A Hat and A Cap
Duelo de Cavalheiros
O Segundo Ano, de longe, foi o pior dos anos de Ensino Médio. A Koala quis mudar de sala, o Miserável passava as mesmas tardes que ela decidia estudar com ela. Mas, pelo menos, Sanji e Zoro vieram para a minha sala.
No Segundo Ano, o colégio nos sugeria montar um Sarau Literário aberto ao público durante uma semana. Desde arte até teatro, tínhamos muitas coisas a explorar pra entreter. Resolvi ficar com a poesia. Eu, Zoro e Sanji fomos para a arquibancada da quadra de tênis do colégio:
[Zoro]-AAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaarh.... Que tédio desgraçado! Eu poderia estar na academia levantando meus 75kg, ou em casa treinando kendo... Mas não, tô aqui na escola sem fazer nada.
[Sanji]-Você está sendo útil pela primeira vez na vida e tá reclamando, seu Marimo de merda?
[Zoro]-Eu consigo ser mais útil que você, seu ladrão de calcinhas.
[Sanji]-Nem se você nascesse de novo e...
[Sabo]-JÁ CHEGA! -apelei - Não dá pra ver que eu tô tentando escrever um maldito poema, enquanto vocês rasgam seda?
[Zoro]-Tudo o que eu vejo é um papel em branco.
[Sanji]-Está escrito com tinta especial para pessoas com cérebro. -ele caçoou
[Sabo]-Está mesmo em branco, Sanji. Não tenho a menor ideia do que escrever... Não sei o que me deu pra escolher poesia.
[Zoro]-Você quer dizer alguma coisa pra Koala e por isso escolheu a poesia...?
Eu e Sanji encaramos o Zoro, incrédulos:
[Sanji e Sabo]-Você pensa?!
[Zoro]-Vão à merda!
[Sabo]-Não, peraí, pode ser isso mesmo!
[Sanji]-Como você vai dizer alguma coisa pra quem mal aparece na sua frente?
[Sabo]-Eu não tenho a menor ideia, mas isso não me impede de descobrir a resposta. É só eu canalizar o que eu sinto e...
[Sanji]-Sabo, é um poema, não uma sessão no psicólogo. Ninguém quer saber o Drake ou da sua sofrência.
[Sabo]-Elementar, caro Watson. Mas eu não preciso ser objetivo.
[Luffy]-A Koala acabou de me cumprimentar na cantina.
Nós três rolamos "degraus" abaixo com o susto repentino. Catei o caderno e a caneta com a mão direita e me apoiei na esquerda:
[Sabo]-Há quanto tempo você tá aí?
[Luffy]-O Zoro tinha me visto.
[Zoro]-Eu nem reparei.
[Sanji]-Você é burro, espadachim cotoco!
[Zoro]-Do que foi que você me chamou, economia doméstica?!
[Sabo]-Luffy, dá pra levar os dois pra passear por favor?
[Luffy]-Galera, vamos jogar futebol?
Os dois pararam de se encarar e seguiram meu irmão mais novo. Bati as mãos no uniforme pra tirar a sujeira e voltei para o mesmo lugar que estava sentado. Continuei encarando o papel por bons minutos, até sentir o cheiro de um perfume conhecido. Levantei a cabeça:
[Sabo]-K-K-K-Koala????
[Koala]-Oi.
[Sabo]-O que está fazendo aqui?
[Koala]-O Luffy disse que você queria conversar comigo. É importante?
[Sabo]-É... Eu acho que é.
"Luffy, seu tratante maldito! Droga, agora é que esse poema não sai mesmo!" -mentalizei, tentando disfarçar o nervosismo. Ela me encarava com aqueles olhos azuis enquanto mordia o pão de queijo e segurava o café na outra mão:
[Koala]-Xô ovino.
[Sabo]-É que... Que dia é o seu Sarau?
[Koala]-Na terça.
[Sabo]-É que... O meu é amanhã e... Você gostaria de vir assistir?
[Koala]-Você está me convidando?
[Sabo]-Estou.
[Koala]-E se eu disser não?
[Sabo]-Você que sabe... Eu só gostaria que você estivesse aqui, se não for incomodar.
Ela terminou de comer o pão de queijo com calma e bicou o café:
[Koala]-Sabo... Você não é um bom mentiroso. Quer que eu vá por algum motivo específico, não é?
[Sabo]-Heheh... He.... Droga.
[Koala]-Você tá tentando consertar o que aconteceu ano passado?
[Sabo]-A resposta tem algum efeito colateral? -arrisquei
[Koala]-Não sei. Termine de arriscar.
[Sabo]-Talvez... Totalmente... Sim, eu tô.
Ela sorriu, o que era bizarro demais pra mim. Levou a mão livre, ainda suja de farelos de pão de queijo, à minha bochecha:
[Koala]-Você quer me reconquistar? Tá bem, tenta a sorte. Eu não vou dizer nada, só que quero ser surpreendida. Agora, se me der licença, eu tenho um trabalho de química. Até mais!
[Sabo]-Ah... Até...
Minha expressão de surpresa era notória. "Eu jamais esperaria que ela seria assim, depois de tanto tempo! Certo Sabo, você tem uma bala no tambor, e isso é uma Roleta Russa. ACERTE!" -encorajei a mim mesmo.
Levantei dali, fechei o caderno e pus a caneta no bolso. Antes de ir pra casa, resolvi comprar uma lata de suco na cantina. Antes do primeiro gole, ele apareceu:
[X-Drake]-Eu estava te procurando.
[Sabo]-Ah não, dá um tempo.
[X-Drake]-É sério, eu gostaria de te mostrar uma coisa. Pode me acompanhar?
[Sabo]-Se isso for uma pegadinha, saiba que vou comer seu cu com areia.
[X-Drake]-Ei ei ei, sem essa brutalidade toda. Não é uma pegadinha.
Tomei o resto do suco, amassei a latinha e a atirei no lixo. Segui ele até uma salinha nos fundos do vestiário. Chegando lá, aparentemente, era o quarto dele:
[X-Drake]-Leia.
Ele me estendeu uma carta. Amarelada e um pouco amassada. Letra feminina... Ou então ele caprichou absurdamente. No final do texto, a assinatura da Koala, feita da mesma forma que ela assinava. Porém, a letra e a assinatura divergiam:
[Sabo]-E daí?
[X-Drake]-Não convenceu? Certo... Olhe aqui.
Ele me deu fotos. Fotos que não combinavam e eram montagens entre ele e ela:
[Sabo]-Você quer enganar quem com isso?
[X-Drake]-Eu não esperava ter que usar minha Carta Magna com você, Sabo... Mas tudo bem. Você quem pediu.
Ele abriu um armarinho, onde um pano azul estava dobrado e tinha marcar vermelhas:
[X-Drake]-Sabe o que é isso?
[Sabo]-É uma calcinha.
Uma calcinha... Uma... Inconscientemente, puxei um bastão de baseball da parede e acertei o rosto dele com toda a força de um braço. Assim que ele cambaleou, o empurrei contra a parede e travei o bastão em seu pescoço:
[Sabo]-VOCÊ PROFANOU O ESCANINHO DO VESTIÁRIO FEMININO?
[X-Drake]-Do que você está falando? A coelhinha me deu isso por livre e espontânea vontade.
Meus dentes estavam a ponto de rachar, graças à força do ódio que eu estava sentindo. Soltei o bastão e acertei o outro lado do rosto com um tapa:
[Sabo]-Eu não tenho uma luva. E isso é um convite para um duelo. Amanhã, às 18h, na quadra de rugby. Eu vou lavar a grama com o seu sangue, seu desgraçado.
Saí suando de raiva. Não levei muito tempo pra chegar em casa, e fui direto para o quintal. Para a minha surpresa, o Ace estava dormindo na casa da árvore. Puxei meu bastão do suporte e desci de volta. Ainda exalando ódio, comecei a bater num tronco velho ao lado da casa:
[Dadan]-Ô garoto, mas que diabos você tá fazendo?
Não respondi. Estava exaurindo o ódio nos golpes:
[Dadan]-Eu tô falando com você!
Continuei sem dar resposta. Uma tampa de panela de pressão me acertou, e a figura da Dadan apareceu às minhas costas:
[Dadan]-Se fosse o Luffy, a pergunta seria retórica. Mas Sabo, você limpou as orelhas direito?
[Sabo]-Ai! Limpei, droga. Não tá vendo que eu tô com raiva?
[Dadan]-Raiva do que?
[Ace]-Se eu fosse você, não perguntava. -ele apareceu debruçado na varanda de madeira
[Dadan]-E por que não?
[Ace]-Por que não é da sua conta, sua curiosa. Nem da minha, e eu não tô perguntando.
[Dadan]-Sheesh... Seja como for, o almoço tá pronto. Entrem.
[Sabo]-Assim que eu acabar.
[Ace]-Já tô indo!
Dadan embrenhou-se para a casa. E logo, meu irmão apareceu cutucando o nariz:
[Ace]-O que houve dessa vez?
[Sabo]-Calcinha. Koala. Morte. Miserável. Sangrar.
[Ace]-Como foi que ele roubou a calcinha da Koala? Uau... Que doença. O que vai fazer.
[Sabo]-18h de amanhã, vou lavar a grama da quadra de rugby com a cara dele.
[Ace]-Amanhã é o seu Sarau, seu estúpido.
[Sabo]-Só preciso estar lá para a poesia e pronto. Vai me ajudar?
[Ace]-Com o que? Ah... Tá, eu posso criar alguma coisa. Me dê até essa noite. Agora, vamos comer antes que o Luffy chegue.
Larguei o bastão na terra e fui almoçar. Comi um pouco mais que o normal e fui deitar. Dormi a tarde toda, e quando acordei tomei banho:
[Dadan]-Uau, acordou para jantar?
[Sabo]-É...
[Dadan]-Está nervoso com amanhã?
[Sabo]-Não muito. A Koala vai estar lá, preciso me concentrar.
[Dadan]-Boa sorte. Tanto com seu Sarau quanto com a garota.
[Ace]-Dadan soa como mãe às... Isso me assusta.
Sentamos para jantar. Dadan fez pudim para comemorar o momento do Sarau. Me entupi com 4 pedaços que pareciam montanhas e fui para a sala jogar videogame com Ace e Luffy.
O sábado começou frenético. Acordei um pouco mais tarde que o esperado:
[Sabo]-Merda, vou me atrasar!
[Dadan]-Eu separei um pouco de comida pra você levar. Nós iremos mais tarde, por volta de 16h30.
[Ace]-Ah, aqui. -ele me entregou o papel - Não é lá nenhum Shakespeare, mas ela vai gostar.
[Sabo]-Certo. Obrigado, irmão.
Saí correndo para não perder o ônibus. Minha mochila já estava pronta desde ontem, então isso me economizou preciosos minutos. Assim que entrei, fui direto para o teatro. Lá, Zoro e Sanji estavam num canto:
[Sanji]-Você demorou, hein?
[Sabo]-Deu ruim?
[Sanji]-Não. Você só perdeu a chamada. A decoração tá pronta. O Marimo se superou dessa vez.
[Zoro]-Cala a boca, me fizeram acordar cedo pra nada.
[Sanji]-Você foi útil cara, se anime!
[Sabo]-Preciso decorar esse poema pra mais tarde.
[Sanji]-Senta aí. A gente não vai atrapalhar dessa vez.
Abri o papel e comecei a repetir as palavras em voz baixa várias e várias vezes. E mesmo assim, o nervosismo não me deixava gravar. Percebendo isso, Sanji comprou uma lata de chá da máquina de vendas do corredor. Agradeci e continuei a leitura. Os dois saíram para a conferência final da decoração.
Faltando apenas duas horas para o início, às 15h, saímos para almoçar e trocarmos de roupa. Deveríamos estar todos nos bastidores às 14h50, como foi acordado entre a turma. Eu, Sanji e Zoro fomos para o refeitório:
[Zoro]-Eu não acredito.
[Sabo]-Quê?
[Zoro]-Olha o tamanho desse bife! Isso não alimenta nem um filhote de sapo.
[Sabo]-Isso aí é petisco pro Luffy e pro Ace. Mas concordo que é minúsculo.
[Sanji]-Você precisa comer peixe. Quem sabe ômega 3 não faz seu cérebro funcionar?
[Zoro]-Vou fazer a sua cabeça funcionar quando acertar ela com um bastão de baseball.
Os dois continuaram se encarando. Terminei de comer e peguei um pudim:
[Sabo]-Não podemos perder tempo, pessoal. Apressem-se.
14h. O vestiário masculino estava superpopuloso. Assim que consegui tomar banho, levei exatos 15 minutos pra me vestir. Aguardei cerca de 20 minutos por Sanji e Zoro. Eu e Zoro tivemos a brilhante ideia de estarmos de colete e camisa sem gravata. Já o Sanji quis suspensórios e gravata borboleta. Fomos para o ponto de encontro. Pouco a pouco, a multidão de 40 pessoas foi chegando a se unindo. Como representante de turma, me pediram a palavra:
[Sabo]-Eu não sei o que falar. Estamos todos apreensivos com o dia de hoje, mas o melhor Sarau já é o nosso. Façamos jus a esse título, pessoal! Respiremos fundo e força total à frente!
A multidão fez o grito de guerra mais clássico o possível. Entramos pela porta dos fundos e os apresentadores foram ao palco. Os auxiliares fecharam as cortinas e as portas do teatro foram liberadas. Pouco a pouco, o espaço para 200 pessoas foi completamente preenchido. Na 3ª fileira, 5ª cadeira, localizei a Dadan apreensiva, na 6ª o Luffy entediado, na 7ª o Ace com um mangá aleatório. E na 8ª, linda, de vestido azul e adornos no cabelo, a própria Koala:
[Sabo]-Estranho... Eles chegaram cedo.
[Zoro]-É, porque foram buscar a Koala e...
[Sanji]-Marimo idiota, não era pra falar! O Luffy pediu segredo.
[Zoro]-Ah... É mesmo.
Não sabia se ficava boquiaberto com "o Luffy pediu segredo" ou se queria bater no Ace por ser um "santo casamenteiro".
O Sarau começou. O vídeo da turma começou a rodar, com um resumo do que era o momento. E após o vídeo, o pessoal das pinturas foram ao palco. Assim que voltaram, os apresentadores chamaram a poesia. Logo, eu mesmo. Surgi das cortinas com um sorriso congelado e fitei a Koala, que também me olhou e sorriu. E depois olhei pro Ace, que fez o nosso sinal secreto do dedo mindinho. Uma confissão de que mentiu por um bom motivo:
[Sabo]-Ér... Boa noite a todos. Me chamo Sabo, e sou responsável pela poesia dessa noite. Ela é autoral, com contribuição do meu irmão que está na plateia: Portgas D. Ace. Palmas, por favor.
O público atendeu à ordem e aplaudiu o Ace, que apenas levantou o punho direito e ergueu o dedão positivo. Limpei a garganta e ajeitei a cartola na cabeça:
[Sabo]-A obra se chama Seu Amor:
"Sem o Sol, nenhuma planta poderia se desenvolver.
Sem a água, nenhuma vida se desenvolveria.
Sem seu amor,
de mim, o que seria?
Seu sorriso, seu olhar, seu amar,
Ah! Mas que amável composição
não ouso compará-la a nenhuma outra
pois pura assim, só a tua de coração.
Questionar-te-ia, para fins de esclarecimento
o que um imperfeito feito eu traz de positivo
para tua vida e teu conhecimento?
Responder-me-ei, assumindo teu lugar
O imperfeito é perfeito para quem ele deve ser
já que o imperfeito tem o dom de amar.
O silêncio da plateia foi mortal, mas foi sepultado por ovações e palmas. Da minha fileira, houve um murmúrio:
[Koala]-Ace, você quem escreveu?
[Ace]-Não. Não tinha poema nenhum lá, só mandei o Sabo falar com o coração. De nada.
Ela sorriu, agradecida. Me curvei ao público e voltei às cortinas:
[Sanji]-Que poema, Sabo! Incrível!
[Zoro]-Belas palavras, de fato.
[Sabo]-Obrigado, galera. Mas agora, eu tenho um compromisso. Volto antes do fim do Sarau.
[Sanji]-São 17h ainda. -disse, olhando o relógio de pulso - Ele não deve ter chegado.
[Sabo]-Prefiro chegar primeiro.
Saí pela porta dos bastidores e fui para a quadra marcada. Por coincidência, lá estava ele com um livro em mãos:
[X-Drake]-Você chegou cedo. E posso perguntar pra que essa roupa toda?
[Sabo]-Estou no Sarau. Mas consegui uns minutinhos pra acabar com você.
[X-Drake]-Oh,então você se aprontou pra "me bater"? Honrável, Sabo. Mas eu também vim preparado. -do bolso do casaco, ele sacou um canivete branco - Foi amolado pra te ensinar boas maneiras.
Comecei a rir por mera ironia e ajeitei a cartola:
[Sabo]-Você é tão fraco que precisa de um canivete pra me acertar? Patético. Mas eu também vim preparado. -estendi o braço para receber o meu bastão - Bem na hora, Ace.
[Ace]-É, eu disse que ia ao banheiro. Mas já mijei ali mesmo.
[X-Drake]-Vocês dois contra o grande algoz?
[Ace]-Nah, eu não tenho tanta raiva de você. Além do mais, você não vale o meu esforço.
[Sabo]-E agora, estamos ambos armados. Por favor, vamos começar?
[X-Drake]-Eu tenho um encontro em meia hora. Prometo ser rápido e indolor.
Tomamos nossas posições sobre a grama. Meu irmão mediou a distância entre nós dois e autorizou a batalha. Rápido, Drake sacou seu canivete e veio em minha direção pela esquerda. Consegui bloquear e acertar seu joelho com um chute. Assim que ele caiu ajoelhado, comprimi a ponta do joelho do cano no lado direito do rosto dele, fazendo-o sangrar o nariz:
[Sabo]-É só isso?
Assim que percebeu o sangue escorrer do nariz, ele o lambeu:
[X-Drake]-Foi um golpe de sorte. Não haverá outra brecha dessas.
Me afastei girando o bastão no braço esquerdo. Mas dessa vez não fui tão sortudo: Ele repetiu o movimento, porém eu não percebi que ele trocou o canivete de mão, e acabou cravando-o fundo no meu braço esquerdo. Só consegui sentir a dor latejar como um pulso, e vê-lo sorrir triunfante:
[X-Drake]-Parece que você não é tão sortudo assim.
[Sabo]-Heh....
Comecei a rir de novo, sem motivo aparente:
[X-Drake]-Acha engraçado estar com o braço cortado?
[Sabo]-Não... É que você é bem burro. E eu comprovei isso.
[X-Drake]-Do que está falando?
[Sabo]-Percebeu o ângulo do seu braço? E mais importante, a distância que você está do meu bastão?
Depois que pontuei isso, ele parou pra reparar: com o menor esforço, eu poderia socar seu cotovelo para quebrá-lo. E fora isso, o joelho da outra ponta do bastão estava na linha do queixo dele. Sua expressão de pavor era quase tão evidente quanto a minha de vitória. Com o punho do braço rasgado, acertei seu cotovelo com força até perceber que ele perdeu a força da mão que segurava o canivete. Com o bastão, acertei seu queixo com o joelho. Isso fez com que ele cambaleasse pra trás, agora expelindo sangue pela boca:
[Sabo]-Você é fraco, e abusou demais para que eu não tivesse dó.
Como uma lança, comprimi o bastão contra a barriga dele e por golpe final, acertei a cabeça com a força do meu ódio, o que fez até mesmo meu bastão quebrar. Ele caiu no chão desacordado:
[Sabo]-Quisera eu que você valesse o esforço, seu verme.
Tirei o canivete cravado do braço e larguei do lado dele. Puxei o lenço do bolso e amarrei para estancar o sangramento.
Começou a chover. Larguei o bastão na grama e subi as escadas segurando o braço que tornara a manga da minha camisa vermelha. Caminhei normalmente, apesar de um cansaço estranho que sentia. Como se soltara uma tonelada de metal das costas. Resolvi andar olhando pra chuva, quem sabe a água não levasse essa sensação embora. De repente, fui segurado com força. Olhei pra baixo e consegui ver meus irmãos, Zoro, Sanji e um tufo de cabelos castanhos me abraçando com força:
[Ace]-Eu não vi, mas parece que você venceu.
[Sabo]-Ensinei a ele boas maneiras.
[Luffy]-Eu sabia que você era forte! Hahaha!
[Zoro]-Esse corte... Acho melhor ir pro hospital. Foi profundo.
[Sanji]-Me pergunto o que diabos vai ser do veterano humilhado...
[Sabo]-Não se preocupem comigo, eu vou ficar bem. Agora, se puderem dar licença... -apontei pra chorosa Koala no meu peito
Os quatro concordaram e retiraram-se. Alguns minutos depois, o rosto de maquiagem borrada e olhos de criança pidona me fitaram:
[Sabo]-O que você tá fazendo?
[Koala]-Ace e Luffy me contaram tudo o que estava fazendo por mim. Não sei o que dizer.
[Sabo]-Não quero que diga nada... Você já reconhece meu esforço. E sabe que eu a amo.
[Koala]-Tenho plena ciência disso.
[Sabo]-Poderia reconsiderar o "nós"?
[Koala]-É claro que sim, mas não esse ano.
[Sabo]-Não me importa quanto tempo leve. Eu só quero estar com você.
[Koala]-Eu me sinto até envergonhada em ouvir isso... -ela começou a sorrir
Eu tinha algo a dizer, mas ela me calou com um beijo rápido. Um beijo que me fez esquecer do que eu queria dizer e relaxar. Fomos de mãos dadas até o encontro do pessoal, que já estava de saída:
[Dadan]-Sabo...
[Sabo]-Ai merda, você vai me matar.
[Ace]-Dadan.
[Dadan]-Não, eu já sabia. Vamos comprar outra camisa qualquer dia desses. Até lá, use as do Ace se você precisar.
[Ace]-Peraí, que negócio é esse de usar as do Ace, sua velha bocoronga?!
O pessoal foi na frente, restando apenas eu, Ace e Luffy. Não dissemos uma palavra, só tocamos os punhos uns dos outros. Aquele era o nosso sinal de missão cumprida.
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