A Gêmea do Professor

Garota Problema *1


Meu sorriso astuto escondia minhas astuciosas intenções, enquanto caminhava pelo corredor transitado pelos meus colegas, somente para seguir pelo mesmo caminho que Echo, estando a minha frente, seguindo em direção ao seu armário, estando ele na última fileira de armários no corredor, à minha direita.

Echo era um alvo fácil de se manipular, não era difícil para mim saber disso, estava bem nítido na cara inocente da garota, iria me entregar informações sem muito sacrifício.

Olhava suas costas como uma caça prestes a ser fisgada.

Entro no corredor em frente, encarando as costas da castanha enquanto abria a porta do seu armário e colocava um livro dentro. Não demorei para aumentar meus passos para ir na sua direção, articulando um sorriso simpático, nem tanto forçado, entre meu rosto que se formulou numa feição alegre, mas por dentro, segurava o ranço para fazer aquele arco-íris no rosto e prender o vômito.

— Oi, Echo. - A cumprimento, fazendo com que ela dê um grito agudo e pule para trás. Franzi diante do seu olhar quase esbugalhado e estático para mim, dentro dos seus suspiros descompensados, onde sua mão posta sobre seu peito dizia seu estado emocional pela proporção do susto que levou. - Está devendo alguém, Echo? Para se assustar assim. - Me apoio contra o armário, cruzando meus braços e olhando atentamente para ela, que voltava ao seu estado normal.

— N-não… - Respondeu entre gaguejos, dando um sorriso nervoso e hesitante, para se aproximar do seu armário e voltar a dar atenção para ele. - Claro que não, é só que… er…

Franzi, confusa, decifrando seu incômodo e hesito na falar. - Se for algo relacionado a mim, pode guardar para você, não tenho o menor interesse em saber. - Faço um momento de silêncio depois de falar, tirando aquela feição animada e extrovertida do rosto, o colocando para frente do corredor e revirando os olhos.

Ouvi seu suspiro de alívio, o que me deu corda para continuar.

— Mas… - Pelo canto do olho, noto um movimento brusco vir do seu corpo, me fazendo abrir um sorriso, voltando com o ânimo, e levar meu olhar animado para ela que, desde o princípio, suspeitando, demonstrou sua desconfiança no seu olhar franzido. - Não é para isso que estou aqui, mas sim… digamos… - Procurava alguma palavra para descrever aquele momento sem ser inconveniente.

— Conversar?

— Isso! Conversar. - Abro mais meu sorriso, agora forçado, numa tentativa de ser simpática com uma garota que mal conheço.

— Bom… depois do que aconteceu de manhã, eu pensei que-

— Ah, segue em frente, Echo! Esqueça… Aliás, aquela queda era pra mim. Slab deve me adorar, sempre me olha como um cão raivoso e assustado. - Comento com graça, abrindo um sorriso para abrir uma simpatia com ela, antes de pegá-la no bote. - Eu até… - Engulo seco antes de falar, amargurando um pouco meu sorriso. - gosto da criança de quase dois metros.

Por um momento, ela para e se vira para mim, segurando a porta do seu armário, numa expressão curiosa no rosto, para dizer: - Sabia que ele mesmo se ofereceu dez mil dólares para te roubar na hora do almoço… - Piscava sem parar ao ouvi-la, retrucando com interrogação sua fala. - Ele até estava acompanhado da garota do blog da escola… - Perdeu seu olhar dentro do seu armário. - Eu me pergunto do porquê, porque eles nunca foram próximos… Na verdade, Slab nunca foi próximo de alguém, pelo menos não da escola.

Permaneço instantes calada, apenas digerindo a informação com gosto.

Curvo meu sorriso tirano no rosto, olhando para o nada e imaginando quebrando a testa dele com a dela. Seria uma visão maravilhosa. - Jura?

— A-ah… Er… Mas, olha, ignora ele.

— Talvez… - Respondo, tirando meu riso abençoado do rosto para ficar “ normal ” e olhar para ela com calma, mas por dentro fervendo de ódio daqueles dois. - Então, o que vai fazer agora?

— Aula de Matemática… Aaah! - Tombou sua cabeça para trás ao reclamar. - Odeio matemática!

Meus pensamentos ainda continuaram rondando o Slab, principalmente aquela vadia encaracolada. - É, eu também… - Desvio meus olhos, os colocando para frente, observando aqueles que passavam pelo corredor. - Minha nota mais baixa foi oito… e meio… - Franzi o olhar para o nada. - Naquele dia estava sem vontade de humilhar o espertinho da turma.

Pelo canto do olho, vejo seu olhar zangado se virando para mim.

— Jura? - Espreme sua voz contrariada, saindo entre seus lábios tortos e um olhar mal encarado.

— Não ligo muito para notas… bom - Dou de ombros. -, pelo menos, não de escolas.

— Sorte sua.

Sua revolta e raiva era sentida, formigando meu rosto, como raios prestes a me atingirem, o que me divertia por dentro e a causa do meu sorriso descontraído e controlado no rosto.

— E durante o almoço… - Ponho meus olhos nela, sendo retribuída pelo seu olhar óbvio. - Comer, é claro… - Contrariada, desvio meus olhos, novamente, para frente. - Por isso, gostaria de saber se eu poderia passar esse tempo com você.

— Nossa.. e-eu acho que foi a coisa mais legal que você já disse pra mim desde que nos conhecemos. - Respondeu entre seu espanto, mas se virando para mim, franzido seu rosto. - Bom, eu aceito.

Prendo minha fervura dentro do peito e a vontade de sorrir imprudentemente com meu lado canalha. - Que bom.

Entrando no corredor, vejo o nosso querido Diretor Tater caminhando com sua alegria exposta no seu sorriso esbanjado e olhando para os mais baixos, também pela sua forma de caminhar.

Acompanho ele com o olhar, ao passar do nosso lado.

— Eu não entendo como essa escola existe… com alguém como ele na direção. - Comento com desgosto, encarando suas costas até ele virar no corredor em frente, sumindo.

— Você se acostuma… dia… após outro dia… - Respondia com a voz cansada.

Seu tom cabisbaixo, apitou um sino na minha cabeça, me fazendo virar ela para sua direção, que estava distraída com um livro de matemática. - E… o que ele permite que vocês façam?

— Se ele permite que o Slab enterre a cabeça dos nerds dentro do vaso sanitário, que o blog tenha milhares de comentários homofóbicos, tóxicos, zombeteiros que debocham de certas pessoas da escola… além de… outras coisas… - Encheu seu peito que se inflou, amargurando sua feição, depois soltando um longo suspiro cansado. - Eu não sei qual o sentido da palavra limite.

Fico atenta em cada palavra que dizia, franzindo meu rosto, contrariada e ainda mais curiosa. - Ele permite isso? Mais especificamente, do blog? - Continuou com interesse.

— Ou não liga, por isso que tem… - Tirou seus olhos do livro para os colocar em mim, pensativa. - não digo muitos, mas alguns processos na conta de diretor. Não sei como não foi demitido… - Abaixou seus olhos de volta para o livro. - Ou, ele não sabe…

Assinto com a cabeça pelas informações preciosas. - E… as regras da escola… - Pretensiosamente. - Todas têm, certo? Parece que esse lugar é uma exceção.

— As únicas regras rigorosas que essa escola possui… Sabe, as típicas… - Tirou seus olhos cansados do livro para colocá-los dentro do armário. - “ As garotas não podem vir de saias curtas, shorts curtos, blusas muito decotadas ”. “ Não causar nenhum acidente que envolva… - Parou de falar por um instante para pensar, mas logo voltou a falar. - Esquece, esse o delito é quebrado todos os dias pelo Slab, mas, talvez, o mais importante que ele siga e o patriarcado dos anos de vida dessa escola, depois do incêndio de 1965… quando a instituição de segurança da cidade proibiu qualquer meio de se colocar fogo numa escola, pelo menos dessa região: fogueiras, fogos, churrasqueiras… balões.

— Fogo… - Penso em voz alta, tirando meus olhos dela para os colocar em frente, devorando meus raciocínios para se colocarem em apenas um, o que fez meu impertinente sorriso astuto dominar meu rosto.

— Sim, mas fica tranquila, nunca mais teve incêndios, até porque, quem colocar, pode ter a chance de ser expulso e também de ser julgado pela Instituição de Segurança e Prevenção das Escolas da Cidade, com a possibilidade de pagar uma multa… deve ser por isso que ninguém causou um incêndio até hoje… Mas espera - Numa expressão confusa, abre seu sorriso. -, porque você, logo você, está interessada sobre esses assuntos da escola? . . . - Seu olhar tranquilo e seu sorriso simples desapareceram do rosto, arregalando seus olhos e deixando seus lábios numa linha reta, não demorando em colocar os estáticos olhos esverdeados na minha direção, com o medo estampado. Abre sua boca para poder falar algo, mas sua voz simplesmente não saía.

Sendo fixamente olhada por ela, mostro meu sorriso sacana, cinicamente, para ela estática que estava, entre seus olhos arregalados.

Desencosto do armário, satisfeita com o que tinha me falado.

Descruzo os braços, dando passos secos para trás, enquanto a olhava. - Fica tranquila, Echo, você fez um bom trabalho de informante, mesmo sem saber… - Paro meus passos para sorrir, divertida. - E, aliás, quando eu sair daqui, pode ter certeza de que não vou citar seu nome como uma possível cúmplice. Confie em mim para isso. - Me viro de costas para ela, para voltar no mesmo caminho que vim, deixando meu sorriso para ela por desfazê-lo e apenas deixar meu semblante rígido.

Era agora que meu isqueiro serviria como o principal personagem da sua história, pela segunda vez.

Entrando no corredor, qual não foi minha surpresa ao ver Adam saindo pela porta lateral, dos fundos da sua sala, junto do Derby.

Reviro meus olhos, continuando a caminhar para frente, me dando por vencida de que não iriam me notar.

— Amy! - Derby me chama com sua voz animada e irritante.

— Cai fora, Derby. - Expresso meu mau-humor ao passar pelos dois e seguir para a saída do corredor.

— Amy, você viu minha carteira?! - Meu gêmeo perguntou com apreensão.

Abro um sorriso sacana, continuando a caminhar. - E porque eu veria ela?! - Respondo com outra pergunta e passo pela saída do corredor, me virando para a minha esquerda, lembrando que tinha aula de marcenaria. - Até que não seria de tão ruim faltar a essa aula… - Levanto meu pulso para ver o horário no relógio. - Ele só vai chegar com a entrega no horário do almoço… - Na hora, me lembrei do Slab. - Roubar meu almoço junto da lagartixa, não?

Sinto a vibração do meu celular dentro do bolso da calça, instantaneamente Copper vem na minha mente, o que levou a me empolgar a tirar o celular do bolso ao começar a descer os degraus da escadaria.

“ Aconteceu um imprevisto, mas te garanto que vou chegar no horário combinado! E com todas as cem entregas das mais arteiras, como você me pediu ”

— Trás aquela pimenta, a mesma que você mesmo fez. -

Apenas mandei a mensagem, formulando o que iria fazer e não retendo meu sorriso.

Chegando no andar debaixo, começando a caminhar no espaço para entrar no corredor em frente, sou impedida por bater meu ombro com o ombro de outra pessoa.

— Olha por onde anda, casaco vendido num brechó!

A voz aguda e irritada da minha irmã mais velha, rasga as paredes dos meus ouvidos para poder entrar, prendendo meu rosnado raivoso dentro da garganta ao me virar e encarar seu rosto decorado com suas maquiagens, juntamente estando com suas amigas risonhas atrás, me olhando com certo desprezo aparente.

Franzi para ela. - O que meu casaco tem haver com isso?

— O que esse boné tem haver com você? - Retrucou com desgosto, mantendo seu olhar de desprezo para meu boné e meu casaco. - E com essa camiseta… - Franziu, espremendo seu olhar duvidoso para ele. - É uma camisa masculina?

— E o que essa camisa tem haver com você? - Retruco com a língua afiada, com minha arrogância nada delicada que tirou o sorrisinho da sua careta fresca, mas com o sorriso zombeteiro se fazendo no rosto das suas amigas. - Eu adoraria continuar com nossa doce e nada desagradável conversa, mas eu tenho aula agora. - Provoco com meu sorriso afiado. - Tchau, irmãzinha, te vejo em casa… - Viro de frente com o corredor para continuar a caminhada até a sala, tirando o sorriso que se tornou amargo. - Infelizmente.

Apenas deixo essa intriga para trás, somente para continuar e ir até uma das aulas que seria uma das minhas favoritas se continuasse a estudar por aqui, mas, depois de hoje, era um adeus.

Atravesso a próxima curva do corredor para encontrar a sala de mercenária, onde alguns colegas, conhecidos da aula de ciências, estavam entrando.

— Eu mereço. - Puxo o ar para dentro do peito e depois o solto, cansada, quase tomando a decisão de me virar e tomar um outro caminho para não ter que encarar nenhuma daquelas pessoas, mas continuo seguindo pela minha determinação seguida por um pensamento de que iria ir embora sem participar numa das minhas aulas preferidas de todas… tirando artes.

Poderia ter o pensamento precipitado de que iria sair dessa escola, mas aquele careca não iria deixar uma garota de quase quinze anos, que jogou fogo a sua escola, ficar a solta pelos corredores da sua escola pelos próximos anos. Seria um louco em deixar, e por mais que aparenta ser, não queria que fosse.

Me coloco em frente da porta, me deparando com uma sala excentricamente igual às outras de marcenaria que tive: várias estantes enormes que continham peças, equipamentos, ferramentas, atrás das mesas ao lado e em frente da porta, do outro lado da sala; nos cantos, carrinhos de madeiras, cheios de papéis de parede enrolados; no centro, marcando um quadrado pelas várias mesas postas, onde tinham as máquinas e nos suportes inferiores, estavam as latas de tinta.

Todos estavam atrás dessas mesas, construindo algo, onde muitos tinham sobre suas mesas uma pilha de peças de madeira repicadas, com pontas e sem nenhuma forma. Ambos com óculos de proteção e luvas, mas alguns apenas usavam aventais. Nos fundos da sala, eu via, todos empilhados, as toras de madeiras.

Os vislumbres do meu infalível plano se colocando em prática, tirou de mim o sorriso arteiro.

Por isso, não me importei ao ser notada pelos meus colegas. Seus olhares voaram na minha direção, parando instantaneamente o que faziam, talvez pelo espanto de me ver ali. Mas, apenas uma pessoa levou toda a minha atenção e a ira do meu ódio aparente, coisa que todos perceberem, pois alguns levavam seus olhares temidos para os olhos do Slab do outro lado da sala e depois para os meus, refletindo as chamas que queriam sair e o queimar vivo.

— Ainda bem que te encontrei! - O ânimo em sua voz, Derby sempre mantinha esse ânimo desde quando éramos crianças e estudávamos juntos, vindo de trás de mim.

Parou logo do meu lado direito, me fazendo virar meu rosto rígido pelo ódio até ele, o que fez seu sorriso diminuir e seu rosto endurece, me olhando com receio pelo que poderia fazer com ele, se acaso continuasse.

— Com licença! - Falou a Echo ao passar do meu lado esquerdo, pouco acanhada para entrar na sala. - Desculpa o atraso, Sr. Gregor.

— Tudo bem, Echo… - Colocou seu olhar descontraído para mim e depois para Derby. - E os dois?

— Eu estava apenas… er… - O loiro do meu lado começou com sua desculpa, mas hesitava por falta de ideias.

— Tanto faz. - Cansada, entro de vez na sala. - Cheguei atrasada mesmo.

— Ah, está bem… podem entrar e colocar os óculos de segurança, as luvas e o avental.

Escuto ele, passando entre o espaço que havia no centro dos meus colegas pelos da esquerda estarem concentrados na atividade da mesa e os da direita, numa mesa de um armário cheio de ferramentas.

Me infiltro no espaço, caminhando com paciência, mas com agonia e incômodo, por sentir meu corpo sendo apertado, sempre segurando a alça da mochila no meu ombro.

Passando pelo tormento apertado, tenho o espaço livre para caminhar atrás dos meus colegas e da mesa longa, sem ligar para o que acontecia ao meu redor por apenas olhar para a caixa fechada na minha frente, no fundo da sala. Mas ao virar para a frente, dou de cara com o grandalhão, que também devolvia o mesmo olhar ácido, por apenas mera provocação, da minha parte, claro.

Voltando a caminhar, desvio meu olhar para o lado, percorrendo eles nas milhares de toras de madeiras que me chamavam com manha; “ Me use, me use ”. Do lado delas, tinha o armário aberto, tendo os cabides, onde estavam os aventais, as luvas e os óculos.

Indo até eles, tirei os mesmos do cabide para pôr no lugar minha mochila, a deixando suspensa para poder vestir os acessórios, ficando de costas para todos.

— Derby, como foi eleito o construtor do último semestre, pode ajudar a nossa nova companheira. - Sr. Gregor diz, me fazendo parar no lugar e encarar a parede atrás dos cabides vazios, mudando meu humor que estava neutro para irritada.

— C-claro que sim, senhor… - Orgulhoso, ele responde.

Apenas vejo sua silhueta se aproximar de mim, pelo canto do olho direito.

Lentamente viro minha cabeça para o mesmo lado, levando meu olhar nada amigável para ele, que o fez parar no lugar com aquela mesma expressão apavorada: seus olhos quase esbugalhados e seus lábios tortos. Eu praticamente o obriguei a ficar longe de mim com o olhar.

— Talvez um ensino de longe, senhor! - Sua voz aguda sai da sua boca, antes de se virar e voltar para seu lugar, se colocando atrás de um dos seus colegas mais altos.

Reviro meus olhos ao negar com a cabeça, voltando a ficar de frente para a mesa, a qual tinha uma serra do lado vago. Trazendo no peito minha profunda animação, não poderiam ter me colocado num lugar melhor do que aquele.

Com mais calma, deixo as coisas em cima da mesa para tirar o meu boné, que soltou o rabo de cavalo preso na parte de trás, depois pego os óculos de proteção para colocá-lo.

Os minutos foram passando, com minha total falta de atenção nos ponteiros por estar concentrada no acabamento da minha lâmina afiada que cortava finuras de madeira para dar forma ao que criava: dando vida ao que seria uma pena entalhada. Meus olhos atentos seguiam cada movimento da lâmina em contato com a madeira maleável, inclinada sobre a mesa.

— Não seria melhor usar a luva de proteção? - Sr. Gregor recomendou ao se aproximar da mesa onde estava, observando atentamente meu trabalho.

— Trabalho melhor com minhas mãos livres. - Respondo calmamente, mantendo meu olhar estreito, firme nos meus movimentos.

— Continue, se assim quiser, mas tome cuidado com…

Paro num movimento firme, segurando uma ponta de madeira entre a lâmina e levanto meus olhos nada gentis para ele, demonstrando meu incômodo.

— Claro, continue. - Sem jeito, apenas se virou para ir até a próxima mesa, me deixando outra vez sozinha.

Em instantes, deixo a lâmina para pegar o martelo e o formão, colocando sua ponta sobre a madeira e levantando o martelo na outra mão para começar a bater acima da base grossa do formão, mas paro com o movimento justo no segundo em que escuto o sinal bater, me fazendo soltar um suspiro longo.

Só vejo todos soltarem os materiais com um semblante de alívio, mas eu continuei com meu trabalho, começando a bater levemente o martelo na base de cima para ter o menor movimento possível para retirar pedaço por pedaço.

— Terminamos por hoje, Amy. - Avisou o meu professor, se aproximando da mesa, novamente.

— Não tenho aula agora e não escolhi nenhum outro clube para passar o tempo, apenas esse, então eu prefiro ficar e terminar isso antes do horário do almoço. - Explicava, continuando com as minhas batidas simples, retirando pedaço por pedaço.

— Ah… claro, não vou usar a sala agora, pode ficar.

— Claro. - Ao responder, abro um sorriso para ele e bato o martelo delicadamente no formão. - Vai ficar pronto antes do sinal bater.

Abre um sorriso simpático e assente com a cabeça. - Está bem, e não se preocupe com as coisas, quando terminar, pode deixar elas em cima da mesa.

— Claro. - Com o mesmo humor e jeito simpático, eu respondo meu professor e volto com a atenção para minha arte enquanto ouvia as vozes de todos e os sons rondavam a sala, somente por eles se prepararem para sair.

— A-amy… - Gaguejando, com seu receio transparente, Derby me chamou.

Sem paciência, levanto meus olhos nada gentis para ele, vendo ele atrás daquele mesmo cara maior, apenas me deixando ver sua cabeça ao lado dos braços dele.

— Será que…

— Não. - Recusei sem escutá-lo, voltando com o meu trabalho.

— Mas eu preciso-

— E eu preciso de silêncio. - O corto com meu mau-humor, batendo o martelo na base grossa do formão, dessa vez tirando um pedaço maior da madeira para acelerar o processo.

— É hoje que eu me vou, mamãe. - Choramingando, ele sai detrás do cara, que tinha uma feição confusa, para ir até a segunda porta.

Com minha índole vil, abro meu sorriso impulsivo que aumentou ao escutar a porta da frente fechar, me fazendo parar com o movimento e levar meus olhos para a porta da frente, depois para a segunda porta mais perto das mesas, que ainda estava aberta, o que me deixou ver o movimento do lado de fora.

Deixo o martelo e o formão em cima da mesa para começar a caminhar do lado dela, mantendo minha mão sobre ela, cheia de pedaços de madeira, que foram sendo arrastados pelos meus dedos em plena intenção descarada, entre meu olhar desdenhável, em fechar aquela porta.

Ficando em frente a mesma, eu seguro sua maçaneta do lado de dentro e a puxo para frente, mas a figura do Derby, com seu rosto expressivo no desespero, apareceu diante da porta: seus braços levantados, com suas mãos juntas, implorou em silêncio, entre sua boca torta e escancarada, revelando sua língua torta e sua garganta, para mim o ajudar.

Ainda com o meu desdenhável olhar e sorriso vil, continuou a puxar a porta, fazendo ela sumir com a imagem de desespero do loiro. Eu a bati sem força ao fechá-la, num segundo que me deixou ouvir o choro de garotinha do Derby alta e depois de segundos, diminuir.

Soltando um riso, me viro de volta para as mesas, entre o meu olhar que se fixou sobre as toras no fundo da sala.

— Venham pra mamãe. - Cantarolei, passando pelas mesas e indo até elas, com meu sorriso cabuloso.

Coloco apenas uma tora fina em cima da mesa da serra, ajeitando perfeitamente seu ângulo, mesmo que não importe o jeito que vai ser cortada, meu perfeccionismo não iria permitir deixar sua linha torta. Após configurar a máquina para o modo mais baixo e a liguei, o que fez o seu som alto festejar nos meus ouvidos. Deixando isso de lado, segurei seu braço para o puxar para baixo e, cautelosamente, aproximar a serra acelerada da madeira, entre meus olhares fixos sobre ela que estava sendo cortada.

Arrasto a madeira para frente para cortar outra metade, e mais outra, e outra, até ter uma pilha de madeiras cortadas do lado vago.

Desligo a serra e tiro os óculos de proteção, levando meu olhar para o lado e encarar a minha bela arte mal terminada.

— É uma pena não terminar algo que já comecei, mas meus objetivos importantes vem em primeiro lugar. - Deixo os óculos em cima da mesa, seguindo até o lado para pegar meu boné e o colocar de volta, após o meu casaco.

Numa caixa fechada na prateleira atrás da mesa da direita da sala, encontrei os sacos pretos de lixo que me eram úteis naquele momento, saco esse que coloquei as toras cortadas para depois pegar minha mochila suspensa no cabide, por fim, para ir embora, daquela sala… daquela escola.

Levanto meu pulso para ver a hora no relógio, em frente da porta da sala. - Ainda faltam muitos minutos até bater o horário… - Viro meu corpo para trás, encarando minha escultura, caindo na minha tentação em terminar aquilo. Dei de ombros. - Ainda tenho um tempinho na minha agenda, não vou demorar.

Ser perfeccionista, por muitas vezes, era insuportável, sendo do tipo de pessoa que fica com algo inacabável na cabeça, com a cobrança de ir terminar para o tormento passar. Até perdi a conta das vezes que eu fiquei em claro para terminar algum trabalho de entrega.

Talvez deveria ser pela minha ansiedade.

Então eu me encontrava como agora, perdendo a noção ao esculpir com a delicadeza que, bizarramente, eu tinha para esculpir, desenhar, pintar, escrever, as únicas coisas que não uso meu comportamento ou minha força bruta para fazer.

Com a lâmina, fazendo uma última curva, novamente eu escuto o sinal bater, juntamente da vibração sentida no meu bolso da calça que me fez acordar num espanto.

Eu perdi a hora de sair dessa sala.

— Mas que merda!

Com pressa, solto a lâmina na mesa para pegar o celular do bolso e atender, com raiva, sem ver quem seria. - Oi! Já chegou?!

— Dois caminhões estão na frente das duas saídas das escolas, prontos para liberarem o pacote. E você, onde está? Estou te esperando há cinco minutos. -

Puta da vida, poderia soltar um largo sorriso satisfeito no rosto, pela chama ardente que fervia dentro de mim, fazendo meu coração bater mais rápido pela adrenalina, mas raiva de perder a hora me impediu. - Foi mal, acabei me empolgando com um trabalho aqui e acabei me esquecendo. - Furiosa, encaro a formada pena entalhada, ainda não terminada. - Já tem alguém do lado de fora?

— Ainda não. -

— Tá. Aproveita para guiar as cabras até as entradas, as duas devem ser bem movimentadas nesse horário.

— Depois me conta tudo em detalhes, ouviu, Garota Problema. -

— Ahhh. - Resmungo com irritação. - Odeio quando me chamam assim, ainda mais quando me encontro brava comigo mesma, como agora!

— Eu sei que no fundo gosta de ser chamada assim, não minta para mim, mesmo estando bravinha… Ei, segura essa cabra! -

Afasto o celular da orelha pelo seu grito, também aproveito para me abaixar e pegar o saco de lixo e depois voltar e pegar minha mochila, prendendo o celular entre minha orelha e o ombro.

— Te vejo daqui a pouco? -

— Na entrada de trás da escola. - Começo a caminhar ao lado da mesa para ir até a porta em frente. - Vai rápido.

— Já estamos apostos, cabelos vermelhos. -

O mesmo desliga, me chamando daquilo que eu realmente odeio. - Tenho mechas vermelhas, não o cabelo inteiro vermelho. - Resmungo, guardando o celular no bolso e segurando na maçaneta com minha outra mão, abrindo a passagem para o corredor que já estava bem movimentado, do lado de fora.

Saio da sala sem maiores preocupações, olhando para as direções do corredor antes de seguir pelo caminho da esquerda, meu objetivo agora era ir até a entrada dos fundos da escola, que já poderia estar cheia de cabras, eu espero. Mas, pelo canto do outro, eu vejo aquele mesmo carinha marrento que me recebeu com flores de tinta, hoje de manhã, passando para o outro corredor, provavelmente indo até o refeitório, então, me lembrei do Slab… E tive um conflito dos meus próprios interesses: continuar com o plano sem me entreter com o Slab, ou me entreter com o Slab dentro do plano?

Passos e passos, meus pensamentos pipocavam na minha cabeça, com a balança do interesse malévolo de não querer perder a chance de humilhar ele na frente de todos, principalmente daqueles que ele perturba todos os dias, não me deixando pensar direito. Então, com minha decisão, esquecendo da minha fúria minutos atrás, o sorriso malandro invadiu meu rosto, mas antes de qualquer coisa, eu deveria encontrar Copper do lado de fora da escola.

Volto a caminhar por entre todos com o impulso da adrenalina, segurando firmemente o saco na mão esquerda, mantendo meu olhar vidrado e percorrendo todos os rostos distraídos que passavam por mim, seguindo para a saída na próxima curva do corredor. E ao virar e dar de cara com o corredor transitado, onde suas portas estavam abertas, deixando a luz do sol entrar, sou maravilhosamente recebida por gritos assustados dos poucos daqueles que entraram pela entrada e começaram a correr pelos dois lados do corredor, daqueles gritos raivosos que estavam vindo do lado de fora.

Dou dois passos para trás, até bater as costas contra a parede para ficar longe do caminho deles, sendo mais uma vez surpreendida pelos berros trêmulos das cabras ao invadirem o corredor e se dividindo aos montes dos dois lados, fazendo com que aqueles que estavam parados começassem a correr para longe, se confundindo entre os próprios pés, com medo daqueles arteiros com seus chifres pequenos.

Notei, desde o primeiro segundo, que eram mais jovens do que esperava.

Então, a silhueta de uma perna de garota apareceu na fresta entre a porta e o corredor, mas que logo foi para frente num movimento brusco, saindo da minha vista, mas seu grito era ouvido por mim, entre os berros das cabras: - Solta minha mochila, sua cabra fedorenta!! EU NÃO COMPREI ELA PRA VOCÊ CHEGAR E… SOCORRO!!!

Ouvindo ela, com o olhar curioso na entrada, vejo mais um grupo entrando para o corredor, com essa mesma garota sendo arrastada para dentro, pelas pernas, entre seus gritos histéricos e pulos das suas pernas elétricas nas tentativas de correr. Num segundo parando, com sua mochila sendo puxada para baixo e ela indo junto, caindo entre o grupo das cabras.

— AH, SAIAM DE CIMA DE MIM!! ALGUÉM ME AJUDAAA!!

Franzindo com o momento descontraído, colada na parede, encarava ela e a todos passarem na minha frente e virar o corredor, com seus passos pesados e seus berros se misturando com os gritos de todos do corredor, alguns até pedindo socorro, pela suas roupas estarem sendo puxadas pela boca firme das mesmas.

Prendo meus lábios um no outro para prender o sorriso e colocar meus olhos na entrada, percebendo que a proporção da quantidade que entrava, diminuiu.

Me afasto da parede, aproveitando o espaço livre para caminhar, entre os baixinhos que passavam por mim, onde um deles se aproximou na tentativa de puxar minha calça. - Hoje, não! - O repreendo com meu olhar e a voz autoritária, o que o fez desviar e continuar seu caminho, passando do meu lado.

Já estava próxima da saída, estando logo em frente. - Copper! - O chamo ao ficar de frente para a saída e ser recebida pela luz do sol, fazendo com que meus olhos ficassem incomodados. Pisco inúmeras vezes ao abaixar minha cabeça e fazer com que a aba do boné tampe a luz e proteja meus olhos.

Acompanho com o olhar, um pequenino que passou do meu lado, num berro fofo e virou à minha esquerda.

— GOSTOU?!!

Ouvindo sua voz, coloco meus olhos para frente do pátio vazio, mas com um caminhão estacionado na frente da calçada do estacionamento dos carros, com sua garagem aberta, e o próprio cabeça de telha, o moreno alto de olhos verdes e de cabelos cacheados castanhos, estando no centro do pátio, entregando seu sorriso alegre.

— Ainda pergunta, cabeça de telha?! - Respondo, começando a descer os degraus para ir até ele que estava na região do gramado, parando na sua frente, sem eu ter algum vestígio de ânimo no rosto, e vendo com mais perfeição teu sorriso branco e seus olhos verdes. - Deu trabalho?

— Não sabe o quanto, mas…

Foi interrompido por um grito seguido por um xingamento, pedindo para que soltasse seu sapato, vindo atrás de mim, o qual não tive nenhum interesse em me virar para olhar, até pelo mau-humor, mas Copper sim, abrindo mais do seu sorriso que agora ria do meliante.

— O sigilo do estatuto de proteção contra os animais dessa região, não vai permitir que quem os machuque, saia em pude. - Ele explica, voltando a me olhar com seu brilho nos olhos e sua doçura. - Não posso dizer se os outros vão ficar bem… e nem posso dizer se nós vamos ficar bem… Não somos imunes ao processo.

— Boa sorte com isso. - Expresso, mostrando meu desinteresse.

Firmou seu rosto num olhar sério e rígido para mim. - É bom saber que não se importa com seu amigo.

— Você não é meu amigo. - Retruco com irritação, desviando meu olhar para o lado.

— Tem razão… sou mais que isso! - Convencido, ele diz, contagiante.

— Quer se humilhar mais? - Mando a real para ele, voltando a encará-lo com meu olhar franzido e sem paciência. - Pode continuar se quiser.

— Eu só não quero que as coisas esquentem além da conta.

— Espero que sim! - Digo e recebo seu olhar repreendedor. - Assim minha expulsão saia que nem um flash, sem mais incômodos para os dois lados, principalmente pra mim.

Pouco da sua expressão de ânimo murchou ao me ouvir, abaixando seu olhar para encarar seus próprios pés. - Hm… - Assentiu minimamente com sua cabeça e colocando suas mãos nos quadris.

Franzi meu rosto, ficando contrariada com ele, por saber o que ele pensava sobre meu cisma de fazer bagunça e ser expulsa, sendo, mais uma vez, interrompido por um grito atrás de mim. - De novo com essa cara?

— Eu só tenho ela. - Retrucou e voltou a me olhar com mais seriedade.

— Não precisa mentir, Copper, e também não vou ficar insistindo. Eu quero aquele-

— Mas precisa mesmo fazer isso, Amy? - Perguntou ele, me olhando com seu olhar sólido e interrogativo. - Eu sei dos seus planos de querer estudar em outro país, que isso é importante pra você, mas eu também me preocupo com o que faz para chegar lá, por mais que eu te ajude e sei que também pode feder pro meu lado, mas que eu também adore… Nossa, como eu adoro!

— Só está se complicando mais ainda. - Entrego, franzindo para ele.

— Eu só quero que relaxe mais… Sair de vez em quando, sabe.

— Com você, eu adivinho. - Abro meu sorriso contrariado para ele, por saber que sempre que tem uma oportunidade de me levar pra sair, ele pede, desde o ano passado.

— É, e não escondo… E se for embora…

— Ah, fique calmo, cabeça de telha, pode ser que eu saia antes de... - Dou uma pausa relutante, para pensar no que dizer. - qualquer coisa. - Cruzo meus braços, com minha pose birrenta para ele. - Mas agora, cadê a pimenta?

Estreitou seu olhar desconfiado para mim, levando sua mão para dentro do bolso da sua jaqueta listrada. - Quem vai ser seu alvo?

— Um carinha aí… - Respondo, abrindo meu sorriso sapeca, apenas por imaginar a trama que iria aprontar, estendendo minha mão e balançando meus dedos para ter aquela preciosidade nas minhas mãos.

— Espero que ele não morra. - Receoso, ele diz ao tirar o pequeno frasco vermelho do seu bolso, onde, na sua frente, tinha um símbolo de uma caveira entre chamas e pimentas, não demorando para colocá-lo na minha mão. - Apenas uma gota disso, pelo amor de deus.

— Relaxa. - Calmamente eu digo, convencida ao extremo, levando o frasco até meu bolso da calça. - Aquele grandalhão é um armário.

— Até um armário pode ser destruído de dentro para fora. - Firmou seu olhar repreendedor em mim.

— Você é um. - Nada convencida, assenti com a cabeça. - Agora vai preparando seus amigos para o resgate das cabras, maaaaas… - Ressalto, mantendo meu olhar sapeca para ele. - depois que eles fizerem uma bagunça na escola, até porque, o nosso querido diretor, com certeza, já pode estar correndo pelos corredores e gritando feito uma menininha, e provavelmente vai pedir ajuda a qualquer um, então…

— Nossa… - Expressou, me olhando impressionado. - Você odeia mesmo esse lugar.

— Ainda fica surpreso?

— Não vou mentir, um pouco.

Dou de ombros, soltando o saco cheio de pedaços de madeira em cima do gramado. - Deixa isso aqui para mais tarde.

— O que é isso? - Franziu ao perguntar, me olhando com dúvida.

Ergui minha sobrancelha, abrindo um sorriso suspeito, maléfico. - Pedaços de corpos. Uuuuh… - Sorrio diante da sua feição espremida pelo receio e logo dei as costas. - Fica de olho, caso ele apareça! Que, por sinal, é um careca!

— Ele não vai desconfiar?

— Claro que vai… - Respondo tranquilamente, começando a caminhar pelo gramado, indo na direção da entrada.

Paro no exato instante, em frente da escadaria, pelo tumulto que surgiu em frente da entrada, prontos para descer e fugir das cabras. Mais do que depressa, corri para a lateral da escadaria, me escondendo atrás do muro e encarando os rostos desesperados dos meus colegas, seus olhos arregalados, expressando o quão amedrontados ficaram por causa de umas cabrinhas, descendo a escada e correndo pelos gramados do pátio.

"Se estava assim na entrada dos fundos, imagina a entrada principal", pensei, soltando um riso zombeteiro.

Quando o espaço aumentou pelas pessoas diminuírem, saio de trás do muro, segurando o próprio para dar impulso no giro ao começar a subir os degraus para entrar no corredor, que agora estava habitado por umas poucas cabras, que tinham pedaços de tecidos nas suas bocas, papéis, e até mochilas rasgadas.

— Você vai para a direita e eu para a esquerda! - Copper diz, parando do meu lado.

— Claro. - Assenti, encarando uma cabra passando na minha frente, logo me virando para a esquerda do corredor e passando por algumas das cabras que tinham suas bocas ocupadas, passavam pelas minhas pernas.

— Está bem, eu vou pro outro lado! - Ele grita.

— Claro! - Atravesso para o próximo corredor, que apenas tinha uma cabra no centro, para atravessar o mesmo e entrar na passagem a direita, a mesma que levava para o caminho do refeitório.

Até pensei que minha ideia de fazer Slab de idiota na frente de todos desceu pelo cano quando as cabras entraram na escola, mas quando vi as portas da entrada do refeitório fechadas e com vozes altas virem de dentro, uma mais grossa entre as demais vozes tumultuosas de todos, sendo a voz autoritária do Slab; meu sorriso sádico com minha índole vil dominou todo meu corpo. Voltei com meus passos na direção da mesma.

Não iria mesmo ir embora sem aprontar uma com ele.

Entre o pouco silêncio do corredor, comecei a ouvir gritos finos ecoarem pelo corredor, os mesmos que estavam vindo do corredor da frente, e então, a figura do Derby com suas roupas mastigadas apareceu vindo do corredor da esquerda, em frente, deslizando seus pés sobre o chão e batendo na parede da frente e indo para o chão logo depois, me fazendo parar de andar com a imagem do seu desespero. Atrás dele, eu vi um grupo pequeno de quatro cabras correndo atrás dele.

— SAIA DE PERTO DE MIM, SUAS MÁQUINAS DE COMER SEM FUNDO!! - Gritou, se levantando do chão e voltando a correr pelo corredor, entre sua boca escancarada e seus olhos arregalados, balançando seus braços para os lados e suas pernas darem pulos largos entre sua corrida. - SOCORRO!! - Parou em frente das portas e começou a bater suas mãos nas mesmas, freneticamente. - TEM UMA HORTA DE CABRAS POSSUÍDAS PELO VAZIO DA FOME, ATRÁS DE MIM, ABREM!! EU NÃO QUERO QUE MEU SONHO DE FICAR PELADO NO MEIO DA ESCOLA, SE REALIZE!! . . . - Em segundos, seu rosto de desespero sumiu, dando lugar para seu rosto convencido e seu sorrisinho esnobe, se encostando na porta e olhando para o nada. - Mas pelo menos vão ter gatinhas atrás de mim…

Reviro os olhos e volto a caminhar até ele, encarando o grupo das cabras se aproximando, mas, numa surpresa, dois dos caras, amigos do Copper, passaram por mim, correndo na direção das cabras, passando pelo Derby, que se calou e apenas ficou seguindo os caras com seus olhos confusos, até eles segurarem os animais.

Seu sorriso se alarga ainda mais, levantando seus braços ao fechar seus punhos, numa torcida pela sua vida. - Isso! Eu tô-

Seu discurso foi parado pela minha mão direita, ao pôr ela sobre sua boca e apertar a região, fazendo ele dar um pulo, onde seu corpo se chocou contra as portas fazendo um som alto: esticou seus braços sobre elas enquanto começava a me olhar com susto.

O silêncio foi quebrado pelo berro das mesmas, que se viraram para voltarem a correr na mesma direção de onde vieram.

— Grita de dor. - Praticamente mando, em sussurros entre os dentes, fervorosamente olhando para ele ao aproximar meu rosto do seu, que se acanhou contra a porta, logo depois balançando sua cabeça, concordando. - Ótimo.

Lentamente, tiro minha mão da frente da sua boca, ainda continuando a olhá-lo com ira.

— Aiiii…. - Forçou sua voz numa atuação de segunda. - Meu corpo, como dói.

— Cristo. - Resmungo, sabendo que aquilo não iria funcionar, por isso, dou um passo na direção da porta, levantando meu pé para o jogar contra ela e bater a ponta da minha bota nela, fazendo um som metálico alto e rasgante para os ouvidos ecoar.

Segundos depois, apenas ouvi os gritos vindo de dentro.

Tiro o meu boné e estendo para o Derby, que o pegou na hora, logo depois tiro meu casaco para amarrá-lo na cintura, o próximo alvo foi o meu cabelo, onde minhas mãos frenéticas bagunçaram seus fios.

Paro e abaixo meu olhar para olhar meu próprio corpo e ver meu estado. - Dá para ficar mais bagunçado que isso? - Pergunto para mim mesma, parada no lugar, mas ao ouvir mais um berro, viro meu rosto para o lado, vendo uma cabra entrando no corredor. Um pensamento passou pela minha cabeça, a mesma que me fez remoer por dentro e estremecer meu corpo. - Tudo para humilhar um idiota… e, provavelmente, matar ele.

Tomo meus passos determinando na direção da mesma, que mastigava algo. Quase me jogando na frente dela, eu peço para que me lambe, e tenho meu desejo realizado quase na hora. Meu corpo inteiro ficou mole ao sentir a língua áspera e gosmenta passando pela minha bochecha e por cima do meu olho direito, depois tremendo de agonia e nojo ao sentir a mesma língua molhada passar por cima da minha boca e do meu queixo.

— Ah… - Abro minha boca, sentindo o líquido viscoso nos meus lábios, e me arrependendo amargamente pelo nojo sentido. Encaro a mesma que berrou na frente da minha cara, dando um sorriso amargo para ela, aborrecida. - Valeu, gracinha. - Volto a levantar e me virar bruscamente, para voltar até a entrada do refeitório, com Derby que continuava a me encarar com assombro, esperando que eu fizesse algo com ele, mas percebendo que não, quando eu parei do seu lado, ele relaxou no lugar, tirando pouco da sua feição amedrontada.

— Pra que tudo isso? - Indagou ele, firmando mais seu olhar em mim, curioso.

— Pra ferrar alguém, dou tudo de mim. Já deve saber disso. - Levanto meu pé direito e o jogo contra a porta, chutando ela com força, ouvindo os gritos assustados dos que estavam atrás daquelas portas. - Abrem a porra dessa porta logo, cacete!!

— Quem você quer ferrar, pra começo de conversa? - Curioso, se aproximou.

— Se você não voltar com a sua cara de retardado assustado pelos próximos segundos, o primeiro felizardo, vai ser você. - Ameaço o mesmo, estando tranquilamente no lugar, encarando fixamente a porta. - Se vocês não abrirem, eu vou caçar cada um que está mantendo essa porta fechada!

— Ahah! - Deu seu mini grito, se virando de frente para a porta num movimento brusco.

A mesma foi aberta sem mais demoras, revelando um refeitório lotado pelas caras arreganhadas, com seus olhares atentos e temidos para nossa direção, ainda mais vendo a cara de pânico do Derby.

— Vão ficar me olhando com essa cara de bunda? - Arrogante, eu digo, mas sou cortada por um berro e um grito de alguém gritando que roubaram o tênis dela, vindo de trás de nós.

Viro para o lado, olhando a cena da mesma garota que minutos antes foi atropelada pelas cabras, correndo no corredor, entre seus cabelos inteiramente desgrenhados e suas roupas estropiadas, mas antes que conseguisse fazer algo, sinto alguém segurar meus braços e me puxar para dentro, fazendo meu corpo bater contra o corpo daquele sujeito, com a porta se fechando diante dos meus olhos.

Estática, eu encarava a porta, sentindo as mãos apertando meus braços, entre a minha agonia e a irritação que subiu pelo meu corpo, fervendo no meu sangue, sentindo os suspiros quentes da pessoa baterem contra o meu pescoço.

— Um! Dois! - Com quase o meu desespero interno batendo a garganta, solto a voz carregada pelo ódio, não se passando segundos mais até ele me soltar com desespero.

Fico com meu silêncio bruto, dando meus passos pesados para o lado, procurando me afastar daquela pessoa e me aproximar do Derby, que estava agarrando num cara, como um ratinho com medroso.

Bruscamente, puxo meu boné da sua mão, colocando ele na cabeça ao me virar para frente e começar a caminhar entre o espaço livre e limpar a espessa baba que secava no meu rosto, com todos os olhares seguindo cada movimento meu, que ia na direção do balcão onde estava os lanches.

— Explosão de carne na hora do almoço, não poderia pedir algo melhor do que isso. - Resmungo com zanga, querendo explodir ela para fora de mim e iria com o primeiro a vir até mim.

Pagando os meus lanches, coloco cada um na minha bandeja, sendo que, entre esse meio tempo, murmúrios começavam a percorrer o refeitório, mais especificamente, num canto suspeito do refeitório. Apenas uma vez, como quem não queria nada, viro meu rosto para a direção e encaro, apenas por segundos, sendo o suficiente para ver o tumulto ao redor da última mesa no canto direito do lugar, em seguida volto a olhar para minha bandeja, mas articulando meu sorriso tirano no rosto.

Coloco minha mão dentro do bolso da calça, pegando entre meus dedos, o frasco da pimenta feita com as pimentas mais fortes do mundo, feita pelo próprio Copper, chegando num nível que fez a garganta de um homem inchar e o sufocar, sabia disso porque eu mesma estava lá, num campeonato para ver quem aguentava comer mais pimentas da Fazenda Copper, da sua família.

Grande dia.

Sem pudor algum, encarando friamente a tigela cheia de cozido de carne, aperto o frasco, mesmo sendo de vidro, para fazer mais de dois pingos saírem da ponta, apenas parei quando vi uma poça de uns três centímetros no centro do cozido da carne e seus resquícios escorrendo para os lados. Mais do que depressa, também coloquei dentro de uma garrafa de água que logo a fechei, dando uma mexida de leve da mesma, dois pingos estava ótimo para aquela quantidade.

Ele iria sofrer, e os próximos iriam ser o grupo dos linguas soltas.

Pego a colher do lado e a enterro no cozido, começando a misturar o líquido vermelho com a carne, sem pressa, e pelo cheiro forte que estava subindo e entrando nas minhas narinas, faz as mesmas arderem e me engasgar, tanto de tossi com força.

Entre minhas tossidas, guardo o frasco outra vez no bolso, me apressando em segurar a bandeja e a tirar do balcão, mas ao virar para o lado, sou surpreendida pelo Slab que segurou no espaço livre da frente da bandeja e a puxou para frente, me obrigando a soltar, e sou na maior calma, até pelo meu cinismo em saber o que pretendia.

Eu o encarava, mantendo as aparências, franzindo meus olhos para ele, formando uma expressão de indignação no rosto.

— Eu paguei por isso! - Falo com a voz alta, não sendo o motivo para ter os olhares de todos em nós, pois, como previsto, todos já tinham seus olhares curiosos e debochados na minha direção.

O seu rosto inteiro orgulhoso, esnobe e debochado para mim, me obrigava a forçar meu rosto a ficar rígido, para não começar a rir na sua frente.

— Perdeu, cara babada. - Retruca com desprezo, abrindo sua boca e fechando seus olhos para começar a rir com a maior graça e satisfação do mundo.

Meus olhos são atacados, novamente, pelo clarão do flash vindo do meu lado direito, me obrigando a fechar meus olhos e virar minha cabeça para a esquerda.

Foi nesse momento, que achei, pela primeira vez, que o plano deles de me humilhar na frente de todos, usando o Slab para roubar o meu lanche, era de uma total cena brochante que me dava vergonha de estar… Sendo que percebi, foi que os maiorais da escola, estavam aqui.

Dava para perceber a cara de mimado de cada um desse lugar.

— Realmente… - Levo minha mão até meu rosto, passando meu dedo indicador sobre minha bochecha, tirando o resquício que restou. - Ajudar o Derby não compensa em nada… depois de colocar meu pé na frente dele para ele cair no meio de tantas cabras… - Descarada, menti, não seria a primeira vez que mentia na cara daquele que sabia toda a verdade. - Fico com peninha.

Mal estava preocupada, não tinha coragem nem de levantar a voz para mim, não vai abrir a boca para falar que é mentira.

— Deveria ter pena de si mesma, “ Garota Problema ”. - Cuspindo seu desprezo para mim, virou de costas para começar a caminhar na direção da mesa onde os “ maiorais do blog ” estavam, sorrindo, gargalhando, certos de que estavam mesmo saindo por cima.

Deveria estar me remoendo de raiva, até pelo jeito de como me chamou, “ Garota Problema ”, como se eu me importasse com esse título colocado pelos outros. E pelos olhares cobiçados deles para mim, eles esperavam uma reação mais explosiva, mas não, estava totalmente branda e encarando aquela cena como se fosse uma paisagem de vergonha alheia daquela escola.

Sorrindo, me colocando de costas para o balcão para me apoiar no mesmo, pegando o meu celular do bolso e o desbloqueando, já estando na página de mensagens, pronto para poder enviar uma mensagem para Copper.

— Estou no refeitório. Trás as cabras pra cá, é bem fácil de encontrar. Deixar as cabras se divertindo, não? -

— Também, trás aquelas tábuas do caminhão. -

— Vou dar um jeito de abrir a porta, apenas dê o toque quando estiver na frente dela. -

Levanto meus olhos para frente, encarando alguns que passavam, me encarando com deboche, entre seus sorrisinhos. Realmente, pela minha postura tirana pelo momento de glória que sentia, a adrenalina percorrendo as minhas veias, nada daquilo iria me atingir, não com os certos pensamentos assassinos que estava tendo na minha cabeça.

Afastei meu corpo do balcão para caminhar na direção das portas, mas um grito agonizante de dor e de engasgo me fez parar e devolver o sorriso satisfatório no meu rosto. Coloco meus olhos na direção, como os muitos instantaneamente fizeram, como verdadeiros curiosos que são, para apreciar o momento do Slab tossindo com desespero na mesa, com todos aqueles em volta encarando o grandalhão, confusos, com a vadia batendo nas costas dele, e não demorando para pegar a água do lado, o que fez o meu sorriso sádico aumentar, adorando a cena dele abrindo a garrafa e a virando com necessidade na boca, apertando a mesma para a água entrar de uma só vez na boca… Engolindo sedentamente.

— AAAAH! TEM LAVA ENTRANDO EM MIIIM!!! - Num pulo, ele joga a garrafa na mesa e cospe os resquícios de água sobre aqueles que estavam na sua frente, que fizeram uma careta ao paralisarem no lugar, bruscamente com ele se levantando do lugar, e com passos pesados e apressados, empurrando a todos que estivesse no seu caminho, para ir até a porta de saída.

Acompanhando ele com meu olhar calculista e voltar a caminhar, tranquilamente, na direção da porta, a mesma que foi aberta com desespero, depois dos seus guardiões serem empurrados pelo Slab, que continuava a resmungar roucamente, entre seus gritos que continuaram ao sair do refeitório.

Entre os olhares surpresos e curiosos de todos, num silêncio perturbador que se colocou sobre eles, imóveis no lugar, eu caminhava levemente entre eles, encarando a parede do corredor do outro lado, entre as portas escancaradas que começaram a se fechar por conta própria.

Os sussurros começaram a circular, entre meus sorrisos sádicos, de uma verdadeira psicopata, se alargando no meu rosto, por cima de um olhar estático e sem expressão.

— Foi você! Não foi?!

A voz raivosa da encaracolada ecoou sobre os sussurros que, instantaneamente, pararam, junto dos meus passos em frente da porta, onde apenas me deixava ver uma fresta do corredor de fora, a mesma que foi preenchida por silhuetas.

O toque do meu celular no bolso confirma o que pensava.

Levo meu rosto na sua direção, estando poucos metros longe de mim, mas podia ver a expressão de fúria, do ódio, dos seus olhos em chamas, para comigo. A degustação que tive, não me deixou prestar atenção em mais nada à minha volta, apenas me possibilitou em olhar para ela como se fosse uma pintura da mais desqualificada categoria de um ateliê em exposição.

— Vai falar alguma coisa ou vai ficar fazendo essa cara de cu pra mim?!

— Apenas estava me perguntando se devo fingir desgosto com esse seu planinho de merda de usar o Slab, creio eu, fazer ele se pagar dez mil dólares, apenas para me roubar um lanche na frente de todo mundo… - Franzindo, zombando da sua esperteza miúda, usava meu tom falso de surpresa. - Nossa… Devem ganhar um Oscar por realmente se empenharem em querer me fazer algum mal… Tô triste… - Estreito minha feição em bajular um beicinho carnudo, forçando um ar desapontado, mas depois abro meu sorriso debochado, alegrando minha feição para eles, paralisados. - Realmente… é uma pena querer mexer comigo, mas é tão divertido ver a cara de cada um de vocês depois que são pegos, nossa, não existe prêmio maior.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Deixo as suas caras de idiotas estáticas para trás, com meu sorriso, para ir até as portas.

— Ah! - Volto a me virar para todos do refeitório, entre meu sorriso inocente de garotinha. - E vocês também… magoaram a Amy…

Entre suas feições estáticas, levo meu canhoto até a porta para bater na mesma, no exato momento em que eles abrem elas atrás de mim, fazendo as cabras, uma multidão, entrarem para dentro, passando por mim e se espalhando como água pelo refeitório e fazendo com que todos pulem de susto e começarem a correr entre si, entre as gritarias altas que começaram a ecoar.

O gosto vivo da doce vingança ao ver o desespero se formando na feição de cara um, me tirou os sorrisos mais aproveitados do dia, mas, quando percebi que alguns deles estavam vindo na direção da porta, mas do que rápido, pulo para fora ao segurar as portas atrás de mim.

— As tábuas! - Grito, fechando a porta atrás de mim, vendo eles trazerem as tábuas grossas e as colocando entre os vãos dos trincos das portas, prendendo todos ali.

Dou um pulo para trás, pelas portas começarem a serem batidas com força, as mesmas balançarem com violência.

— AMY, QUANDO EU TE ENCONTRAR, EU TE MATO!!

Ouvi sua ameaça, mesmo não sabendo quem seria, eu assenti.

— ESPERO QUE VOCÊ ESTEJA VIVO ATÉ LÁ!! - Respondo com a afiada ironia, abrindo a minha boca para começar a rir. - Mas lembra, qualquer um que encostar nessas cabras, vão ser cobrados pelo o Sigilo do Estatuto de Proteção aos Animais!

— Você acha que eles escutaram? - Copper perguntou, num tom preocupado.

— Acho que essa cidade tá careca de saber sobre esse sigilo… - Levo meu olhar para o corredor em frente, me lembrando do Slab.

— Creio que isso vai terminar…

— Ainda não terminei. - Tomo o passo para percorrer o corredor, apressadamente, virando à esquerda, procurando o banheiro masculino mais próximo que tiver no primeiro andar.

Atravessando outro corredor, passo por uma porta que, atrás dela, eu ouço um choramingo de sofrimento e de lamento.

— Parece que tem fagulhas pipocando na minha língua… Eu não vou ter que arrancar ela não, né? . . . NÃO É?!!

Paro o passo e dou um giro para trás, parando em frente da porta. - Como você é idiota, Slab.

Sentindo algo tocar minha coxa, abaixo meus olhos e vejo uma cabra me cheirando, logo depois volto a encarar a porta, num pensamento enigmático para terminar com minha façanha.

Fui má demais com ele por hoje, mas fazer mais uma gracinha não iria fazer mal…

— Vem. - Sussurro, segurando o chifre da mesma e a puxando com força, pela mesma ter uma força para se mover e se esgueirar para longe, enquanto a levava junto comigo ao me aproximar da porta do banheiro.

Com cautela, e fazendo força com minha esquerda para manter ela perto, seguro na maçaneta, empurrando a porta para dentro e deixar um espaço considerável para ela passar.

— Vai garota. - A guiei para dentro, dando tapinhas nas suas costas ao fazer ela entrar e rapidamente fechar a porta, mas segurando com força na maçaneta.

— O quê? . . . AAAH!!! DE NOVO NÃO!! TUDO MENOS ISSO!! EU ACEITO MAIS LAVA . . . TAMBÉM NÃÃÃÃÃO!!! NESSE LUGAR DE NOVO NÃO!!

Sinto mais peso sobre a maçaneta e a força sobre ela para puxar a mesma para dentro, assim fazendo abrir uma pouca fresta, mas com a força que já fazia para segurar ela no lugar, com os pés firmes no chão, eu a puxei de volta para trás, jogando meu corpo para trás, entre a força brusca que tinha nos músculos dos meus braços e na minha mão pesada, a pouca fresta que se abriu, foi fechada segundos depois, mas parecia que tal força contra uma a outra era sobreposta, desconcertando a capacidade de cada um de nós dois.

— NÃO! MEU SAPATO, SUA PEQUENA E DESPROPORCIONAL DENTÁRIA QUE INVEJO!! AAAH!! A MINHA BU-

— Te encontrei!

Com o espanto de ouvir a voz do Sr. Tater atrás de mim, eu solto a porta, fazendo ela ir com tudo para trás, abrindo a visão do Slab caindo com tudo no chão e a cabra mastigando e puxando a parte de trás da sua calça, na região da sua bunda.

— NÃO, TUDO MENOS ISSO, OH CABRA!! ME POUPE DAS SUAS MORDIDAS, PELO MENOS, NESSA REGIÃO!! - Gritava com raiva, enquanto se debatia contra o chão, com ela entre as suas pernas. Então, ele para e se vira para ela. - Minha coxa deve ter mais carne pra você morder, não?

Saindo daquela cena cômica, que poderia assistir por horas, viro para trás e me deparo com o olhar nada simpático do diretor, e ao seu lado, se encontrava o Zelador, Dang, com a mesma expressão raivosa, mas de um jeito fofinho, que só ele sabia ter.

— Opa… - Expressão, forçando um desespero que não existia. - eu fui pega no flagra.

— Ser você, novamente! Demônia Gêmea do Sr. Young! - Bravo, com a voz autoritária, Dang diz, dando um passo para frente para ficar cara a cara comigo, que logo sua expressão se entristeceu, fechando seus olhos, que ficaram em linhas abaixo das sobrancelhas, e formando um beicinho. - POR QUÊÊÊÊÊÊ?!!

Fecho meus olhos pelo grito, inclinando meu corpo para trás pela aproximação, mas dou um passo para trás, franzindo o rosto ao voltar a abrir meus olhos e o encarar, tendo uma expressão de choro.

— Já não basta toda a bagunça, agora ter kaca de cabra pra limpar!! - Berrava feito um bebê birrento, batendo seus pés no chão.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.