantagem em relação a mim, tinha um trabalho, uma cama, comida e até algum dinheiro e ainda viajava pelo mundo. Comecei a criar um plano enquanto ela falava comigo. Eu poderia tomar o lugar dela, juntar dinheiro por um tempo até que consiga um lugar sossegado para morar, e eu ainda tinha algumas poções na minha bolsa tiracolo, sempre fui boa aluna de poções. Tinha ainda um pouco de Amortentia que eu dava para o Tom até ele me deixar e tinha também polissuco, um pouco que duraria um mês se tomasse todo dia, depois teria que fazer mais ou comprar pronta. Tinha usado polissuco para parecer com uma garota trouxa que o tom gostava como uma última tentativa para ele me amar, mas não deu certo.

Enquanto ela ainda falava, me concentrei apontei a minha varinha por baixo da mesa e sussurrei:

“Imperius”.

Não foi tão difícil, foi a segunda vez que usei esse feitiço, a primeira vez foi contra um trouxa lá na minha vila, e foi muito mais difícil.

Nagini de repente parou de falar e me olhava com cara de sono, parecia estar com a mente em outro planeta. Levantei, mandei ela deixar dinheiro na mesa pelos dois uísque de fogo e pela minha água de riso e batatas. Saímos do bar e eu a conduzi até um beco escuro. Lancei um feitiço de proteção na nossa volta para que ninguém nos visse no beco. Mandei ela tirar a roupa e com um aceno da varinha eu cortei todo o cabelo dela, peguei meu frasco de polissuco e coloquei uma mexa de seu cabelo. O restante guardei junto na bolsa, essas bolsas com feitiços de extensão são realmente uma beleza. Tomei então um gole e tinha um gosto de agridoce, um leve gosto de água suja. Comecei a sentir meu corpo mudando, coloquei a roupa dela e agora precisava me livrar dela, Nagini era até gente boa, e era uma parente distante, mas não podia deixar ela viva isso iria estragar meus planos, e como ela mesmo disse não tem amigos ou parentes próximos, ninguém vai sentir falta.

Me concentrei novamente, a maldição da morte era ainda muito mais difícil de fazer, e novamente só tinha feito uma única outra vez. Fechei os olhos respirei fundo e disse:

“Avada Kedrava”. Um raio verde atingiu Nagini e ela caiu dura no chão sem expressar qualquer reação.

Ainda precisava eliminar o corpo. “Incendio” murmurei apontando minha varinha para o corpo que queimou por horas e eu esperei pra me certificar que não ficaria nenhuma evidência. Quando já estava amanhecendo fui embora, deixando o beco eu vi em uma parede um cartaz do circo, mostrando o endereço. depois disso foi tudo muito fácil, ninguém parecia se importar com a Nagini. Porém o trabalho era muito cansativo e o dono do circo o Sr. Skender era muito arrogante e cruel.

Nas semanas seguintes foi difícil de suportar, porém fiz um amigo, Anhangue, era um curupira, e na última semana que estávamos em Nova York, aconteceu uma coisa terrível e o Skender matou Anhangue a chicotadas, quase matei ele por isso mas me segurei no disfarce, iria guardar minha vingança pra depois. Mas a história do Anhangue eu conto amanhã, agora já ta tarde, e Credence acabou de me chamar pra jantar, a trupe do circo janta junto numa mesa grande na tenda principal, porém desde que Credence chegou eu e ele jantamos sozinhos na tenda dele, ele trabalha como ajudante nas cozinhas e consegue surrupiar comida para nós. Amanhã teremos o primeiro show do circo na Rue Claudel, a principal avenida da comunidade bruxa francesa.