A Hard Love
You're Not Sick!
Eu não consegui dormir direito. Eu não sabia exatamente se era porque eu me preocupava com Rachel, ou se era porque a imagem dela beijando minha bochecha aparecia em minha mente à cada segundo, eu apenas sabia que me levantei cansada e com olheiras. Eu não sei se assim era a vida de uma pessoa que é amiga de uma pessoa autista, mas eu me sentia assim. Feliz, por saber que Rachel não era doente, apenas diferente dos outros e preocupada, por saber que ela poderia fazer qualquer coisa, que possa machucá-la. Parei em frente ao meu armário e vi duas garotas conversando com Rachel, eu sorri e me aproximei.
– Bom dia meninas. – as duas olharam para mim assustadas, acenaram e se afastaram, eu estranhei e olhei para Rachel. – Você está bem?
Ela não respondeu, apenas olhou para mim e correu para longe. Eu peguei o livro da primeira aula, entrei na sala de aula e vi todos sentados, menos Rachel. Me sentei no meu lugar, o professor entrou na sala de aula e começou a explicar a matéria. Rachel ainda não havia aparecido, eu já estava ficando preocupada.
– Sim, Santana? – o professor perguntou, ao ver minha mão levantada.
– Posso ir ao banheiro?
– Mas a aula acabou de começar.
– É que... eu estou apertada e... não deu tempo de ir antes.
– Tudo bem, mas não demora.
Me levantei rapidamente e corri para o banheiro, na verdade eu entrei em todos os banheiros, para ver se Rachel estava em um deles, mas não a encontrei. Corri até seu armário, o mesmo estava amassado, isso havia me deixado confusa, olhei em volta e corri para a sala da orientadora.
– Oh! Santana? – a orientadora perguntou assustada, depois de abrir a porta. – O que está fazendo aqui? Você devia estar na sala de aula.
– Rachel não estava na sala de aula, e hoje ela não falou comigo, e como eu não encontrei ela em lugar nenhum, achei que ela estaria aqui.
– E você saiu de sala só para procurar Rachel?
– Ela está ai?
– Está sim, mas não quer te ver.
– Mas...
– Volte para a sala de aula, Santana.
– Eu tenho que falar com ela e...
– Santana...
– Está bem!
Voltei para a sala de aula, com a desculpa de que o banheiro estava cheio, por isso havia demorado.
***
Entrei na sala rapidamente, ignorando se a orientadora iria brigar comigo ou não, me aproximei de Rachel e vi seus olhos vermelhos, provavelmente havia chorado.
– Santana, o que está fazendo aqui? – a orientadora perguntou.
– Rachel estava chorando?
– Eu sou doente... – a ouvi murmurar.
– O que?
– Ela está repetindo isso desde que entrou aqui. Já tentei ajudar, mas ela não me ouve.
– Eu sou doente... Eu sou doente...
– Não, você não é doente. – tentei.
– Eu sou doente...
Me ajoelhei em sua frente, ela olhou para o meu rosto e fechou os olhos, tentando me evitar.
– Rachel, de onde você tirou isso? Você não é doente e sabe disso.
– Eu sou doente... Eu sou doente!
Rachel voltou a chorar, eu segurei suas mãos, mas não devia ter feito isso, já que ela começou a gritar e me bater, para que eu me afastasse.
– Me desculpe, Rachel... olhe para mim. – pedi.
– Eu sou doente! – ela gritou.
Eu não sabia se a abraçava, ou se saía daquela sala, por não querer vê-la chorando. De repente meu celular começou a tocar, o peguei do bolso do casaco das Cheerios e o atendi.
– Sim?
– Santana, você ainda está na escola? – ouvi minha mãe perguntar.
– Estou sim, por quê?
– Só queria avisar que eu não estarei em casa e...
– Está bem.
Antes que ela dissesse mais alguma coisa, desliguei meu celular e olhei para Rachel, que olhava fixamente para o mesmo. Eu o entreguei à ela, Rachel discou alguns números e o colocou próximo ao ouvido, mas logo o jogou em mim, quando ouviu alguém do outro lado da linha. Rapidamente desliguei o telefonema, sorri e me sentei na cadeira ao lado.
– Eu sou doente. – ela murmurou, olhando para mim.
– Você não é doente. Por que tanto diz isso?
– Aquelas garotas disseram.
– Que garotas? – a orientadora perguntou, entrando na conversa.
– As amigas da Santana.
– Minhas amigas? Está falando daquelas que conversavam com você? Elas não são minhas amigas.
– O que mais elas disseram? – novamente a orientadora perguntou.
– Eu não tenho amigos. – Rachel se levantou e se aproximou da janela. – Eu sou sozinha.
– Hey... – a chamei, mas ela não olhou para mim. – Rachel, eu sou sua amiga, lembra?
– Você tem pena de mim.
– Isso não é verdade.
Me levantei e me aproximei dela. Rachel abaixou a cabeça e se afastou de mim.
– Vai embora, Santana.
– Mas Rachel...
– É melhor você ir, Santana. – a orientadora disse.
Bufei e me aproximei da porta, parei apenas para dar uma última olhada em Rachel. Ela estava chorando novamente, encolhida próxima à janela. Ouvir aquilo vindo de seus lábios doíam, mas eu não podia fazer nada além de ir embora, e continuar preocupada com o que acontecia com ela.
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