Uma semana se passou, eu tentei ao máximo conversar com Rachel, mas ela não respondia, e ainda me batia, para que eu me afastasse. Ao entrar no refeitório, vi as duas garotas que haviam feito isso tudo. Empurrei uma delas para a parede e a encarei, deixando a outra assustada, e todos nos olhando.

– Por que você fez aquilo? – perguntei, a pressionando mais na parede.

– Do que você está falando?

– Não se faça de desentendida, sua vadia.

– Eu realmente não sei do que você está falando.

– Vocês disseram para Rachel que ela era doente. – murmurei, próxima ao seu rosto.

– Mas ela é doente.

– Rachel não é doente! – gritei.

– Santana... pare com isso. – a outra pediu.

– Cale a boca, porque você também tem culpa nisso.

– Você viu como ela age? Ela bate nas pessoas! Não consegue encarar ninguém.

– Isso não a torna doente. Rachel é autista, e isso não é uma doença.

Coloquei meu braço em seu pescoço, isso a fez arregalar os olhos.

– Não adianta dizer isso. Ela sabe que é doente.

– Diga isso mais uma vez, e você não verá mais o sol nascer.

– Olhe para ela. – ela disse, apontando para trás de mim.

Virei meu rosto um pouco, podendo ver Rachel de cabeça baixa, brincando com sua comida, em uma mesa longe.

– Ela parece uma criança. – a outra murmurou. – Aposto que nunca beijou na boca.

– Vai dizer que isso não é uma doença?

A apertei novamente, encarando seus olhos, bufei em seu rosto e rosnei.

– Fiquem longe dela, ou eu terei que bater nas duas. E isso serve para qualquer um!

– Qual é o seu problema? Você a odiava, assim como todos nós.

– Isso foi antes de eu a conhecer realmente.

– Ninguém a conhece. O que foi? Se apaixonou por ela?

Novamente a apertei, ela segurou meu braço e o puxou, procurando por ar.

– Vou avisar mais uma vez. Fiquem longe dela.

Eu a soltei, dei as costas para todos e saí dali, sem antes dar uma olhada em Rachel, que continuava comendo.

***

Vi o carro da mãe da Rachel no estacionamento, parei ao lado do mesmo e olhei em volta, vendo Rachel e sua mãe se aproximando. Rachel parecia inquieta, sua cabeça estava baixa e não deixava sua mãe se aproximar. Assim que as duas pararam em minha frente, sua mãe murmurou algo e entrou no carro, Rachel continuou de cabeça baixa.

– Você ainda está brava comigo?

Ela não respondeu, apenas levantou um pouco sua cabeça. O que aquela garota perguntou me deixou confusa. Eu gostava de Rachel, ela parecia ser legal e era linda, mas não sabia exatamente se eu estava apaixonada por ela.

– Rachel, nós temos que ir. – sua mãe gritou.

Rachel levantou sua mão e com cuidado tocou a ponta dos dedos em meu rosto, como se estivesse com medo de me machucar. Aquele toque me fez arrepiar.

– Eu estava pensando... – ela começou, tirando a mão do meu rosto. – Quer passar a tarde na minha casa?

– Ah... hoje eu não posso, tenho um trabalho para entregar amanhã, e...

– E amanhã?

Eu não entendia exatamente o que ela queria. Talvez provar que queria voltar a ser minha amiga. Molhei meus lábios com a língua e respirei fundo.

– Amanhã está ótimo.

Ela sorriu docemente, ficou na ponta dos pés e beijou minha bochecha, logo entrando no carro. Assim que o carro saiu do estacionamento, coloquei minha mão em minha bochecha e mordi meu lábio inferior. Rachel era tão doce, que sempre me fazia sorrir quando falava comigo.