Vendo uma Poção do Amor para Queenie Goldstein

25 de Abril, 1927

Paris, França.

Hoje o dia foi cansativo, depois que me transformei em cobra no meu show levou 40 minutos para mim conseguir voltar a forma humana. Na maioria dos dias eu consigo retornar minha forma original imediatamente, acho que é igual com pessoas que são animagos, só eu desejar e mudo de forma, porém nos últimos meses tem dias que eu demoro a conseguir me transformar de volta, mas já sabia que isso iria acontecer, faz parte da minha maldição de sangue, um dia talvez amanhã, ou daqui a 3 semanas ou até 3 anos eu irei virar cobra e não conseguirei voltar mais a ser humana. Percebi também que trabalhar no circo tem piorado minha situação, afinal tenho que me transformar todos os dias, acho que isso está acelerando minha condição, antes eu me transforma poucas vezes por mês, involuntariamente sempre me transformo em situações de perigo ou estresse.

Gostaria de ter mais alguns anos pelo menos, ainda mais agora que conheci o Credence, todo dia ele fala em fugir, estamos esperando pelo momento certo. Ele quase conseguiu uma pista sobre a família dele, um elfo doméstico ficou de trazer o endereço para ele de uma mulher que diz conhecer a mãe do Credence, até o endereço chegar estamos empacotando furtivamente estoques de comida.

Falando em estoque, o meu de polissuco está bem abastecido, durante esses 3 meses que estou vivendo como Nagini meu estoque acabou somente uma vez e fiquei algumas horas como Merope até conseguir mais, tive que passar tarde longe do circo, foi na minha última semana em Nova York, na semana que meu melhor amigo o Curupira Anhague foi assassinado. Há várias criaturas mágicas aqui no circo, inclusive vários filhotes de dragão em gaiolas, Anhangue era o responsável por limpar as gaiolas e um dia ele esqueceu a tranca aberta de uma das gaiolas e todos os Verdes-Gales que lá tinha fugiram. Quando o Skender descobriu, amarrou o Anhangue em uns dos pilares da tenda do circo e começou a chicotear as costas dele, filetes de sangue escorriam e encharcavam o chão.

“Sua Besta Monstruosa!! Criatura dos infernos! Aqueles filhotes valiam $50 mil Galeões!! Como você deixa a tranca aberta!! Eu sou seu Mestre! Você deve me obedecer quando eu dou uma ordem, Criatura Imbecil!!” Skender Gritava enquanto batia seu chicote no Anhangue.

Eu estava na minha tenda quando ouvi a gritaria, fui correndo até a tenda principal e vi Anhangue quase inconsciente com as costas em carne viva, na hora me transformei em cobra, e modéstia a parte, a minha forma como cobra é assustadora, tenho quase 10 metros de comprimento e presas do tamanho de adagas. Fui serpenteando rapidamente na direção de Skender, porém ele se virou e me lançou um feitiço paralisante.

“Petrificus Totalus! Ah sua vadia monstruosa e ingrata! Agora você vai assistir eu acabar com essa criatura horrorosa que você chama de amigo, e se você tentar qualquer coisa contra mim, irá receber o mesmo destino!” gritou para mim.

A próxima meia hora foi uma grande tortura, Anhangue já havia morrido e Skender continuou a açoitá-lo, seu chicote estava vertendo sangue, a cada vez que ele desgrudava da pele trazia junto um pedaço de carne que voava e caia no chão. Quando ele terminou tirou meu feitiço, na hora quis atacar, mas fiquei com medo e sai rastejando para fora, quando cheguei em um beco vazio, voltei a forma humana. Outra característica em comum entre Maledictus e Animagos é que nossas roupas e objetos que estejamos segurando, como minha bolsa tiracolo e minha varinha se transformam junto e se tornam parte das minhas escamas. Quando levantei do chão percebi que minhas mãos estavam diferentes, eram as mãos de Merope não de Nagini, o efeito da polissuco havia acabado, e eu não tinha dinheiro suficiente para comprar outra, precisava arranjar dinheiro rapidamente, não podia ficar muitas horas fora do circo ou iriam desconfiar. Decidi ir até ao bar Porco Cego, talvez encontrasse alguém para negociar, ainda tinha uns frascos de poção do amor e poção que finge a morte, ambas feitas por mim.

Quando estava a caminho do Porco Cego, passei por uma padaria, reparei que na vitrine tinha uns pães de formatos estranhos, pareciam animais. Um lembrava um Occamy. Ao olhar pela vitrine avistei uma mulher brigando um homem, ela saiu chorando da padaria e esbarrou em mim. Vendo aquela cena me fez lembrar do meu relacionamento com o Tom, e do nada senti que a Moça que esbarrou em mim estava na minha mente vendo aquela cena, primeiro fiquei furiosa, como ela entra na minha mente sem permissão? mas daí senti pena dela, sei exatamente pelo o que ela está passando, ter expectativas frustradas no amor. Quando ela entendeu pelo que eu passei vendo em minha mente resolvi ajudá-la. Convidei ela para ir comigo no bar Porco Cego. Aparatamos então para dentro do bar.

Arranjamos uma mesa bem afastada e eu pedi duas águas de riso. A Moça tinha um cabelo curto e ondulado na altura do queixo, era loiro puxado para o ruivo. Possuía um potencial grande sorriso contagiosos mas agora só exibia uma cara triste. Usava um vestido muito lindo num tom de rosa e um casaco azul escuro.

“Bom você já sabe que meu nome é merope, e que eu tive um frustrante caso de amor com um trouxa, no-maj como vocês dizem por aqui. mas queria saber um pouco mais sobre você.” Eu disse para a moça.

“Desculpa não me apresentar, meu nome é Queenie Goldstein, sim eu estou apaixonada por um no-maj, um padeiro chamado Jacob, mas pela lei estamos proibidos de casar, eu tento convencer que precisamos nos mudar e tudo ficará perfeito, moraremos em Londres onde é permitido nosso casamento, ele diz que tem medo do Macusa ir atrás de mim por causa disso ano quer se casar comigo” respondeu Queenie.

“Você já está em vantagem, em relação a mim, o Tom, o no-maj que me apaixonei não entendia do mundo bruxo, por isso ficou com medo e foi embora, mas eu criei uma própria versão da poção do amor Amortentia, uma muito mais potente, eu não devia ter parado de dar a poção a Tom tão cedo, ele precisava de mais tempo para entender o nosso mundo, eu ainda tenho essa poção se você quiser comprar”.

Queenie olhou com desconfiança.

“Mas então eu terei que dar poção para o Jacob para sempre?

“Não, não com você será mais fácil, só precisa dar poção e levar ele para se casar, e então você vai mostrar a ele a vida perfeita e sem perigos que vocês terão, assim ele compreenderá, pois eles continuam conscientes por baixo do efeito da poção, daí você pode parar de dar, tenho aqui um frasco que durará cerca de seis meses, e só por $50 galeões você pode levar, eu garanto o funcionamento, e você pode me procurar se tiver alguma dúvida, estarei na Europa nos próximos meses, fiz um feitiço de rastreio no frasco de poção, pois vivo perdendo as minhas coisas, então você pode entrar em contato comigo através dele.”

“Entendo, mas ainda assim to com um pouco de receio, será que ele ainda vai me amar? E se ele não gostar que eu faça isso? respondeu Queenie.

“Ele já ama você, só precisa dar um empurrãozinho pro destino, se quiser ter uma garantia espera engravidar para parar com a poção, seu amor e o amor do seu filho irá mudar a visão dele”.

“Ok, acho que você me convenceu, posso te pagar os $50 galeões em moedas de Dragots? Queenie disse com um ar de esperança.

“Claro que pode” respondi com um sorriso.

Com o dinheiro de Queenie Goldstein consegui comprar um frasco de 1 litro de polissuco, duraria muito tempo, estava a salva, então voltei rápido para o circo e tentei afastar da mente o que aconteceu com Anhangue. Quando era hora do Jantar Skender apresentou um novo membro do circo que assumiria as atividades do Anhangue, um jovem e bonito rapaz que havia aparecido no circo naquela tarde, procurando uma maneira de ir a Europa, e como iríamos para França em alguns dias e Skender precisava de um novo empregado ele foi contratado.

Ele era alto e magro, o rosto tinha fortes traço retangulares e firmes, seu olhar era tímido e sua cabeça estava sempre para baixo, tinha vários machucados por todo o corpo e suas roupas estavam toda esfarrapadas. O seu nome era Credence Barebone.