A Guerra Dos Opostos

Reencontro uma prima distante


ALEX POV

O céu começa a ficar escuro, lentamente. É tarde ainda, mas uma massa de nuvens escuras rodeia a cidade. Uma chuva se aproxima. Forte por sinal. Pelo menos, gosto de pensar que seja apenas uma chuva.

Caminho pela rua, com a mochila nas costas e um sobretudo que roubei de uma loja, dias atrás.

Várias pessoas trouxas caminham pela rua e me olham com repugnância. Não dou importância. Não ligo nem um pouco.

Faz mais de um mês que abandonei Harry e os outros. Fico pensando no que estou fazendo agora e no que eu poderia fazer se ainda estivesse com eles.

Passo em uma lanchonete e compro um lanche, com o dinheiro que consegui daquele trouxa ridículo e nojento. Conseguir a grana foi fácil. Apenas usei meus poderes e ele caiu como um idiota. Logo, foi mais um caso de trouxa nojento e ridículo, morto em uma rua nojenta e podre, como tudo por aqui.

Não. Não me tornei maldosa. Mas as pessoas não são legais comigo. Não são nada gentis. Não me querem por perto.

Meus cabelos ficaram mais escuros e meus olhos ainda mais negros. A sombra negra ao redor dos meus olhos ficou ainda mais escura.

- Olhem, aquela ali não é a garota que assaltou aquela loja, naquele dia? - grita uma mulher histérica, para a polícia trouxa, enquanto aponta para mim.

Viram? Os trouxas por aqui são nojentos. Ridículos. Saio correndo, enquanto um policial me segue. Atravesso a avenida, enquanto vários carros param, evitando me acertar.

Tropeço e quase caio de cara no chão, mas uso as mãos para amortecer a queda. Olho para trás e vejo a polícia me seguindo. Droga.
Continuo correndo e esbarro em várias pessoas. Então, viro a esquina e deparo com a última pessoa que esperava ver.

- Alex? - pergunta ela, me fitando de cima à baixo, incrédula.

Eu não devo estar em um estado muito bom. Então, a polícia surge novamente. A garota parece notar o que acontece, pois me puxa para um beco e a polícia passa, diretamente.

- Obrigada. - agradeço, com um suspiro de alívio.

- Venha. Acho que vai chover forte. Vou levá-la para casa. - diz ela, me puxando com cautela, observando se a polícia voltaria. Então, aparatamos.

A famosa falta de ar e o desconforto, ocorre. De repente, volto ao normal e me deparo com a casa da minha prima.

- Não sabia que você tinha conseguido um palácio como casa, Tory. - brinco, dando um sorriso.

Astoria Grengrass, minha prima de segundo grau, filha da prima da minha mãe. Nós sempre fomos muito amigas. Só que depois que ela foi para Durmstrang e eu, para Beauxbatons, pouco nos falávamos. Até que deixamos de nos ver.

Entramos na casa, ou melhor, mansão de Astoria. O lugar é incrível e realmente, me senti desconfortável em, como uma marginal, estar entrando aqui.

- Fique tranquila. - diz Tory, parecendo notar minha expressão de surpresa e timidez. - Sinta-se em casa. Senta ai.

Ela indica o sofá e eu me largo no mesmo, após tirar o sobretudo e jogar a mochila no chão.

- Uísque de Fogo, Cerveja amanteigada ou Hidromel? - pergunta Astoria, da cozinha.

- Uísque. - respondo, colocando o rosto entre as mãos.

Tory surge com uma garrafa e dois copos em suas mãos. Ela me dá um dos copos e serve a bebida. Agradeço e bebo tudo, em um gole só.

- Então, conte sua história, prima. - diz Tory, se servindo de mais uma dose e me servindo mais um pouco.

Conto à ela, o que aconteceu no meu sexto ano em Beauxbatons (inclusive quando eu conheci Harry, Rony, Hermione e Gina), até quando eu os deixei, um mês atrás.

Tory balança a cabeça.

- Reivindicação é um assunto complicado. - diz ela, bebendo mais uma dose.

- Uma maldição você quer dizer. - digo, balançando a cabeça. - Não acredito que isso está acontecendo comigo.

- Se serve de consolo, já passei por isso. - diz Tory, girando o copo vazio nas mãos.

A encaro, surpresa e curiosa. Astoria dá um meio sorriso.

- Bom, foi horrível. De início, pensei que não aguentaria a pressão. - ela parece recordar o que aconteceu. - Sabe,foi...Uma surpresa quando não fui reivindicada pela Luz.

- Você...

- Sou Conjuradora das Trevas. - diz Tory, me encarando. Noto, com misto de surpresa e incredulidade, que seus olhos são dourados, ao contrário do que eram (castanhos-claros).

Seus cabelos estão mais escuros do que antes e noto que sua frieza é clara. Ela não é mais doce e gentil como antes.

- Seus pais...?

- Eles aceitaram, de bom grado. Como sabe, eles são trouxas e não ligam muito. Apenas tinham medo que algo ruim acontecesse comigo. - Tory bebe mais uma dose do uísque. - Depois fui expulsa de Durmstrang, que não aceita Conjurados das Trevas. Uma frescura.

Dou uma risada. Tory não muda mesmo.

- Snape me ofereceu uma vaga em Hogwarts, para cursar o sétimo ano. - Astoria dá de ombros.

- Claro, que não foi à toa. - digo, bebendo mais um pouco.

- Ele deve ter tido as razões dele. Mas não dou a miníma. - Tory dá uma risada. - Fui para a Corvinal e conheci Draco Malfoy, um garoto chato e...Incrívelmente bonito por sinal.

Balanço a cabeça.

- Não acredito que aquela garota timida e gentil se transformou em uma sem-vergonha e fria. - brinco.

Astoria dá uma risada.

- As Trevas mudam uma pessoa. - diz ela, bebendo mais um pouco do uísque de fogo.

- Espero que eu não fique assim. - digo, balançando a cabeça, negativamente.

Astoria ri.

- E como estão as coisas com o Harry? - pergunta ela.

Dou um suspiro. Astoria parece notar a situação.

- Entendo. - diz ela, por fim. - Desculpe eu...

- Tudo bem. - digo, bebendo mais um pouco. - Você não tem culpa. Já perdeu a noção da frieza.

Astoria assente e continua bebendo.

- Respondendo, estamos e não estamos. - digo, por fim, encarando Tory.

- Não era para ser. - diz Astoria, dando de ombros. - Em tempos como esse, os romances não duram muito. Nem o amor é forte o suficiente.

Concordo e bebo mais uma dose de uísque. Como será que Harry e os outros estão?

- Bom, você vai ficar aqui. - decide Astoria. - Pelo menos, até a poeira abaixar um pouco e encontrarmos seus pais.

- Espero não incomodar. - digo, me servindo de mais uísque.

- Jamais. - diz Astoria, dando um sorriso. - Vamos nos divertir como nos velhos tempos. Dessa vez, vamos encontrar seus pais e salvá-los. Além de impedir que as Trevas tomem conta de você mais rapidamente. Puxa, minha vida vai ficar ainda mais agitada.

- Tim-Tim? - pergunto, erguendo o copo.

- Tim-Tim, prima. - diz Tory, tocando seu copo contra o meu.

Sinto que as coisas vão piorar daqui pra frente, mas pelo menos, tenho o apoio de alguém que entende o que estou prestes a passar.