A Guerra Dos Opostos

A Missão de Resgate


ALEX POV

Alguns dias depois de ter arrombado a casa do Snape, me sinto um pouco...Melhor, digamos assim.

Eu continuo me transformando. Há dias, em que fico trancada no quarto, entre os cobertores da cama, procurando encontrar meu verdadeiro eu.

Graças à Astoria, minha prima, tenho conseguido viver algo à mais. Nós duas começamos a treinar feitiços e maldições imperdoáveis em Sequestradores que passavam por nossa rua, provavelmente, me procurando.

Eu melhorei bastante e agora, consigo usar meus poderes obscuros. Não que eu os use para o mal, mas consigo explodir carros, criar tempestades e fazer as sombras matarem uma pessoa. Admito que às vezes, gosto de fazer isso. Mas só às vezes, quando me sinto fora de mim.

Hoje é um dia especial. Março terminou e a Páscoa já é amanhã! Tory e eu, vamos comprar os ingredientes e carnes para fazer o almoço. Claro, que aproveitaremos para comprar chocolate. Sinto falta disso e Tory prometeu que enquanto eu estiver em sua casa, as coisas serão como na minha. Portanto, decidimos fazer o almoço no domingo de páscoa.

Acabei de me arrumar e Tory surgiu.

– Tome. - disse ela, me entregando o boné e os óculos escuros.

Aceitei e os coloquei no rosto. Tory e eu saimos de casa e logo, aparatamos.

Chegamos ao mercado e começamos à escolher as coisas. Rapidamente, fomos ao corredor onde tem os doces e pegamos várias caixas de bombom.

Fomos ao caixa e Tory iludiu a funcionária, fazendo-a acreditar que o preço era bem menor do que o verdadeiro. Pagamos e fomos embora.

– É legal, ser Conjuradora das Trevas, não é? - comento, lembrando do que ela acabou de fazer.

Astoria dá de ombros.

– Sim e não. - responde por fim.

Continuamos caminhando, carregando as sacolas. Senti como se estivesse sendo seguida, por isso dei uma olhada para trás. Mas não havia nada nem ninguém.

Coloquei as mãos nos bolsos do moletom e continuei caminhando, com Tory ao meu lado. Quando encontramos um ponto seguro para aparatar, vemos uma sombra ao longe. A rua está parcialmente escura. Já é tarde e amanhã, é domingo de Páscoa.

Astoria me encara, como se dissesse "você sabe o que fazer". Eu assenti e continuamos caminhando, mais atentas do que antes. Tory fez um feitiço e as sacolas seguiram para a mansão.

Nesse instante, nos viramos e demos de cara com dois sequestradores. Altos e fortes, parecem diferentes dos quais topamos nos dias anteriores.

– Greengrass e Russo! - exclama um deles, dando um passo à frente.

– Olhe Tory, dois sequestradores babacas. - zombo, sentindo raiva.

Droga, porque logo dois sequestradores tinham que aparecer? Justamente hoje?

– Veremos se continua rindo tanto, quando levarmos você para o mestre. - diz o outro, pegando a varinha com grande rapidez e lançando um feitiço.

Por sorte, fiz um movimento com minha mão, e o lampejo não me atingiu. Tory fez outro movimento, e um carro atingiu os sequestradores.

Apenas um barulho ensurdecedor e uma explosão. Vejo que Tory sorri.

– Vamos. Temos que preparar as coisas para amanhã. - diz ela, recomeçando a caminhar.

Se é sorte ou não, eu não sei. Só sei que não a sigo. Sinto que as coisas não foram assim tão fáceis.

O carro voa para longe e os dois sequestradores, surgem, com vários arranhões, mas inteiros. Nesse instante, Astoria se vira. Um dos homens, já ergueu a varinha.

Faço uma tempestade surgir no céu. Um redemoinho e vários raios. Os sequestradores voam para trás e eu os atingo com dois golpes seguidos de vento.

Astoria puxa a varinha do bolso. Vejo de relance, um lampejo verde e os sequestradores caem, dessa vez, mortos.

– Isso foi ridículo. Uma batalha desnecessária. - comenta Tory, indicando os estragos e os sequestradores. - Por que estavam aqui afinal?

– Se eu soubesse... - digo, dando de ombros. - Talvez por minha causa?

– Isso é estranho. - diz Tory, balançando a cabeça. - Vamos embora. Antes que as coisas piorem.

Saimos dali e aparatamos. Não sei porque, mas acho que aqueles Sequestradores queriam mandar um recado. Não. Por que eles iriam me mandar um recado?

Mas Astoria pareceu nervosa ao ver aqueles dois. Será que o recado era para ela, quero dizer, se for mesmo um recado?

(...)

O feriado se passou e o restante da semana, foi da mesma forma que os dias anteriores. Hoje eu estou bem pior. Sinto a raiva fluir dentro de mim e as sombras me manipularem.

Me largo no chão e coloco o rosto entre as mãos. Astoria estava esperando o momento certo para que invadissemos a Mansão dos Malfoy. Será que agora, não é o momento certo? Agora que estou sabendo controlar as sombras e estou próxima da Conjuração?

Daqui três meses. Três meses para que os meus pesadelos se tornem realidade e que eu coloque um fim à tudo que existe.

– Alex? Posso entrar? - pergunta Astoria, com a cabeça para dentro do quarto.

Concordo com um aceno de cabeça e Tory fecha a porta, ao entrar.

– Então, o que está havendo? - pergunta, se agachando no chão, à minha frente.

– Pensando. - respondo, indiferente.

Astoria parece pensar em algo e logo diz.

– Aquele dia, que fomos atacadas pelos Sequestradores. Você lembra, certo? Eles... - Tory parece querer escolher as palavras certas. - Draco os contratou. Ele...Ele me disse, quando eu fui expulsa de Hogwarts e estava pronta para ir embora. Ele disse, que se caso eu encontrasse você e nós planejássemos encontrar seus pais, ele mandaria os Sequestradores até nós, para nos atacarem. Caso vencêssemos com grande facilidade, significava que poderiamos ir até a Mansão dos Malfoy.

A encaro e noto que minha prima queria dizer isso à muito tempo, mas não tinha coragem. Balanço a cabeça.

– Você sabia onde meus pais estavam, o tempo todo? - pergunto, lentamente, tentando entender algo que está evidente. Astoria sabia da verdade e nós perdemos tempo, por sua causa.

Tory balança a cabeça, negativamente.

– Tinha uma idéia. Mas não tinha certeza. Draco queria mandar o sinal para mim, para quando eu a encontrasse. Queria que fôssemos lá, por causa da sua Conjuração...

– E você ia me levar? Iria me trair? - pergunto, incrédula.

– Não! Jamais! - exclamou Astoria, meio desesperada.

– Então...?

– Eu aproveitei a chance que Draco me deu, para usar futuramente, com a sua ajuda. Eu não queria! Não queria! Jamais iria entregar você para eles! - exclamou Astoria, balançando a cabeça. - Você sabe que eu não faria isso!

A encaro. Realmente, minha prima não teria coragem de me enganar. Afinal, apesar dela ser uma Conjuradora das Trevas, não iria me entregar para Voldemort. Eu sei muito bem que ele quer se livrar de mim, como grande parte da população, se soubessem que sou a que vai destruir tudo ou livrar o mundo da destruição.

Posso ser mais forte que Voldemort e tenho certeza que ele não quer isso. Como Harry, ele quer me destruir. Eu me tornei um alvo muito mais perigoso do que o Menino-Que-Sobreviveu.

– Não. - digo por fim. - É claro que não.

Astoria sorri, agradecida.

– Mas então, o que você pretende? - pergunto, interessada.

– Não o que "eu" pretendo e sim, o que você acha. - diz Astoria. - Vamos invadir a Mansão dos Malfoy hoje e tiraremos seus pais de lá.

– Ótima idéia. Eu estava pensando em te dizer isso. - digo, sorrindo.

– Mas temos um problema. - diz Tory, me detendo. - Seus amigos...

– O que tem eles? - pergunto, sentindo meu sorriso desaparecer.

Astoria fala rapidamente, soltando a bomba.

– Eles foram levados para a Mansão dos Malfoy. Foram sequestrados. - diz Tory, ansiosa.

Meus olhos se fecham por um instante. Penso no que eles estão passando. O que eles estão sofrendo por lá.

– Draco te avisou? - pergunto.

Astoria concorda, timidamente.

– Vamos lá, agora! Antes que seja tarde demais. - digo, me levantando.
Astoria me segue e juntas, saimos do quarto e vamos arrumar o equipamento.

(...)

– Você está próxima da sua Conjuração, por isso tem que usar o vestido. - explica Astoria, me encarando. - Sua mãe me entregou, para que você não o visse em sua casa. Felizmente, já que ela sempre quis ver você nele.

– Até que é bonito. - comento.

Um vestido azul escuro, com babados da cor branca em alguns pontos. Meus cabelos estão soltos e meu rosto, com a sombra negra em volta dos olhos escuros.

– Sempre que há uma batalha, um Conjurador tem que usar uma roupa assim. - diz Astoria, indicando seu vestido preto com roxo. Parecido com o meu, mas diferente em certos pontos.

Astoria entrega a minha varinha e a minha adaga especial. Coloco-os no cinto que há no vestido.

Amarro as botas da cor marrom que visto por baixo do vestido. Me olho no espelho e suspiro. Está na hora.

Logo, estamos no hall de entrada e aparatamos. Sinto o mal estar de sempre e quando vejo, estou em frente à Mansão dos Malfoy. Já estive aqui uma vez, mas agora, não me sinto a prisioneira e frágil de antes.

Encaro Astoria que tem uma expressão quase tão decidida quanto eu. Ergo a mão e o portão se abre magicamente.

Entramos no terreno dos Malfoy, caminhando lentamente. Subimos à escada e batemos na porta.

Quem atende, é Draco Malfoy. Ao nos ver, ele dá um meio sorriso para Astoria. Vejo que ela retribui, mas logo ficamos sérias.

Draco dá passagem para nós e entramos na casa. Ouço os gritos de Hermione e não gosto nada disso.

– Então Bellatriz, quer dizer que anda torturando muita gente? - pergunto em alto e bom som.

Bellatriz está com uma faca na mão, com Hermione caída no carpete, e com o braço ensanguentado. Vejo que algo está escrito no local ferido, mas não consigo identificar o que é.

Narcisa, Lúcio e Greyback, nos encaram. Bellatriz tira sua atenção de Hermione e me fita.

– Russo e Greengrass. - ela estreita os olhos. - Ótimo! Bom saber que vieram. Milorde vai adorar saber que a prendi.

– E quem disse que você me prendeu? - pergunto.

Bellatriz dá uma gargalhada. Tudo para por um instante. Então, Greyback avança e sinto o golpe, até cair no chão.

O.O

HARRY POV

Dobby acaba de aparatar com Luna, Dino e Olivaras, o fabricante de varinhas. O sr. e sra.Russo, quiseram ficar. Pelo modo como falam, noto que estão com raiva.

– Harry, querido. - diz a senhora Russo, com uma expressão decidida em seu rosto. - Salve seus amigos que cuidaremos do resto. Não se preocupe.

– Mas... - começo a dizer, quando os gritos de Hermione cessam repentinamente.

Ficamos em silêncio. Logo, ouço uma voz que mal esperava ouvir. Ou melhor, que não ouvia à dias, e sentia tanta falta.

– Então Bellatriz, quer dizer que anda torturando muita gente? - pergunta Alex, e o silêncio prossegue.

– Filha... - murmura a sra.Russo, com a voz embargada.

Então, uma pequena discussão ocorre e mais uma vez, o silêncio toma conta. Repentinamente, ouço um baque e uma risada estridente.

– Veja Greyback! Você tem comida farta hoje. - debocha Bellatriz e minha raiva cresce.

– Fiquem encostados contra a parede. Estou entrando. - diz a voz esganiçada de Rabicho, ou melhor, Pedro Pettigrew. Até tinha esquecido que Lúcio mandara ele, para ver o motivo do barulho aqui embaixo. Pelo jeito, depois que Alex chegou, até Pedro parou o que fazia para ver no que a discussão ia dar.

Rony desliga as luzes da masmorra e nos encostamos na parede. Quando Rabicho entra, voamos em cima dele e começamos a lutar contra o mesmo.

– Correntolus Tottalum. - murmura Max, com a varinha apontada para Rabicho.

Cordas o prendem. A mão de ferro que ele usa, prende-se ao meu pescoço.

– Vai me matar, Pedro? - pergunto, com o pouco de voz que tenho. - Esqueceu que eu salvei sua vida, anos atrás? Ainda está em divída comigo.

Os olhos de Pedro se arregalam. Então, ele solta meu pescoço. Mas logo, algo repentino acontece. Sua mão de ferro se vira contra ele e antes que eu possa impedir, ele é enforcado.

Seu último ato, foi ter remorso. Ele teve remorso e deixou que eu vivesse. Mas Voldemort não tolera esse sentimento. E isso explica a morte de Rabicho.

– Temos que salvar Hermione. - murmura Gina, ao meu lado.

Concordo e logo, subimos para o andar de cima, onde a confusão ocorre.

– Alex... - não posso deixar de murmurar, ao vê-la.

Ela está irreconhecível. Seus cabelos estão mais escuros e ainda mais brilhosos e arrumados. Seus olhos estão negros e uma sombra escura está em volta deles. Mais bonita e mais temível do que nunca.

Alex faz uma explosão e Greyback voa contra a parede. O impacto faz com que ele caia no chão, desacordado.

– Solte...Os...Meus...Pais! - gritou Alex, com ódio em sua voz.

Bellatriz gargalhou. Nesse meio tempo, o sr.Russo conta até três com os dedos e ao terminar a contagem, entramos na sala, rapidamente.

A garota ao lado de Alex, vai até Draco. O mesmo, segura sua mão e posso ver que eles já se conhecem à muito tempo.

Lúcio e Narcisa vem até nós. Mas antes que eu possa duelar, Max e Harper dominam a questão e duelam por quatro.

Rony e eu vamos até Hermione. Rony a coloca em seus braços, rapidamente. Draco começa a duelar contra Gina, e vou até ele, quando Gina acerta um feitiço estuporante que o joga contra a parede. Tiro a varinha de suas mãos, aproveitando que ele está atordoado.

Antes que eu possa mover mais um músculo, ouço um grito e Bellatriz está segurando Alex, com uma faca em seu pescoço.

– Mexam mais um pouco e vejam a querida Alex, morta. - diz Bellatriz com gosto, apertando a faca no pescoço da minha morena.

Não me mexo. Não quero correr o risco. Bellatriz ri.

– Coloquem as varinhas no chão. NO CHÃO! - gritou ela, ao ver que não reagimos.

Antes que eu coloque a varinha no chão, ouvimos um barulho estranho. Um som metálico.

Automaticamente, olhamos para cima. Dobby está pendurado no lustre, soltando um dos parafusos. Por uma fração de segundo, ninguém se mexe. Então, o lustre cai e atinge o chão.

Cacos de vidro voam e Bellatriz solta Alex. Rapidamente, a abraço enquanto Dobby vem para o meu lado.

Narcisa tenta nos atingir com um feitiço, mas Dobby a desarma.

– Como ousa, seu elfo nojento? Como ousa querer matar seus próprios donos? - pergunta Bellatriz, furiosa.

– Não queria matar, queria apenas causar ferimentos irreparáveis. - disse Dobby, com voz inocente.

– Nos encontraremos novamente, Russo! - disse Bellatriz, com um tom de voz cheio de ódio.

Logo, Dobby segura nossas mãos e sinto o puxão no estômago, e o mal estar de sempre. Não solto a mão de Dobby por um instante e muito menos, a mão macia de Alex. De relance, vejo um objeto de metal. A faca de Bellatriz.

Sinto o ar novamente e caio no chão, feliz, por saber que não estou na Mansão dos Malfoy e que tenho Alex ao meu lado. Embora, mal sabia o que me esperava a seguir...