A Gêmea do Professor

Atrás dos Sorrisos da Boa Menina - Parte 2.


Jogo a escada dentro da sala do armazém, sem me dar o desprazer de olhar para dentro, já que a porta estava aberta, e fazendo isso, caminhando para frente; ouço um gemido de dor vindo de dentro.

— Eu não lamento! - Digo para este ser, continuando a caminhar pelo corredor, e entre uma e outra rota dele, bati meus olhos sobre a fileira de armários, os quais pichei suas portas com um spray na cor preta e que havia escondido na sala de artes.

O sorriso travesso cresceu nos meus lábios enquanto lia o que eu mesma havia escrito: " surpresa ". Suas letras tomavam todas as portas dos armários entre os respingos da tinta preta que escorriam pela superfície roxa. A tal pichação era constantemente encarada pelos meus queridos colegas de escola enquanto passavam pelo corredor, após o sinal da troca de aulas.

Quase paro meus passos ao notar o grupo de amigos, os quais troquei uma palavrinha no refeitório, entrando no corredor do outro lado e indo caminhando, entre sorrisos largos e altos, até os sete armários, estrategicamente feitos, especialmente, para ambos, fora que, a única que não estava entre eles, seria a mesma garota a qual havia me dado a ideia. Eu a poupei por pena… e também por empatia.

Os elementos do grupo haviam me notando parada no corredor, entre tantos colegas que trafegavam pelo mesmo e que passavam por mim, transformando seus semblantes e feições de alegres e descontraídos, para neutras e temerosas, especialmente o tal carinha que me provocava e que me olhava torto; deixou uma face de zanga na minha direção.

Aos poucos, alarguei um sorriso cínico, para atiçar mais o seu ranço que, de cara, teve com a minha pessoa. Adorava provocar os que não me suportavam, principalmente gozar das suas feições envaidecidas.

Em meu cinismo, levanto minha mão, a deixando do lado do meu sorriso petulante, para começar a balançar meus dedos num aceno amigável entre minha soberba afiada.

Notando suas afeições contrariadas ao verem a arte nas portas dos seus armários, ergui minha sobrancelha para dar um último sorriso petulante e me virar para frente do corredor, enquanto recebia os olhares desconfiados de alguns que estavam certos sobre suas suspeitas. Caminhei por entre meus colegas que bagunçavam pelo corredor, deixando meu sorriso de canto no aguardo do tão esperado momento.

No centro da caminhada, todos os olhares gozadores e gargalhadas dos meus colegas foram direcionados para algo atrás de mim, então os gritos das garotas circularam pelo corredor, trazendo as gargalhadas de gratificação de todos, que vieram à tona.

— Foi você, não foi?! - A voz grave, enchida pela raiva, esbravejou com um impulso forte em sua impressão que me foi sentida, sabendo, com certeza absoluta, que foi direcionado para mim.

Gozando do momento, também aproveitando por ter os olhares da multidão em mim, me viro para trás, continuamente entre meu sorriso sacana, agora satisfatório, voltei com a minha atenção para o garoto pardo que tinha seu estilo mauricinho manchado pela tinta verde, a qual relatou ser a sua cor não muito priorizada num artigo antigo do blog da escola.

Se aproximava entre seus passos empurrados pela sua determinação vinda da ira, me fuzilando entre seus olhos possuídos pelo ódio. - Você é uma psicopata que deveria ser presa!

Ouvindo seus insultos, levo minha mão para trás, abrindo o zíper da minha mochila para, logo depois, enfiar minha mão dentro dela e pegar meu brinquedinho preferido. - Ah, obrigada, gatinho. - Respondo na prepotência, entre meus sorrisos debochados perante sua feição rude.

— Acha que não sei quem você é? - Ameaçou com altura, formando uma feição orgulhosa por trás de uma coloração verde, que o transformava numa figura cômica.

— Ah, bebê, isso realmente me deixa bastante orgulhosa. - Pego um pacote dentro da mochila e comecei a sacudi-la, olhando para ele em meu sarcasmo e desprezo. - Fez a lição de casa!

— Uma garota com mechas vermelhas no cabelo que não para em nenhuma escola e que se vangloria, e repete, repete, como se isso realmente faz de você uma pessoa-

Não aguentando mais sua ladainha, que realmente me fazia revirar os olhos de puro tédio, tiro o pacote de cima do spray e o jogo no chão, ligeiramente levando o mesmo em frente do seu rosto e o aperto, deixando a tinta preta tomar conta do seu rosto e se misturar com a coloração esverdeada, após abaixo meu braço, fazendo uma linha reta, passando pelo seu nariz, boca, queixo, pescoço, até parar em sua camisa vermelha; calou sua boca imediatamente, deixando um silêncio chocante em nossa volta.

Paro com minha arte, e sorrindo, ergo meu nariz ao encará-lo com desdém, em sua cara de palerma surpreso, e sem dizer nenhuma palavra, me viro de costas para ele, encarando a multidão, entre suas feições espantadas, de frente a mim, e as mesmas se dividiram em dois para abrirem espaço para minha saída triunfal daquele corredor, onde também havia olheiros curiosos.

Passo por eles, orgulhosamente, entre meus passos firmes e meus olhares sarcásticos, ousadamente passando entre os demais acumulados e que se repeliram ao me verem passar, estando no seguinte corredor largo.

— Um, dois, três, quatro… - Apontando o indicador para cima, na direção dos dutos de ar visíveis, contava as entradas, pelas quais havia colocado as minhas famosas bombas de gás. Viro meu pulso para frente dos olhos, olhando as horas pelo relógio de pulso. - Exatamente duas horas e quarenta minutos até o sinal de saída, é… vai ser meu novo recorde.

Sendo encarada de canto por todos, mantinha meus olhares caçadores ao redor, olhando para dentro das salas, à procura daquele Monte do Everest que ainda tinha algo que pertencia a mim, e se souber que foi destruído, não só ele vai sentir o gosto do meu ódio, mas essa escola inteira vai.

Curvo meus passos até uma porta encostada, sendo a mesma agredida pelo meu pé que a golpeou com força, a fazendo se abrir com tudo até bater contra a parede do outro lado, revelando uma sala vazia, de pessoas e materiais. Ainda mais contrariada, contraindo o meu ódio, saí daquela sala para me encaminhar pelas restantes salas que me sobravam, até virar num corredor e encontrar uma mesa de rodinhas tomada por pastas, e que estava sendo atacada pelas mais agitadas pessoas, reconhecendo uma delas que seria aquele tal “ bad boy ”.

Os mesmos estavam acumulados no centro do corredor, barrando a circulação de qualquer um que quisesse passar.

— Eu soube que o Slab tirou todos aqueles documentos da sala dos professores e deixou ali. - Dizia uma garota à sua amiga, enquanto eu passava em frente à elas, ambas encarando o furdunço acontecendo. - São as pastas que podem ter as respostas dos exames finais do final do semestre.

Ouvindo aquilo, meu andar impulsivo e cheio de marra, se fez em direção à aglomeração que estava frenética em procura das respostas; ambos tinham pastas em suas mãos, procurando as tais “ respostas ”. Tinha intenções marrentas por trás.

Meu passatempo preferido: acabar com os planos alheios.

— O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?!! - O grito irritado de um professor ecoou entre as tantas vozes de apreensão dos meus colegas, que se apressaram em esfoliar extrapoladamente as folhas das pastas, entre os que estavam do outro lado da mesa, que correram rapidamente para ficarem atrás dela, dando a visão de um professor grisalho e de óculos, que usava roupas despojadas, caminhando pelo corredor com determinação e um feição severa na direção dos mesmos.

“ Depressa, gente, ele tá vindo! “, “ Eu não posso repetir de ano! ”, essas eram as falas que escutava virem dos mesmos, enquanto usava meus braços para empurrá-los para o lado, abrindo o caminho para me dirigir até a mesa em frente.

— Eu quero que todos coloquem as pastas de volta na mesa e me tragam ela!

Atendendo seu pedido, ao ficar em frente da mesma, levantei minha perna para deixar meu pé sobre a beira da mesa e a empurrei com força na sua direção: a mesa, com o impulso, fez algumas das folhas voarem e a rota se tornar estreita com a inclinação. Paro meu andar, entre todos que pararam o que faziam para olhar a mesa atravessando o corredor, fazendo alguns que caminhavam por ele se atrapalhar entre os pés para sair da frente da mesa desgovernada, e que foi diretamente até o professor que, com o espanto, não deu tempo de sair do caminho, sendo atingido nas coxas, fazendo uma expressão de dor e se inclinar para frente, enquanto sua feitora, com o impacto, se curvou para o lado e se dirigiu, lentamente, até os armários onde bateu nas suas portas e por ali ficou.

Com um pouco de peso na consciência, resolvo levantar a voz. - Foi mal… Agora! - Levanto a voz autoritária, fazendo todos se tremerem pelo susto e me olharem de canto. - Alguém sabe onde Slab está?! - Levo meus olhares repreendedores para os mesmos, entre seus olhares temidos, balançarem em negação, o que tornou a deixar meu sangue e a bola da avalanche ferverem entre a raiva e o controle.

Deixando meus lábios numa linha reta, por reter meu fervor da fúria dentro do meu corpo aquecido, assenti com a cabeça, levando meu olhar de poucas amizades até o bad boy, que estava do meu lado, e que sorria feito um idiota.

Abrindo sua boca para falar algo, levo minha mão pesada até a pilha de pastas que segurava, batendo na superfície lisa com força, fazendo as mesmas passarem entre o espaço aberto das suas mãos e caírem no chão. Vislumbrando sua face que ficou confusa, abro meu sorriso zombeteiro e abro o passo para passar por ele e entrar no corredor à esquerda.

— EU ENCONTREI!! - Uma garota grita, alegre e aliviada, entre seu sorriso, estando pouco à frente de mim.

Me aproximando dela, como os outros curiosos, famintos pela busca, levanto meu braço até a altura da folha e a pego entre meus dedos, puxando a mesma com arrogância das mãos daquela garota e continuo a andar.

— O que você tá fazendo?! - Esbravejou ela, com irritação.

Seguro o topo da folha com minhas duas mãos para levá-las em diferentes direções, acabando por rasgar o papel ao meio, dando corda para os que estivessem atrás de mim reclamarem em protesto.

— Com que direito ela acha que tem pra fazer isso?!

— Melhor não ir contra, é bem capaz dela quebrar sua mão se tentar tirar… aquele papel das mãos dela…

— Já ouvi boatos sobre ela, e sempre tive medo dela vir parar no Finnegan.

Esnobe com seus comentários que não me passaram despercebidos, entre meu riso rude de canto, continuo a rasgar aquele papel entre vários pedaços com gosto, e, como destino, ao meu lado, pouco mais à frente, vinha uma trituradora de papel sendo arrastada por um grupo de três pessoas.

Já em pequenas partes rasgadas, seguros elas entre meus dedos da mão direita, e ao passar do lado da trituradora, que já estava ligada, diga-se de passagem, estendo minha mão para deixá-la acima da entrada e a solto, pouco depois continuando a andar pelo caminho do corredor como se nada tivesse acontecido.

Senti o gosto do desfrute ao ouvir as reclamações desesperadas junto do som mecânico do papel sendo triturado ao fundo.

Entro no banheiro frequentado pelas garotas, sendo encarada por algumas delas, que estavam admirando sua beleza pelo espelho ao se maquiarem, mas resolvi deixar toda a intriga do lado de fora para ter a minha hora de livramento, estava com minha bexiga cheia.

Percorro meus olhares rigorosos pelo chão brilhoso do banheiro: pelas pias limpas, sem alguma gota de água ou papéis sobre elas, mesmo sendo usado pelas gurias, que, muito menos, deixava resquícios de maquiagem sobre a pia; entre os espelhos lisos e brilhantes; pelas portas limpas e sem alguma mancha de caneta dos boxes do banheiro. Me surpreendo com aquilo, já que, nas minhas ex-escolas, os banheiros mal pareciam que eram limpos, isso o das meninas, mal sei como os banheiros dos meninos são e nem pretendo saber.

Abrindo a terceira porta da fileira, sinto o cheiro de água sanitária e de perfume de lavanda. - Pelo menos isso essa escola tem de bom.

Esvaziar minha bexiga com alívio era uma das coisas mais prazerosas de sentir, mais ainda quando se tem um banheiro bem limpo.

Puxando a calça para cima para ajustá-la na minha cintura, sou espantada ao começar a ouvir os gritinhos enojados e de susto das meninas ao redor do banheiro, tais os mesmos sendo misturados entre sons muito parecidos com coaxar de um sapo, coaxar vindos de vários sapos ao volta.

Puxo o zíper da calça e prendo o botão, franzindo o cenho, intrigada com aqueles coaxares estranhos, e não pelos gritos das garotas. O banheiro ficava longe da sala de biologia.

Sabia que os sapos ficavam na sala de biologia, por ter em mente, usá-los para deixar em algum lugar espalhados para causar intrigas, como agora, mas acho que foi por água abaixo, literalmente.

— Mas também, podem existir algumas garotas que choram bem estranho, afinal, estamos no banheiro… ou não? - Com meu comentário, abro a porta do box, dando de cara com uma infestação de sapos, pulando para todos os cantos do chão e pela pia; os encarava com despreocupação e indignação. - Mas que porra… roubaram minha ideia.

Pela visão aberta da porta do box, vejo três garotas correndo na direção da saíram, em suas feições apavoradas e remexendo suas mãos, freneticamente, pelos seus cabelos; suas bocas escancaradas traziam a satisfação do plano à tona, mesmo não sendo autora dele.

— Pelo menos fizeram um ótimo trabalho. - Digo e saio de dentro do box para ir até a pia, prestando a atenção onde colocava as pontas dos meus pés: entre os mínimos espaços abertos entre os anfíbios.

Chegando em frente à pia, colocando sobre ela minha mochila para aliviar o peso sobre minhas costas e poder lavar minhas mãos, aperto o dispensador da saboneteira que deixou o líquido viscoso cair na palma da minha mão, logo depois apertando o botão de pressão da torneira que escorreu a água para fora, me apressando em colocar as duas mãos, quentes, debaixo da água gelada. Movo meus dedos entre uns aos outros para limpá-los entre eles, concentrada até ouvir um coaxar, mais alto que todos, vir do meu lado, o que me fez levar meus olhares em espanto para um pequeno que estava sobre minha mochila.

Permaneço o encarando enquanto desligo a torneira e pegava uma pequena toalha ao lado para secar minhas mãos, sendo retribuída com seu olhar sereno, um olhar sereno que chamou a atenção dos outros que estavam perto e os fazendo subirem, num pulo, para cima da minha mochila.

Jogo a toalhinha para o canto, intrigada com aqueles sapos, e me viro de frente para eles passando a ponta da minha língua na parede da minha bochecha, apoiando minha mão sobre minha cintura e na pia. - Podem ficar aí em cima, viu, não ligo não. - Para tornar aquele momento excêntrico, sinto um peso pulsar em cima da minha cabeça; já tinha uma ideia do que seria. - Sério? - Reviro meus olhos e os viro para o espelho, olhando diretamente o anfíbio esverdeado em seus olhos escuros e arredondados, ouvindo um "Coach! Coach!" vir do mesmo. - Tantos lugares pra você subir e vem ficar logo na minha cabeça? - Pergunto com curiosidade para aquele pequenino.

A resposta poderia ser pelo motivo de não ter nojo ou medo, até mesmo porque eu caçava os de sua espécie quando era criança; poderia ser uma garotinha muito má, mas nunca, jamais, mataria um ser da sua espécie ou outro qualquer animal existente desse mundo… tirando os gatinhos, eu ainda os odiava.

Tiro aquele pequenino de cima da minha cabeça e o coloco em cima da pia, fazendo o mesmo com os outros em cima da minha mochila, os colocando carinhosamente em cima da pia.

— Como pode tocar nisso?! - Perguntou uma garota num tom enojado.

— Simples… - Pego a alça da mochila e a puxo, tirando de cima da pia, colocando novamente em cima do meu ombro para depois me virar de frente para a garota de olhos puxados, tendo em sua expressão a mascará arrogante em seu eterno nojo. - Não sou vocês. - Abro um sorriso satisfatório ao ver sua expressão se estreitar pela minha resposta.

Entre os espaços pelos quais poderia caminhar, vou em direção à saída do banheiro, passando do seu lado em minha total zombaria entre meus risos e olhares.

Pensei que a situação apenas estava dentro do banheiro, mas ao me aproximar da saída, escutava os gritinhos de nojo das garotas, e ao passar por ela, tenho a visão condenável das mimadinhas dando pulinhos e se batendo, para tirarem os sapos de cima de suas cabeças e ombros, fazendo os mesmos caírem no chão; fico com dó. Eles não tem culpa de acharem confortável estar em cima de cabeças vazias.

Entre elas, minha irmã, maravilhosamente, estava, soltando seus gritinhos e dando pulinhos frescurentos, tirando um de seus cabelos antes de começar a correr pelo corredor, onde vejo estarem Adam junto do Derby, encarando a mesma cena medíocre que eu, mas que logo seus olhares nervosos se colocarem em mim ao me notarem, e que logo foram ignorados por ficar mais curiosa sobre Ivy.

Minha irmã passou ao lado dos dois, mas parou em frente de uma entrada enturmada para um corredor à esquerda, onde dele sai o garoto de jaqueta de couro e que foi diretamente até ela.

— Por que você não está gritando por causa dos sapos? - Derby pergunta, em seu tom e olhares curiosos. Eu o olho como da última vez. - Só perguntei, não me mata! - Respondeu com sua voz fina e amedrontada.

— Acha mesmo que eu vou ficar assim por causa de alguns sapos?

— Vai se souber que o causador disso é o Slab? - Ele continua, revelando o causador, o que faz, instantaneamente, meu sangue ferver de raiva.

Inclino minha cabeça para o lado e abro meu sorriso sádico. - Ah… foi é? Então eu devo causar mais discórdia dentro dessa escola.

— Espera! - Adam interrompe, me olhando com dúvida. - Foi você quem jogou uma lata cheia de tile sobre o Josep?

— Deveria ter colocado fogo naquele abusador de merda. - Digo com ira por me fazer lembrar da cena, degustadora, olhando para o nada.

— E depois pichou a sala dos professores, virou as salas do segundo andar de cabeça para baixo, além de fazer uma “ brincadeira ” com os responsáveis pelo blog da escola! - Dizia com irritação, levantando sua voz para demonstrar, nitidamente, sua raiva, me olhando em reprovação.

— Línguas de cobra, corrigindo. - Corrijo em minha plena ignorância, voltando a encará-lo com satisfação.

— Depois de, também, pichar os armários deles, como os restantes armários!

— Caro gêmeo do bem, tenha consideração com aqueles que não tiveram seus armários pichados por mim. - Digo entre meu semblante de súplica, sendo irônica, e que logo trato de mostrar minha face debochada. - Se diz um gênio, então como não sabe dos dedos pobres dessa escola? Inclusive, tive muita consideração. - Minto por trás de um sorriso tirano.

— Ainda jogou uma escada no Dang!! - Com raiva direcionada à mim, levantou num tom grosso sua voz, entre seu olhar agressivo e frustrante para mim.

Fico alguns momentos em silêncio, apenas adquirindo aquele seu jeito, sentindo o ardor da cólera subindo pela minha garganta por ser a primeira vez que fala assim comigo. - Não tire conclusões precipitadas, gêmeo, faço o que faço por-

— Por ser uma medida arrogante e irresponsável!

Tiro minha feição mascarando minha fúria dentro de mim, para, enfim, mostrar ela para o mesmo, que continuava entre seus olhares de repreensão e nervosismo, coisa que jamais teve coragem de fazer.

Desfaço meus braços cruzados para começar a caminhar, entre passos lentos e impulsivos, entre meus olhares invadidos pela fúria, para sua direção, ignorando, totalmente, a presença do Derby.

— Viu o que você fez?! - Amedrontado, Derby levantou a voz amedrontada e se virou para meu irmão. - Deixou ela mais irada do que de costume!

Saio dos meus pensamentos assassinos, ouvindo os "Coach! Coach!" dos sapos, vindos diretamente debaixo da blusa roxa que Ivy vestia. Paro meu movimento, inclinando meu corpo para o lado e ver a tal junto do bad boy, notando os pequenos volumes na altura da sua barriga se moverem enquanto ela vira seu rosto amargo para trás.

Tal visão não me tirou risos, pelo meu momento estar sendo de pura zanga, causada pelo meu gêmeo, que jamais! Nunca! Em toda sua vida! Teve que passar nas sombras como eu passei…

Ninguém sabe de nada…

Escuto as gargalhadas forçadas do seu amigo pateta, a que me colocou o tal sentimento de aversão e desprezo por eles, entre os olhares tensos e cheios de dúvida do meu gêmeo, os quais atingiam minha amarga e mais profunda ferida que, pessoas, a fizeram crescer ainda mais.

Suas gargalhadas diminuem, por notar o ar de desilusão entre meu irmão e eu. - Bom… o dia está lindo, não acha? - Tentou quebrar a linha entre mim e Adam, falhando miseravelmente.

Um “ coach ” me foi ouvido, o que me tirou da guerra de sentimentos e levar meu olhar para seu pequeno corpinho, me fazendo lembrar do cretino que roubou meu caderno de desenho. - Sabem onde aquele filho da puta está? - Na zanga interna, agora sem brincadeiras, volto a pôr meu olhar frio e calculista perante aos dois, que estavam perdidos no tempo.

— Normalmente ele está caçando nerds nesse horário. - Derby diz, em sua feição enrijecida pelo amedrontamento, enquanto me encarava estático ao lado do Adam, que tinha uma feição pensativa.

— Hm… então… - Começo, revelando meu raciocínio. - se eu ficar com vocês dois, provavelmente minhas chances dele mesmo vir até mim, serão maiores.

— Tem certeza que você é o gênio aqui, Adam? - Derby perguntou ao meu gêmeo, mantendo seu olhar estreito e apreensivo em mim.

— Já chega disso! Eu não tenho tempo pra isso! - Expressou meu gêmeo nervoso. - Ele está com a minha chave mestra... - Passou suas mãos nervosas pelos cabelos, entre suas expressões preocupadas e nos olhando com apreensão. - Se o Diretor Tater souber...

— DIRETOR!! - Grito novamente, me virando para trás na esperança dele estar por perto, mas logo sou interrompida por uma mão posta em frente da minha boca.

Entre no colapso da ira, abro minha boca, deixando um dedo seu entrar por ela para, logo depois, voltar a juntar meus dentes, prendendo seu dedo entre meus dentes carnívoros e cheios de sede trazidos do abismo dentro do meu coração.

Clichê? Eu sei, até mesmo para mim.

O prensava fortemente entre meus dentes, apenas escutando seus gemidos de garotinha chorosa enquanto tremia, entre suas tentativas de puxar sua mão.

Por pura pena, abro minha boca, encarando meu gêmeo de canto, sentindo uma sensação de puro prazer em ver sua expressão de dor, apreciando cada segundo que preenchia meu peito de orgulho, um orgulho vingativo e o mesmo que iria usar mais tarde.

— Eu já disse para não colocar sua mão na minha boca, por não saber onde andou colocando ela! - Digo com irritação, mas controlada. - Mas e agora, senhor gênio, o que vamos fazer? - Pergunto.

( Minutos depois... )

— Vamos vasculhar o armário do Slab atrás da minha chave.

— Por que ainda pergunto? - Pergunto em decepção para mim mesma, estando ao lado deles enquanto caminhávamos pelo corredor até o conjunto de armários, sendo que, o último deles, tinha as letras enormes na frente da sua porta: S. L. A. B.

Adam empurrava uma mesa de rodinhas, sendo que, acima dela, tinha uma maleta curiosamente suspeita.

Derby para em frente ao armário e segura no cadeado, bruscamente tentando puxar para frente, somente numa tentativa falha de abrir. - Tá trancado. Bom, nós tentamos. - Escondia, atrás de um bom sorriso nervoso, seu pavor em se encontrar com Slab. Voltou a se virar para voltar pelo caminho que fez, tentando ir embora, mas Adam, que estava do seu lado, segura sua gola e o puxa novamente para frente.

— Tá tudo bem. - Entre seu sorriso expressivo, vai para o lado da maleta, a cobrindo com suas mãos que a destrava e a abre, revelando um painel que continha um botão vermelho acima e uma espécie de bateria ligados à fios que iam até um ímã prateado, preço nas costas da maleta. - Com esse sistema magnético, vou ter acesso aos armários, soltando a dobradiça que está presa ao cadeado. - Explicando, tirou uma espécie de ímã prateado das costas da maleta para se preparar para ir até o armário.

— Ah. - Em desdém, apoio minhas costas sobre os armários da parede em frente aos armários que estavam, cruzando meus braços e levantando meu pé para o pôr sobre a porta, cheia da minha impaciência para ver a cena.

— Tá bom, manda bala. - Diz Derby, com esperanças.

Apertando o botão vermelho, se aproximou do armário, estendeu sua mão que segurava o ímã ligado ao fio, o aproximando da dobradiça que, em segundos, com sua força magnetizada, fez a porta se abrir bruscamente.

— Uou. - Digo sem ânimo, nada impressionada.

— Qual é, você não se anima com nada? - Derby pergunta em ânimo, se virando para mim.

— Com a dor e o sofrimento dos outros. - Respondo seca e rude, encarando seus lindos e meigos olhos azuis com minha frieza e meu desprezo.

— Isso é bem específico. - Comenta com seu medo transbordando.

— Agora vê se encontra a porra da sua chave e meu caderno! - Sou interrompida pelos ataques das portas dos armários em frente, que começaram a se abrir, um em seguida de outros armários, principalmente os que estavam ao meu lado, sendo atingida por uma porta.

Sinto um impulso vindo da fileira de armários atrás de mim, não sendo o bastante para me tirar do lugar, mas com o brusco movimento, me fez ir para frente pelo mesmo pular para frente. Contrariada, me viro de frente para ele, acabando vendo o mesmo se arrastando para frente, dou um passo para trás, encarando aquilo com estranheza. - Desliga essa coisa!

— Desliga! - Ele gritou.

Segundos depois o magnetismo foi desligado e o armário para no lugar, e talvez aquilo tenha feito brotar uma ideia na minha cabeça. Me viro para trás e aponto para sua maleta. - Me empresta isso mais tarde?

— Não mesmo. - Negou, virando seu olhar repreendedor para mim.

— Deu certo. - Começou Derby, em sua idiotice que chegava a me dar a vontade de bater o rosto dele contra as portas dos armários e o jogar dentro de um.

Ignorando aquilo, sigo os tais até em frente ao armário, curiosos, acabando notando a total desordem que havia dentro daquele pequeno espaço, e que me fez lembrar do meu próprio armário, o qual não tive tempo e nem o pensamento de ver em qual lugar ele ficava.

Os meninos começaram a mexer em suas coisas, a pouco com Derby tirando uma casca de banana de dentro do armário, fazendo sua expressão de nojo. - Ahg, que nojo. - Reclamou.

— Falou o cara que tá carregando um pé dentro de um saco. - Digo, o medindo de cima a baixo.

— Isso é pra ciência. - Virou seus olhares simples para mim ao responder. - A gente...

— A gente não vai fazer nenhum monstro!! - Esbravejou Adam, que segurava um recorde de uma caveira.

Deixaram as coisas no chão para voltarem a bisbilhotar dentro daquela cova imunda.

— Não vai procurar, Amy? - Meu irmão pergunta.

— Tá bom que eu vou enfiar minha mão aí dentro.

Logo após dizer, ele tirou um casaco de dentro do armário, para procurar o que havia dentro. Enfiou suas mãos para dentro para vasculhar, e de dentro, tirou duas sapatilhas de bailarina, destacadas na cor rosa que fazia meus olhos se revirarem pelo incômodo.

Com esse silêncio, pensativo entre nós três, volto a encarar de canto, e abismada, aquela sapatilha que veio diretamente das terras da Barbie açucarada, mas que logo, num pensamento súbito de pensar na possibilidade dele fazer balé, abro minha boca e começo a rir.

— Sapatilhas de balé? - Perguntou Adam, expressando sua estranheza e preocupação. - Vocês não acham que o Slab… - Interligando seus olhares confusos entre mim e Derby, terminou seu pensamento. - Será que ele devorou uma bailarina?

— Ou talvez, não sei, que ele seja a própria. - Respondo com o óbvio, e recebo seus olhares estreitos.

Reviro os meus e volto a olhar para frente, e por fim, depois de horas, vejo o grandalhão novamente aparecendo, vindo do corredor da esquerda, caminhando em seu jeito rebelde e seu olhar feroz, como um gatinho mimado, para nós. Apenas, somente, o encarava enquanto se aproximava e parava atrás das costas do Adam.

Sua imagem, depois de tanto, me dava o furor do ranço puro em uma única pessoa: pela primeira vez, tinha um ódio profundo por alguém, tão que me fazia esquentar todo meu corpo com o calor da ira subindo pela garganta. Me segurava para não pular em cima do mesmo e esfolar por inteiro seu rosto, e era o que me imaginava fazendo, enquanto imóvel.

Queria liberar toda a minha raiva que prendia dentro de mim, não só dele, como de muitos.

— O que pensam que estão fazendo? - Perguntou ele, autoritário e grosso, parando atrás do meu irmão.

— Conheço a rotina! - Derby, em sua voz fininha e amedrontada, se vira e corre até uma lata de lixo, tirando a tampa de cima antes de entrar no mesmo, que estava vazio.

Que decepção.

— Aposto que jamais havia feito uma coisa tão amedrontadora assim. - Com seu sorriso vitorioso e orgulhoso, empinou seu nariz, na sua soberba esnobe.

Em meu olhar direto e duro, prosseguia encarando o gigante de baixo, sem alguma vontade de cair na bobagem de provocações para ver quem era mais amedrontador, mas… - Eles já eram o próprio lixo. - Digo na voz amarga, que estava presa na minha garganta com o furor da zanga, continuamente mantendo meu olhar calculista sobre ele, que estremeceu um pouco da sua feição orgulhosa, por ouvir minha resposta. - Como o próprio na minha frente.

A alteração no meu humor parecia que surtava para fora, fazendo seu olhar tão orgulhoso se murchar as lentas e se tornar insegura, aquilo me divertia por dentro.

— Você faz balé? - Perguntou Adam à Slab, onde o mesmo tomou novamente, impulsivamente, as sapatilhas das mãos dele, ainda tendo seus olhares inseguros na minha direção.

Num salto de ação, desviou, com dificuldade, entre desviadas, seus olhares de mim para os pôr sobre meu gêmeo. - É claro que não!! E eu não vivo zangado o tempo todo, porque o meu tamanho não permite que eu seja o príncipe do lago dos cisnes... - Em sua frase, se engasgou num choro que logo desapareceu.

— Quando vai ser seu próximo show? - O provoco com minha acidez, fazendo ele me olhar com ira, suspirando como um boi. - Ficou com raiva, foi? - Formo um beicinho debochado, o mesmo que se tornou um sorriso tirano nos meus lábios.

— Podem parar de se encarar, antes que a escola pegue fogo! - Adam nos repreende.

— Eu gosto de fogo… Mata com mais dor. - Rouca, engrosso a voz, continuando entre meu olhar rancoroso para ele.

— Eu concordo com você. - Concorda ele, dividindo o mesmo olhar que eu.

— Será que pode me devolver a minha chave?

— E meu caderno, antes que eu te esfole com minhas próprias mãos.

— Claro… - Assentindo, ignorando minha presença, numa feição rígida, para olhar somente para meu gêmeo.

— É mesmo?! - Entusiasmado, Adam falou.

— É. Depois da aula, mas vai ter que arrancar com as frias mãos mortas, só que as minhas mãos ainda estarão vivas e as suas vão estar mortas, porque eu vou fazer você não ficar mais vivo, e isso é frio. - Entre sua cara de palerma, dizia, parecendo forçar sua pose de valentão.

Franzindo em desconfiança, digo: - Eu nunca tinha ouvido tanta porcaria saindo de uma boca só. - Comento para mim mesma. - Se for assim, é mais fácil dizer: eu vou te matar. - Digo com segundas intenções por trás. - Sai com mais elegância quando dita por mim. - Chamo sua atenção outra vez, enquanto o olhava fixamente. - E é isso que vai acontecer, se você não devolver o meu caderno, e muito pior vai acontecer, se acaso ele estar todo rabiscado… - O vejo engolir seco, numa expressão temida. - Já aí, eu te mando diretamente pro inferno, sentar na cara do papai.

— Eu vejo a luz! - Se virou numa corrida, para voltar no caminho de onde veio, levando as sapatilhas consigo.

— Ótimo, o que mais pode acontecer no dia de hoje. - Reclamou, se apoiando na sua maleta, mas acabou a ligando outra vez.

— Ainda se acha um gênio. - Digo e me ponho a seguir o corredor, embora eu tenha escutado o que estava acontecendo atrás de mim, entre seus resmungos desesperados, entre uma voz desconhecida.

Passando pela saída do corredor, entro no corredor à direita para continuar meu caminho, sendo passada pelo Derby, que passou correndo e desesperado do meu lado, logo antes de um grito alto de dor vir detrás de mim.

Paro por curiosidade, estreitando minha feição e repensar se realmente queria me intrometer, por continuar ouvindo as lamúrias. - É, não ligo. - Tomando a decisão insensível, continuei fazendo meu caminho, atravessando os demais corredores para voltar até a biblioteca, onde havia deixado minha mochila em segurança.

Pelo caminho, acabo encontrando, entre os corredores, a careca brilhante do diretor junto do baixinho do zelador, ambos olhavam para a escrita “ Bola de Bilhar ”, entre letras enormes, entre a parede e a porta da sala do diretor.

— Como alguém pode ter tanta… er… - Ele dizia, procurando palavras.

— Covardia? - Sugeriu o zelador.

— Não! - O repreendeu, se virando para ele, entre sua feição espremida. - Talento.

— Sério? - Num olhar entediante, o zelador olhava, cansado, para seu superior. - Não reparar na sabotagem que virou este canto de paraíso sem macaquinhos?

— Temos um artista entre nós.

Reviro meus olhos, cansada daquilo. - Nossa. - Resmungo, passando do lado deles e sem reparar nos olhares acusadores do Dang, os quais fiz questão de ignorar.

— Você, parar! - Gritou ele.

— Me alcance! - Numa piscada, sou trompada por ele que apareceu na minha frente, o que me deixou completamente confusa e com meia preocupação. Me apresso em dar passos para trás, estreitando meus olhares confusos sobre ele. - Como?

— Mim não deixar escapar cuuulpaaaDAH! - Com seu rosto tomando a cor avermelhada, fez movimentos com seus braços, parecidos com movimentos de luta, karatê: levou seu braço com sua mão esticada para frente, seu outro braço curvado para trás, com sua mão fechada.

Fiquei imóvel, sem sentir nenhuma preocupação ou ser intimidada por aqueles movimentos, apenas o encarando com tranquilidade.

— Vai acabar com essa palhaçada pra alguém que queira lutar de igual pra igual, sério. Agora, não estou com ânimo pra isso… e eu preciso ir pra aula de literatura… uma das únicas que tenho ânimo de ir, e que me faz sair da cama para vir até a escola, estudar!

Com sua feição desconfiada, desfez os movimentos. - Estar decidido, salva pelo apito de aulas, mas irá ser pega quando menos esperar, mocinha. - Forçou seu olhar de repreensão com seu indicador apontado para mim, a qual não assusta nenhum gato.

— É isso que eu quero mesmo. - Falo, demonstrando minha despreocupação, voltando a tomar meu caminho sobre seu olhar confuso. - Amanhã, provavelmente, não me verá mais, então, fique tranquilo… A bagunça vai ser apenas por hoje.

— Ah, que booooom! - Comemorou ele, animado.

Finalmente, iria respirar ar puro de uma boa leitura.

~~~~~~~~~~~~^~~~~~~~~~~~~

— ME AJUDA!! - Adam gritou em desespero, após me fazer sentar em cima da sua mesa, com suas mãos desesperadas sobre meus ombros, em meio ao seu pânico aparente que se refletia em seus olhos inquietos e estáticos, em suas mãos suadas e trêmulas.

Até mesmo não estranhei sua reação amedrontada e cheia de pânico, depois de me arrastar até sua sala de ciências, após acabar minhas duplas e mais maravilhosas aulas de literatura.

Apenas queria meu caderno de volta, mas com a proposta do Slab de acabar com meu irmão depois das aulas, poderia até esperar com entusiasmo, por realmente querer ver essa luta maravilhosa, entre o salsicha e o King Kong.

O ânimo de ter uma morte pública me voltou a trazer meus sorrisos no rosto e a plenitude de que precisava para tirar um pouco de todo um peso incômodo que carregava nas costas.

— E agora, o que é que eu faço? - Perguntava, cheio de pavor e desespero, enquanto andava em círculos entre o espaço em frente da sua mesa e a primeira mesa, da sua sala. - Se eu contar pro diretor que eu perdi a chave, eu perco meu emprego, e se eu tentar tirar do Slab, aí eu perco minha vida!

— Não podemos ter as duas opções como preferidas, feitas e concluídas? - Digo e recebo seu olhar com o pavor estampado. - Ou quer que eu diga a minha preferida?

— Eu te pedi para me ajudar! - Diz ele, se virando para mim com seus olhos esbugalhados e cheios de pânico.

— Me arrastou pra cá por burrice, sua anta azul, sabendo que eu iria torcer para sua possível morte! E eu prefiro a segunda.

— Amy! - Esbravejou, amedrontado.

— Se já sabe seu destino, agarre ele com força e vai! - Levanto meu braço para apontar para a porta entre meu olhar cínico, que era recebida pelo seu olhar cansado. - Todos nós sentiremos sua falta. - Formo um falso sentimentalismo no meu olhar perpétuo sobre ele.

— Isso não é ajudar, é, TOTALMENTE, o oposto.

— Apoio moral! - Retruco mais uma vez, astuta, mantendo um sorriso forçado no rosto.

— Bela charada. - Derby diz, sentado em cima da mesa da frente, do lado direito da sala, usando um bico de bunsen para aquecer uma frigideira que havia um embrulho de alumínio em volta, que já estava estufado: o próprio balançava a frigideira acima da chama. - Onde tem manteiga?

— Me dá um pouco depois? - Pergunto.

— Pra você, tudo que quiser, ga-

— Continue e vai perder a língua!

— Eu dou a pipoca! - Assentiu freneticamente, entre sua feição tensa.

— Acho melhor deixar meu bigode crescer, mudar meu nome pra Pepi e mudar pra Guatemala! - Entre seus frenéticos e apavorados movimentos e gestos, seus olhos quase esbugalhados e estáticos, entre sua agonia do pavor, chegou nessa conclusão, parando seus passos agitados em frente da sua mesa, desvairado pelo pânico.

— Ainda é hora de pensar… - Como um demônio, continuou dizendo.

— Saia da minha mente voz do mal, maligna! - Pôs suas mãos em volta da sua cabeça ao fechar seus olhos.

Sorri sinceramente, cruzando minhas pernas ao relaxar sobre sua mesa, realmente me divertindo com seu desespero.

Derby desce da mesa, deixando a frigideira em cima de um apoio, para caminhar até meu irmão. - Você têm bigode pra deixar? - Colocou suas mãos sobre o rosto liso do meu irmão, o massageando. - Quer dizer, sente só isso aqui, é tão liso... Liso como Jess. - Passou por ele ao formular seu pensamento totalmente incompreendido, para ficar em frente a mim, sorrindo bobamente. - É um ótimo apelido pra ele: Jess! - Diz para mim, que apenas assenti, desinteressada, mas não fazendo efeito nele por se virar e continuar: - Eu vou te chamar de Jess.

Desesperado, Adam voou para cima do seu amigo, segurando e apertando seus ombros. - Se concentra! - Gritou, balançando os ombros dele. - Tenho que resolver esse problema!!

— Agora sim, eu tô gostando… - Comento com vigor, fazendo ele me olhar com tédio, diante do meu sorriso divertido. - Surta mais.

— Deveria estar pensando em como me ajudar, já que ele vai devolver minha chave junto do seu caderno. - Apontou um pouco.

— Prefiro deixar você se ferrando sozinho, é bem mais divertido. - Respondo, sincera.

— Como ninguém ainda te prendeu? - Confuso, perguntou.

— Esquece ela, eu te apoio, Jess. - Eu e meu gêmeo, viramos nossos olhares contrariados para ele. - Eu sei de alguém que pode ajudar. Dang!

— Ele vai... - Começo a dizer, mas sou interrompida.

— Olá. - O mesmo, entre piscadas, surge sentado em cima da mesa e já comendo a pipoca feita pelo Derby.

— AAAH!! - Ambos gritam.

— Palermas. - Digo, sem surpresa alguma, encarando os olhos puxados com dureza.

— Por que você não se assusta? - Derby pergunta, se virando para mim com seu questionamento, confuso.

— Eu, me assustar com ele? - Zombo, apontando para Dang. - Jamais! Sem ofensa, mas já ofendendo. - Digo, diante do seu olhar cansado de mim. - E, aliás. - Desço num pulo da mesa, passando do lado dos dois para ir até a mesa onde o zelador estava sentado: apoio minhas mãos sobre sua beira e puxo meu corpo para cima, facilmente me sentando sobre ela. Levo minha mão até o pacote de pipoca cheio, enchendo minha mão com as mesmas, que ainda estavam quentes, e as levando para minha boca aberta; sinto o gosto salgado ao começar a mastigar.

O zelador desce e deixa a frigideira sobre a mesa. - Tanto faz, mas vim para cá por eu saber que você quer ser treinado na arte da autodefesa… - Diz, sugestivo.

— Dang, eu agradeço a oferta, mas não vai adiantar, o Slab tem o dobro do meu tamanho.

— Mais que o dobro. - Complemento, jogando a pipoca na minha boca e depois riu.

— A borboleta pode matar o homem se pousar no lugar certo. - Derby diz, entre sua cena destemida, arqueando sua sobrancelha e indo até Dang, ficando entre ele e o Adam.

— Não! Isso ser besteira. - O próprio Dang diz. - Borboleta muito pequena e fraca, mas, conseguir dominar qualquer inimigo com ponto de pressão. - Pôs seu dedo indicador acima do ombro de Derby.

— Ouuusssah, mão que pon! - Diz na sua própria língua, entortando seu corpo num quase desmaio e vai para o chão, desnorteado, se ajoelhando.

— Me ensina depois! - Digo.

— Não ensina nada pra ela... - Adam diz para ele e eu o olho séria. - Ela usa as coisas pro mal… como já deve ter percebido. - Voltou a olhar para ele, em afirmação.

— Ser pega!

— Segue o plano, Dang. - Ponho um bolo de pipocas na boca, assistindo eles.

— Enquanto isso, o inimigo tonto, montar nas costas… - Explicou, se colocando acima das costas do Derby. - e puxar cabelo como quem colher arroz! - Forçou sua voz ao pôr suas mãos no cabelo dele, prendendo seus dedos entre os fios e os puxou, tirando poucos tufos de cabelo.

— Zaaouuu, iau, iau, iau. - Reclamou novamente de dor, colocando suas mãos na sua cabeça ao se curvar para frente.

— Ótimo. - Diz, Adam, com seu sorriso alegre, com um mínimo de esperança conseguida pelo Dang.

— E finalmente, indo abaixo do peito - Com Derby já levantado pela força do zelador, o próprio segura pelo braço e pôs sua mão em seu peito. -, da pra arrancar coração e fazer homem ver o último batimento...

— E o quê?

Ambos pararam por segundos, acompanhando a cara de estático, cheio de pavor, do Derby.

— Eu não precisar mostrar, isso ser autoexplicativo. - Diz, tirando a mão do peito dele com tranquilidade.

— Vocês são tão estraga prazeres! - Desânimo, colocando frigideira em cima da mesa por não ver a melhor parte. Os mesmos me olharam, com seus olhares questionadores e repreensivos. - Nossa, deveria tirar uma pintura assim.

— Ah! - Derby, desesperado, levanta sua camisa, mostrando seu abdômen definido, e nisso eu até desconfio, e enfia sua mão por dentro da sua camisa, entre movimentos frenéticos para tocar em seu peito, apenas para ter a certeza de que seu coração estava no lugar; soltou um suspiro de alívio após.

— Burro! - Digo em total desprezo a ele.

— Olá, Sr. Young... - A voz doce e animada da minha mãe veio de costas, como sempre, chamando pelo meu gêmeo.

Inspiro e solto o ar, imaginando o motivo pelo que veio para esse inferno que se intitula escola, e aquilo levantou meu ânimo, tanto que me tirou um sorriso tirano dos lábios.

Que a desordem comece, mesmo eu preferindo que acontecesse depois do último toque.

Me viro para ela, que caminhava entre o espaço das mesas, entre seus sorrisos animados… Franzi meu rosto pela confusão.

Sempre que ela soubesse de algo que fiz; primeiro: fica puta da vida, quase que me mata. Segundo: vem para cima de mim e começa com suas repreensões de ensinamento.

Gritos para cima e para baixo da casa, reclamando de como eu vivo e de como eu deveria me comportar e blá blá blá, coisas que jamais tomo para mim por puro descontentamento, por sempre me julgar…

Ao ver seu jeito animado, levo a conclusão de que ainda não sabia.

Quase solto uma gargalhada alta pelo grandíssimo funcionamento desse lugar, ainda mais pelo nosso “ querido ” Diretor Tater.

Mesmo assim, vendo ela se apressando em chegar até seu filho, me deu um abalo no peito, numa autocobrança de não ter feito o trabalho direito. Então, seus olhos descontraídos se viraram para os meus, que tinham uma tonalidade zero de empatia e alegria, concluindo em fazê-la parar um pouco ao lado da mesa onde estava sentada; sua feição se endureceu minimamente.

Sempre que endurecia seu rosto na minha presença, era como sentir um soco no estômago, e, novamente, a amargura me fez engolir minha voz e tirar minha feição antipática do rosto para se pôr no lugar, uma sugestionável.

Forçou seus lábios num sorriso modesto, indiferente, sem mostrar seus dentes. - Olá, filhota.

O aborrecimento sobe pela garganta ao ouvi-la me chamar de filhota, apelido esse que sempre odiei, mas era teimosa demais para me contrariar e continuar a me chamar assim, principalmente na frente de desconhecidos.

— Mãe, não me chame assim na frente dessas pessoas que eu mal conheço. - Retruco com mal humor.

— Filhota. - Extrapolou seu alto ânimo, pouco forçado, ao repetir.

Poderia parar com isso, mãe, isso me chateia por dentro…

Reviro os olhos, bufo, soltando um suspiro pesado. - Maravilha. - Giro meu corpo para frente, com minhas mãos apoiadas na mesa, dando o impulso para poder pular para frente, batendo meus pés com força no chão e com eles, ando até minha mochila que estava sobre a mesa do meu irmão.

— Filhota... - Paro bruscamente meu andar por ouvir, entre risinhos de deboche e zombaria, Derby dizendo.

Impulsiva como era, viro meu rosto possesso para ele que se cala no mesmo momento, tomando o temor em seus olhos arregalados e sua rigidez em suas expressões espremidas.

Tanto ele, como Dang, deram um passo para trás, se afastando de mim.

— Sempre ter esse olhar…? - Dang pergunta, estreitando seus olhos para mim. - Um vazio negro, sem fundo e sem alma.

Por fora, poderia ter uma convicção rude para todos que me encaravam torto, mas por dentro, sentia meu peito ser esmurrado, não uma, mas por duas vezes no mesmo dia, vindos daqueles que eram da minha família e que estavam nesta mesma sala.

Apenas continuei meu caminho, tranquilo, até a mesa e segurei minha mochila; queria pular pela janela para sair daquela sala.

— Mãe, o que faz aqui? - Adam perguntou, caminhando apressadamente, entre o espaço das mesas, até ela.

— O colégio me chamou aqui, a Ivy está na enfermaria.

— Que trágico. - Omito minha falta de empatia e finjo minha autocompaixão, segurando a alça da mochila para a colocar por cima do ombro.

— Ela tá bem?! - Desesperado, Derby perguntou, se apressando em ir até eles e parar ao lado do Adam. - Precisa de boca a boca? - Sugeriu com más intenções.

Franzi como todos, pela falta de vergonha na cara, firmando a mochila nas costas para depois voltar até a mesa e continuar a comer a pipoca.

— Ela está bem sim, disseram que está só com um sapinho na boca.

— Sempre achei que isso realmente poderia, muito bem, acontecer. - Encaro meus pensamentos maléficos, lembrando da convenção dos sapos do banheiro enquanto colocava uma mão cheia de pipoca na boca.

— Bom - Segurou sua mão, fazendo menção em se virar. -, eu vou lá dar uma olhadinha na Ivy.

— Mãe, espera. - A chamou, fazendo ela voltar a se virar, em seu semblante total de preocupação. - Eu pensei um pouco. Lembra que você ficou chateada quando recusei aquele trabalho na Nasa?

Bem compreensiva…

— Não, eu entendi, você quer a experiência do colegial que nunca teve. Sair com amigos, beijar garotas...

— Apanhar de um valentão. - Digo com um sorriso divertido no rosto, fazendo ele se virar e me olhar em sua total feição de morto. - Quer um pouquinho? Ainda sobrou para nós comermos enquanto assistimos você apanhado.

— Exatamente! - Concordou ela, entusiasmada. - Eu tenho orgulho de você.

Tá aí uma coisa que nunca vai dizer pra mim…– E de mim, mamãe querida? - Pergunto apenas para levantar o astral, não posso dizer que o meu, mas forçava um sorriso para ela.

— Apenas seja uma boa garota. - Respondeu, simplesmente, em sua voz grave, tirando um pouco da feição descontraída do rosto.

— Uma coisa que ela não é. - Apontou para mim, ainda estando de costas para mim. - Você soube o que…

— Cala a boca! - Rude, eu digo para ele.

— Não! - Se virou, apontando seu indicador para mim e seus olhos acusadores. - Você sabe o que te espera?

— Que Deus te ouça… Mas guarda a informação para ela saber quando estiver longe. Gosto de ouvir o grito dela ecoando, é bem engraçado. - Dou um sorriso sacana para ele.

— Não… - Em tom de decepção, ela franziu sua feição ao balançar em negação sua cabeça, enquanto me olhava com desgosto. - Amy… Ainda é seu primeiro dia!

Surpresa com seu jeito novo, expressando sua decepção no olhar e seu desgosto para mim. Aquilo me atingiu com rancor e revolta. - Isso diz muito sobre a boa ética que exerce esse hospício, mamãezinha. Esqueceu o que eu disse pra você?

— Amy, já estou cansada de fazer-

Ao ter a noção de que iria ouvir um de seus sermões, reviro meus olhos e me apresso em a interromper. - Me poupe das suas frases de boa mãe de sempre, já estou cansada delas! - Levanto minha voz rude para ela, enquanto a olhava com irritação, sendo retribuída com o seu olhar contraditório, pois, nem nos meus piores momentos, usei um tom alto ou rude, desrespeitoso com ela.

Fico rígida, demonstrando minha feição inabalável, mas, por dentro, estava fraquejada. - A senhora sabe muito bem que elas não fazem nenhum efeito em mim.

— Amy, fale direito com nossa mãe! - Adam demonstrou sua raiva na voz ao ser levantado, em seu olhar de angústia.

— Não entre numa conversa na qual você nunca esteve presente, Adam! - O retruco com meu ódio e indignação sendo transmitido na voz e no olhar. - Aliás, ótima escolha de lugar para trabalhar.

— Posso não ter estado presente nos momentos, mas-

— Mas o que…?! Em?? - Levanto a voz, impulsionada a ir até ele: passei ao lado da mesa para ir até ele e ficarmos um à frente do outro, trocando olhares inquestionáveis um para o outro, entre os meus que saíam faíscas de pura raiva, trazendo do fundo um pânico incontrolável, que atiçou a minha fúria para com ele, pois sabia de onde estava vindo. - Ligar para nossa mãe e aconselhar ela em ter paciência com a puritana aqui? Dizer que eu só preciso de mais algum tempo até superar?! Superar uma coisa que era meu sonho que foi arrancado de mim!! Sendo que se passaram três anos?! SEU HIPÓCRITA!! - Levanto minha voz com meu desespero trazido da fúria, encarando com mágoa o mesmo que ficou em silêncio, em seu total desequilíbrio e seus olhares desviados para os lados. - Pelo menos, eu não sou um cachorrinho que fica fugindo, como o próprio que está com o rabo entre as pernas e o amiguinho aqui de trás.

— I-isso é um insulto? - Diz ele, confuso.

— Foda-se! - Recebo o olhar de repreensão de minha mãe. - Eu tô fora de tentar te ajudar, e eu realmente espero que ele te esmurre na porrada até te deixar moído no chão! - Arrumo a alça da mochila no meu ombro para agilizar meus passos para frente, mas sou interrompida pelo olhar suplício dele.

— É isso mesmo que quer? Me ver machucado apenas para satisfazer essa sua raiva?

— Ter um braço quebrado, uma perna quebrada. Todos os ossos do corpo quebrados… nem chegam perto do que eu senti naquele dia… - Fico em silêncio, somente para segurar o engasgo do choro que estava subindo na garganta, mas que eu lutava para não permitir que reflita nos meus olhos.

Jamais permitiria que alguém me visse chorar.

Forço minha garganta para não falhar a voz, pela adrenalina que fazia meu corpo, também, tremer. - Desfrute da sua querida morte, gêmeo do bem. - Me despeço e passo por ele, prendendo meus suspiros trêmulos dentro do peito fraquejado, ignorando, totalmente, os olhares ineptos da minha mãe.

Prendo meu lábio inferior entre meus dentes ao abrir a porta com tudo e passar para fora, fazendo alguns, que passaram em frente, darem soltos de susto e se afastarem, entre seus olhares, completamente, confusos.

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Caminho por aquela multidão, por aqueles corredores, com meus punhos agressivamente fechados, o que trouxe a dor pelas pontas das minhas unhas se fincarem na minha pele, em êxtase que entorpeceu meu corpo trêmulo, minha mente que ficou parada no tempo e que apenas se atentava em que direção seguir.

As lágrimas de raiva queriam saltar para fora.

— Amy! - A voz rigorosa de minha mãe, soou alto pelos meus ouvidos, mas que não me fizeram parar os meus passos impulsivos pelas curvas dos corredores. - Pode parar?!

— Por que não vai até sua querida filha? Ela não tinha um sapinho na boca?!

— No momento, eu estou mais preocupada com você!

— Comigo?! - Exclamo com ironia, abrindo um forçado sorriso sarcástico no rosto antes de me virar e a encarar com raiva. - Qual é o problema, mãe?! Está com medo de que me perca por aqui? Pode ficar tranquila que eu já conheço eles muito bem, bem até demais!

— Amy, aqui não é hora e nem lugar para isso, portanto… - Com sua autoridade suprema, andou severamente até mim, enquanto era atingida pelo seu olhar possesso que era criticado pelo meu, do mais alto questionário: foda-se.

Já, a vontade de liberar toda a raiva para fora, em forma de lágrimas, ainda era uma opção para mim, mas não válida no momento, pois, minha mãe pegou meu braço com força e me puxou, me arrastando pelo corredor com todos os olhares em minha direção, já sabendo para onde me levava.

— Vou faltar na minha última aula. - Provoco.

— Isso é o menor dos seus problemas, mocinha.

Reviro meus olhos, apenas seguindo na direção onde me levava, com um sorriso satisfeito no rosto, rezando para que isso termine como todas as demais vezes: me livrar de mais uma escola. Aquilo estava nos meus planos para conseguir o que queria e ela deveria me dar, ou continuaria até o limite, e o céu era o limite… e nele estava o espaço infinito, ou seja, sem limites para mim.

Os minutos se passavam, enquanto desenhava várias formas imaginárias pela parede que tinha a cor de merda daquela escola cheia de malucos, enquanto me permitia estar sentada num banco encostado à parede ao lado da porta da sala do diretor. Não escutava nada de gritos ou de suas vozes se levantarem com irritação, começava a achar aquilo estranho, me fazendo ter angústia com o passar dos minutos, pelo que estavam conversando, numa voz interna que me indicava ter preocupação por aquilo.

Eu deveria estar preocupada mesmo?

Jamais minhas intuições falharam, e nunca falharam, soube disso pelo simples motivo de ver o semblante sereno de minha mãe ao sair daquela sala e me chamar para entrar, em sua voz doce, e quando ela fala com sua voz doce, depois de uma breve discussão cheia de raiva, até mesmo pelos seus olhares raivosos, não era coisa boa.

Confirmei meu pensamento ao notar o semblante animado do meu diretor quando entrei na sua sala; já estava desconfiada demais.

Me sento na cadeira em frente da sua mesa, encarando o sem propriedades capilares sem uma feição agradável, cruzando meus braços logo em seguida.

— Bom… - Forçou sua garganta ao engolir seco, entre seus olhares que me ignoravam, por estarem abaixados para sua mesa ou desviando para minha mãe. - Como foi colocado uma decisão pela qual a senhorita esteja presente…

— Expulsão, eu adivinho, então me poupe do discurso. - O interrompi com um gosto de vitória na boca, segurando um sorriso ordinário que almejava escapar pela minha boca.

Ele, por sua vez, continuou com a mesma feição nervosa, e, pela primeira vez, me olhou sem confiança no que iria dizer, abrindo a boca e a fechando logo em seguida, demonstrando seu nervoso em seus gestos hesitantes como suas tentativas de dizer algo.

Franzia sem compreensão para aquilo, estando ainda mais confusa e mais ansiosa para receber a mesma notícia de que iria ser expulsa, mas, como antes, minha intuição me dizia outra coisa.

Ansiosa, me inclinei para frente com o olhar franzido.

— Ele quer dizer, minha filha, que não será expulsa. - Minha mãe diz, em sua empolgação, que me causou enjoo.

Paraliso no lugar, me perdendo entre os meus pensamentos anestesiados pela surpresa que me pegou, como nunca. Minha respiração, que já estava acelerada pela adrenalina, se tornou descompensada entre o agito trêmulo do meu corpo pelo nervoso que subia no meu sangue. - Como? - Com a voz fraca, eu pergunto, retendo a minha revolta dentro de mim.

— É isso mesmo que ouviu, Amy. - Ela continua, trazendo um ar aliviado e vencedor na voz. - Por sorte, seu diretor e eu entramos num acordo.

— Me poupe! - Levanto bruscamente da cadeira, quase jogando ela para trás pelo meu jeito bruto, caminhando com impulso pelo espaço da sala para ir até a porta. - Eu saio e não volto mais!

— Amy, tente compreender como são as coisas!

— Não! - A retruco com irritação, entre meu estado mental e físico fora do meu controle. - É VOCÊ QUE NÃO COMPREENDE NADA!!

— Abaixe essa voz para mim! - Repreendeu com seu olhar raivoso, se levantando da cadeira. - Tudo que eu faço, é para seu bem.

Solto um riso nasal, continuando uma gargalhada fora de mim. - Quer me fazer rir com a comédia?

— Sua mãe está certa, Amy. - Tater se intromete com receio.

Desvio meu olhar de revolta dela para ele. - Você não tem que se intrometer em nada! Apenas faça seu trabalho e me tire desse hospício que só abriga animais!!

— M-minha jovem - Gagueja ao se levantar. -, não posso fazer isso.

— Tá de sacanagem com a minha cara?

— Olhe como fala! - Ela repreende.

— Eu falo do jeito que eu quiser!

— Amy, como diretor dessa escola-

— Eles erraram feio em escolher você. - O interrompi, falando a verdade com rancor e ira.

O silêncio percorreu a sala, um silêncio perturbador, agressivo e constrangedor, comigo apenas os encarando com ódio em meus olhos.

— Quando chegarmos em casa, a senhorita vai ouvir. - Tinha seu olhar repreendedor trazido da vergonha e da irritação.

— Pode ficar tranquila, já ouvi tudo que tinha para ouvir nos últimos anos, e ainda admiro que ainda tenha algo para dizer! E o senhor, ainda vai ficar com essa cara de imbecil ou vai fazer alguma coisa?!

— Agora está indo longe demais! - Levantou a voz, fazendo menção em vir até mim com um ar bravo.

— Antes, Senhora Young, a sua filha deverá saber que está de suspensão pelos próximos dias.

— Nossa, como o sistema de ensino é bem qualificado! - Irônica, eu digo. - Fazer o jovem passar dias fora da escola como uma punição severamente para dar educação! Se a punição é assim, eu nem imagino o que é um castigo?!

— Se é assim! Vai limpar toda a palhaçada que fez por toda a escola! - Levantou a voz, autoritária, começando seus passos pesados pelo chão para vir até mim. - E vai começar pedindo desculpas para aqueles que você atingiu com tinta.

— Eu prefiro cair morta no chão do que pedir desculpas para um grupo que fez uma garota quase se matar só por causa da aparência e do peso dela… nossa, como vou!

— Amy, a história-

Corto o diretor. - Não venha cortar a história, eu conversei com a garota por mensagens! Aliás, eu tô cansada de vocês. - Me viro e seguro na maçaneta.

— Amy, se você sair…

— “ Isso é o menor dos meus problemas ”. - Repito o que havia dito quase uma hora antes, bruscamente virando a maçaneta e puxando a porta para dentro, podendo me dar o espaço para sair em quase uma corrida e continuar assim pelo corredor, mas trato de parar minha caminhada no andar debaixo, dando de cara com um corredor vazio, além de uma alma gigante que corria por ela, vindo na minha direção, e que, quando reparou em mim, parou sua corrida entre sua feição amedrontada e tensa. - Às vezes acho que tenho sorte no último minuto do segundo tempo, por ter esse privilégio de te encontrar sem esforço… como você me fez ter trabalho de manhã, e o culpado por me fazer bagunçar os andares inteiros. - Enquanto dizia com minha voz cheia de carga pela ira, comecei a dar meus passos impulsivos na sua direção.

— Ô grande descendente de Hércules, irmã do poderoso mago! Não me machuca! - O mesmo diz, totalmente assustado, se abaixando para ajoelhar, e de dentro do seu casaco, tirou meu caderno, o estendendo entre suas mãos nervosas para mim. - Pegue isso de volta!

— Que palhaçada! - Gozando daquilo, continuo meu caminho até ele. Chegando em frente à ele, pego meu caderno com violência da sua mão, apressadamente o abrindo num impulso de irritação extrema pelas minhas mãos quase trêmulas, e me surpreendo ao ver que estava tudo sem algum risco ou alguma folha amassada. - Possa ser que você nem o riscou… mas ainda sim, me pegou num dia péssimo, valentão da escola. - Fecho o caderno e o olho de cima com meu olhar possesso.

— Sua mãe não gosta quando fala assim. - Diz ao se levantar e dar passos para trás, sem tirar seus olhos temerosos de mim.

Franzi com aquilo, sentindo meu sangue fervendo ainda mais. - Como é que você sabe disso…? - Estreitei meus olhares enraivecidos para ele. - Você não leu…

— Você escreve muitas coisas no seu caderno…

Puxo o ar com força pelas minhas narinas, tentando não deixar a rigidez tão nítida pela minha fúria, mas que ela refletia nos meus olhos quase estáticos. - Um... dois... - Antes de terminar a contagem, ele deu um pulo para trás e começou a correr pelo o corredor, passando pela porta da frente e se virou na curva. - Três… - Termino a contagem, soltando um suspiro pesado que vinha diretamente do meu estômago, que doía, não por dor de algum alimento ou algo do tipo, mas pela rigidez da força que vinha colocando sobre meu corpo, e que, por vezes, tirava todas as minhas forças.

Eu ficava cansada no fim de todo o trabalho, mas hoje, especialmente hoje, pela tamanha surpresa que recebi, pela primeira vez em anos, estava esgotada… Apenas queria minha cama, mas, meu trabalho ainda estava incompleto e não iria embora sem completá-lo.

Prossigo caminhando entre os corredores, agora mais perto da saída, onde meus colegas estavam mais movimentados e mais agitados, falatórios, isso era uma notícia boa para mim, pois, o sinal do término da última aula ainda não havia tocado, o que significava, que… com o amedrontamento do Slab, o confronto entre ele e meu gêmeo já aconteceu, isso explica a aparição de alguns conhecidos de sala e de alguns outros.

Pela reação dele, considero que Adam fez alguma coisa.

Levanto meu relógio até em frente ao meu rosto, para ver a hora, abrindo um sorriso orgulhoso no rosto, por ver que apenas faltavam cinco minutos para bater o sinal; era o tempo necessário para ativar o alarme de segurança...