A Gêmea do Professor

As Cabras Não Podem Voar.


Continuo com minha provocação descarada. - Podemos fazer de novo! - Animada, eu dizia, com meu descaramento desaforado.

Entre a abertura que cortava as paredes, que ficava em frente do corredor a qual vim, saiu o nosso diretor que cantarolava com bom-humor, mas ao perceber os olhares estáticos de todos os seus alunos em só uma direção, o mesmo para, e na sua infinita curiosidade, entre seus olhos espremidos com a esperteza que pensava ter, curioso como só ele era, eu presumia, virou seu olhar para a direção onde a tinta estava esparramada no chão: sua boca se abre com o susto e seus olhos se arregalam atrás dos seus óculos de grau.

— Q-quem… - Gagueja sem voz, levantando seu braço para apontar na direção, mas, como sou um ímã para problemas, seus olhos se colocaram sobre mim, e na sua esperteza e sua severidade, trouxe seu indicador na minha direção, afeiçoando sua feição para torná-la severa. - Você!

— Querido diretor, por mais que seja difícil o senhor acreditar, não fui eu! - Digo com mais bom humor do que ele, sorrindo entre minha felicidade extrapolada. - Bom… mas repensando... - Dou um passo para frente do armário, somente para encarar a poça de tinta negra que dominava a região do corredor. - Sou culpada por fazer isso no chão, mas… - Me viro novamente para o meu querido diretor, estando, estranhamente, animada. - Eu seria totalmente burra de colocar tinta no meu próprio armário, somente para chamar a atenção de todos ao me verem caindo na minha própria armadilha… E nem preciso dizer que a VADIA escrito na porta, não foi minha ideia, mas, como já está lá, eu posso adotá-la!

Diante do meu discurso, ele continuou com seu olhar desconfiado e pensativo. - Você me fez fechar a escola por cinco dias, depois de infectar toooodos os cantos com aquele fedor que ainda não saiu de dentro da minha sala!! - Dizia em revolta. - Longos cinco dias, que não foram suficientes para limparmos os armários.

— Pro Dang, você quer dizer. - Digo.

— Tanto faz! - Cruzou seus braços, na sua autoridade suprema da escola. - Como espera que eu acredite em você?

— Na verdade, acreditar em mim pode ser a coisa mais idiota que pode fazer na sua vida. - Digo com simplicidade, encarando meu diretor, calmamente. - Mas, já disse, não sou burra, Diretor Tater, não colocaria tinta no meu próprio armário… quero dizer… pelo menos, não assim.

— Ah… - Assentiu com minha explicação, e, lentamente, virou seus olhares atentos e astutos para seus alunos, que tinham um olhar temido no rosto. - Quem de vocês, eh…

Mal dando chance de falar, todos, sem hesito, se viraram bruscamente para tomarem seus caminhos para dentro das salas, entrando nos corredores ou fingindo demência, circulando e desviando da poça escura no corredor.

— Somente iria perguntar se algum de vocês emprestaria um espaço dos seus armários para ela… - Continuou. - Estamos com falta no estoque de armários, e os novos vão chegar semana que vem! - Fala entre seu surto, não demorando para voltar a pôr seu olhar severo para mim. - Obrigada!

— De nada. - Respondo com alegria, devolvendo seu mal humor com um sorriso contagiante e de segundas intenções no rosto. - E só para lembrar, melhor os armários terem trincos melhores. - Lembro, cruzando meus braços ao ter o olhar rigoroso dele para mim. - Não queremos denúncias de roubos, não é mesmo?

Arqueando sua sobrancelha esquerda, espremeu seus lábios finos, dizendo: - Nem pense.

Abrindo meu sorriso zombador, eu o respondo com sarcasmo: - Jamais.

— Eu empresto. - A voz açucarada e cheia de ânimo ressoou pelo corredor, e com ela, uma garota sai da porta da sala de ciências.

Viro meus olhares entediados para ela, que caminhava pelo espaço transitado e com a mão erguida, para vir até mim.

— Empresto para ela.

Surpresa com sua gentileza, fico estática no lugar, a olhando com estranheza, não pelo fato dela ser um brilho para esse lugar… e estou falando das suas roupas que tinham colorações vibrantes, mas por ter escutado seu nome inúmeras vezes pela casa, sendo o ator delas, meu gêmeo.

— Ótimo! - Expressa o diretor, surpreso. - Vou chamar o Dang.

— Estar aqui!! - Sua voz suave, mas que tinha um tom grave, surge, assim também fazendo alguns darem gritos de susto, até a própria Echo, soltando seu grito fino que rasgou meus ouvidos por estar, tecnicamente, a alguns centímetros de mim.

Irritada, eu a chamo: - Echo.

Seus olhos saltados, que também demonstraram surpresa, se viraram ao franzir para mim, e sorriu. - Sabe meu nome?

— Como não ia saber? Com aquele seu atraso e depois com a piada brochante do meu irmão.

— Ah… - Assentiu em entendimento, mantendo seus olhares para cima, relembrando do momento.

— Ser você novamente, peixe demônio Maikun, que desaparece das águas claras do Rio Odonto? - Ao dizer suas palavras com seu sotaque puxado, engrossava sua voz num fundo agudo.

Eu e Echo viramos nossos olhares nada interessados para ele, que me olhava com desconfiança e revolta, querendo me desafiar com seus olhos que, naquela distância, pareciam dois finos riscos abaixo da sua sobrancelha.

— Tanto faz. - Falo com a voz cansada, revirando meus olhos para os tirar dele e os colocar na garota com franja, que me olhava atenta. - Olha, Echo, eu trouxe muitos livros e também roupas.

— Ah, bom… Tenho espaço de sobra… - Falou com pouco hesito, mas depois desviou seus olhos revoltados para o lado, como se relembrasse de algo com zanga, pela sua feição ter se estreitado e levantar sua mão fechada como um protesto. - Maldito bonequinho de festa! . . . E também pela sua… a-ah…

Franzi minha feição, minimamente balançando minha cabeça, entre meus olhares simplórios para esperá-la continuar, sendo que seus olhares hesitantes se voltaram para mim, abrindo e fechando sua boca, sem voz.

— Você já sabe… - Fala por fim.

— Ah… - Assenti, nada interessada. - Podemos ir? Cheguei meio atrasada, já que a Ivy não quis me trazer…

— É mesmo, nossa primeira aula é de ciências…

— Quem é que vai querer chegar na hora pra ver um pirralho dar aula? - Comento com desprezo à matéria, numa feição cansada para ela, entre seu olhar atento e balançando sua cabeça, parecendo pensar, pelo seu olhar estar afastado.

— Mas… - Começa a dizer em tom confuso, me olhando com intriga, franzindo seu rosto. - esse pirralho é seu irmão.

— Castigo. - Respondo, olhando para o nada com decepção.

— Ah! Que nojeira é essa! - A voz enojada da Ivy soou pelo corredor, juntamente de demais vozes frescas da patricinhas de bolsinhas de grife.

— Esse é outro castigo. - Digo com a voz cansada, levando meus olhares para o grupo de garotas que caminhava pelo corredor, entre suas sobrancelhas curvadas e suas bocas tortas, expressando seu nojo ao encarar a poça negra que barrava uma boa parte do corredor, apenas tendo uma pequena parte espremida para passar e a mesma que ficava transitada pelos demais, apertando a todos.

— Meu sapato! - Reclamou a black power ao passar de escanteio ao lado da poça, juntamente das outras.

— Espero que não deixe assim até a troca de aulas. - Outra loira diz às suas amigas.

Eu as acompanhei até virarem o corredor da frente.

— Bom… - Echo volta a se pôr de frente para mim, com seu sorriso sutil, sem mostrar os dentes. - Vamos antes que bata o sinal.

* THRIIIIIMMMM *

— Nossa, mas que peninha. - Não escondo minha falta de empatia e meu desinteresse, trazendo meu sarcasmo ao curvar um sorriso no rosto, diante da sua face estática.

— Então… nós…

— Nãããão, você vai pra aula e eu vou-

Pelo canto do olho, virando a curva do corredor, vejo meu gêmeo entrar no corredor, me fazendo calar a boca pelo aborrecimento e também por ser alvo dos seus olhares desconfiados após encarar, por segundos, a poça de tinta.

— E temos companhia. - Digo ao formar meu bom-humor para Echo, que franziu e se virou, percebendo a presença do meu gêmeo, que, consequentemente, abre um sorriso pouco bobo na direção da menina. - Pateta.

— S-senhor Young! - Ela o chamou num grito.

Seu sorriso, que era meio bobo, se tornou totalmente bobo ao ouvir ser chamado por ela, não demorando em se apressar em começar a correr na nossa direção e parar na frente dela. - Sim!

— Ótimo! - Mal encarada, solto meu ar pesadamente, desviando meus olhares irritados para o lado, seguindo o carrinho de limpeza do Dang atravessando o corredor.

Echo começa. - Será que pode nos dar permissão para-

— SIM! - Exaltado, respondeu sem pensar duas vezes, continuando com sua expressão meio psicopata para ela, que se acanhou com a resposta repentina.

— Mas mal sabe o que iria pedir.

— Não precisa pedir! Tem total permissão minha para sair a hora que quiser! - Extrapolando, soltava as palavras sem medi-las, entre seus olhares hipnotizados para Echo e seu sorriso enrijecido no rosto.

Aproveitando o momento para tirar vantagens, dou dois passos para frente, ficando do lado da menina, e encarando meu gêmeo. - Adam?

— Hmm. - Responde sem desviar seus olhos da menina.

— E-eu acho que vou indo… - Começou ela.

— Não! - Rabugenta, eu digo. - Pode ficar exatamente no lugar onde está!

— Mas eu-

— Você nada! - Viro meus olhos, que transbordavam minha ira, na sua direção, fazendo ela se calar e se acanhar, murchando sua expressão tristonha que a fez abaixar sua cabeça. - Ótimo! Adam! - Volto a olhá-lo, que continuava na mesma. - Pode me emprestar sua carteira?

— Ah. - Continuando sem tirar os olhos dela, levou sua mão até seu bolso detrás da calça jeans, tirando de lá sua carteira de couro marrom e a estendeu na minha direção.

A pego sem demoras, abrindo um sorriso orgulhoso enquanto guardava ele dentro de um bolso pequeno na lateral da minha mochila.

— Vocês são estranhos. - Comentou Echo.

— É uma pena. - Volto com minha atenção para ela. - E como nós temos a autorização do professor, vamos até seu armário.

— Eu que tenho a autorização. - Contrariada, levantou sua cabeça para me olhar outra vez, numa expressão confusa.

— Ah… - Assenti com a cabeça, sem demonstrar interesse. - é pra mim te dar os parabéns? Festejar?

— Nossa, como você é antipática.

— Agradeço, e é melhor irmos, antes de nós continuarmos aqui discutindo minhas altas qualidades pelos minutos restantes de aula, e assim o sinal da nossa segunda aula bater e chegaremos atrasadas na nossa segunda aula, e fiquei sabendo que nossa professora de geometria não é muito… gentil? - Presumi e ela assentiu. - Claro, a face enrugada dela não esconde sua real natureza, então… me mostre o caminho, Palhaça Penny.

Franziu seu olhar, ainda contrariada e confusa, para mim, começando a balançar em negação com a cabeça. - Claro… - Fala entre nos dentes, voltando a encarar meu irmão que ainda estava ali, imóvel. Franziu para ele, antes de levantar sua mão e bater contra o ombro dele. - Adam?!

— Ah! Sim! - Com o susto, sai do seu transe e nos encara com seus olhos arregalados. - A AULA! - Num pulo, se virou para começar a correr, não desviando da poça de tinta que estava logo à sua frente, o que causou em começar a pisar seus pés, que calçam all star, agitados pela tintura grossa e continuar sem perceber, até sair da poça e continuar a pisar pelo chão, deixando pegadas carregadas da tintura para trás, foram sendo desgastadas com cada passo que dava em direção da porta lateral do canto da parede.

Dang, que estava ao lado, vendo toda a situação, formou sua feição de revolta e jogou seu escovão no chão. - POR QUE SER ELE?!! DEMÔNIO GÊNIO!!

Tanto eu, quanto Echo, observamos a cena com desinteresse.

— Ele não vai perceber? - Echo pergunta, continuando a encarar meu irmão abrindo a porta e entrando logo depois.

— Bem capaz que não…

— Devemos ajudar! - Fala num tom de afirmação e determinação, assentindo com a cabeça, não demorando muito para que ela vire seu rosto para mim, me olhando com simplicidade, sendo retribuída com o meu olhar desinteressado…

Em plenas ideias de negação que foram se formulando na minha cabeça, seus olhares foram tomando um ar cômico, sendo sugados pelo meu olhar, que em segundos, ambas começamos a rir com graça pela ideia incabível que teve de ajudar meu irmão.

Num segundo tiro a graça do meu rosto, tirando o sorriso do rosto para voltar a ficar rude. - E onde seu armário fica?

Prende seu suspiro e tira, rapidamente, seu sorriso do rosto. - Fica um pouco longe. - Ela fala e, simplesmente, dá dois passos passando por mim e segura a porta do armário que já estava aberto, e eu, depois que a ouvi, ergui minha sobrancelha. - Às vezes penso que deveria mudar.

— Ah… - Assenti, novamente, sem nenhum interesse perante seu olhar lamentoso, mas, com a presença do Dang atrás dela, eu me inclino para frente e sorrio, com a brincadeira que formulava. - Quero tudo limpo, antes do meio-dia!

— Me apressar, só atrapalhar!!

Em seu jeito marrento, eu sorri.

Logo depois que coloquei meus livros e roupas no espaço vago do seu armário, eu e ela entramos na sala pela porta dianteira, a qual nos obrigava a passar por trás da última mesa, já ocupada por uma garota e pelo próprio Slab.

Foi dias sem vê-lo, e, quando o encarei, fui retribuída pelo mesmo que não estava com uma face muito boa; seus olhos duros diziam por si só sua raiva acumulada para comigo.

Desvio meus olhos incômodos para o lado, seguindo Echo que seguiu o caminho na minha frente e virou para entrar no corredor entre as mesas. Quando iria me virar, a mesma, num supetão de gritos e movimentos frenéticos de seus braços levantados para cima, tombou seu corpo para frente, caindo duramente, de cara, no chão, sendo encarada por todos os curiosos, que tinha uma face dolorosa, da sala.

Seus braços e pernas esticadas no chão, eram encarados por mim, surpresa e imóvel no lugar, abaixando meus olhos para o alcance dos seus pés, que calçava um all star amarelo, com poucos centímetros atrás, ali estando o pé do “ pé grande ” estendida, propositalmente.

Aquilo era para mim, não era complicado de se chegar à essa conclusão, já havia feito isso no meu primeiro dia.

Levo meus olhares mal-humorados para ele que, lentamente, foi virando sua cabeça para trás, me deixando notar sua expressão espremida pelo temor. Apenas colocando seus olhos temerosos, por segundos, em mim, e se virar bruscamente para frente, ficando ereto e rígido no lugar, o mais icônico foi que recebia olhares duvidosos e risos de alguns dos seus colegas, mas que, mais que depressa, foram apagadas e se viraram para frente.

Volto a pôr minha atenção sobre Echo, que ainda estava estendida no chão; dou alguns passos na sua direção, ficando do lado das suas pernas tortas. - Você está bem, Echo?

— Ah… - Bate suas mãos pelo liso chão, forçando seu tronco a levantar e levantando sua cabeça. - Claro que estou, cair de cara no chão foi um acontecimento nada traumático!

Dou de ombros, não me importando mais, já que falou, num tom irônico, que estava bem. - Tá bem. - Volto a caminhar, pisando no espaço entre suas pernas e continuar com meu caminho até a mesa da frente.

— Não vai me ajudar?! - Num tom confuso, fala.

Parou de andar, franzindo minha sobrancelha, e me viro para ela. - Você não disse que estava bem?

Estreitou suas sobrancelhas, como seus olhos ainda mais contrariados e confusos, entre sua boca meia aberta. - E-eu disse, mas…

— Então está bem! - Digo com empolgação, retratando ele num sorriso no meu rosto, mas que logo foi apagado pelo esbarro que levei quando Adam passa do meu lado com desespero. Fiquei parada, e de costas, ouvindo a sobriedade dele para ela.

— Está bem, Echo?! - Perguntou com desespero.

Reviro os olhos, fazendo meu impulso com o pé para continuar meu caminho, mas ao lembrar que ele tinha tinta no sapato, eu paro e abaixo meus olhos, não vendo mais nada de tinta por aquela parte do chão, mas ao levar meu olhar para frente, percorrendo o chão, via toda a parte da frente da sala, ainda mais atrás de suas mesas que ficavam afastava da porta, inteiramente rabiscada pelas pegadas pretas.

Prendi meus lábios contra o outro para segurar o riso.

— Iria doer se ajudasse ela? - Com revolta na sua voz, fala.

— E você deveria olhar para onde pisa. - Retruquei com ironia, tomando o passo até a mesa.

— Como assim?. . . Aaah! Como isso aconteceu?

— É isso… - Com um sorriso vitorioso, me sentei na cadeira, tirando a mochila das minhas costas.

— Não viu o rio que a sua… - Derby começa com a explicação, mas para de imediato quando eu paro meus movimentos. - algum espertinho fez para chamar a atenção?! - Termina com seu tom rápido e de temor.

— E posso adivinhar que seria você. - Adam diz.

— Nesse caso, é bem melhor do que receber uma mão diretamente da minha cara. - Derby fala consigo mesmo.

— Mas como eu-Ah! - Grita de dor, e logo depois ouvi algo cair no chão.

Eu até senti algo beliscando meu tornozelo; comecei a mover ele para dispersar a dor.

— Viu como é bom! - Esbravejou a Echo, com sua revolta e raiva para cima dele.

— Não escapar! Demônio sapato! - O sotaque do Dang invade a sala.

Com os sussurros que começaram, eu me virei para trás e vejo meu irmão estirado no chão com o esfregão do Dang do seu lado, com o próprio zelador atrás do corpo.

— Então é assim que se usa um esfregam. - Com o pensamento alto do Slab, reviro meus olhos e solto um suspiro, voltando a virar para frente.

* THRIIIIIMMMM!! *

Caminhe pelo corredor frequentado, passado pelos meus colegas, com dois deles, sendo um insuportável, atrás de mim, me seguindo.

— Amy, poderia se juntar a essa magnífica conversa? - Perguntou o Derby, na sua simplicidade.

— Não. - Neguei grosseiramente.

— Mas estamos andando com você. - Echo complementa com seu pensamento.

— Só estamos seguindo para a mesma direção, isso não significa que estamos andando juntos. - Irritada com a dor de cabeça, depois de ouvir quase quarenta minutos de partículas e células, eu continuei com minha arrogância. - Eu estou na frente e vocês atrás, simples.

— Ela sempre foi assim? - Perguntou ela ao Derby.

— Desde que me conheço por gente.

— Ou seja, nunca. - Respondo por mim, avistando a porta da sala da minha segunda aula, e quando me virei para entrar, logo em frente a porta, vejo o grandalhão na frente do meu caminho ao lado de um garoto franzino e acanhado, ambos olhando para frente, enquanto recebiam uma advertência da professora, em sua voz grossa e rígida.

— Sim, professora. - Os dois, sem graça, falaram, mas com o olhar raivoso do Slab para o garoto.

Cansada daquilo, simplesmente levo minhas mãos até o espaço entre o braço de um e outro, colocando minha força nas minhas mãos para os empurrar para o lado, fazendo os dois palhaços irem para os lados, ocasionando do Slab bater contra a porta. Recebi os olhares confusos dos dois, não só deles, mas como de toda a sala.

Não demorei para passar por eles, sendo seguida, rapidamente, pela Echo e Derby, voltando a me darem nos nervos. - Por que estão me seguindo?!

— Porque você é respeitada. - Prontamente, Derby respondeu.

— Cara de pau. - Echo comenta.

Resolvendo ignorá-los, continuou com o caminho, tendo a professora se sentando, e com a maioria dos nossos colegas se arrumando nos seus lugares.

— Quero os trabalhos na minha mesa, agora! - A senhora pede com paciência, e como esperando, as reações de todos foram esbugalharem seus olhos e mudarem suas feições de tranquilos para de surpresos e apavorados. - Não iria ser um trabalho, mas como se passaram dias sem aula, resolvi mudar isso.

— Ah não! - Brandou Echo em espanto, espremendo seu rosto pelo desespero que a atacou, entre seus olhos estáticos para a professora. - Desde quando ela pediu um trabalho? Ficamos três dias sem aulas!

— Não iria estranhar se ela tivesse pedido quando fui ao banheiro. - Derby comenta do meu lado esquerdo.

Apenas fico quieta, curvando um carrasco sorriso de canto, entre minha mão direita que formigava, trilhando o espaço para ir até o zíper da minha mochila e a abrir, tirando de dentro uma pasta que continha vários dos meus desenhos. E entre as últimas folhas, tiro o meu trabalho que tinha feito noite passada.

Minha memória rara era um dom gratificante em ter.

— E-espera...? Você fez o trabalho? - Indagou ele com surpresa.

O ouvia enquanto colocava a pasta dentro da mochila e fechava o zíper.

— Como? - Prosseguiu com sua surpresa.

— Bom… - Arrumando a alça da mochila em cima do ombro, me viro para ele com meu olhar inocente, mas por dentro eu gargalhava pela sua feição espantada e com um fundo de desespero. - Não deveriam sair tão apressadamente da sala… quero dizer, a Echo, já que, naquela aula, tenho só com ela, graças a Deus.

— Ah, obrigada. - Ela agradece com bom humor, atrás de mim.

— É, agradeça por ser a menos irritante. - A informo, ouvindo dali seu abrir de boca e seu olhar curvado de revolta.

— Poderia ter me falado! - Indignada, ela bravejava.

— Foi mal - Respondo e me viro para ela. -, é que minha memória não é muito boa. - Brinco com seu desespero, aumentando meu sorriso de satisfação perante aos seus olhos apreensivos, logo depois me levantando e tomando meu passo pelo caminho até a mesa da professora, qual era encarada por todos.

— Eu emprestei um espaço do meu armário pra você! Isso é como ter o espaço pessoal violado. - Lembrou com revolta, na sua voz fina que tremia em rancor.

— O azar foi totalmente seu, pela escolha burra em me dar parte do seu armário! - Digo a verdade.

Com nossa pequena discussão, os olhares de alguns foram direcionados para nós, com a maioria deles para mim, por estar me aproximando da mesa da professora carrancuda e com folhas nas mãos.

Eu os sentia queimando sobre minhas costas.

Os ignorando, paro em frente da sua mesa, entre meus sorrisos simplórios, num olhar imperante sobre o olhar confuso da professora, que tinha seu misto de desconfiança. Sem hesito, estendo minha mão para sua direção, prendendo as folhas entre meus dedos, esperando seu aguardo em os pegar. E com rispidez, ela os tira dos meus dedos, em seu olhar severo e desconfiado.

Dou um passo para o lado, escolhendo um novo lugar por não querer mesmo me sentar perto daqueles dois, numa sorte vendo uma cadeira vazia ao fundo da sala, mas sou interrompida pela própria professora.

— Não! Espere! Faço questão em corrigi-los agora. - Fala com autoridade, voltando a se sentar confortavelmente na sua cadeira, entre pegar sua caneta e colocar seu óculos.

Ansiosa, e com o meu ego sobressaltando o limite, fico imóvel em frente da sua mesa, mantendo meu sorriso egocêntrico por vê-la corrigindo e dando seu sinal de acerto por cima das fórmulas e das equações, com um livro de base para corrigi-los, ao lado.

Todos num silêncio ansioso para saber minha nota.

— Faz bastante tempo que algum aluno meu não tirava uma nota tão alta assim…

Ambiciosa e com anseio em receber minha nota, me mantinha no meu estado mental em que me vangloriava, acima dos outros, e aquilo não era por ter uma vil má fluentemente natural, mas pela pura zanga de ódio que me movia em ainda continuar por entre esses corredores e salas dessa escola.

Pela primeira vez, desde que a vi, abre um verdadeiro sorriso sincero e alegre, demonstrando sua satisfação em ver alguém acertando na sua matéria.

— Fez um ótimo trabalho, Amy. - Me beneficiou com seu bom-humor, se levantando da cadeira e estendeu sua mão que segurava meu trabalho.

— Nããããão, obrigada a senhora, professora. - Agradeço com intenções por trás, pegando as folhas da sua mão e nada me apressando em ver a nota, sendo que poderia muito bem saber qual seria.

Orgulhosa, dando um sorriso para ela, me viro diante de toda a turma que me olhavam embasbacados, em suas infinitas faces idiotas, olhos esbugalhados e bocas abertas que refletiam sua surpresa.

Trafegando meus olhares arrogantes perante todos, tomo meus passos para entrar entre o espaço feito entre as mesas para ir até um dos lugares vazios.

— Ainda me admiro em ver que alguém se importa com os estudos...

Ela começou com seu discurso que todo o professor faz, e o mesmo que enchia minha cabeça por falta de saco em ter que aguentar aquilo, em plena manhã de segunda-feira.

— Pode me emprestar? - Entre sussurros, Derby pede, estando sentado no assento do lado direito do meu, mas que merda, quando foi que ele chegou ali. - Por favor! Eu posso fazer alguma coisa pra recompensar?

— Tem muitas, pra falar a verdade. Posso até consultar uma lista. - Após dizer com desprezo, vejo um papel amassado cair sobre minha mesa, vindo do lado direito da sala.

Entre piscadas, com a irritação, ainda mais por ouvir os conselhos de vida da nossa professora, fico imóvel por segundos, apenas para repensar o que iria fazer da minha vida, daqui cinquenta anos, dentro de uma solitária por ter massacrado uma sala cheia de pessoas.

— Quando alguém joga uma bolinha de papel em cima da mesa de alguém, essa pessoa costuma abrir, então abre. - A voz quase engasgada do Slab, que saía da sua garganta, raspada, era ouvida atrás de mim. - E essa voz, tá vindo de dentro da sua cabeça…

Todos que odeio resolveram se sentar perto de mim?!

Que vida cruel.

Reviro meus olhos, inflando meu peito pela irritação que me corroía os ossos por dentro.

Com a falta de paciência, arrasto minha mão esquerda sobre a mesa, na direção da bolinha de papel, a pegando com o apreço da raiva e a castigando entre a palma da minha mão e meus dedos por amassá-la com irritação, ainda ouvindo ele atrás de mim.

— Não olhe para tra-

Foi interrompido por mim, que, bruscamente, me virei para trás, levando minha mão com a bola junto, que a joguei com raiva na sua direção, tendo a visão perfeita dela batendo no pé do seu olho, e ele, na sua infinita dor, fechou seus olhos numa expressão agoniada de dor, jogando sua cabeça para trás ao levar suas mãos até seu rosto, colocando elas por cima da região onde foi atingido.

— Idiota. - Volto a me virar da frente, esquecendo que ele sofria atrás de mim.

* THRIIIIIMMMM!! *

Com a batida do sinal, indicando o fim da aula, todos se levantaram com seus rostos expressando estarem cansados depois que nossa querida professora mandarem a todos lerem um capítulo inteiro do livro, com a própria passando entre as mesas para observar cada um com sua régua entre suas mãos.

Foi uma aula bem longa.

Ainda com o sinal soando e arranhando meus ouvidos, escutava a voz alta e autoritária dela, por isso me apressei em caminhar diretamente até a saída da porta dos fundos, entre o tumulto que meus colegas sempre fazem. Mas ao passar pela porta e me virar para o lado esquerdo, escuto uma voz enjoada, dizendo atrás de mim: - Aposto que ela usou um nerd para fazer o trabalho para ela.

Instantaneamente paro com meu andar, abaixando minha cabeça por falta de paciência; poderia passar reto sem ligar, sim, mas minha ira e orgulho não me deixavam passar com a cabeça baixa; meu gênio forte não permitia aquilo, ainda mais com o trabalho trabalhoso que fiz. Não iria deixar que um nerd ficasse com os meus méritos.

Num momento lento, me viro para ela, que estava junto com seu grupinho de encrenqueiros encostados do lado da porta, riam pela graça, mas ao verem que virei para suas direções, alguns diminuíram os sorrisos do rosto, se tornando temidos com o meu olhar duro e sem alguma feição perceptível de empatia.

Levanto minha mão até a altura do rosto, erguendo meu dedo indicador, onde a ponta da minha unha consideravelmente grande e na cor preta, tocou na aba do meu boné e o empurrou para cima, o levantando para abrir mais a minha visão dos seus queridos e desalentos olhares, mas meus olhares arrogantes tinham como preferidos os olhos debochados da garota, a qual via que andava com aquele bando de patricinha metidas que tive uma diversão semana passada.

— Como é? - Começo a falar.

— Não se acha dona da escola apenas por ter feito o que muitos gostariam de ter feito, ainda mais com uma cara de peixe morta ao ser a colocada como a favorita da professora, depois de ter feito o trabalho. - Articulou suas palavras com desprezo, entre seus olhares debochados para mim. Ousadamente, se separou dos seus colegas para vir até mim, me olhando com provocação. - Qual é a tua, garota?

— A minha? É mais fácil dizer qual é a sua? Aliás, sua amiga ainda está com dificuldade em tirar a carne dos poros? Ainda estou meio preocupada com ela. - Brinco, aumentando meu sorriso provocativo diante do seu olhar raivoso, o mesmo que estava a centímetros de mim.

— Pode até ser essa grotesca coisinha marrenta, mas todos dessa escola já sabem quem você é… E a coisa mais inusitada de se pensar, é que é irmã gêmea do novo professor de ciências, o novo “ gênio ”.

— Ôuuuu… - Franzi minha feição, demonstrando minha compreensão debochada ao formar um beicinho nos meus lábios, enquanto assentia com a cabeça, mas, com meu divertimento tirano, começo a formar um sorriso malandro e irônico.

— Você é maluca.

— Não, o que eu tenho é um cérebro, uma coisa que, possivelmente, você não usa. - Com desprezo na voz e no olhar, dou as costas para ela, sem me dar a chance de ver sua cara de surpresa e rancor ao me escutar por caminhar apressadamente por entre todos pelo corredor, indo em direção à minha próxima aula. - Quarenta minutos olhando pra cara velha da Sra. Byrne deve ser considerado um castigo pra vida inteira…

Tediosa, seguia pelos corredores, sem escolha alguma, ainda mais ouvindo gritos de dor vindos atrás de mim, os quais até me deram um pouco de ânimo para continuar o resto do caminho pelo corredor quase vazio.

Virando o corredor à esquerda, dou de cara com o Sr. Tater, que arqueou sua sobrancelha esquerda ao fazer seu olhar severo para mim, ademais passando do meu lado sem desviá-los enquanto permanecia parada, apenas o retrucando com meus olhares tediosos.

— Como se a careca dele me colocasse medo. - Comento ao voltar a tomar meu caminho, me virando para frente do corredor, mas ao notar uma porta do lado direito do corredor, que tinha sua discrição numa placa bem informativa, eu paro meus passos, lendo: Diretor Tater, direção. A mesma em que, semana passada, estava junto da minha mãe, sendo que a mesma, pelo seu ângulo, demonstrava estar aberta, então, como num disparo certeiro, um pensamento atingiu meus pensamentos, os quais me impulsionaram a dar passos para trás e me inclinar na mesma linha para ter a visão do outro corredor, me apoiando do lado da quina da parede e encarar as costas e a cabeça lisa do meu diretor caminhando entre o corredor quase vazio.

O sorriso astuto se faz nos meus lábios e, bruscamente, me ponho para frente e começo a seguir na direção da porta da direção, não me importando com quem estivesse passando por ali, minha direção apenas se importava com o que estaria por trás daquela porta tão tentadora.

Sobre os olhares de dois garotos mais adiante, eu segurei na maçaneta da porta e a puxei para frente, a mesma que me deu a visão da sua sala inteiramente organizada, como eu me lembrava.

Soltando um suspiro, um sorriso alegre, com orgulho, passo com meus passos leves pela entrada aberta e foi o suficiente para que meus olhos analisassem toda sua sala.

Fecho a porta atrás de mim, inclinando meu corpo para o lado direito, por curiosidade em querer ver o que tinha na lateral da sua mesa, onde apenas via suas gavetas fechadas e sua cadeira. Me afastando da porta, indo para a estante atrás da sua mesa, cheia de livros e esculturas de vinte anos atrás, procurava algo para que eu pudesse usar, algo que tenha uma importância para ele ou para a escola, já que molhar toda ela com um dos piores odores, não foi o suficiente.

E por falar no odor, com um pouco mais de atenção e olfato, ele não estava errado em falar que o fedor ainda não tinha saído da sua sala.

Coloco meu pulso coberto pelo casaco por cima das minhas narinas, antes que eu, possivelmente, vomite.

Puxo sua cadeira para trás, abrindo espaço para me sentar sobre ela e me puxar de volta para frente, com ajuda dos meus pés, diretamente começando a abrir as gavetas, que apenas tinham documentos.

— Que coisa de quinta série. - Reclamo, jogando as pastas em cima da mesa, ficando no puro tédio, na agonia de ficar sentindo aquele cheiro que já estava me fazendo mal.

Num empurram dos meus pés no chão, giro a cadeira para me colocar para trás e encarar sua estante cheia de opções, mas que apenas não tinha que ser meras escolhas de algo irrelevante, tinham que ser algo relevante para ele ou para a escola.

— Talvez uma conta de algum banco, ou documentos de possíveis processos… Em todos esses anos, alguém com raciocínio deve ter processado ele!

Foi então que, passando meus olhos pela sua estante, um livro grosso num canto esquerdo da estante me chamou a atenção, o que me fez levantar com tudo e ir até lá, me abaixando na sua frente e o puxando com força.

" Regras de ensino e educação do Colégio Finnegan "

Curvo um sorriso traiçoeiro na boca, antes de me levantar com pressa para correr até a porta. Abrindo ela, me inclinou para fora, com meus olhares atentos que foram levados para os dois lados do corredor, tendo meu corpo protegido pela porta.

Com o proveito de que ninguém estava por aquele corredor, até por todos estarem nas suas devidas aulas, passo pela porta, deixando o mesmo entreaberto como o encontrei, para dar a minha corrida entre os restantes corredores, pelas escadarias, para me levar até o pátio da entrada leste da escola.

Abrindo a porta, recebo o ar fresco bater no meu rosto, inspiro ele com o alívio pelo doce soar da liberdade tocando meu peito.

Jogo o livro das regras sobre a mesa do pátio, jogando minha mochila sobre o assento logo após, prontamente levantando minha perna para passá-la por cima do assento, mas fui interrompida pela voz grossa e grosseira de um grandalhão.

— O que faz no meu território?!

Levanto meus olhos nada interessados para ele, que segurava a porta da saída do corredor de dentro, do lado direito do pátio, o mesmo que salvou minha pele de ser atingida pela minha própria peça, semana passada. Observando seu jeito duro de me olhar pelos seus olhos quase espremidos e seus lábios numa linha reta abaixo do seu nariz, resolvi não dar a menor atenção.

Apressou em empurrar a porta para trás, e ao soltá-la, fez um som alto ecoar pelo pátio.

Bufo em tédio, me sentando sobre o assento e colocando a perna esquerda para debaixo da mesa enquanto puxava o livro para mais perto, pressionar a capa dura sobre meus dedos e o levantar, para abri-lo, revelando apenas um outro título que poderia me fazer vomitar se não estivesse tão determinada em abrir aquilo e descobrir o que esse escola tem de regras.

— “ O Colégio Finnegan é um lugar bonito de se viver ”. - Leio com a voz amarga, com repulsa de ler aquilo pela segunda vez. - Eu prefiro morrer. - Esfoliei o restante das páginas até chegar na primeira página que revelava as tais regras e normas da escola; quase trezentas páginas esperavam por mim. - “ Nunca invada a escola com cem cabras ”... - Fico segundos em silêncio, somente para engolir aquela escrita que era considerada uma regra.

Encarava insistentemente a frase fora do normal, mas também percebia o vislumbre do Slab se aproximando de escanteio, pelos cantos dos meus olhos, ainda mantendo eles tortos sobre o livro, como se ele estivesse verdadeiramente interessado.

Correndo meus olhos nas restantes regras e percebendo que perderia meu tempo, notei, pelo canto dos olhos, os dedos grossos se aproximando do livro com sua presença enfurecida atrás de mim, tanto que até sentia a pressão do ar se espremendo atrás de mim. A tranquilidade que eu tinha, minutos atrás, foi se perdendo de acordo com que lia as anormalidades que escreveram como regras, mas com sua presença indesejada, e tão perto de mim, o resquício de paciência se foi, apenas deixando no lugar a zanga e a vontade de repetir o mesmo golpe que dei no seu estômago.

Impulsiva, levo minha mão direita, que formigava, até a sua, onde seus dedos já tocavam a página amarelada do livro, bruscamente prendi seus dedos grossas entre os meus dedos agressivos, sendo impiedosa ao fincar minhas unhas na sua pele e o torcer para o lado ainda com mais força do que antes, satisfazendo meu orgulho ao ouvir seus choros de menininha por sentir a dor de ter seus dedos espremidos.

— Aah-hah…! Nã-nã-não! - Entre seus gaguejos e tremedeiras do meu braço, sua outra mão segurou, de uma força hesitante, no meu pulso.

Pelo toque da sua mão nada delicado, estremeci pela angustiosa agonia de alguém estar me tocando, coisa que eu odiava e que tanto afastei em todos os momentos onde percebi que alguém se aproximava demais, e esse King Kong… passou desse limite.

Minha irritação transbordou o nível de equilíbrio do meu controle sobre as minhas ações, me fazendo ser tão baixa em deslizar pelos seus dedos e pegar, justamente, no seu mindinho, o qual o entortei para trás sem alguma lástima: sua mão soltou meu pulso, o que me trouxe a sensação de liberdade, e o que me deu mais liberdade em entortar o dedo para trás, entre seus balanços bruscos e seus pedidos na sua voz dolorosa e chorosa.

— No mindinho não! - Em sua profunda agonia dolorosa, que era disponibilizado por mim, se debatia bruscamente com meus toques delicados.

Entre tantos impulsos, o sentia cair para o chão e se debater contra o assento e o gramado.

Enquanto realizava o efeito e o deixava sofrer no chão, esfoliava as páginas, passando os meus olhos estreitos pelas inúmeras piadas que eram aqueles decretos feitos em 1885. Sem paciência, começo a passar as folhas com violência, passando meus olhares atentos e bruscos pelos infinitos decretos, onde nenhum me chamava a atenção, até que paro, batendo minha mão com força contra a página aberta, quase como um susto por ler a palavra “ fogo ” escrita na regra de número cinquenta, como um dos decretos.

— “ Não sendo possível eliminar o Fogo… abandone o edifício rapidamente… pelas escadas… ” - Minha expectativa de ser algo que poderia vir a ser conveniente, se foi rapidamente, caindo num infinito e trazendo o desânimo subindo a garganta, até me tirando a vontade de fazer os outros sofrerem: bruscamente solto a mão do Slab, que ainda gemia em dor, para suspirar com o fracasso. - Não é possível que não tenha algo nesse livro que me seja útil! Ou ele próprio é um completo inútil, sem utilidade alguma! - Impulsivamente, me levanto, passando minhas pernas por cima do assento para conseguir sair, segurando a alça da mochila para o colocar por cima do meu ombro, logo depois pegar aquele monte de inutilidade de cima da mesa.

Distraída, entre passos curtos para trás, meu pé direito acabou pisando em algo com volume, mas resolvi ignorar por continuar a esfoliar as páginas seguintes.

— Pisar na minha mão está sendo agradável, eu imagino. - Slab diz, com sua voz desgarrada, entre os dentes.

Surpresa pela informação, paro de esfoliar as páginas para abaixar meus olhos curiosos e satisfeitos para Slab esticado no chão, me olhando com fervor da raiva, depois deslizo meus olhos sobre seu braço até chegar no meu pé direito sobre sua mão aberta. - Ah… - Expresso sem ânimo, voltando com a atenção para o livro.

— Ah… - Repetiu - Só diz “ ah ” para seu pé que está pisando na minha mão! A mão que quase me tirou de mim!! - Slab esbravejou em dor, sempre em sua confusão entre as palavras. - Como você ousa! - Engrossou sua voz como fez nas poucas vezes que trocamos palavras.

Ainda encarando as palavras do livro, eu começo: - Sua arrogância é tão cínica, que ousa pensar que engrossando sua voz vai me fazer tremer como um Pinscher… sendo que quem está tremendo como uma cadelinha, é aquele que está deitado no chão e com o braço preso pelo pé da sua razão de tremer os beiços… Que trágico, não? - Comento sem feição, continuando a pisar em cima da sua mão.

— Foi assim que você matou a sua cadelinha?! - Inesperadamente falou, entre seu assombro e o espanto na sua voz alterada pelo temor.

E assim, sendo a segunda vez num mês a me surpreender, fecho o livro entre minhas mãos grosseiras, pasma, voltando a abaixar meu olhar franzino para ele, encarando diretamente seus olhos resoando seu amedrontamento ou preocupação. - Eu entendo que as pessoas podem repetir o primeiro ano do colegial, mas porra, como você conseguiu chegar até aqui?! . . . Há sete anos atrás.

— Com o carro do meu pai.

Embasbacada, abria e fechava minha boca para falar, mas a voz simplesmente não saía, então assenti com a cabeça, desnorteada por culpa dele. - Continua assim que vai chegar longe.

— Eu aprecio sua gentileza de reconhecer minha alta capacidade de aprendizado. Muitos já me dizem isso. - Orgulhoso e esnobe, fala com um sorriso arrogante no rosto, curiosamente, tendo uma mera educação na sua fala e no tom da sua voz controlada, entre seus olhos que começaram a brilhar… E, pela primeira vez, poderia ter visto algo atraente por baixo de um brutamonte…

E, a sensação era como se fosse sair de um mundo paralelo, meu pensamento se esvaiu e explodiu ao mesmo tempo, como num colapso nervoso pelo risco desse pensamento ter passado pela minha cabeça; me xinguei internamente por ter esse tipo de pensamento de um pé grande.

— Quem quer que sejam essas pessoas de índole duvidosa, elas deveriam se tratar, e rápido! - Comento com arrogância, saindo de cima da sua mão e dando apenas alguns passos para frente, tratando de esquecer a consequente perda de consciência da cabeça para voltar a ter o foco sobre o livro.

— Esquece… não vai encontrar nada neste livro.

— Não fale comigo! Não se aproxime de mim! - As faíscas do surto dominaram minha voz, meus pensamentos e meus olhares surtados para ele, ao me virar com impulsividade para sua direção, que já estava levantado, mas ao ter meus olhos possuídos pela ira sobre ele, o tom descontraído do seus olhos tomou um tom de receio e apreensão, franzindo os mesmos, inclinando seu corpo para trás. - Muito menos respire o mesmo ar que eu!!

O mesmo, rígido na posição em que estava, com seus olhos preocupados, fixos em mim, estufou suas bochechas enquanto murchava seu peito que se enfiou para dentro, entre a posição dos seus braços que se avantajam, tudo aquilo somente para prender o ar.

Entre minhas piscadas, minhas sobrancelhas se estreitaram pela minha confusão interna, também pela perplexidade do seu gênio que era cismado, problemático e dificultoso de se entender, pensava em como os amigos deles o aguentavam, enquanto encarava ele com minha expressão confusa.

Com o passar dos segundos, meu cisma foi murchando na feição, dando lugar para o aborrecimento e o desinteresse, tornando meu rosto neutro, pelo puro tédio em assisti-lo se sufocando a cada segundo que se passava. Poderia até rir, mas acho que o desgaste já atingiu o limite que deveria atingir.

Seu rosto espremido e seus olhos quase esbugalhados, os movimentos agitados do seu corpo, por cima de duas pernas trêmulas, diziam muito sobre como ele se sentia, e entre os movimentos apreensivos das suas mãos para minha direção, eu compreendi seu pensamento.

Estava esperando uma ordem minha? Eu pensei.

Solto um suspiro ao revirar os olhos, fazendo menção em me virar para frente. - Pode soltar o ar… - Digo com a voz folgada, soltando o ar denso pelas narinas, virando para frente do prédio da escola para pensar no que poderia fazer, tirando, como regras, dessa vergonha que tinham como livro.

Ouvia as desesperadas sucções secas virem de trás de mim.

— Então é isso que eles chamam de vida pós-morte? - Dizia, com sua voz abafada, entre suspiros de pânico.

Após o ouvir, percebi um clarão piscando pelos cantos dos meus olhos, do meu lado esquerdo, e logo depois uma voz enojada e irritante de uma garota começar a arranhar meus ouvidos.

— Essa, com certeza, vai ser a matéria principal do blog da escola!

Sem tempo de reagir, até pela minha lerdeza, falha minha, levo meus olhos desinteressados para a figura morena da garota que segurava um tablet, tendo a coincidência de ser uma daqueles que receberam os meus presentes semana passada e a mesma que, curiosamente, deve ter participado da minha calorosa recepção de hoje de manhã.

— Como é garota? - Indagou Slab num tom confuso para ela.

— “ Nosso novo casal é surpreendido no pátio da escola ”. - Na sua voz adocicada com sua soberba, dizia sua manchete, enquanto ainda mantinha a câmera apontada na nossa direção, e então, o flash acende novamente, entre seu piscar, o que indicou tirar outra foto.

A ardência causada nos meus olhos pela densidade da luz, me fez piscar e a virar minha cabeça para o lado, e assim fiquei para tentar diminuir a incomodação que custou segundos para tentar sumir com as manchas que apareceram na minha visão, sendo esses segundos suficientes para deixar que elevasse a quentura da raiva pelo meu corpo que já estava guardando a irritação causada pelo Slab.

— É pegadinha?! - Extrapolando de animação, Slab pergunta, me fazendo abrir meus olhos e os revirar. - Se for, como tá meu cabelo?

Ainda mais contrariada, franzindo com desgosto, me viro para ele, ainda mais cismada com sua falta de senso, incrédula o encarava. - Você tem algum problema?!

Seu olhar solene se vira para mim, demonstrando a naturalidade calma entre seus olhos compreensíveis que me olhavam em compreensão. - Posso consultar uma lista, se preferir… tendo o seu nome como o primeiro escrito nela!

Firmo meus olhos franzinos sobre os dele, empinando o nariz para cima, pelo afronte.

— Não deixarei passar mais um dia sem dar minha revanche, descendente de Hércules! - Levantou sua voz firme, franzindo zangamente suas sobrancelhas, abaixo contendo seus olhos espremidos pela irritação, formando seu corpo com rigidez.

Piscava com meu semblante de paisagem para ele, realmente deixando que suas palavras sem importância entrassem no meu ouvido e saísse no outro, continuando imóvel no lugar, mas pensativa, chegando a várias conclusões sobre onde que um confronto com o valentão da escola iria me levar.

Saindo dos meus pensamentos, um outro flash piscou, causando a intimidação dos meus olhos, que me fez fechar meus olhos outra vez e ter as manchas piscando nos meus olhos.

— Presenciando, exclusivamente, uma discussão entre os pombinhos da escola! - Alvoroçada, ela dizia, na sua profundeza irônica. - Mas assim, eu sugiro que, invés de surras e tapas, vocês se agarrem e darem um beijo apaixonado!

Abro meus olhos, estupefatos com a audácia dessa cretina.

— Tá, espera… - Ele fala, calmamente, tirando seu jeito briguento, mas ainda com seu jeito marrento, começou a bater suas mãos sobre suas roupas amassadas. - Mas eu aga… Espera! O quê?! - Para bruscamente e se vira para ela, com seu olhar confuso e contrariado para a morena.

Entre meus olhares contrariados e irritados, falo: - É difícil você fazer alguma coisa que faça sentido? - Esbravejo com ódio, para ele, que continuou virado para a garota.

— De quem você está falando? De nós, ou dos velhinhos que estão atravessando o pátio da escola? - Levantou sua mão que ergueu seu polegar, apontando o mesmo por cima do ombro.

Não fiz questão nenhuma de me virar para ver aqueles velhos curtindo seu amor, por mais que eu ache uma graça Senhores terem um amor para recordar.

Irritada com aquele circo, balançava a mão que segurava o peso morto do livro, e ao ter minha mente acordada, como num clicar, abaixo meus olhos para encarar o grosso exemplar que segurava, com um pensamento recorrente com o que poderia fazer com ele; meu sorriso vil cresce no rosto.

— Slab… - Falando o nome dele com seu compreendimento falso, falou: - não reconhece sua própria namorada?

A bola da avalanche que se criava dentro de mim começou a crescer de acordo com a tamanha merda que saía daquela boca cor de rosa. Volto a levantar meus olhos para o pôr sobre ela, na minha feição mal-humorada e contrariada, guardando o rancor da zanga dentro do peito.

— Como?! - Exclamou ele em surpresa. - Eu, namorando a descendente de hércules?! Em? Como posso me lembrar de uma coisa que eu nunca fiz?! - Entre suas palavras histéricas, começou com seus surtos. - Me explica?

— Cacete. - Digo em tédio, encarando sua feição espremida pela apreensão, que encarava a garota que não parava de digitar.

— Bom… aaahn… - Parou de digitar, levantando sua cabeça num movimento brusco e rápido, mostrando sua feição congelada, que levou seus olhares franzidos, quase estáticos, para ele. - Ela te forçou, Slab?

Inspiro o ar com vigor, inchando o meu peito, para, de alguma forma, retrair a minha raiva, sendo que seria em vão ao soltar o ar quente pelas narinas, prontamente segurando o livro entre minhas duas mãos para firmar mais minha mão esquerda sobre a capa dura do exemplar.

As tamanhas e amadas capaz duras.

— Ela é mais arrisca e astuta do que pensava. - Ela continua com seu fingimento arrogante, presunçosa, como no seu sarcasmo palpável na voz, que era abatido pela minha ira transmitida pelos meus olhos grosseiros. - Pode ficar tranquilo, Slab, não te culpo, mas você pode assinar um formula-

Com a cabeça quase explodindo, solto o livro para deixar, com apenas, a minha mão esquerda o segurando, enquanto mantinha meus olhos centrados e fixos no tablet que segurava entre suas mãos que tinham suas unhas pintadas pela cor, também, vermelha, para ter a noção do ângulo e da distância exata, tendo em mente a força que deveria colocar para jogar aquele livro e acertar onde queria.

Levando meu corpo para o lado direito, num movimento rápido eu o pus novamente para frente, num impulso com violência ao estender meu braço para frente no momento momentâneo de jogar aquele exemplar na sua direção, o mesmo que foi na sua direção parecendo uma câmera lenta, no instante em que solto o livro que segue na sua direção, que olhava, na sua esperteza cega, para o outro Monte do Everest.

Ansiava para o momento que não demorou em chegar.

A ponta dianteira da capa dura do livro acerta bem no centro do seu tablet, num susto que a faz soltar e abrir sua boca, soltando um grito escandaloso ao tremer suas mãos de galinha estendidas para cima, e num movimento bem revelador, se jogou nos braços do Slab e o abraçou, entre suas expressões estreitas de puro susto… Mas que coitadinha, não? Entre o mesmo que ficou imóvel e com os braços estendidos para os lados.

Que comprometedor para eles, não?

O tablet voou da sua mão e, entre giros, se jogou com tudo para o chão, na sua ponta quicando, numa violência que nunca tinha visto, no concreto do degrau que circulava a região do gramado, continuando girando suas quinas contra o chão enquanto girava e parava, pela distância, até perder a velocidade e cair na sua parte de tela contra o chão, num último som que me fez engasgar ao abrir a boca para gargalhar com toda a graça do mundo, coisa que, raramente, eu fazia.

Enquanto o livro caiu, simplesmente, contra o gramado e por ali ficou.

A morena, colocando seu olhar cheio de fúria para mim, espremeu seus lábios para deixar claro isso, entre seu movimento brusco de soltar o grandão e se virar para trás e ver seu precioso tablet caído no chão, novamente abrindo sua boca e soltando o Slab para ir até seu tablet e o pegando do chão: virou ele para cima e viu o estrago dos estilhaços que a tela estava, inteiramente trincado.

Sua cara de pasma foi o mais cômico de se ver e de fazer meus lábios se curvarem no meu sacana sorriso, mas que logo se levantou e se pôs na minha direção, notando a minha sacanagem para ela, que fez endurecer sua feição, dizendo entre sua revolta: - O que você fez?!

— Encontrando uma função para esse peso… - Respondo com cinismo, abrindo meu sorriso provocador para ela. - E acabei de encontrar.

— Ei! - Exclamou Slab, erguendo seu braço e apontando para mim. - Eu não vou-

— Calado! - Mando e o mesmo obedece. Irritada como já estava, levei os meus olhos para ele. - Não venha querer dar uma de macho alfa pra cima de mim, garotão, apenas para surpreender sua namorada… - Fechou seu semblante e juntou seus lábios num fofo piquinho, notando-se de cara seu constrangimento. - Aaaah, mas admito que deve ser a coisa mais linda de se pensar, a fofoqueira gordofóbica e o valentão que soca os bilionários do futuro, juntos. Nossa… como o casal tóxico iria transbordar a alegria pelos corredores dessa escola. - Com a ponta afiada da minha língua sarcástica, falava solta para com seus semblantes cheios de ira. - Não faz mal me olharem assim… pelo contrário, deveriam estar alegres, já tem uma fã… bom… - Viro para a minha direita, vendo ali o casal de senhores, e que estavam olhando para os mesmos com seus sorrisos doces. - Três fãs. - Dou de ombros, com meu deboche e volto a olhá-los, onde Slab tinha um sorriso.

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— Querem meu autógrafo? - Perguntou.

— SLAB!! - Berrou ela, contrariada, começando a caminhar impulsivamente, na sua braveza, para minha direção, ainda segurando seu tablet. - Você vai pagar outro pra mim! - Exigiu, parando na minha frente.

— Não tire o meu momento de cúmplice! Ainda estou trabalhando no meu lado artístico! - Falou irritado para ela. - Temos que trabalhar juntos, como uma dupla que faz favores… apenas pra mim!

— Favores… - Repito para mim mesma, abaixando meus olhos para o gramado e lembrando que tinha um alguém que poderia me ajudar a fazer a coisa mais retardada que faria na vida… tirando a parte que quase pulei de uma ponte quando estávamos viajando para Portland. - É isso.

— Está me ouvindo?

— Preferia não ouvir, muuuuito de preferência. - Vejo Slab passando por trás dela e indo até os senhores, o que chamou o olhar dela para ele.

Tomo meu passo, passando do lado dela para caminhar em direção à entrada do leste, me abaixando e pegando o livro do gramado ao passar do lado dele, prosseguindo com a caminhar até a escadaria em frente a passagem.

— Ainda não terminei! - Berrou ela, atrás de mim.

— Mas eu sim! - Respondo com preguiça, levantando meu pé direito para pisar no primeiro degrau.

— Se não fizer, eu juro que vou te ferrar dentro e fora dessa escola!!

Paro no segundo degrau, tendo a minha repugnância transborda no peito, juntamente do meu sorriso nervoso se fazendo no meu rosto.

— Com medinho? É bom você obedecer e pagar!

Entre meus passos lentos, fui me virando para me colocar de frente à ela e mostrar meu sorriso nervoso, que a fez franzir. Por dentro, mesmo com a raiva me martelando a carne, eu me divertia e iria adorar brincar com ela.

— Faça. - Simploriamente digo a ela. - Apenas faça… iria adorar.

— Problemática! Era assim que todos deviam te chamar!

— Parece que todos estão fazendo a lição de casa, olha, parabéns! - Coloco o livro debaixo do meu braço e começo a bater minhas mãos, entre meu deboche profundo. - Estou tão orgulhosa da capacidade de vocês.

— Não estamos no Locurins Garden! Ou no Mccarthys High School!

— Na verdade, isso está bem na cara.

— Olha, garota! Tenho influências sabia… - Começou a caminhar pelo gramado, na sua tão trabalhada ameaça, entre suas feições tão carregadas pelo seu rancor e ódio, que estava até me convencendo que era mesmo verdade. - Eu posso e vou conseguir fazer de você o chão que todos pisam!

Formo um beicinho, começando a balançar em positivo com a cabeça. - Realmente, você me convenceu, cabelos de fogo, mas eu penso em como, porque, todos que me conhecem, sabem que eu piso o chão que eles limpam pra mim.

— Não aqui, porque você não é ninguém aqui! Muito menos um alguém que pode ir contra todos aqueles que mandam na escola!

— Então o Slab é o primeiro nível? - Indago com sarcasmo, brincando com sua raiva que ferveu debaixo das suas sardas pelo rosto.

— Já chega! Garota! - Deu seus últimos passos até parar, um metro distante da escada. - Vai-

* THRIIIIIMMMM!! *

Foi interrompida pelo sinal que a fez espremer sua feição endurecida pela zanga.

— Mas que pena, eu realmente queria poder terminar a adorável nossa conversinha, mas...

Deu um passo para frente, me interrompendo. - Nós não terminamos.

— Mas eu sim! - Levanto a voz com mais autoria, mantendo meu olhar rancoroso de cima para ela, que ficou em silêncio. - Olha, garota, que nem faço questão de saber o nome!

— Você vai se arrepender!

— Sim, poderia sim por poder saber seu nome de puta, mas também por não ter feito mais do que jogar uma lata inteira de tinta verde na sua cara… Poderia ter jogado a lata, iria fazer mais estragos em tons roxo e vermelho, combinaria demais com sua boca de jabuti e com suas unhas de garça. - Digo com dureza, no meu olhar assassino para ela, que a fez estreitar seu olhar pela dúvida e receio. - Eu adoraria acabar com você, e pode ficar tranquila… isso, com toda a certeza, está nos meus segundos planos.

— Nunca vai ter coragem de fazer isso.

— Nunca duvide de uma garota que tem grampos de cabelo no bolso… - Abro meu sorriso ironizado, mas cheio da minha manha para ela. - Não vai mesmo querer saber o que eu posso fazer com um.

— Quer meu nome no substantivo ou no negativo? - A pergunta vinda do próprio mundo inverso do Slab, nos foi ouvida por ecoar pelo pátio, me fazendo revirar os olhos.

— Vai ajudar seu namorado— Dou ênfase ao dizer, tirando meus olhos das costas dele junto dos senhores para pôr novamente nela. -, ele tá precisando.

— Ele vai adorar.

— Com essa sua cara de mula misturada com a inteligência duvidosa dele, claro que vai. - Debocho primeiro e dou as costas para continuar a subir pelos demais degraus até em cima, deixando ela para trás, junto da minha ira guardada.

No momento que puxo os dois trincos da porta, a minha passagem é interditada por um grupo de caras que surgem do lado esquerdo do corredor e se colocam em frente da passagem da porta, me impedindo de entrar.

Como eu, os olhava com meu olhar franzido e intrigado, arqueando minha sobrancelha direita, e eles retribuindo com seus olhares gordos e que demonstravam interesse. Revirou meus olhos e solto um suspiro, cismada, por fim cruzando meus braços e mudando meu olhar de intrigada para irritada.

— Boa manhã, Amy. - O carinha pardo diz em cumprimento ao passar do meu lado esquerdo, sendo seguido pelos outros que também, demonstrando a total educação que suas mães deram, foram me cumprimentado, passando dos meus lados, diferente de mim que permaneci calada e parada, que apenas via eles se humilharem para mim e na frente dos outros que estavam atrás.

Atrás deles, o carinha Hante estava sempre acompanhado com sua jaqueta de couro, no rosto o seu sorriso cafajeste iluminava e trazia seu lado safado átona. No seu total interesse, caminhou com sua marra convencida, e esnobe, para fora da entrada, continuamente a me olhar galanteador e parando do meu lado esquerdo, sendo ele seguido por um grupo de garotas que o admirava, mas ao me perceberem, firmou seus olhares estreitos e suas feições espremidas para mim, parando em frente a porta.

— Não liga para elas, elas só me amam. - Cheio de si, demonstrava com orgulho ser desejado pelas garotas.

Seu narcisismo era egocêntrico, me dava vontade de bater na sua cara.

— Ouh… - Expresso sem ânimo, mantendo meus olhos sem expressão para ele na minha feição dura e sem interesse.

— Eu e meus amigos, vamos treinar no estágio da cidade, estamos perto do jogo do campeonato. - Levantou suas mãos, que seguravam a bola do jogo americano, a girando entre suas palmas e me olha com seus olhos de segundas intenções. - Poderia ser minha convidada de honra para ir comigo.

Arco minha sobrancelha, continuando a olhá-lo para forçar uma demonstração de interesse juntamente de meu sorriso doce, o mesmo que deveria estar acostumado. - Devo te parabenizar ou pedir alguma coisa depois do " campeonato "?

— Ou… - Num olhar intrigado, abre seu sorriso convencido e orgulhoso, dando um passo para frente, totalmente cego pelo meu encanto. - Se desejar… - Se inclina para frente ao fechar seus olhos, nisso escuto sussurros começarem a vir do nosso lado.

Com meu atrevimento, levanto minha mão e a levo até a altura da sua boca, estendendo meu indicador para o colocar sobre seus lábios, fazendo o loiro escuro abrir seus olhos e me olhar, franzindo pela sua confusão e mostrar a cor azul dos seus olhos. - Espera… vamos tornar isso mais especial… Podemos? - Abro meu sorriso adocicado, formando minha feição piedosa, na qual, por dentro, fez-me odiar e quase vomitar.

Caindo no meu jogo, abre mais seus sorrisos. - Tudo o que você quiser, princesa. É só pedir.

— Fecha os olhos. - Peço na minha voz doce, quase fechando a minha garganta por ficar contrariada comigo mesma.

— Claro. - Fala com o toda sua bondade e cinismo, apenas desejando pegar a novata; fechou seus olhos e se inclinou ainda mais para baixo, formando sua boca num beicinho piedoso e chamativo.

Seria um belo aperitivo para quando estiver afim.

Levo minhas mãos até sua bola e a tiro das suas mãos, por dentro gargalhando altamente como uma bruxa fazendo seu show, e por conta disso, espremi meus lábios um no outro para prender meu riso e não deixar ele desconfiado.

E mais alguns segundos, encarava seu rosto perfeito tão perto do meu, e também para sua boca, não tendo vontade nenhuma de mergulhar nela e sentir seu sabor. Girando a bola entre meus dedos, me viro para o lado da porta de entrada bloqueada e retomo meus passos, encarando a feição revoltada de cada uma para mim, mas que tomaram uma expressão interrogativa quando me viram ir até elas.

Entrando, segurando a bola na minha mão esquerda, a bati no estômago de uma que estava na frente e com a outra, coloco por cima do seu ombro para a empurrar com delicadeza e abrir meu caminho, deixando ela segurar a bola.

— Ataquem o tigrão, leoas. - Digo ao passar do lado da garota e entrar entre elas, sendo encarada com surpresa por muitas, por não esperarem a minha atitude. Saindo da multidão alvoroçada para caminhar pelo corredor, atrás de mim, eu escuto os gritos delas entre passos pesados, junto de um possível grito de dor vindo dele.

Abro meu sorriso divertido e orgulhoso, entre o meu caminhar pelo corredor movimentado.

Entre mais viradas de corredores, encontro a escada que levava para o segundo andar e paro na sua curva para a escada seguinte. Me apoiando contra a parede, pego meu celular do bolso do moletom para ligar para o carinha, filho do dono de uma fazenda aqui perto.

Amy, quanto tempo!— Atendeu ele, falando com sua voz alegre.

— Não querendo me aproveitar da sua boa vontade, Copper, mas lembra daquele favor que me deve? Bom, eu acho que vou precisar dele.

— Pode mandar, quero mesmo um pouco de ação, esses dias estão sendo tão desanimados. -

Abro meu iluminado sorriso sádico. - Você não faz ideia… - Levanto meus olhos, e um pouco meu rosto, para poder ver por baixo da aba do meu boné, a Echo passando na curva da escada e continuar a subir por ela, nisso uma outra ideia passou pela minha cabeça.

— Tenho todo o tempo do mundo. -

— Você tem cabras?